FIC ADAPTADA

Título original: Feitiços do Coração

Autora original: Sandy Blair

RESUMO: Um homem enfeitiçado...

Para ganhar uma aposta, e as chaves do castelo de seu senhor feudal, Edward Cullen precisa encontrar uma noiva dentro de três meses. O destino põe no caminho do poderoso guerreiro a graciosa Isabella Swan, uma jovem linda e timida que muitos acreditam ser dotada de poderes mágicos. Isabella deixa o lugar onde sempre viveu para acompanhar Edward às montanhas e vales da Escócia. É uma jornada dificil, e a única pessoa com quem ela pode contar é o homem que, embora seja seu marido, é um completo estranho. No entanto, a intuição desenvolvida de Isabella lhe permite enxergar o mais íntimo do coração de Edward, e também antever o longo e incrível caminho que percorrerão juntos...

Capítulo I

Loch Ard Forest, Escócia, Setembro de 1410

Edward Cullen, montado em seu cavalo de batalha, bai xou a cabeça, porém não rápido o bastante. O galho espesso de um pinheiro atingiu-o na nuca e ele praguejou, esfregando o vergão.

— Se não me arrumarem uma esposa no castelo de Beal, juro que roubo a primeira mulher que cruzar meu caminho!

Mas não podia. Tinha prometido voltar com uma donzela. Uma castelã.

E o pior: não desejava se casar. Jamais quisera uma esposa. Gostava de usufruir o prazer quando a oportunidade se apresenta va; depois, dispensava a moça com um beijo e voltava para casa.

Então, por que ficara se vanglorMikedo, dizendo que poderia to mar qualquer jovem por esposa em menos de três meses?

— Está brincando — argumentara seu senhor e melhor amigo, Carlisle Cullen. — Aposto que não consegue uma mulher antes do final de outubro, no solstício do samhain. Se conseguir, entrego-lhe as chaves de Donaliegh. Se falhar, fica seis meses sem pagamento. Feito?

O coração de Edward dera um salto.

— Permitiria que eu fosse o senhor de Donaliegh? — Antes propriedade dos Stewart, Donaliegh não tinha dono havia anos; não depois da morte de Dumont. Estava completamente abandonada. Mas se fosse seu proprietário, um senhor feudal... — Albany aprova a ideia?

Com o jovem rei preso na Torre de Londres, o tio do rapaz, o Duque de Albany, agora tinha o domínio de tudo.

— Sim, aprova. Mas sua esposa deve ser bem disposta e hábil o bastante para assumir responsabilidades.

Edward sorrira. Três longos meses para encontrar uma dama de valor lhe pareceram um prazo razoável.

Passados dois meses, porém, e novamente em território inimi go, pois não havia como ir de leste a oeste sem invadir as terras de algum clã rival, encontrava-se tão longe de seu objetivo como quando deixara o castelo de Blackstone.

Bufou, irritado. Não era um gigante de quase um metro e no venta? Não tinha músculos dos pés à cabeça, bons dentes e fartos cabelos? Não era um cavaleiro nobre e habilidoso, braço direito e confidente de seu senhor? O que havia nele para não ser apreciado?

Por outro lado, era conhecido como Edward, o Terrível; supostamente um homem sanguinário. Ficava doente só de pensar que, ainda que falsa, sua reputação cultivada com tanto cuidado po deria agora fazê-lo perder Donaliegh e lhe custar seis meses de pagamento.

Estava viajando havia semanas de castelo em castelo, pela Es cócia, e as únicas mulheres que lhe haviam oferecido tinham se mostrado horrorizadas ou insultadas com sua presença.

Outro galho surgiu de repente, dessa vez arranhando-o na face. Praguejando, Edward, desmontou e guiou Rampante, o garanhão, em direção a um atalho visível à luz da lua. Com sorte, levaria a algum lago em meio à densa floresta.

Abriu caminho entre a folhagem cerrada e encontrou uma ra vina escura e vazia, onde havia uma lagoa. Soltou a barrigueira do cavalo.

— Vá comer. — Deu um tapa no flanco do animal. Enquanto Rampante trotava para a forragem, Edward agachou-se sob uma árvore, abriu a bolsa de couro que trazia presa ao kilt e retirou os restos de queijo endurecido e bolo de aveia que comprara em Kelso.

Terminada a refeição, recostou-se contra o tronco de um pinheiro e ponderou sobre o dia seguinte. Ainda lhe restava uma carta de apresentação.

Haveria alguma donzela escondida no castelo de Beal? Talvez uma filha ou sobrinha que MacCloud estivesse ansioso por ver casada? Alguém que não tivesse ouvido falar de Edward, o Terrível? E não necessariamente bonita, porém uma moça esperta, que soubesse cozinhar, manter a casa e que gostasse de crMikeças.

