DEUSES E HOMENS


No início, não havia Terra, Mar ou Céu. Não existiam os deuses do Olimpo, tampouco os homens e as suas dores. Tudo se resumia ao Caos, o mais velho dentre todos os deuses, uma massa sem forma a qual continha, ao mesmo tempo, todas as coisas e o nada. Tudo era desordenado, tudo era confuso. Tudo era o Caos, o deus primordial que agora volta a se manifestar no Universo juntamente com os seus descendentes. Porém, algo pode impedir a ação total da Desordem: a Memória. Enquanto deuses e homens se lembrem de quem verdadeiramente são, a ação do Caos torna-se difícil. E a deusa Memória tem nove filhas: as Musas. A função delas é justamente a proclamação do passado, presente e futuro através das suas respectivas artes. Então, para ter sucesso na guerra que travará contra o Olimpo, Caos deverá lançar primeiramente as filhas da Memória ao esquecimento.


Monte Hélicon, morada das Musas.

As nove deusas descansavam ao redor de uma magnífica fonte. A água cristalina jorrava, e Tália, a Musa da Comédia, insistia em molhar as irmãs.

_Por que você tem sempre que ser irremediavelmente tola? – perguntou Melpômene, a Musa da Tragédia.

_Eu não sou tola. Você é que não tem senso de humor – respondeu.

Calíope era a mais velha. Musa da Eloquência, ou seja, do bem falar, ela disse:

_Uma e outra têm seus pontos fortes. Aprendam, então, a conviver com isso.

Clio, a Musa da História, interferiu:

_As discussões entre elas se arrastam desde os tempos mitológicos. Não será agora que ambas nos deixarão em paz.

Terpsícore, a Musa da Dança, levantou-se e passou a rodopiar alegremente por entre as irmãs. Euterpe, a Musa da Música, tocava a sua flauta.

_Toque a minha melodia favorita, irmã – pediu Erato, a Musa da Poesia.

Entretanto, algo se aproximava. Urânia, a Musa da Astronomia, vislumbrou algo diferente no céu:

_Não pode ser...

_O que está havendo? – perguntou Calíope.

_Algo tenebroso se aproxima. Nós estamos em perigo – respondeu Urânia.

As demais se levantaram ao ver a massa escura e disforme que crescia no céu. Era o Caos, que estava novamente desperto.

_Que Zeus, nosso pai, nos ajude – rogou Polímnia, a Musa dos Hinos.

A escuridão foi consumindo o Monte Hélicon. Logo as Musas foram tragadas e jogadas no meio dos mortais, esquecendo-se de quem realmente eram. Caos alterou o espaço e o tempo para que elas recebessem vidas humanas. Entretanto, continuavam sendo deusas, ainda que não se lembrassem disso.

Santuário de Athena.

Casa de Áries.

Era noite. Mu sorria ao ver Kiki consertando uma armadura pela primeira vez. Atento e paciente, ele instruiu o garoto:

_A rachadura não foi bem reparada.

_Como não, mestre? Está fechada, não está? – o garoto piscou duas vezes.

O ariano, então, concentrou um pouco de cosmo na ponta do seu dedo e fez com que o reparo se quebrasse.

_Viu? Quando algo se racha, a estrutura inteira se compromete. Você deve ver o problema como um todo, Kiki. Não apenas o que é visível aos olhos.

_Compreendo – disse o aprendiz ao estudar melhor a armadura diante de si.

Foi quando um vento frio começou a soprar lentamente, como se iniciasse uma subida através das Doze Casas até o Templo de Athena.

O cavaleiro de ouro de Áries pôs-se em alerta, entretanto, não detectou ameaça alguma.

_Estranho... – sussurrou e voltou a prestar atenção no trabalho do seu pupilo.

Casa de Gêmeos.

A guerra contra Hades terminara não havia muito tempo. Então, Saga e Kannon ainda se acostumavam à presença um do outro após os muitos anos de distância. Várias coisas precisavam ser ditas entre ambos. Entretanto, como a paz reinava temporariamente entre os deuses do Olimpo, os dois irmãos achavam teriam ainda muitas chances para tanto.

