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Severo odiava lugares cheios e tumultuados principalmente se estivessem repletos de Weasleys. Por esse simples motivo ainda não tinha conseguido entender como Minerva o convencera a ir ao casamento de Ginevra Weasley com o Potter, o famoso, aclamado, o adorado Harry Potter. Argh!
Após do fim da guerra e alguns anos de namoro, Harry e Gina resolveram selar seu amor com um casamento e convidaram todos aqueles com os quais tinham contato. Alguns por pressão de Molly e outros por respeito, categoria na qual se encaixava Severo Snape. O soturno homem não deu nenhuma confiança para o convite quando o pergaminho chegou através de uma caquética coruja, mas Minerva? Ah!, ela fez questão de lembrá-lo a todo instante que era o casamento de uma ex-aluna próxima a ele, como se existisse alguém com esse grau de proximidade. Quer dizer, existia, porém, isso ele preferia esquecer. Pura obrigação, fora isso que levara Snape ao casório. Ele encontrava-se na última fileira e na última cadeira no canto; sozinho enquanto esperava a cerimônia começar. Já tinha espreitado o local com suas íris negras para ver se alguém estava ali, a sua perturbação encarnada. Queria encontrá-la antes que ela o achasse e se achegasse.
O local estava cheio e bem arrumado, para a surpresa de Snape que sempre achou a casa dos Weasley uma bagunça, tanto dentro quanto fora, mesmo tendo ido à casa poucas vezes. Observou também a presença de muitos ex-alunos de Hogwarts e pessoas do Ministério, conhecia quase todos. Divagando sobre o local ele esqueceu-se dela o que o fez cometer um grande erro, baixar a guarda; distrair-se ao ponto de não perceber quem o observava de longe com um sorriso maroto nos lábios.
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A música foi sinal de que a cerimônia ia começar. Todos se levantaram e olharam para trás esperando ver a noiva. O casamento bruxo não tinha esse tipo de costume, mas Gina adotou devido à insistência do pai que era fascinado pelos costumes trouxas e por causa da origem de Harry. A ruiva estava com um lindo vestido que continha pequenas flores e levava nas mãos um buquê de Amarílis, uma linda flor que o nome significa deslumbrante. Nos pés ela não calçava nada, estava em pleno contato com a mãe terra. Sua maquiagem era leve, apenas para realçar o vermelho de seus cabelos. Os convidados ficaram emocionados com a entrada da noiva de braços dados com o pai.
Snape olhou para Gina e teve que admitir que a menina estava bonita, em seguida fitou Potter e o encontrou sorrindo, com os olhos brilhando. Considerou a cena deplorável e um sorriso de deboche surgiu em seus lábios simplesmente por causa da cara de bobo de rapaz. Contudo, o momento de alegria durou pouco até ver... ela ao lado do noivo. Sim, Hermione Granger olhava fixamente para ele, o que o fez sentir um leve incômodo. Desviando-se dos castanhos abusados Severo decidiu prestar atenção na cerimônia.
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Após o casamento e os cumprimentos Snape decidiu que era hora de ir embora, pois a sua cota para eventos sociais já tinha exaurido. Em passos pesados ele se afastou do tumulto, já estava distante da festa e da música quando ouviu.
- Já vai?
Virou ao reconhecer a voz , mas nada respondeu; preferiu esperar a próxima ação dela.
- O gato comeu sua língua? – Hermione aproximou-se rindo.
Severo fechou o semblante e cruzou os braços.
- Seria uma pena se isso tivesse ocorrido. – Ela declarou sorrindo e lambeu os lábios numa provocação escancarada.
Severo tremeu ao ver aquele movimento e a lembrança que tentara reprimir desde que pusera os olhos sobre ela, pela primeira vez, aquele dia veio à tona. Contudo, ele não seria tão fácil, antes que ela chegasse mais perto Severo decidiu repeli-la sempre sustentando a aparente calma.
- Olá senhorita Granger, como vai? - Snape perguntou repleto de formalidade. Ele sempre a tratava assim, com o máximo de distância.