Porque Edward queria crMikeças. Sempre se perguntara como se ria ter um filho ou, talvez, uma filhinha bonita e traquinas, como havia na barulhenta prole de Carlisle e lady Esme. Agora, aquela era uma necessidade real. Logo precisaria de um herdeiro para Donaliegh.

Lady Esme, aliás, fora a primeira a lhe desejar boa sorte na busca por uma esposa. Na verdade, havia dito que ele estava muito vis toso com a túnica vermelha e a cota de malha brilhante. Dera-lhe um pequeno livro de sonetos.

— Decore alguns destes — aconselhara, beijando-o no rosto. — Sorria e, pelo amor do Pai, coma de boca fechada!

Apesar de ter sorrido até sentir dor nas bochechas, declamado aqueles versos idiotas a ponto de ficar com dor de cabeça, e mas tigado de boca fechada até quase deslocar o maxilar, continuava sem uma mulher decente para lhe dar filhos e cuidar de Donaliegh.


Isabella acordou assustada, o coração aos pulos, os seios for migando, uma sensação estranha entre as pernas. O que estaria acontecendo?

Pousou a mão sobre a testa: não tinha febre. Tocou o estômago: nada. A sensação, todavia, continuava. Fitou os caibros do telhado, tentando recordar o sonho. A imagem de um homem enorme e sem rosto veio à tona e seu corpo voltou a reagir de forma esquisita.

Soltou uma exclamação abafada. O desejo!

Sua mãe bem lhe falara dele. Não queira adivinhar sua sorte, havia preconizado. Nunca. Nem mesmo em pensamento. Melhor ficar sem dormir do que ter esses sonhos.

Bella saltou da cama. Estremeceu e apertou a coberta em tomo dos ombros, antes de abrir a porta da choupana. Suspirou de alívio ao ver que amanhecia. Não precisaria voltar a dormir e correr o risco de ter aqueles malditos sonhos outra vez.

Deixou a porta de dobradiças de couro aberta. Livrou-se do cobertor e tornou a estremecer dentro do traje fino de algodão. Lavou-se com a água da bolsa de pele de carneiro pendurada ao lado da entrada, colocou a veste grosseira, verde-escura, o avental puído e os chinelos.

— O que eu não daria por um bom par de tesouras — resmun gou, trançando os cachos escuros que lhe desciam até a cintura. O fato é que vivia se enganchando em alguma coisa. Imaginando-se de cabelos tosados, feito urna ovelha, riu consigo mesma e buscou uma tira de couro.

Domados os cabelos, tratou de usar o avental para recolher as migalhas sobre a mesa. Saiu da casa, acomodou-se na cadeira en talhada que a mãe ocupara por tantos anos, e agitou o avental à espera de companhia.

Vários minutos se passaram até que um bater de asas, seguido por alegres arrulhos, cortaram o silêncio. As pombas, brancas e cinzentas, pousaram a seus pés, e Isabella prendeu a respiração. Não ousou se mexer, ainda que ansiasse por tocar os pequenos corpos emplumados. Projetou o corpo devagar, querendo observar mais de perto os pássaros que tentara domesticar por todo o verão. Mas a cadeira rangeu e as pombas, alvoroçadas, bateram em reti rada. Estava só outra vez.

Com os olhos marejados, mirou a paisagem embaçada, um mundo que só conseguia discernir à luz do dia.

Enrolou um dos cachos escuros no dedo. Outro dia inteiro pela frente. Devia estar agradecendo à Grande Mãe.

Enxugou as lágrimas com o dorso das mãos e tratou de se le vantar. Precisava colher amoras e grãos para o inverno, antes que os bichos acabassem com tudo; e não ficar sentada ali, sentindo-se a última das criaturas por não ter com quem conversar. Com sorte, enquanto perambulasse pelo bosque e se esgueirasse pelos campos vizinhos à cata dos grãos que ainda restavam, poderia ver Lobo. A lua já fora de nova a cheia desde que o vira pela última vez e sentira sua língua úmida lambendo-lhe a face.

Ainda não parecia possível que três estações houvessem passado desde o dia em que o encontrara num tronco oco: um filhote esquálido com uma perna machucada. Uma vez curado, entretanto, ele havia crescido muito rápido.

Uma noite acordara com um uivo... e ele havia partido.

Que bom seria se pudesse acariciá-lo na barriga outra vez; sen ti-lo puxar sua saia.

Entusiasmada com a perspectiva de reencontrar o animal, Bella voltou para a choupana e buscou a cesta sob a mesa. Dessa vez, sentiu os dedos formigarem. Droga! A vontade outra vez. Prague jou e tornou a empurrar a cesta para debaixo da mesa.

Agora não combatia a vontade; aquela necessidade de fazer alguma coisa ou de ajudar, como acontecia quando era crMikeça. Simplesmente a encarava como uma distração.