_Aonde você vai? – perguntou Kannon ao ver que Saga preparava-se para sair.

_Preciso tomar ar, espairecer. Não demoro.

_E me deixará sozinho em Gêmeos?

_Por que não? Você agora é tão guardião desta Casa quanto eu.

O mais novo sorriu, e o mais velho dos gêmeos deixou as Doze Casas. Ambos sentiram o estranho vento, mas também não perceberam ameaça alguma.

Casa de Virgem.

Shaka meditava. No entanto, algo sério o fez abrir os olhos: uma terrível perturbação em seu ser.

_Será isto um pressentimento? – perguntou a si mesmo.

Casa de Sagitário.

_Esse macarrão sai ou não sai? – perguntou Milo, segurando os talheres diante do prato vazio.

Máscara da Morte gritou da cozinha:

_Se está com pressa, vá comer macarrão instantâneo!

Aldebaran riu alto.

_O italianinho está marrento hoje – disse.

_Humor de canceriano... Quem entende? – disse Afrodite.

Aioros, o anfitrião, limitou-se a um sorriso. Voltar à vida era uma dádiva que ele decidira aproveitar ao máximo, portanto, nada lhe tiraria o bom humor. Ou quase.

_Vocês sentiram isso? – perguntou.

Todos na sala se calaram. Isso equivalia a um "sim".

Casa de Aquário.

Camus lia concentradamente. Dispensara o convite de Aioros naquela noite para dedicar-se a um estudo sobre o Caos. Parecia até mesmo uma premonição do aquariano. Ao sentir o vento frio passando pela sua Casa, ele foi até a entrada. Olhou para o céu, mas nada conseguiu enxergar. Nada ainda.

Templo de Athena.

Saori estava sozinha com os seus pensamentos. Entretanto, após sentir inevitavelmente em sua pele o ar que percorrera as Doze Casas, perguntou:

_O que poderia trazer-te aqui?

_A minha própria vontade, como sempre – respondeu a voz daquele que nem mesmo Zeus ousava desafiar.

_E qual é ela agora?

_A melhor. Lembra-te disso amanhã, Athena. E lembra-te disso quando tudo parecer perdido. E quando o Caos retornar totalmente livre.

Saori estremeceu diante do aviso. O estranho, então, foi-se da mesma maneira que chegou.

Manhã seguinte, em algum lugar do Santuário.

Ela descansava elegantemente sobre uma coluna caída. Todos os dias, ela chegava com a aurora, para observar. A sua presença era quase imperceptível, no entanto, alguém acabaria enxergando-a naquele início de manhã:

_O acesso ao Santuário é restrito. Quem quer que seja você, vá embora imediatamente.

Ela sorriu e balançou levemente os cabelos claríssimos. Os seus olhos mais pareciam pedaços da aurora, e ela fixou-os na figura do cavaleiro de ouro que passara a noite em claro a rondar pelo Santuário.

_Então tu és o homem que explode galáxias? – havia certa curiosidade em seu tom de voz suave. – Eu ouvi falar sobre ti.

Saga de Gêmeos examinou a mulher diante de si. O rosto da desconhecida era quase angelical, mas algo lhe dizia para ter cuidado. No pescoço dela, ele percebeu um pingente que brilhava, refletindo a luz do sol. Ou estaria a joia produzindo o próprio brilho?

_Caso você insista em permanecer sem me dizer quem é ou o que está fazendo aqui, serei obrigado a explodir uma – disse seriamente.

A mulher lhe dirigiu um sorriso luminoso. Em seguida, falou de maneira cortês:

_Sou alguém que voltará amanhã, assim que a aurora romper a escuridão da noite. É a minha obrigação. Foi um prazer conhecê-lo, cavaleiro de Athena – falou ao tomar o caminho que a levaria para fora do Santuário.