- Bem.....e pelo que vejo a sua língua continua no mesmo lugar – Hermione provocou aguardando uma resposta ácida dele. Não aguentava mais incitá-lo e não ter respostas à altura, já estavam nesse jogo de gato e rato há três anos.
As bochechas quentes fizeram Severo abaixar a cabeça. Inferno! Ela sabia como deixá-lo nervoso e pior com vergonha.
- A senhorita perdeu os bons modos – Snape afirmou.
- Somente quando estou perto de você – ela disse dando alguns passo a frente – Você sabe disso.
O temido morcegão das masmorras já estava perdendo o controle da situação, precisava sair dali ou o resultado não seria bom...ou seria? Basta! Ele não queria saber.
- Bem, como a senhorita observou eu já estava de partida, até logo – e girou nos calcanhares deixando Hermione para trás.
- Do que você tem medo? – Ela indagou quando Snape já ganhava certa distância.
Severo parou e virou-se somente para olhá-la com desprezo, medindo-a de cima a baixo. Depois deu as costas e continuou o seu trajeto.
Hermione, sozinha, falou:
- Você não me escapa Severo Snape. - A decisão estava em sua voz.
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Severo acordou no domingo com dor de cabeça, não dormiu bem durante à noite devido aos sonhos que o perturbaram. Após o banho foi para o laboratório, pois uma poção em repouso precisava de sua atenção e era necessário algo para que desviasse os pensamentos dela. Picar, moer e triturar deram ele o resultado almejado, o tempo passou sem que ele percebesse e apenas quando a cabeça de Minerva surgiu na lareira ele voltou a realidade.
- Bom dia Severo, você poderia vir até a minha sala por alguns instantes? - A Diretora indagou.
Um meneio foi a resposta e ela desapareceu. Snape verificou em que estágio estava a poção e tomando o devido cuidado lançou um feitiço de estase para logo depois ir para sala da Diretora.
- Sim Minerva. – Falou após sair da lareira.
A Diretora ofereceu a poltrona em frente a sua mesa para que ele sentasse.
- Você está conosco há muitos anos e sabe que há tempos não recebemos visitas de cunho científico no castelo.
Severo ajeitou-se na poltrona sentindo que a conversa tomaria um rumo que não o agradaria.
- Porém, esse ano recebi uma proposta irrecusável de um jovem pesquisador que está estudando Poções e deseja conhecer melhor o seu trabalho... – Severo tentou interrompê-la, mas ela sinalizou para que ele esperasse – ... eavaliando seu currículo resolvi pensar sobre o pedido, mas também quero saber o que você acha.
O homem à frente dela já tinha convivido demais com Dumbledore para saber que Minerva agia da mesma forma que o ex-Diretor quando queria que a vontade dela acontecesse, porém, dessa vez ele não deixaria passar em branco. O laboratório era seu território e nenhum estranho entraria nele!
- Você me chamou aqui realmente para saber minha opinião Minerva? – Perguntou numa voz baixa.
A Diretora cruzou as mãos sob o tampo da mesa e com um semblante nada simpático respondeu:
- Claro que sim Severo, se não quisesse a sua opinião não o teria chamado. Sabe que como Diretora eu poderia ter tomado essa decisão e só comunicá-lo sua réplica fora ríspida.
- Mas... isso é o que você está fazendo. – o tom de voz deixou claro o tamanho da raiva dele.
- Não! Estou explicando a situação e pedindo sua opinião. - Minerva rebateu.
- Pedindo opinião, pedindo opinião - Severo levantou indo em direção a lareira – Sua decisão já foi tomada, você só me chamou para que eu possa saber que um estranho invadirá meu laboratório. - Ele murmurou.
Minerva levantou e seu tom de voz também.
- Severo Snape! Ninguém invadirá seu laboratório Será que tudo com você é tão difícil!? Por Merlin! - Ela exasperou.
- Faça como quiser.- Severo declarou com desprezo - Com licença- ele pegou um pouco de pó de flu e deixou a sala a Diretora sem dar a resposta.
