E o tempo passou.

Não tão rápido quanto falam e nem tão devagar quanto uma semana tediosa na escola, mas passou e antes que todos pudessem se dar conta, muita coisa mudou em South Park.

Sete anos se foram em um piscar de olhos.

Em estrutura, parecia que pouca coisa havia mudado, afinal, quem investiria dinheiro e tempo em uma cidadezinha no interior de Colorado? Não havia nada por lá que pudesse instigar a cobiça de grandes empresas ou investidores, o que deixava South Park sempre com aquela imagem de roça, cheia de vacas, fazendas e caipiras com espingardas.

Mas as pessoas, ah, as pessoas não eram as mesmas, muito embora elas continuassem a demonstrar isso por fora. Tinham que continuar atuando, fingindo, manipulando... Como se nada tivesse acontecido. Como se sete anos não houvessem modificado em nada a forma de pensar e sentir em relação ao mundo e até mesmo as mesmas pessoas que conviviam com elas desde que se nasceram.

Era desgastante? Era.

Era difícil? Com certeza.

Era sufocante? Sem dúvida.

Mas ninguém era forte o suficiente para arrancar as máscaras, ninguém era corajoso o suficiente para mostrar o que realmente sentia e o que realmente era. Escondiam-se por trás das atuações, sem perceber que todos os outros também faziam o mesmo.

Os moradores de South Park estavam preocupados demais em se esconder para se preocupar com a verdade oculta de seus próprios vizinhos.

E foi só por causa disso, desse egocentrismo coletivo, que os quatro garotos de South Park, não tão mais crianças assim, conseguiam deixar o seu precioso segredo intacto.

Ninguém poderia descobrir.

Nunca.

E assim eles fariam.