_Quem é você? Como sabe sobre mim? – ele perguntou à desconhecida.

_Talvez eu te diga amanhã, quando serei obrigada a retornar. Tu também virás? – ela não esperou por uma resposta. Simplesmente seguiu o seu caminho.

Saga a observou até que ela estivesse fora da sua visão. Resolveu, então, voltar para Gêmeos. Entretanto, ele voltaria na manhã seguinte para repetir as suas perguntas e obter as suas respostas.

Templo de Athena.

O dia estava particularmente belo, como uma paisagem tranquila antes de uma severa tempestade. Admirando as Doze Casas, Saori passou a sentir uma séria perturbação na ordem natural do tudo. De relance, olhou para Shion e perguntou:

_Você sentiu isso também, Grande Mestre?

_Sim, Athena. Embora a minha percepção não seja nem de longe comparável à tua – a voz do ariano estava tensa.

_Mal saímos da batalha contra Hades, e agora... Estamos prestes a entrar em outra, uma ainda mais terrível e decisiva – disse a deusa em tom amargo.

_Para isto estamos aqui, Athena. O nosso dever é lutar e... – Shion não terminou o que pretendia dizer. Ele calou-se e se pôs em posição de ataque ao perceber que dois estranhos invisíveis haviam entrado no Templo.

_Quem está aqui? Apresentem-se ou eu atacarei – ameaçou.

Saori, porém, conteve o seu Grande Mestre dizendo:

_São os meus irmãos, Shion. Hermes e Dionísio, também filhos de Zeus.

Um deles ficou visível. Hermes era um deus de aparência jovem, com cabelos castanhos claros e rosto longo. Ele apareceu envolto numa aura perolada e divina. Vestia uma longa túnica branca, tinha um manto cor de índigo sobre os ombros, e calçava sandálias enfeitadas cada uma por um par de asas douradas. Numa das mãos, segurava o seu caduceu, um bastão no qual se entrelaçavam duas serpentes de ouro, e o qual também era adornado por asas. Dionísio permaneceu invisível.

Olhando para Saori, Hermes disse:

_Viemos em paz.

_Eu sei, mas não por um bom motivo.

Hermes era o Mensageiro dos deuses. Reconhecido por sua inteligência, também era o deus dos viajantes, comerciantes, arautos, mercadores, pastores e etc.

_Você deve voltar para o Olimpo, Athena. O Conselho se reunirá para tratarmos da guerra que se aproxima. Até mesmo a forma humana de Posseidon já está lá, à sua espera.

_Julian... – Saori sussurrou.

Shion olhava para Hermes, que não o ignorava completamente. Como Grande Mestre, ele sentiu-se na obrigação de saber o que estava se passando:

_Athena, a alteração que sentimos agora a pouco... É tão grave assim? Está o mundo em perigo outra vez, perigo este que demanda uma reunião entre os deuses?

O Mensageiro deu um meio sorriso. Diferentemente de outras divindades do Olimpo, ele não desprezava a frágil natureza humana. Então, por imaginar que o Grande Mestre detinha conhecimento e experiência superiores à dos outros homens, respondeu:

_Não somente o mundo corre perigo, caro humano, mas também todos os deuses do Olimpo. Tudo o que é pode não mais ser, tudo o que parece não é o que é, e a ordem, assim como a essência das coisas, pode ser alterada num piscar de olhos e sem aviso.

_Caos – falou Athena, tendo de apoiar-se levemente em seu báculo ao perceber que seus joelhos fraquejavam.

_A divindade primordial, o mais velho dentre todos os deuses. A Origem, a Desordem... Nomeie-o como achar melhor, caro humano – a voz de Hermes ressoava pelo Templo de Athena num eco tenebroso.

Shion disse:

_Estaremos prontos. Como em todas as outras vezes, nós lutaremos.

Athena dirigiu ao seu Grande Mestre um olhar repleto de compaixão, afinal, compreendia o quanto seria difícil manter longe de si os seus fiéis cavaleiros. No entanto, foi Hermes quem falou:

_Essa não é uma luta para os homens. É uma luta para os deuses.