Deixou-se sentar no banco de três pernas, respirou fundo e se concentrou. Após um instante, apalpou as pedras ao pé da lareira, em busca do cesto cheio de fios de lã, retalhos de tecidos e bugi gangas. Apanhou a agulha de osso e, de olhos semicerrados, co meçou a costurar.

Uma hora depois, estudava sua criação: uma boneca de olhos de botões de madeira, cabelos de lã e vestido feito de um retalho de linho. Por que fizera aquilo? Não era crMikeça, tampouco tinha uma. Suspirou, prendendo os cabelos da boneca com uma fita azul.

Carregando a boneca dentro da cesta, rumou para o atalho que separava a propriedade dela da dos Newton. O sol banhava o topo das árvores e um perfume de maçã madura enchia o ar. Ha veria ainda maçãs suficientes para que aquela incursão entre as amoreiras valesse a pena? Talvez. Se não, poderia colher os frutos que já haviam caído, aproveitar o que pudesse e secar o resto para o inverno do Cervo.

Apressou o passo quando avistou, finalmente, a folhagem verde-clara e amarelada por entre os troncos escuros; sinal de que se aproximava do vale estreito cujo atalho não sabia, e nem queria saber, aonde ia dar. À beira do caminho, abaixou-se atrás de uma sebe e aguçou os ouvidos. Ouviu apenas o chilrear dos pássaros e o sopro do vento contra os galhos dos pinheiros acima dela. Reuniu coragem e correu pela clareira, até o antigo cepo de carvalho.

Mais largo do que a extensão de seus braços, o velho tronco servia de recipiente para os presentes, desde o tempo da mãe dela, sempre que batia a vontade. E também para as retribuições que raramente recebia.

Colocou a boneca sobre o cepo e recuou para o bosque, espe rando para ver quem viria.

Logo ouviu um assobio e passos apressados.

— Este é só um aniversário, Meg — uma voz de menino se fez ouvir. — Você terá outros, muitos outros. E quando chegar aos doze anos, a mãe e o pai lhe darão doces e, talvez, uma boneca.

— Vai demorar muito! — respondeu uma voz chorosa de crMike ça, seguida por um soluço. — E se eu estiver muito velha para brincar de boneca? Queria uma agora...

Os passos e soluços tornaram-se mais fortes.

— Sei que é difícil querer e não ganhar. Mas a mãe fez pudim de pão!

— Eu sei — soluçou a menina, infeliz. — A mãe me viu cho rando, Jamie. E se ela se zangar? Vou para o inferno?

Bella franziu o cenho. Inferno? Onde era o inferno? O menino praguejou baixinho.

— Não vai a lugar nenhum, diabinha, a não ser para casa co migo.

Devia ter cutucado a irmã, pois ela se pôs a rir.

— Pare com isso!

Bella escutou que corriam e, um segundo depois, um gritinho.

— Jamie, olhe isso! Venha, rápido! Passos apressados se fizeram ouvir.

—É uma boneca! De olhos castanhos e cabelos dourados, como eu queria! E fita azul! Mas quem foi que... Jamie, acha que foi ela? — A voz da menina baixou para um cochicho: — Acha que foi a feiticeira?

A feiticeira, a curandeira, a bruxa. Ainda era melhor do que alguns nomes pelo quais a conheciam. Sorrindo, pois agora com preendia por que havia feito a boneca, Bella recuou para dentro da floresta. Não havia mais razão para ficar, e sim para bater em retirada.

Nenhum morador do vilarejo ousava invadir suas terras. Todos, adultos e crMikeças, respeitavam as regras estabelecidas antes mesmo de ela nascer. Se fosse necessário, se alguém se ferisse ou adoecesse, bastava um membro da família se aproximar dos limites do bosque e se concentrar nela. No devido tempo, Bella encontrava o caminho até o necessitado. Uma vez realizada a cura, normal mente sem que fosse dita uma só palavra, retribuíam com ovos ou até mesmo com lã de tosquia. Em seguida, ela ia embora. O que acontecia depois era que permanecia na cama, às vezes abatida por febre ou dores, por vários dias. Nessas horas, sentia-se grata por não ter filhos. Nenhuma crMikeça merecia ser amaldiçoada com aquele dom de curar. E não era apenas dor que a acompanha va, mas também aquela horrível cegueira.

O silêncio no caminho de volta calou fundo no coração de Bella e uma enorme vontade de chorar tomou conta dela.

Voltou o rosto para o sol. Talvez um banho no lago pudesse lavar aquela melancolia que, vez ou outra, lhe pesava no espírito.


Edward despertou de um sono pesado quando algo úmido lhe tocou a orelha. Instintivamente, deu um murro com o punho fe chado, a pequena adaga em riste na mão direita. Pôs-se em pé, o coração aos saltos.

Deparou-se apenas com Rampante, as patas afastadas, as ore lhas erguidas, olhando para ele como se jamais o tivesse visto antes.

— Com mil demônios, cavalo, o que está pensando?!

