GRAVATAS E CORPOS
Capítulo 1
AUTORA: Lady K
DISCLAIMER: Todos os personagens da série "Bones" são propriedade de HH e Fox (não venham me pentelhar), mas nada me impede de pegá-los emprestado só um pouquinho.
GÊNERO: Aventura, romance, mistério, terror, comédia, drama e umas cenas calientes (quem sabe? Depende do meu humor). Eu sei q ninguém liga p/ esses avisos, MAS, fiquem fora desta fic, crianças! Não me responsabilizo por qualquer dano psicológico ou moral..
AVISO IMPORTATÍSSIMO: Contém spoilers da 5ª temporada. O tempo é após o episódio em que a aparece a Dra. Catherine Klein.
COMMENTS: Como eu venho dizendo há séculos e deletando e recomeçando N vezes, finalmente estou publicando minha primeira fic de Bones. Então, tenham piedade, é a primeira que escrevo. Essa vai em homenagem às potências Fran, Thay e Loui (a ordem dos fatores não altera o produto da soma, no caso, amo todas vcs!). Aí vai o comecinho, e vcs me dizem se devo continuar (ou não) kkkkkk
Instituto Jeffersonian
Sala da Dra. Temperance Brennan
"Ei, Bones! Calce suas botas e um chapéu porque, adivinhe, vamos para o Texas!" - Era Booth quebrando o silêncio na sala de Temperance Brennan, cercada por todos aqueles objetos históricos, muitos advindos de escavações realizadas por ela mesma, em sua carreira de antropóloga. Ela digitava algo no computador sobre a mesa e, como tantas outras vezes, não pretendia desviar sua atenção dali. Entretanto, o sexy agente do FBI conhecia perfeitamente sua parceira – e como tirá-la do mundo paralelo em que ela insistia em criar e viver.
"Botas e chapéu? Eu não sei o que isso significa. Wow, Booth, não pode simplesmente chegar e dizer 'vamos viajar', você sabe como odeio isso. Na verdade, tenho várias tarefas em andamento no Jeffersonian que necessitam alguém qualificado e experiente, como eu. Já conversamos sobre isso antes."
É claro que haviam conversado sobre isso. Milhares de vezes, ele poderia lhe dizer. Ao que ela responderia que "milhares" era um valor inexato, já que não havia uma pesquisa atestando-o.
Ela também sabia que não cabia a Booth decidir quando receberiam um caso em outra localidade: a ordem vinha de seus superiores. Ainda assim, ele tinha um certo prazer em comunicá-la como se ele tivesse armado tudo, numa espécie de afirmação de sua posição de macho alfa. Antes, ficava furiosa com ele por fazer isso. Com o passar dos anos, ao exercitar-se em entender melhor habilidades como "empatia" e "altruísmo", percebeu que, às vezes, era melhor deixá-lo pensar que "estava por cima da carne seca" (ela realmente não entendia a expressão, apenas que tinha um quê de verdade). O que, ainda assim, não significava deixar que ele ganhasse a batalha sem uma dose de resistência.
O olhar de Booth foi de Temperance ao computador e às caixas contendo ossadas de sabe-se lá quando.
"Qual é, Bones? A menos que os fantasmas desses caras estejam te assombrando, eu não vejo a urgência diante disso aqui."
"Você sabe perfeitamente que eu não acredito que..."
Ele colocou a pasta com os arquivos do caso sobre a mesa, expondo as fotos como cartas de um baralho a revelar histórias de violência brutal, interrompendo-a. "Até agora, cinco corpos encontrados. Todas mulheres bem sucedidas na carreira militar e apresentando padrões idênticos. Violentadas sexualmente, torturadas e mutiladas ainda com vida. Outro ponto em comum: a autópsia revelou terem ingerido alguma bebida alcoólica batizada com valium."
Ela parecia já nem prestar atenção ao que lhe explicava o parceiro. Sua voz parecia distante a seus ouvidos, ainda que presente, enquanto sua mente rapidamente registrava cada informação do caso.
"Precisarei das amostras colhidas pelos peritos, raios X e tudo mais aqui no Jeffersonian para que nossa equipe comece a apurar os fatos" - Ela já se levantava.
Mesmo odiando psicologia, sua experiência forense lhe deixava muito segura para interpretar que o assassino, muito provavelmente, sentia prazer em subjugar mulheres em posição de destaque e força, especialmente sendo elas militares. E, céus, ela realmente odiava isso.
Texas
Enquanto Booth dirigia a SUV alugada rumo à sede do FBI, com o lap top no colo, Brennan recebia as últimas informações levantadas por Sweets.
"Seu suspeito provavelmente é um cara machista, considera-se superior a qualquer mulher, auto-afirmando-se ao humilhar suas vítimas, mulheres com poder hierárquico sobre, inclusive, caras fortes. As vítimas podem ter sido escolhidas em bares ou boates, onde ingeriram a bebida com valium e se tornaram presas fáceis, no estilo do golpe 'boa noite cinderela'. Para ter essa abertura, seu suspeito deve ter boa pinta, bom papo, inteligência e grande dissimulação, como um autêntico psicopata que me diz ser."
Brennan arqueou a sobrancelha, num misto de descrença e incompreensão. Sua lógica não era capaz de explicar como o psicólogo recém saído da adolescência conseguia levantar tantas informações sem se ater às evidências tangíveis, como ossos, partículas, DNA, fluidos etc. Entretanto, a experiência já lhe havia dito que era melhor não confrontá-lo sempre. Sweets era muito sensível e relutante em admitir que, apesar de acertar algumas coisas, ele não era um cientista, pensava ela. Pobre garoto.