Shion sentiu o seu sangue ferver. Por mais que a idade e o tempo lhe tivessem conferido sabedoria e entendimento, ele sentia-se como uma criança diante de Athena e Hermes. Apesar de saber que deveria calar-se, disse:

_E por acaso não soubeste do que ocorreu no Inferno? Não foram homens que fizeram uma pequena entrada o Muro das Lamentações? Não foram homens que adentraram nos Campos Elísios para derrotar Hades?

Os olhos de Hermes faiscaram, mas não de raiva ou desprezo. O deus parecia estar impaciente, ansioso por não mais perder tempo ali. Portanto, dirigiu-se a Shion num tom cortante:

_As desavenças entre nós, deuses, não são nada se comparadas com o que há de vir. Brigamos e discutimos uns com os outros através dos tempos, mas tenha algo em mente Shion, antigo cavaleiro da constelação de Áries: o Olimpo agora se une por uma questão de sobrevivência.

_E o que poderemos fazer? – perguntou Shion.

_Eu regressarei com Athena ao Monte Olimpo. Porém, Zeus determinou uma tarefa para os famosos cavaleiros de ouro da minha irmã.

_Qual?

Hermes deu um meio sorriso.

_Dionísio explicará tudo. Agora, Athena e eu devemos ir.

Saori assentiu e trajou a sua armadura divina. Hermes tomou o seu caduceu para fazer um círculo no ar, abrindo um atalho até a reunião com os demais deuses do Olimpo. O brilho perolado oriundo dos dois irmãos deuses intensificou-se, fazendo com que Shion cobrisse os próprios olhos com ambas as mãos. Foi somente após isso que Dionísio deixou de ser invisível:

_Homens são mesmo criaturas inferiores. Sequer aguentam o brilho verdadeiro dos deuses – disse olhando para Shion.

Dionísio também tinha aparência jovem. Os seus cabelos loiros ultrapassavam seus ombros, e ele tinha um rosto simétrico, bochechas coradas e uma coroa feita de hastes de videira na cabeça. Um manto de pele de leão jazia sobre a sua túnica, e, nas mãos, ele trazia um dardo e uma taça. Ele era o deus grego do vinho, da vegetação, das festas, do lazer e do prazer. Entediado, perguntou:

_Onde estão os tais cavaleiros de ouro? Eu tenho pressa.

Shion convocou-os. Passados alguns minutos, todos eles chegaram ao Grande Salão. Inclusive Kannon, o único sem armadura.

Saga, Shaka, Dohko e Aioros conseguiam sentir um incômodo em seus cosmos, algo que mais parecia uma terrível previsão. Ao verem o deus do vinho no lugar de Athena, tiveram certeza de que algo estava realmente errado.

O libriano mirou seu amigo de longa data e perguntou:

_Shion, onde ela está?

_Indo para o Monte Olimpo.

O silêncio durou algum tempo, mas foi quebrado por Máscara da Morte:

_Estava tudo bom demais para ser verdade. Outro deus megalomaníaco quer destruir a humanidade?

Afrodite de Peixes dirigiu ao canceriano um olhar de repreensão, e decidiu reformular a pergunta:

_O que poderia levar Athena ao Olimpo, Grande Mestre?

Dionísio resolveu ganhar tempo – e também a antipatia dos cavaleiros de ouro:

_Silêncio, humanos. Não quero ouvir perguntas simplórias e desnecessárias.

_Só nos faltava essa – murmurou Milo de Escorpião.

O deus do vinho, então, seguiu falando:

_Zeus tem para vocês uma missão importante, e eu estou aqui contra a minha vontade para lhes instruir.

Insatisfeito, Máscara da Morte cochichou para Aioros, que estava ao seu lado:

_Então Zeus mandou o bêbado do Olimpo para nos dar ordens? Com certeza os outros deuses não o queriam mais por lá.