Embainhou a adaga, tirou uma mecha de cabelo do rosto e pôs-se de cócoras. O animal, cabeça baixa, olhar assustado, deu alguns passos para trás.

— Eu não quis assustá-lo, amigo. Venha.

O garanhão resfolegou de leve, movendo o focinho atingido. — Vamos, rapaz, eu não quis machucá-lo! — Precisava con sertar as coisas, raciocinou, antes que fosse obrigado a sair à cata de sua montaria floresta afora. Apanhou alguns brotos na relva. — Paz?

Ressabiado, Rampante estendeu o pescoço largo para examinar a oferta. Antes que Edward pudesse segurá-lo pelo cabresto, con tudo, ergueu a cabeça, as orelhas voltando-se para a ravina, as narinas alargando-se para farejar o ar. O barulho de algo caindo na água cortou o silêncio.

Edward levantou-se de um salto e desembainhou a espada de dois gumes. Não podia ser descoberto ali antes de saber quantos eram seus inimigos. Poderia dar conta de alguns. Com sorte, não haveria mais do que três ou quatro Newton no vale estreito.

O coração disparado, as veias dos músculos saltadas pela ten são, recuou para a floresta com cuidado, seguido de perto pelo cavalo.

Apenas uma pequena ondulação agitava a superfície da lagoa, e Edward olhou ao redor em busca do inimigo. A ravina encontra va-se deserta, exceto por alguns pássaros e borboletas.

— Foi só um peixe, cavalo tonto — resmungou, sentindo-se menos culpado por ter esmurrado o amigo.

Enquanto embainhava a espada, a superfície do lago tornou a se agitar, dessa vez bem mais forte. Céus! Que peixe causaria aquele tumulto?

Antes que pudesse raciocinar, uma silhueta brotou das águas.

Uma mulher, nua como tinha vindo ao mundo, e com a pele clara tal qual a lua de inverno, ergueu-se na margem oposta feito uma fênix.

Edward tratou de inspecionar a área à procura do marido daquela mulher, ou de um sentinela. Nada. Voltou o olhar para a moça. Anos de catecismo arraigado demandavam que cobrisse os olhos e partisse. Sua própria fidalguia pedia que ele, um cavaleiro de cinturão e espada, ao menos agitasse um arbusto para alertar a linda menina de sua presença. Não fez nada disso. O sangue parecia ter escoado de seu cérebro e membros, para se concentrar apenas em suas entranhas.

Quando ela fez escorrer com as mãos a água dos seios alvos e dos longos braços, Edward deliciou-se com a visão. Não era dado a fantasias, mas viu-se invejando aquela água. O que não daria para percorrer os seios generosos, os planos perfeitos daquele ventre.

Moveu-se, incomodado com a inevitável pressão sob o kilt, en quanto ela torcia os longos cabelos. Negros e acetinados, os cachos espiralavam até a curva suave dos quadris. Edward sentiu os dedos se fecharem contra a palma das mãos ao imaginá-los mergulhados naqueles cabelos, os fios escuros acaricMikedo seu peito, o corpo esguio sobre o dele, as coxas roliças entreabertas... Seria a glória.

De repente, a ninfa virou a cabeça na direção dele, alerta. Não ousando respirar, tampouco se mexer, Edward imaginou que ela fosse dar um grito. Mas seu olhar passou por ele e nada aconteceu. Soltou o ar. Aparentemente, o clarão do sol refletido na água dis farçara sua presença.

Semicerrou os olhos, examinando cada centímetro do corpo que ondulava para fora da lagoa, subindo pela margem. Ela se curvou para apanhar algo sobre a grama alta, e as nádegas redondas cin tilaram, feito duas luas gêmeas. Edward deixou escapar um gemido. A visão era mais perturbadora do que qualquer homem poderia suportar.

Relutante, desviou o olhar do corpo delicioso e tornou a inspe cionar a ravina. Onde estaria o imbecil do marido daquela beldade? Como era possível que um cavaleiro errante pudesse ficar ali a observá-la? Pois, certamente, uma mulher tão bela possuía um marido. Mas... e se fosse viúva?

O pensamento alegrou seu coração até que se lembrou de onde se encontrava: na terra dos Newton!

Enquanto ele se debatia com o dilema, a moça chacoalhou uma muda de roupa e pôs-se a vesti-la. Edward quase gritou para que ela parasse. Franziu a testa. Não devia estar enxergando muito bem. Aquele não era um traje de veludo ou brocado, com bordados em prata e ouro, mas um vestido rústico e pardacento. Então ela não era bem-nascida.

As possibilidades de uma conquista, ou ao menos de um flerte, ampliaram-se. Sorriu, ao mesmo tempo em que sentia o focinho de Rampante cutucando-lhe as costas. O cavalo bateu o casco, impaciente.