Ao chegar em seus aposentos, Severo sentiu que sua dor de cabeça tinha aumentado e foi direto para o armário pegar o frasco da Poção Contra Dor de Cabeça, engoliu o líquido de uma só vez. Tentou acalmar-se respirando fundo e depois voltou-se para a poção que deixara paralisada, acreditando que a tarefa iria amenizar seu martírio.
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Hermione acordou bem disposta no domingo, abriu a janela e encontrou um lindo céu azul. O sol já brilhava bem forte, lá no alto, onde ela não podia tocar. Parou diante da maravilhosa visão da natureza e refletiu sobre o fato de não poder alcançar tudo que desejava. Uma linda borboleta interrompeu seu pensamento ao passar diante dos seus olhos, as asas eram amarelas nas bordas e azul no interior. Hermione ficou encantada diante do pequeno ser que fora algo tão feio e se tornara em um ser tão belo. Se uma lagarta era capaz de transformar-se em uma linda borboleta, por que ela não conseguiria conquistar Severo Snape? A hora era agora! Ela decidiu tomar um bom banho, um delicioso café da manhã e rumar para Hogwarts. O sol ela com certeza não alcançaria, mas Severo Snape estava ao alcance de suas mãos.
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Após terminar a poção Severo resolveu sentar e descansar seu corpo, a dor estava matando-o. Como um ladrão, o sono chegou devagar aproveitando o cansaço e o mal-estar que o homem sentia e trouxe o sonho de companhia; envolvente, sedutor e recheado com imagens de Hermione Granger. Ao deparar-se com ela Severo lutou e tentou fugir, acordando, mas havia um complô contra ele e suas pálpebras pesadas recusaram-se a abrir. Em meio as lembranças recentes e as antigas Hermione permaneceu e arrastou-o para uma noite distante no Largo Grimmauld.
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O local estava escuro e Snape cansado. O homem esforçava-se para enxergar algo ou alguém, suas pálpebras pesavam e ele só queria dormir. A sede da Ordem não era o local onde ele gostaria de fazer isso, porém, era o mais próximo. Severo arrastou-se até a cozinha, sua boca estava seca e precisava de água. Ao empurrar a porta do recinto Snape deparou-se com a silhueta de alguém de costas, encostado na pia. Conhecia aquelas curvas e aquele cheiro, era a aluna que andava perturbando suas noites de sono. Ela era presença constante através de sonhos nada decentes para uma relação aluno-professor. Severo recriminava-se por isso, mas, às vezes achava que existia algo também da parte dela, já tinha pego muitos olhares furtivos vindos daqueles olhos castanhos. Deu um passo para trás antes que ela virasse, mas...
- Olá professor, não precisa sair só vim beber água. - Hermione virou ao bater na superfície da pia.
De frente, com um adorável pijama, ela se tornara irresistível.
Com seu nariz adunco Severo entrou pelo recinto e caminhou em direção a pia, sem dar uma palavra. Pegou o copo que ela tinha acabado de usar e a garrafa que ali estava.
- Esse copo está sujo prof....
- Ora senhorita Granger, eu dispenso esse tipo de etiqueta! – Cortou-a com uma voz irritada.
Hermione nada falou depois, ficou recostada na pia vendo-o beber a desejada água e saboreando cada movimento da garganta dele a cada gole que descia.
Snape a observava de soslaio. Quando acabou, desceu o copo e ficou parado, olhando para o nada, sentindo o líquido gelado descer pelo seu esôfago. Ia virar para sair quando um dedo tocou o canto de sua boca.
- Essa gota fujona não foi para o devido local. – Hermione passou o polegar no canto da boca de Snape e depois lambeu o dedo de um jeito tentador.
Severo ficou parado, sem reação, diante do ato. Nunca pensou que viveria para ver tal atitude vinda de uma pessoa tão improvável.
Hermione tirou o dedo da boca e fitou-o pronta para o que viesse. Ela sabia que não tinha mais volta, precisava daquela boca.
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Notas Finais do Capítulo:
Espero que gostem...reviews por favor e tia Ingrid obrigada por ceder seu tempo^^