Aioros advertiu:

_Estamos diante de um dos deuses do Olimpo. É melhor demonstrar mais respeito e bom senso, Câncer.

Dionísio, então, foi direto ao assunto:

_Caos se alastra pelo Infinito. Zeus e Hades creem que a desordem possa se reinstaurar, terminando com a ordem vigente que conhecemos. Ares deseja partir para a guerra imediatamente, porém, todos aguardavam o retorno de Posseidon e Athena ao Olimpo antes de decidirem o que fazer. Eu, particularmente, penso que a situação não seja tão grave quanto aparenta ser, mas... Parece que a minha opinião não importa para o Conselho. Portanto, eu fui enviado para ajudar a corrigir as perturbações do Caos.

_Perturbações? – quis saber Camus.

_As nove Musas foram lançadas para a realidade dos mortais. Isto, além de um ultraje, é uma perturbação da Ordem. Teoricamente, encontrar as Musas dará mais tempo aos deuses para uma reação contra Caos – Dionísio parecia um tanto entediado ao falar. – Ah... E eu trouxe outro humano para ajudá-los nessa tarefa. Um mortal a mais, um mortal a menos... Quem se importa? – desdenhou.

Aioria fitava o deus furiosamente, afinal, como um ser divino poderia ser tão indiferente diante de uma situação deveras perturbadora? No entanto, quem seria o "outro humano" trazido por Dionísio? Repentinamente, Kannon pareceu um tanto incomodado. A razão para isto acabou surgindo e permanecendo na entrada do Salão do Grande Mestre:

_Sorento de Sirene – Mu disse, ainda sem crer.

_Dionísio foi muito audacioso em trazer Sorento ao Santuário – falou Aldebaran, fechando os punhos.

_Os tempos são outros, Touro. Se os deuses se unem, nós devemos fazer o mesmo – disse Shaka.

Kannon afastou-se da entrada, perturbado. Ele nunca imaginara que, após o perdão de Athena, o seu passado pudesse "bater novamente à sua porta". Saga percebeu a atitude do irmão, mas manteve-se atento às palavras do deus Dionísio:

_As nove Musas podem estar em qualquer lugar do mundo, separadas uma das outras, eu presumo. Entretanto, continuarão atendendo à sua divindade, ainda que não se recordem dela. Para facilitar o entendimento de vocês, humanos, quero dizer que elas estarão desempenhando papéis semelhantes aos que desempenhavam como deusas. Urânia, por exemplo, poderá estar ligada ao estudo dos astros. Calíope, com toda a certeza, estará distribuindo a sua eloquência por onde quer que vá. Onde Erato estiver, espalhará o amor em forma de poesia. Fui suficientemente claro?

Camus deu um passo à frente:

_Quer dizer que, de acordo com essas noções vagas, teremos de procurar as nove Musas e sem nada mais que nos indique o seu paradeiro?

_Sim. Talvez vocês ainda consigam perceber o resquício dos cosmos delas como deusas. Mas tenham em mente uma coisa, cavaleiros: encontrá-las agora é problema de vocês – respondeu Dionísio ao sentar-se no lugar de Athena e virar sua taça de vinho.

Proibido de voltar ao Olimpo sem as nove Musas, Dionísio aguardaria pelo retorno delas no Santuário. Despreocupadamente.

Shion, todavia, tinha pressa:

_Desçam para Aquário, cavaleiros de ouro. E levem o general de Posseidon com vocês.

_Podemos encontrar as Musas sem a ajuda dele, Grande Mestre – disse Aldebaran ao encarar Sorento.

_Eu não duvido disto, Touro. Entretanto, se os deuses se unem, nós temos também de deixar as diferenças de lado – determinou o Grande Mestre.

A maioria dos dourados aceitou isso com dificuldade, mas seguiram para a Casa de Aquário mesmo assim. Lá, Camus reuniria informações sobre as Musas, para facilitar a missão.

No caminho, Sorento de Sirene ficou ao lado de Kannon e disse:

_O Imperador dos Mares tem uma mensagem para você, Dragão Marinho.

