N/A: Essa fanfic foi escrita para participar do I Challenge "Livre", do 3Vassouras. Bem, incrivelmente eu acabei ganhando, e até que gostei da fic. Espero que vocês leiam, vou dividi-la em capítulos curtos e vou postando conforme receber reviews –SE eu receber alguma, claro. Lá vai.

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Sobre Jardim de Infância e Alucinações

1 Na escola

Estava acontecendo novamente. Ela cobriu a cabeça com o cobertor e tentou voltar a dormir. Tlac. Não. O que era aquilo? Espiou por debaixo das cobertas e logo viu aquele homem novamente. O que estava acontecendo, afinal? Há algumas semanas ela via o mesmo homem, e o interessante de suas alucinações era que a alucinação trocava de roupa, tinha perfume, e sempre sumia imediatamente após sentir o seu olhar. Mas bem, essa última questão deveria ser comum das alucinações. Ela esfregou os olhos. Deveria ser o sono. Agüentara as crianças a manhã e tarde toda, não tinha como não estar vendo coisas. Cobriu-se novamente e fechou os olhos.

"... Emily preguiçosa, está na hora de acordar! Levanta, você não pode se atrasar, menina. Você sempre teve problemas em acordar cedo, eu sempre disse que..."

Ela bateu a mão sobre o despertador. Era nisso que dava ganhar um despertador de aniversário com uma mensagem gravada por Lily Evans para te acordar: você já acordava com um sermão sobre responsabilidade. Emily levantou e se espreguiçou, dando um bocejo que fez todos os músculos do seu rosto se moverem. Fechou os olhos por um segundo para reabri-los no momento seguinte.
'- Vamos, Emily, é só mais um dia de trabalho. Você sabe que no fundo as crianças te fazem bem. –ela disse para seu reflexo no espelho. Passou o dedo sobre um pequeno corte na testa e soltou uma exclamação de dor. Um aluno do maternal havia jogado um compasso na sua testa "por acidente" e deixado aquela marca. –Ai! Esquece Emily, o único bem que aquelas crianças te fazem é terem pais que pagam a mensalidade da escola em dia.

Ela lavou o rosto e colocou um pedaço de pão na torradeira, trocando de roupa rapidamente enquanto a torrada não ficava pronta, pois havia perdido alguns minutos preciosos ignorando o despertador. Colocou os tênis velhos –são sempre os melhores –e após prender os cabelos longos e negros com uma presilha, saiu do quarto, indo para o corredor. Ao passar pela sala pensou ter visto um vulto, mas ao olhar novamente nada viu. Bufou nervosamente e sentou-se à mesa. Após se desafogar por ter tentado engolir um pedaço de pão maior do que sua garganta permitia, ela saiu do pequeno apartamento em direção ao elevador. Esperou impaciente e entrou no primeiro elevador, que estava ocupado somente por uma velha senhora que segurava um terço nas mãos.


A grande mansão colorida onde era a escola Happy Days não ficava a mais de dois quarteirões do apartamento. Ela andava rapidamente, sem reparar nas várias pessoas em que esbarrava. Aonde já se viu, não falavam tanto da pontualidade britânica? Ela é que não iria chegar atrasada. A aula começava às oito horas, mas ela deveria estar lá meia hora antes. Finalmente chegou ofegante na escola. Era uma construção grande e antiga, no centro de Londres. Tinha um gramado extremamente verde e muitas flores na frente da casa que podia ser vista a alguns quarteirões, de tão "discreta" que era. As janelas eram pintadas de um verde limão que quase podia ser visto no escuro, e a porta era amarela. A fachada da casa era de um vermelho sangue, com alguns desenhos em laranja e branco. Emily não sabia como Helen tivera coragem de pintar a escola daquelas cores. "É para chamar atenção, sabe, faz parte da propaganda", ela lhe dissera. Mas certamente poderia ter feito algo menos estrambótico. Emily deu uma risadinha e adentrou pelo portão. Subiu as escadas azuis e quando entrou na recepção, pôde ver a secretária que tentava com dificuldade colocar os fones de ouvido.
'- Bom dia, Claire. –disse Emily sorrindo para a moça loura, que era um tanto avoada.
'- Ah, bom dia Srta. Evans. Como vai? –ela disse sorrindo meio sem graça por perceber que alguém assistira sua luta contra os fones de ouvido.

'- Hm... bem, é, vou bem. E a senhorita?
'- Bem... só um pouco enrolada, sabe. –ela falou erguendo os fones.
'- Sabe, eu até te ajudaria se já não estivesse atrasada. A Sra. Handerson já chegou? –ela perguntou, entrando por uma porta ao lado do balcão da secretária, que dava para a sala dos professores.
'- Ainda não... ela ligou dizendo que ia se atrasar porque... ah, não lembro porque, mas ela disse que se atrasaria.
'- Ufa, menos mal... –ela disse de dentro da sala. Cumprimentou os professores que estavam lá, e depois que vestiu seu guarda-pó pegou a mochila e saiu da sala, subindo as escadas que a levariam para o lugar onde passaria a manhã: a sala do maternal. Já podia ouvir os gritos em sua mente, os choros... e também as risadas e as palavras enroladas que saiam daquelas pequenas criaturinhas. Ela reclamava, mas até que gostava daquele trabalho. Podia ser estressante e tudo mais, e ela sempre achou que deveria receber insalubridade, mas era bom para ela espairecer. Parar de pensar na vida, nas contas, nele... Chacoalhou a cabeça e abriu a mala. As crianças já estavam aprendendo algumas coisas como pedir para ir ao banheiro, pintar sem sair fora da linha, as cores, animaizinhos... e ela se orgulhava muito delas. Elas ainda batiam umas nas outros, riscavam as paredes e enfiavam os dedos em tomadas, mas mesmo assim ela sentia orgulho delas. Bocejou e tirou um caderno de dentro da mochila. Escutou alguém batendo na porta. Era uma aluna. E era assim que começava mais um dia de trabalho...

Ela estava apaixonada. Lembrava de quando o vira pela primeira vez, tinha treze anos, não ligou. O viu no casamento de Lily e James, e se simpatizou com ele. O viu no Natal, e se encantou. Ele era diferente, era ele. Conversaram, riram, contaram coisas, lembranças. Deram-se tão bem, ele a deixou fascinada. E agora estava deixando-a maluca. Ela o via, sempre. Ele era a alucinação. Fazia tempo que não ligava para Lily para saber notícias deles, e dos outros, de quem acabou por se tornar amiga também, apesar de não vê-los com tanta freqüência. E dele, óbvio. Foi desviada bruscamente de seus pensamentos por um grito.
'- AAAAAAAAH! TIA!
Levantou-se rapidamente e correu até uma das mesinhas coloridas. John havia puxado o cabelo de Melanie, que começara a chorar copiosamente e não parava mais. Emily tentava acalmá-la, o que não era mais um problema para ela, que já estava acostumada. Isso era normal quando se era professora de uma sala de trinta crianças de três a quatro anos.

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N/A: Ok, então é isso, logo vem novo capítulo SE deixarem review.

Para quem lê LH
Eu sei que há séculos não atualizo, e estou falando bem sério quando digo que estou tentando escrever. Tipo, o capítulo só tem 8 páginas até agora, vou esperar ele ficar um pouco maior, daí eu posto, certo?

Mia Moony/Bia Lupin