Harry Potter nunca havia acreditado em contos de fadas.

Tendo tido uma infância amarga com os Dursley, na tentativa falha de purgar sua magia fora dele, sua tia sempre o disse que aqueles tipos de história não existiam, principalmente na vida real. Mesmo agora, que ele apreendeu que era um Bruxo e estava ciente que seus tios só queriam que Harry não soubesse nada mágico, o garoto ainda não acreditava em contos de fadas.

Veja só, no Mundo Bruxo ele é considerado um herói e estava sendo tratado como um messias, no entanto nenhum feiticeiro sequer teve a capacidade de o verificar nos últimos dez anos. Por conta disso o menino acabou sendo abusado e negligenciado por sua família trouxa.

"Para os Dursley sou uma aberração, uma anomalia indesejada, mas para os feiticeiros sou apenas O Menino que Sobreviveu, o Herói trágico da luz, seu fantoche que pode ser trancado em um armário quando ninguém mais precisa" concluiu o garoto.

O corvo não teria nada disso. Ele não era um brinquedo. Nem um boneco e muito menos um fantoche, e acima de tudo o garoto certamente não era um herói.

Tudo que Harry queria era apreender magia e fazer alguns amigos, mas com aquele sangrento título, até isso iria se tornar um grande desafio. Mas logo todos saberiam que ele não seria o salvador de ninguém.

Foi assim que quando a noite de 1ª de setembro finalmente chegou, o chapéu seletor, passou apenas alguns minutos em sua cabeça e gritou em alto e bom som:

― Sonserina!

O diretor da escola perdeu a toda a cor e sua fachada de bondoso, Minerva Mcgonagall parecia estar prestes a desmaiar, um homem de cabelos sedosos sentado na mesa dos professores, o enviou, olhares odiosos cheios de rancor.

― Perdemos o Potter! Perdemos o Potter!

Dois irmãos de cabeças ruivas começaram a berrar, fingindo tristeza. Enquanto que seu irmão mais novo estava vociferando sobre a fato que Harry muito provavelmente era um bruxo das trevas.

Na semana seguinte os jornais vieram com manchetes bastante interessantes, falavam sobre uma profecia de um certo lorde das trevas e alguém que iria o derrotar, mas o conteúdo foi mal interpretada e agora todos estavam louvando Neville Lomgbottom como o eleito.

Harry não se importava.

"Não sou um herói. Contos de fadas não existem"

Exceto que o menino não passou anos sendo abusado para deixar que outra pessoa tornar-se o manequim da luz, agora que estava começando a ver o quão longe as manipulações de Alvo Dumbledore iam.

Mas Harry não pretendia ser um lutador da luz e nem permitiria que o idoso e suas ovelhas conseguissem uma outra pessoa para ser sacrificada.

Então o garoto decidiu que, se eles quisessem um novo cordeiro teriam um tempo difícil para conseguir alguém hábil o bastante. Afinal porque não fingir ser um salvador que aquelas pessoas tanto queriam? O que poderia dar errado se ele cuidasse para não cair em alguma armadilha de morte?

Foi no final daquele mesmo ano, que Neville, Hermione e Ronald Weasley se encontraram sendo colocados para dormir em um corredor, enquanto que Harry passava por todos as provações para chegar na Pedra Filosofal.

― Dê-me a pedra e terei certeza de que você tenha tudo que quiser! ― Voldemort declarou, depois de perceber que Harry tinha conseguido tira-la de dentro do espelho.

― Não! Você me tirou a minha família! Tudo por causa de uma profecia estúpida! Será que você mesmo racionalizou que aquilo poderia ter sido uma armadinha!

― Cálice! Você é apenas uma mera criança que não sabe de nada! – rugiu o Lorde.

Antes que o homem pudesse deixar o corpo de Quirino para trás e voar como um espírito em direção a Harry, o garoto percebendo a insanidade do homem jogou-lhe a pedra.

― Fique com ela, talvez isso o ajude a ter sua sanidade de volta! E faça-me o favor de me deixar em paz!

Com isso Harry Potter saiu da sala deixando um muito estupefado Voldemort para trás.

Quando Dumbledore o perguntou o que tinha acontecido, Harry inventou um conto baseado em meias verdades, sua explicação do que tinha acontecido com a pedra era que tinha pegado fogo e explodido no instante em que Voldemort tentou o matar e tirar a pedra dele. O velho pareceu desconfiar de algo, mas acabou aceitando o que o menino o contou, e assim começou a falar sobre as proteções que sua mãe deixou quando morreu.

Nos dias seguintes, os seguidores de Dumbledore deixaram de crer que Neville era seu eleito.

Harry não podia se deixar de estar mais feliz. Havia conseguido. Voltou a ser o manequim da luz, mesmo que ele não pretendesse ser manipulado.

Xxx

Logo, na metade do verão antes de seu terceiro ano, Sirius Black conseguiu escapar de azbakan.

O corvo não se importava com isso, estava envolto em outros pensamentos, como um certo Lordes das trevas que já deveria ter retornado mas ainda não fez nenhuma aparição.

No seu ano anterior o garoto acreditava fortemente que o homem teria revelado a sua volta ao mundo mágico, porem em vez disso pequenos ataques começaram a acontecer dentro de Hogwarts, causados pelo herdeiro da sonserina. No começo ele havia acreditado que aquilo não estava ligado ao Lorde das Trevas, foi só no final do ano, no fático dia em que Ginevra Weasley acabou sendo sequestrada e levada para a câmara segreta, que ele descobriu a verdadeira.