_Não me chame assim, Sorento. Eu sou agora Kannon de Gêmeos.

_Mesmo? Então por que o teu irmão é quem traja a armadura de ouro?

Saga percebeu o desconforto de Kannon. Indo até ele, resolveu afastar o general:

_Algum problema? – dirigiu um duro olhar ao marina.

_Nenhum, cavaleiro de ouro. Nenhum – Sorento afastou-se.

Saga, então, se dirigiu ao irmão:

_O que ele disse?

_Nada demais, Saga.

_Tem certeza?

_Sim.

O mais velho sabia que o mais novo lhe escondia a verdade. Então, alertou:

_Cuidado, Kannon.

_Vai ficar tudo bem, Saga. Não se preocupe comigo.

Os dois irmãos sequer desconfiaram que, antes de ir ao Olimpo, Posseidon encarregara Sorento de uma importante missão.

Não demorou e os cavaleiros decidiram quem ficaria no Santuário e quem partiria à procura das Musas. Mas o Caos estava apenas começando.


As fichas já estão fechadas, e essa fic promete ser caótica (no bom sentido, eu espero). A guerra envolverá todo o Olimpo. Portanto, os deuses terão de se unir. Sendo assim, cavaleiros, espectros e marinas também terão de lutar lado a lado (ou pelo menos tentar). Enquanto isso, as benditas Musas estarão pelo mundo, pensando que são humanas.

Lutas, rivalidades, seres mitológicos, inimigos poderosos, deuses, romances... Tudo isso vai fazer parte de A Teoria do Caos. Espero que gostem.


FICHAS

As Musas estão perdidas devido à ação do Caos. Porém, elas não são um bando de desmemoriadas vagando por aí. Pelo contrário: ao caírem no mundo dos mortais, Caos deu a elas rotinas e estilos de vida totalmente humanos. Tanto que elas são capazes de jurar de pé junto que não são deusas. Daí o trabalho que os cavaleiros de ouro terão. Além de encontrá-las e protegê-las dos perigos que surgirão, eles precisarão convencê-las das suas divindades e levá-las ao Santuário. A vida deles acabará mudando totalmente por conta disso.

Detalhe: como elas não deixaram de ser deusas (só não se lembram disso), elas continuarão atendendo "sem querer" à própria divindade. Por exemplo, a Musa da Poesia terá de estar ligada à Poesia de alguma forma. A Musa da Dança tem que envolver-se com a sua arte... E assim por diante. Lá embaixo eu vou colocar algumas informações mitológicas sobre as Musas, para facilitar.

MODELO DE FICHA:

Musa escolhida:

Nome dela no mundo dos mortais:

Características físicas:

Temperamento:

Motivo pelo qual ela não acreditará que é uma deusa:

Manias/ Medos/ Gestos irritantes/ Etc... (opcional):

Breve histórico da vida que ela pensa ser dela (se tem pais, ex, bicho de estimação, onde estudou, onde trabalhou, e por aí vai):

Cavaleiro de Ouro que irá procurá-la (pelo menos três opções):

Posso fazer alterações na ficha? SIM / NÃO

SOBRE AS MUSAS: às vezes uma acaba "entrando" na arte uma da outra. Por exemplo, todas cantam muito bem, mas vou deixar essa característica aparecer apenas para a Polímnia, que é a Musa dos Hinos dirigidos aos deuses. Às vezes elas também possuem mais de uma arte, mas adotarei somente a "mais importante" para não complicar desnecessariamente. Sendo assim...

Calíope, Musa da Eloquência: ela é a mais velha e sábia das nove musas, e foi representada pelos gregos sempre com ar majestoso. Fala tremendamente bem (eloquente, sabe convencer e ter carisma), e serviu como mediadora de um conflito entre as deusas Afrodite e Perséfone.

Clio, Musa da História: conhecida também como "a Proclamadora", pois celebrava e proclamava as realizações. Ela é representada descansando sobre o globo terrestre para mostrar que a história alcança todos os lugares e todas as épocas.

