Sobre Asas

_Hey, Cas! – chamou, pedindo a atenção do moreno para si.

_Sim, Dean. – e esperou que o loiro continuasse.

_Como a gente faz para ganhar asas? – e abocanhou um pedaço do sanduíche. – Quero dizer... Um humano tem como conseguir asas? Como as suas? – perguntou sem se importar de estar com a boca cheia.

_Ah... – Castiel ficou confuso com a pergunta, ajeitou-se melhor na cadeira e olhou fundo nos olhos ansiosos de Dean. – Eu... Nunca soube de um humano que ganhou asas como as de um anjo.

Dean arqueou as sobrancelhas e mordeu mais um pedaço do sanduíche.

_Mas... – e o loiro cravou os olhos verdes no rosto do anjo novamente, esperando pela complementação da resposta. – Os humanos têm metade de uma asa, assim, quando eles encontram o seu par eles... Bem, você sabe.

_O que? – perguntou, querendo ouvir como o anjo lhe explicaria.

_Eles têm essa... – e pareceu pensar um pouco antes de responder. – Ligação.

_Isso quer dizer que os humanos não são inteiramente felizes, a não ser que encontre a sua metade da asa?

Castiel afirmou com a cabeça.

_E o Sam? – perguntou, curioso.

_Ele perdeu sua metade da asa. – respondeu, baixando os olhos em pesar. – Ele nunca mais vai encontrar alguém.

_Quer dizer que ele não vai mais ser feliz?

Castiel sorriu minimamente.

_Eu não disse isso. – retrucou e viu o loiro arquear as sobrancelhas, enquanto dava uma última mordida no sanduíche. – Ele pode ser feliz novamente, mas... Não completamente, nunca completamente.

Dean arregalou os olhos e olhou para trás.

_Hey, Cas! – chamou de novo e o anjo esperou ele fazer a pergunta que ele já sabia que o caçador faria. – E a minha asa?

Castiel mordeu os lábios.

_E então? – perguntou ansioso. – E as minhas?

_Você a perdeu, Dean. – e o timbre de sua voz era triste.

_Como? – perguntou, passando as mãos pelas costas a fim de tentar sentir algo, inútil.

_No inferno. – disse o anjo. – As almas que vão pra lá, quando voltam, se voltam, não possuem mais sua metade da asa.

Dean pensou por um momento, não se importava muito pelo fato de não ter uma metade da asa, não mesmo.

_Hey, Cas! – e os olhos do anjo pousaram nos seus. – Você tem um par de asas, certo?

_Sim, Dean. Eu sou um anjo. – retrucou, não entendendo o porquê da pergunta.

Dean sorriu e bebeu um pouco de cerveja antes de dizer:

_Então eu sei o porquê da minha metade ter sido tirada.

Castiel inclinou a cabeça, num gesto claro de que não tinha entendido o raciocínio do loiro.

_Você já tem duas asas, com a minha ia ficar meio desproporcional. – disse. – Eu até prefiro assim. – e sorriu.

_Eu ainda não entendi, Dean. – disse o anjo, esforçando-se ao máximo para ver alguma lógica naquilo.

O caçador sorriu ainda mais.

_Tudo bem, Cas. – disse por fim. – Eu... Devo ter bebido demais, só isso. – mas mesmo assim, a idéia não lhe parecia tão absurda.


N/a: Não era pra ter saído assim, mas né.