Tom Riddle e Voldemort eram a mesma pessoa, apesar do fato que Tom não era exatamente o mesmo Voldemort que Harry conheceu em seu primeiro ano, mas eles ainda eram supostamente as mesmas pessoas.

Então depois de matar o basilisko, o menino decidiu enviar o diário de volta para seu legitimo dono. Afinal de contas Harry havia procurado respostas de como ele era um ofidioglota, quando ninguém de sua família tinham essa habilidade. Tomando uma poção de herança levou-o a descobrir que tinha uma alma gêmea, que agora ele sabia que era o Lorde das Trevas.

Ainda perdido em seus próprios pensamentos, o garoto nem se deu conta que tinha enfim chegado em Hosmeade, continuando a andar calmamente pelas suas do vilarejo Harry não estava nem ai com o simples fato de que não ter uma autorização para visitar Hosmeade.

Ele queria se divertir assim como todos os outros estudantes, tanto é que nem notou que estava sendo seguido por uma figura encapuzada. Só quando aconteceu que mãos envolveram seu corpo e um feitiço de dormir foi lançado sobre ele, Harry tinha em fração de segundo a ideia de que poderia estar em perigo, quando perdeu a consciência.

Xxx

Lentamente seus sentidos voltaram, ainda sentindo a fadiga Harry se levantou de uma poltrona e pôs-se a examinar onde se encontrava. Para sua surpresa, não estava em uma cela mas sim em uma sala de estar, seus olhos caíram no outro habitante da sala.

― Sentiu minha falta? ― perguntou Riddle, colocando um livro em cima da mesa. Ele parecia estar de volta aos seus dezenove anos.

― Nem brincando ― mentiu ― Por que estou aqui? Achei que eu tivesse lhe dito para me deixar em paz.

― Oh, isso...não me importo ― disse arrogantemente ― Você é minha alma gêmea, tenho todo o direito de velo quando eu bem entender.

Nesse ponto Harry foi obrigado a revirar os olhos. "Quando foi que ele descobriu que ambos eram almas gêmeas?"

― Vá direto ao ponto Riddle ― murmurou Harry voltando a se sentar na poltrona.

― Nunca fizemos nenhum acordo antes ― falou Tom, decidindo se levantar e sentar-se ao lado do garoto ― Mas isso não significa que não podemos fazer um trato agora.

― Se esse acordo não significar que eu vire seu escravo ou peão, então talvez eu possa até aceitar ― Harry anunciou.

Não era exatamente a verdade mas não era uma mentira, Harry poderia facilmente apoiar Voldemort caso esse não o tratasse como um servo ou até mesmo como um animal de estimação. E é claro se o Lorde das trevas fosse um purista de sangue que aprovasse a caça aos trouxas, ele jamais iria aceitar qualquer oferta que viesse do homem, o que quer que seja.

Vendo a linha de pensamento do garoto, Riddle decidiu se explicar.

― Nas últimas décadas estive mais insano do que nunca, você mesmo viu isso ― sussurrou ― Mas o que poucos sabem é que acabei me perdendo nessa loucura e também mudei muitos dos meus objetivos na primeira guerra.

Harry não pode deixar de abrir um pequeno sorriso. Parecia que dar a pedra e enviar o diário de volta para o homem não tinha sido em vão e muito menos uma má ideia.

― Então você não é um purista de sangue? ― resolveu perguntar.

― Não, você já deve saber que eu mesmo sou um meio sangue, não faria muito sentido se eu me declarasse assim ― confessou ― Perdi m minha sanidade depois que criei meu terceiro horcrux.

― O que é uma horcrux? ― perguntou o menino alarmado.

― Basicamente é um objeto criado para conter um pedaço da alma de um bruxo, feito através de um assassinato, afim de alcançar a imortalidade.

O garoto estremeceu. Não era à toa que o homem ficou louco.

― Você não fez apenas um, não é? ― ele ousou perguntar já sabendo a provável resposta.

― É claro que não, eu nunca me contentaria apenas com uma horcrux, ao todo creio que fiz sete horcruxes.

― Sete! ― exclamou o rapaz incrédulo ― Você fez sete dessas coisas?

― Isso não tem importância agora, já absorvi um dos meus horcruxes e pretendo fazer o mesmo com os outros quando eu encontrar uma forma melhor para assegurar minha imortalidade ― cortou ― Já chega de falar de mim, vamos conversar sobre nosso acordo.

Harry não pode deixar de levantar as sobrancelhas com a mudança repentina do assunto.

― Que tipo de acordo você quer que eu aceite?

― Case-se comigo ― Tom simplesmente declarou ― Então vou permitir que você permaneça neutro e me certificarei de alcançar meus objetivos através da política.

― Isso é tão...radical ― indagou Harry em choque ― E eu só tenho treze!

Voldemort bufou.

― Nós não precisamos nos casar imediatamente, pretendo esperar até que você tenha pelo menos dezessete anos ― Riddle esclareceu ― Mas vamos fazer um contrato de casamento ainda nessa semana.

― Se eu aceitar, vou poder voltar para Hogwarts? ― perguntou Harry ainda assustado.

― Você tem sido capaz de enganar Dumbledore, então não vejo por que não voltar ― respondeu ― Entretanto você vai me visitar na câmara secreta todos os dias.

― Tudo bem ― o corvo aceitou, o acordo em si não era ruim para recusar ― Eu acho que posso lidar com isso.

Voldemort sorriu e se aproximou pegando, com as mãos o rosto de Harry e fazendo com que esse o olhasse diretamente para os seus olhos vermelhos.

― Você também vai ter que lidar com minhas afeições ― murmurou e então o beijou apaixonadamente.