— Quieto, peste! — Empurrou o peito do animal, que recuou, conformado. Todo branco e maior do que a maioria dos garanhões, Rampante assustara muitos guerreiros. Sua mera presença no vale já seria um terror para a moça que, na certa, fugiria, arruinando suas chances de conquistá-la. Ela estava do outro lado da lagoa e devia conhecer a floresta às suas costas.

Concluindo que não tinha nada a perder e muito a ganhar, Edward respirou fundo e avançou para a claridade. Para sua imensa sur presa, a jovem sorriu, voltou-se rapidamente para a direita e disse algo que ele não conseguiu ouvir. Então apressou o passo, do outro lado da margem, e as esperanças de Edward aumentaram. Iriam se encontrar perto do penedo, onde o junco era mais espesso.

Foi então que notou o movimento na grama alta, a poucos passos dela. Estacou. Era um homem, ali, deitado? Não. Era algo cinzento que rastejava no meio do mato na direção da moça.

Santo Deus, um lobo!

Sacou o sgMike dubh. No segundo seguinte, o punhal voava, certeiro, em direção ao alvo.

Para o horror de Edward, foi a jovem que caiu de joelhos.

Com as narinas tomadas pelo odor de sangue, Bella gemeu en quanto corria as mãos por Lobo, desesperada. Ele havia lutado? Teria sido apanhado na armadilha de algum morador do vilarejo? O que o atingira? Por que tombara? Por que seu peito arfava daquela maneira?

Foi então que encontrou o punhal.

Soltou uma exclamação abafada. Como acontecera aquilo? Em bora não enxergasse muito bem, tinha certeza de que Lobo viera em sua direção abanando o rabo. E então...

Não importava agora. Ele iria morrer se Bella não fizesse algo, e rápido. Agarrou o punhal com ambas as mãos e o animal ganiu. Curvou-se para a frente e aproximou os lábios da orelha de Lobo.

— Calma, querido. Confie em mim... como já confiou uma vez.

Combatendo a vontade de abraçar o amigo, pôs-se de cócoras, tomando o cuidado de plantar bem os pés e as mãos, de modo a estar totalmente em contato com a Grande Mãe. Segurou o ar e arrancou o punhal. Lobo ganiu, mas depois silenciou. O sangue jorrou como uma fonte sagrada e Bella pôs as palmas sobre a ferida. Consciente das batidas descompassadas do coração do animal, bus cou os poderes que a cercavam. Um calor familiar se espalhou por seus membros tremulos, e seu coração finalmente serenou. Respi rou fundo. O poder estava outra vez dentro dela. Lobo ficaria bem.

Fechou os olhos e murmurou:

— Grande Mãe, eu, Bella, tomo para mim esta ferida...

Arfando, Edward se deixou cair de joelhos ao lado da jovem desmaiada. Seu punhal Jazia, ensanguentado, ao lado dela. Sentiu o estômago se apertar. Como aquilo tinha acontecido? Sabia como atirar um punhal. Há anos fazia isso...

Com mãos trêmulas, ergueu a mulher com um braço, surpreen dendo-se com seu pouco peso. Percorria a veste grosseira com a outra mão, em busca da mancha viscosa de sangue, quando captou um movimento nas árvores próximas.

Soltou um grunhido de revolta. O maldito lobo!

O animal o fitou por um segundo, depois desapareceu na flo resta com o rabo entre as pernas.

— É melhor correr mesmo, miserável... À moça gemeu em seus braços.

Esquecendo-se do lobo, Edward continuou a procurar pelo feri mento. Ergueu a veste pardacenta, expondo as pernas longas e os quadris arredondados. Ao contrário do que faria em outra situação, não prestou atenção a detalhes, exceto ao corte profundo que o punhal abrira na cintura delgada. Rezando para que não houvesse atingido nenhum órgão vital, rasgou parte da barra do vestido e a amarrou em torno da cintura dela, a fim de estancar a hemorragia.

Tentou descobrir alguma casa em meio ao bosque, algum lugar onde pudesse cuidar dela como devia. Tudo o que avistou foi um atalho. Lembrou, então, ter visto um pequeno vilarejo pouco antes de parar para descansar e soltou um longo assobio.

Rampante relinchou, cruzou o bosque e alcançou-os em poucos segundos.

— Para baixo! — Edward deu-lhe um tapa no flanco. O cavalo ajoelhou-se no mesmo instante.

Edward ergueu a jovem nos braços e ela tornou a gemer.

— Pode me ouvir, moça?

Cílios longos e negros entreabriram-se de leve, revelando os olhos mais espetaculares que Edward jamais vira. Eram de um castanho claro, circundados por um anel de um tom mais escuro.

Olhou-o, assustada.

— Calma, eu só quero ajudar.

— Não! — ela ensaiou um protesto mas desmaiou em seguida.