Tália, Musa da Comédia: seu nome significa "Festividade". É a Musa grega que preside a comédia. Seus símbolos são a máscara cômica e um cajado de pastor.

Melpômene, Musa da Tragédia: é usualmente representada com uma máscara trágica e usando botas tradicionalmente gastas e usadas. Algumas vezes ela segura uma faca ou bastão em uma mão, e a máscara na outra; é coroada com uma coroa de ciprestes.

Terpsícore, Musa da Dança: Seu nome significa "Delícia de dançar", a radiante ou rodopiante.

Urânia, Musa da Astronomia: seu nome significa "A Celestial". Musa grega da astronomia, ela é representada com um globo na mão esquerda e sempre olhando para as estrelas.

Polímnia, Musa dos Hinos: é a Musa grega do hino sagrado, representada usualmente numa posição pensativa ou meditativa. Ela é uma mulher de olhar sério, vestindo num longo manto. Algumas vezes pensativa tem um dedo na boca, também era considerada a Musa da geometria, meditação e agricultura.

Erato, Musa da Poesia: o seu nome significa "Adorável, a amável, que desperta o desejo". A Musa da poesia lírica, particularmente a poesia amorosa ou erótica. É representada coroada de rosas.

Euterpe, Musa da Música: "Delícia, plena alegria". É a Musa da alegria e do prazer e do tocar de flauta, e a ela atribui-se a invenção da flauta dupla, que é o seu símbolo.

Comunicando:

Pure Petit Cat... A sua Urânia foi selecionada. Sendo assim, Camus de Aquário será enviado diretamente para Berchtesgadener Land, na Alemanha. Lugar lindo, por sinal.

Jules Heartilly... A sua Euterpe como Musa do Rock me fez pensar até no nome do gato de estimação. Quem é Kurt Cobain? Nirvana não é um estado de espírito? Continue sereno, Mu de Áries. Você vai acabar descobrindo mais cedo ou mais tarde.

Tsu-baka-chan... Após a modificação, a sua Tália vai torrar a paciência do Máscara da Morte. E convenhamos: a paciência dele não é uma das maiores do Santuário.

Lune Kuruta... A sua Polímnia grega e ortodoxa entrou. E quem "roubará" a noiva desse casamento arranjado será o Afrodite de Peixes.

Tati Amancio... Após a modificação, a sua Terpsícore irá bailar tango em Buenos Aires. E Shaka de Virgem que abra os olhos.

Num mix bem diferente... A Erato foi escolhida. Resultou da ficha da Black Scorpio no Nix, de alguns elementos trazidos pela Lune Kuruta, e de outros adicionados pela minha cabeça. E quem vai participar das inusitadas "rodas de poesia" é o Milo de Escorpião.

Erika K... A sua Calíope advogada acaba de ser escolhida. E o Aioros de Sagitário é quem irá ajudá-la a "recorrer" após a sentença. E haja mérito!

Chibi Haru-chan17... A sua Calíope virou Clio e estará na fic. E como ela adora acumular conhecimentos históricos, Dohko de Libra terá 243 motivos para ir procurá-la.

Alice... Sua Melpômene jornalista narrará as tragédias causadas no mundo pela ação do Caos, e Aioria que se prepare para também virar notícia.

Shura e Aldebaran tratarão de outras perturbações que não estarão ligadas às Musas. Por isso, agradeço à Black Scorpio no Nyx pela sua participação na fic como Ártemis e à Sakurazuka Hime por ceder a sua ficha para um bom propósito. Obrigada!

Fiquei muito feliz com as fichas que recebi. Todas estavam muito complexas e bem elaboradas, parabéns! Pena que eram apenas nove Musas.

Então, é isso... Espero que vocês acompanhem e "pulem" também para dentro do Caos! XD


Saint Seiya não me pertence. Todos os direitos são reservados ao seu criador, Massami Kurumada. Escrevo sem fins lucrativos.