Ela praticamente já podia ouvi-lo dizer que o assassino teria algum tipo de trauma de infância relacionado à mãe.
"Tudo indica que o assassino tem uma questão mal resolvida com a figura materna também." - Sweets completou.
"Dá pra ser mais específico, Sweets? Podemos refazer os últimos passos das vítimas, mas você sabe, quem vai se lembrar de um casal saindo no meio da balada para... você sabe..."
"Um encontro casual onde ocorre uma descarga de neurotransmissores, sintoma clássico de atração sexual que culmina com..." - Brennan apressou-se em continuar, percebendo o embaraço de Booth, como se Sweets não fosse entender.
O agente virou os olhos, cansado. Às vezes, ele pensava que ela tinha um prazer secreto em lhe falar essas coisas e constrangê-lo. Se fosse outra pessoa, ele teria certeza, mas não ela. Era isso, entre outras coisas, que a fazia ser a mulher única que o atraiu desde o princípio.
"Ok, ok, Bones. Já entendemos isso. O que mais pode nos dizer, Sweets?"
"Um sujeito assim não se cria da noite para o dia. Pode ter iniciado com ataques mais 'leves', que não terminaram com a morte das vítimas. Sugiro que deem uma olhada em casos não concluídos de estupro e tortura" - Sweets fez uma pausa, antes de prosseguir. "Agente Booth, são pequenas caveiras o que vejo estampado em sua gravata?"
Foi como se uma sirene começasse a soar na cabeça de Booth. Perigo. Nenhum detalhe passava despercebido ao psicólogo de 12 anos de idade. Já podia prever a enxurrada de interpretações e significados ocultos que vinham pela frente.
E antes que isso ocorresse, ele se apressou. "Obrigado, Sweets, até mais!" Sua mão imediatamente fechou o lap top.
"Se quer saber, esta gravata me parece mais agradável de se ver que aquela outra que você vinha usando nos últimos dias. Aquela com crustráceos que a Dra. Klein lhe deu."
Booth olhou com desgosto para o outro lado. "Muito obrigado, Sweets" - agradeceu mentalmente.
Dra. Klein. Um assunto que ele vinha deliberadamente evitando com sucesso e que Brennan não puxava há tempos. E agora, aí estava Seeley Booth tentando se livrar do rojão que ameaçava estourar a qualquer instante.
"Angela me deu de amigo secreto no natal passado, aquele na sua casa. Ei, Bones, Hodgins me indicou um lugar que fazem umas costeletas de porco que são de lamber os dedos! Podemos dar uma passada por lá quando resolvermos o caso, o que acha?" - A desculpa recém inventada de lhe pareceu eficaz, se não fosse pela capacidade de Brennan em tratar vários fatos simultaneamente.
"Booth, me tornei vegetaria, esqueceu? Você deixou de usar a gravata de crustáceos ao mesmo tempo em que cessaram as ligações telefônicas e os encontros com a Dra. Klein. Vocês terminaram?" - Sua pergunta soou mais como uma afirmação.
Seu interesse pelo relacionamento de Booth era algo inevitável. Ela se protegia por baixo de uma máscara de indiferença e profissionalismo, como se o que ele faz com sua vida pessoal, simplesmente não lhe despertasse o menor interesse. Entretanto, estava muito atenta a tudo que ele dizia e fazia.
Ironicamente, preferiu não interroga-lo como das outras vezes. As visitas frequentes da Dra. Klein à sala de Booth ou a sua casa, as constantes ligações e atenções começaram a incomodá-la. Ela se perguntava se era isso que as pessoas chamavam ciúme. O que ela rapidamente tratou de se explicar como uma reação natural de sua parte, já que o Jeffersonian e Booth faziam parte de sua rotina, sem ambiente, e qualquer intromissão seria tratado como uma ameaça ao seu equilíbrio.
"Não estava dando certo" - Booth respondeu secamente, implorando aos céus que ela se desse por satisfeita e mudasse de assunto.
"Sinto muito... Por que?" - Ela voltou com sua naturalidade quase infantil.
Repreendeu-se mentalmente ao terminar a pergunta. Queria e não queria saber a resposta. Isso não era nada racional.
E Booth, como explicaria que havia se dado por vencido e decidido que um novo relacionamento talvez o fizesse esquecer-se do amor platônico e, acreditava ele, não correspondido pela parceira? E ele havia se esforçado. No entanto, via-se preso na armadinha da mulher que conseguia ser inteligente, um gênio, e ingênua ao mesmo tempo. Incapaz de perceber sutilezas em seu comportamento e em suas falas, mas capaz de gestos que poucos seres humanos eram capazes. E se ele se lembrasse então dos olhos claros, dos cabelos, do corpo escultural... por Deus, aí sim o caso estava irremediavelmente perdido.
Como diria a ela que havia lutado sem sucesso. E que apesar de Sweets ter lhe garantido que o amor por ela era resultado do sonho experimentado durante o coma, o sentimento persistia, enraizado até os ossos. Nessa questão, a pessoa mais sensata e coerente, pensava ele, havia sido a Srta. Harmonia.
"Bones, o caso, ok? Vamos nos concentrar apenas no caso" - Ele encerrou bruscamente.
Ela assentiu com a cabeça.
CONTINUA...