Amaldiçoando a si próprio, Edward acomodou a jovem pálida contra o peito, agarrou-se às rédeas de Rampante com uma só mão, pisou no estribo e montou. Bastou estalar a língua e o cavalo se ergueu, pronto para seguir na direção do vilarejo.

Minutos depois, com a moça ainda sem sentidos nos braços, bateu na porta mais próxima. Não demorou a ser atendido.

— O que quer? — indagou um homem enrugado.

— Um curandeiro — Edward respondeu. — Para a moça.

— Vá ali. — Com dedo tremulo, o velho apontou a cabana maior, do outro lado da rua.

Uma crMikeça o atendeu dessa vez. Seu sorriso de boas vindas morreu e seus olhos se arregalaram tão logo percorreram o tama nho do visitante. Ao ver a mulher desacordada, não teve dúvidas:

— Mãããe!

Uma mulher de rosto encovado surgiu da sombra.

— No que posso aju... — Parou ao ver a moça. — Fora daqui! Suma! Vá! — gritou, batendo a porta.

Edward soltou um palavrão. Jamais encontrara uma gente tão rude! Com a paciência no limite e cada vez mais preocupado, di rigiu-se para a choupana seguinte.

Quando um homem o atendeu, foi logo dizendo:

— Esta mulher precisa de cuidados, Ela foi... A porta fechou-se com um estrondo.

— Maldição!

Irado, chutou a madeira com tanto força que a porta se abriu e trombou com a parede, derrubando uma cadeira no caminho. Edward entrou sem pedir licença. Com o maxilar cerrado, encarou os ocupantes: o homem, uma mulher magra e duas crMikeças, todos encolhidos a um canto do único aposento.

— Vão ajudar a moça ou não?

Os adultos concordaram com um sinal de cabeça. Era possível que aquela gente não percebesse o estado da jovem?

— Preciso de panos! Panos e cataplasma, antes que eu perca a paciência que ainda me resta!

O homem gesticulou freneticamente para a mulher. Esta fez o sinal-da-cruz e, com a menina agarrada às saias, debruçou-se sobre um baú e retirou dele um pequeno jarro e tiras de tecido. Depois empurrou a crMikeça para o marido e se aproximou de Edward, ressabiada, as mãos estendidas.

— Aqui, senhor. Leve isto com as nossas bênçãos, mas vá!

— Não vão ajudar um dos seus? — Ele mostrou a jovem com a cabeça. — Não passa de uma crMikeça!

Com certeza aquela mulher não esperava que ele, um homem, cuidasse da moça. Precisava deixá-la ali.

— Ela não é uma Newton e ninguém por aqui vai oferecer ajuda maior do que esta — rosnou o homem. — Aceite o que minha mulher oferece e vá embora.

— Está cego? Ela precisa de cuidados!

Se não fosse o culpado por aquilo tudo, pensou Edward, a largaria sobre o catre coberto de junco e bateria em retirada. Tudo o que pôde fazer, porém, foi tomar os panos e o unguento da mão da mulher!

— Aqui se faz, aqui se paga! — rosnou e saiu a passos largos.

Um cercado para carneiros, no terreno ao lado, chamou a aten ção de Edward. Sem pensar mais, pulou a cerca baixa, seguido por Rampante. Deitou a moça no feno.

Ergueu a pesada saia e retirou a faixa que encobria a ferida. Suspirou, aliviado, ao ver que não havia mais sangue vivo. Era um milagre, dada a velocidade com que se deslocara com a jovem sobre o lombo do cavalo.

Aplicou no corte a erva oleosa e tornou a enfaixar a cintura da moça. Estudou o rosto dela, fitou os lábios cheios e rosados e sentiu o coração disparar dentro do peito.

— A quem pertence, menina?

Não podia abandoná-la ali. Não depois da recepção que haviam tido. Qual o motivo do terror que vira nos olhos do homem, quando ele lhe pedira que aceitasse a cataplasma e partisse? Será que ela pertencia a algum inimigo dos Newton?

Suspirou. Uma coisa era certa. Não podiam demorar-se por ali. Quando a notícia de que um Cullen fora visto no reduto dos Newton, o mundo viria abaixo.

Hora de partir.

Deslizou os braços sob o corpo da jovem e se pôs em pé. Esti vera se dirigindo para o noroeste, viajando pela Baixa Escócia em direção ao castelo de Beal. Não podia mudar o rumo. Se não en contrasse o povo dela pelo caminho, talvez MacCloud soubesse de onde vinha a moça, ou, ao menos, poderia abrigá-la.

Montou, ajeitou a menina nos braços e bateu com os calcanhares nos flancos de Rampante.

Estava prestes a alcançar o último dos terrenos do vilarejo, quando o menino que ele vira na casa, ao lado do pai, saiu correndo de um bosque de pinheiros. Com o olhar assustado, estendeu-lhe uma trouxa de pano.

— Sir! Isto é para a feiticeira. Um agradecimento pela boneca. Edward soltou uma risada seca. De que feiticeira e de que boneca ele falava?

— Saia do caminho, moleque!

— Por favor, sir! É apenas cevada, mas tudo que eu tenho! Diga a ela que somos gratos, sir, eu e Margareth. — Dito isso, o menino jogou a trouxa para Edward.

Ele a apanhou, confuso.

— Qual o seu nome?

— Jamie, milorde,

— E o desta mulher?

O garoto deu de ombros.

— Não sei, milorde. Ninguém sabe — respondeu, desapare cendo em seguida.


Mike Newton lançou um olhar fulminante para Erik, seu ferreiro.

— Que diabos quer dizer com "ele fugiu com ela"? Ele quem? — Não podia acreditar que alguém tivera a audácia de capturar a curandeira do povoado.

— Não sei o nome, senhor. Apenas que é um guerreiro.

— Descreva-o!

— Alto, musculoso, cabelos cor de bronze, olhos verdes. Newton estacou diante da lareira apagada do castelo de Dunbar.

— Que bandeira, idiota? Que cores usava? Que cavalo montava? Erik empalideceu.

— Estava de vermelho. Seu escudo era quadrado e usava luvas. Montava um garanhão branco.

O sangue pareceu escoar do rosto de Mike Newton.

— Tinha uma cicatriz sob um olho? Erik fez que sim.

— Sabe quem é, senhor?

— Fui eu quem fez a cicatriz — Newton respondeu por entre os dentes, sentindo um estranho calor na mão direita que já não possuía graças a Edward, o Terrível. Somente um Cullen ou saria atravessar o território dos Newton sozinho e levar consigo a curandeira do povoado. Aquele bastardo era mesmo um incon sequente. Agora iria ter o que merecia.

— Sele os cavalos! — rosnou, desembainhando a espada com a mão que lhe restara.


Bella esticou o corpo, perguntando-se por que o doce balanço cessara. Tinha sido tão bom ficar aconchegada no calor, escutando aquelas batidas compassadas...

Abriu os olhos. Estava deitada no chão, e um homem, o maior que já vira, avultava-se sobre ela.

Gritou, e ele cobriu-lhe a boca com a mão.

— Psiu, menina. Não vou lhe fazer mal! — sussurrou com voz profunda. Olhou em volta. — Sou Edward Cullen. Encon trei-a num vale, nas terras dos Newton.

Pelos celtas! Ele não falava sua língua e nem a dos moradores dos vilarejos; mas a língua deles... dos canterans: os highlanders das montanhas, que atacavam e saqueavam, e que a mãe dela tanto temera em vida.

Bella segurou-o pelos braços e tentou chutá-lo, rolar para longe, mas uma dor lancinante na cintura a imobilizou. O que havia acon tecido? Olhou para baixo e viu as saias erguidas, o abdome enfai xado, as pernas nuas. Aterrorizada, tentou cobrir a parte que, sua mãe disse que seria sempre a mais vulnerável.

Ele a fez baixar os ombros contra a terra.

— O sangramento parou, moça. Não o faça voltar com tolices. Bella piscou, aturdida, os olhos embaçados. O homem tinha ombros duas vezes maiores que os dela e braços tão largos quanto o tronco de um olmeiro. Não conseguia discernir seus traços com o sol batendo-lhe às costas; apenas o contorno dos cabelos longos com mechas cor de âmbar.

Continuou imóvel, sentindo o suor frio na testa e o coração disparado. Não conseguia sequer imaginar onde estava ou quem ele era.

Respirou fundo, reunindo coragem.

— Onde estou?

— Ah! Fala escocês... Isso eu lhe digo depois, moça. Só preciso saber quem é e de onde vem. Temos que encontrar seu clã, para que possam cuidar de você como se deve.

O que era um clã? Bella respirou profundamente e dessa vez sentiu o cheiro inconfundível de aveia. Estava num campo aberto! Oh, Grande Deusa, não podia ser! Aquele homem faria com ela o que haviam feito com sua mãe? Eu não quero um filho! Por favor, Grande Mãe! Não!

Aterrorizada, Bella ergueu uma das pernas, tentando atingi-lo, mas ele a segurou com uma só mão, puxou-a pelos tornozelos e agarrou-lhe os pulsos, prendendo-os acima da sua cabeça. Usando os joelhos, imobilizou-a pelos quadris.

— Aonde pensa que vai assim? — murmurou, o rosto perigo samente próximo do dela.

Bella tornou a gritar, e dessa vez ele a silenciou com a boca. Ela arregalou os olhos, chocada. Que tipo de predador era aquele? Nenhum animal fazia assim... Ele iria lhe quebrar o pescoço, pen sou, preparando-se para a dor. Só podia ser!

Em vez disso, a pressão sobre os lábios dela diminuiu. Sentiu que ele lhe tocava o lábio com a ponta da língua. Uma vez. Duas. Apenas uma lambida, mas que fez um frio estranho lhe descer pela espinha. Estaria experimentando o sabor da pele dela? Como se fazia com um pedaço de carne?

Oh, Grande Mãe, piedade!

Para seu imenso alívio, o homem ergueu a cabeça devagar, os cabelos longos tocando-lhe a face. Tinha os cabelos tão macios quanto os dela, talvez até mais. Ainda assim, Bella prendeu a res piração.

— Tão doce quanto eu temia... Quanto ele temia?

De repente, ele lhe soltou as mãos e sentou-se nos calcanhares, ainda a mantendo cativa pelos quadris.

— Doce demais para ficar solta por aí, moça. Não vou lhe fazer mal... apesar de eu mesmo já tê-la ferido. Peço desculpas por isso. Só queria salvá-la do lobo.

Lobo! Havia se esquecido do pobre coitado!

— Ele está morto? — indagou, temendo a resposta.

— Não. Meu punhal errou o alvo. Acertou você. Ainda não entendo como fui errar.

O alívio em saber que o animal continuava vivo logo foi subs tituído pelo medo. Aquele homem podia matar sem pensar duas vezes.

Edward cerrou o maxilar ao ver as lágrimas inundarem os olhos impressionantemente chocolates. Precisava de uma bebida. Um galão de uísque faria milagres.

Arriscou tocá-la no rosto, e ela empalideceu. Estava apavorada! Teve vontade de rir, mas isso só faria assustá-la ainda mais.

— Não precisa ter medo de mim, menina. Sossegue, vamos. — Saiu de cima dela, segurando-a apenas pelo braço. — Melhor assim?

Bella engoliu em seco e aspirou o ar repetidas vezes. Edward examinou-lhe a cintura. Não havia sinal de sangue vivo. Agora, o que mais importava: descobrir quem era ela e a quem pertencia.

— Como se chama?

Ela o fitou como se ele fosse um predador prestes a dar o bote. Cheirou o ar, os olhos claros desviando-se vez ou outra para os lados, como se procurassem ajuda. Ou uma maneira de escapar.

Edward reprimiu um sorriso. Tentativa inútil. Não o chamavam de Edward, o Terrível, a troco de nada.

— Isabella Swan — murmurou ela, por fim.

— Eu quis dizer seu nome cristão, menina. — Precisava des cobrir o sobrenome dela, ou o clã a que pertencia, antes de seguir viagem.

— Bella? — arriscou ela, em dúvida.

— Bella, sei... — Edward suspirou, desanimado. Preciso levá-la de volta para o povoado.

— Não! — explodiu Bella, esquecendo-se da própria estratégia. — Por favor, sir, deixe-me ir!

— Fugiu de casa, por acaso?

— Não. Você me carregou para longe de casa.

Edward abriu a boca para protestar, porém desistiu. Não podia continuar perdendo tempo com uma mulher como aquela: encan tadora, mas que não passava de uma camponesa maltrapilha. Se estivesse mais próximo de Blackstone, a deixaria sob a proteção de Carlisle.

Fitou os lábios carnudos uma vez mais e suspirou, conformado, tentando não pensar no que poderia ter havido.

— Preciso urinar — murmurou ela.

— Tem certeza de que pode se virar sozinha?

— Tenho.

Levantou-se, então, e estendeu-lhe a mão. Bella encarou a ofer ta, ressabiada, e Edward sorriu.

— Eu não mordo.

Sem muita certeza de que ele dizia a verdade, aceitou a ajuda.

— Ali atrás, depois do feno. Eu fico aqui, de guarda.

Ela cambaleou para detrás do cercado, segurando a cintura fe rida com a mão. Edward engoliu em seco. Mesmo machucada, a menina era uma visão e tanto para sua alma cansada. Os cabelos negros descendo em cascata até os quadris lembraram-lhe o momento em que a vira nua, na lagoa.

Deu-lhe as costas. Percorreu a paisagem dos Newton com o olhar em busca de algum inimigo, mas sua mente insistia em re cordar a imagem dela emergindo tal qual uma deusa das águas, a pele branca cintilando. Lembrou-se dos mamilos rosados e das nádegas perfeitas. A moça tinha o corpo mais lindo que ele já vira... E ele vira vários em seus vinte e nove anos de vida.

Edward desejou poder ficar com ela. Por que não? Não estava comprometido com nenhuma outra.

Por outro lado, jurara voltar para casa com uma lady, uma cas telã para Donaliegh. E era um homem de palavra.

Suspirando, decidiu que o melhor a fazer era prosseguir com o antigo plano.

Olhou para trás, na direção do cercado. Já havia se passado um bom tempo. Temendo que ela houvesse desmaiado, passou por debaixo da cerca,e chamou-a pelo nome.

Sem obter resposta, olhou atrás do monte de feno. Ela havia desaparecido.