EMPLUMADA, PELÚCIA, GARRA, BIGODES E FOCINHO
Sinopse: antes de qualquer coisa, eu queria dizer OBRIGADA por se interessar em ler esta fanfic! Aqui nós quase não falamos de Harry Potter, o menino que sobreviveu, mas sim de dois figurantes que são umas figuras! Os fabulosos Fred e Jorge Weasley são o destaque da história, e mais três amigos que viajarão do Brasil para Hogwarts, além de inimigos também. Vocês podem achar essa fanfic estupidamente longa, mas é porque ela se passa durante os sete anos que os gêmeos passam em Hogwarts. Bom, como se trata de Fred e Jorge, vocês acharão uma aventura em cada esquina, mas talvez nada muito elaborado ou grandioso quanto as aventuras de Harry. Se quiserem uma fanfic assim, vocês precisarão ler as continuações (depois de terem lido esta, claro). Ah, e também tem que ter lido os primeiros quatro livros da série para entender algumas partes, já que não entramos muito em detalhes. Obrigada mais uma vez e aproveitem a leitura! Se vocês virem alguma coisa escrita entre são comentários feitos por nós, as autoras, e não tem nenhuma relação com a história. É que certos comentários não dá para deixar de fazer mesmo.
Nota das Autoras:
Emplumada (autora que teve a grandiosa idéia de escrever essa fanfic e muitas das partes que estão no meio dela, uma em especial): Aproveitem bem a leitura, já que deu um trabalho danado criar tanta coisa.
Pelúcia (autora que teve o trabalho enorme de escrever toda a fanfic e ainda criou as melhores partes dela): Eu quero desejar a todos uma boa leitura de novo e lembrar que a Emplumada é uma preguiçosa. Fui eu quem deixou de estudar (e de viajar nas férias) para escrever a fanfic enquanto ela só lia o que a minha incrível genialidade criava.
Emplumada: Mentirosa! Eu tive que digitar até o final do segundo ano porque você escreveu tudo aquilo no caderno! E as suas idéias não são tão boas assim...
Pelúcia: E daí? Sou eu quem comanda esse diálogo, então eu posso fazer o que eu quiser, já que você é muito preguiçosa. BWAHAHAHAHAHA!
Emplumada: Eu tenho bosta na cabeça.
Emplumada (a verdadeira): Enquanto o leitor estiver distraído lendo a fanfic, eu TE MATO!
Pelúcia: Bom, para aqueles que não apreciam cenas de violência gratuita eu sugiro que comecem a ler logo a fanfic, já que eu vou dar um chute na bunda dessa tampinha.
Emplumada: Tampinha é a avó! E até parece que eu vou deixar voc me bater. Sendo aluna modelo, eu conheço umas boas azarações e posso fazer o serviço à distância. Há! Se livre dessa!
Pelúcia: Quem é que vai escrever as outras continuações se eu morrer?
Emplumada: Hum... Bom argumento. Tudo bem, eu treino alguns chipanzés pra fazerem isso no seu lugar.
Pelúcia: Pô, magoou... Aproveitem a leitura assim mesmo! Estamos esperando seus e-mails e comentários. (E não digam que está muito comprida e enrolativa, isso é algo que já percebemos. :P) Beijos a todos e espero vê-los novamente na continuação! Isto é, se ela não for escrita por um primata pulguento.
Emplumada: Você está falando do Garra?
Pelúcia: Você viu o nosso e-mail? Eu coloquei o meu nick na frente. O PODER ESTÁ APENAS NAS MINHAS MÃOS! BWAHAHAHAHAHA!
Emplumada: Sem comentários...
Pelúcia: BWAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...
Emplumada: Espero que a Miadora concorde em ser minha sócia nas próximas fanfics, ou vou precisar contratar alguns adestradores de chipanzé.
Pelúcia: ...HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA...
N/A extra: Olá queridos leitores! Não fiquem bravos, pois, como sabem, as escritoras dessa fanfic também são humanas. (N/Emplumada: Só não contem isso para a Pelúcia, ou ela vai ter um treco.) Como alguns personagens da nossa fic são baseadas em pessoas reais, nós acabamos colocando os mesmos nomes. Só que essas pessoas foram nos dizer só agora que não queriam os nomes delas na fanfic (ô gente lenta, viu!), e fizemos algumas mudanças de última hora. E como demora pra recolocar todos os capítulos no ar na Harryoteca, lá os nomes provavelmente estão nas versões antigas, ficando um pouco diferente do que são aqui. As mudanças ficaram assim: Douglas Berttapeli, Jonathan Harper e Giovanni Pieri. Como não podemos colocar os nomes antigos, vocês vão ter que forçar um pouquinho a memória pra lembrar quem são eles. Os que começaram a ler essa fanfic depois de 27/04/2004, por favor nos desculpem pelo aviso inútil. Obrigada pela compreensão!!!
#1ª Fase – preliminares – 24 de julho de 1989
Capítulo 01 – Descobrindo o nome Hogwarts
24 de julho, 1989. Era inverno. Fazia muito frio mesmo para os padrões de Curitiba. E o pior: tinham que ir para a escola todas as manhãs, apenas voltando para o quentinho de casa ao meio-dia. Sonolentos e entediados; era assim que a maioria dos alunos de 5ª série se sentiam. Claro, toda turma tem sua exceção, e esta não é diferente.
Uma garota de cabelos pretos e meio ondulados, cortados logo abaixo do queixo, e um tanto rechonchuda, olhava para o professor atentamente. Aline era uma das poucas pessoas que fazia isso, assim como sua amiga Cinthia, uma garota um pouquinho mais alta que ela de cabelos cor de mel e lisos na altura do ombro, com olhos castanhos claros que mal piscavam agora. Com o canto do olho, Aline ficou satisfeita de ver que a amiga não tirava os olhos do professor, parecendo pregada em cada palavra. Ou assim ela achava. Teve que dar um cutucão na amiga quando o professor disse para pegarem os cadernos, porque Cinthia simplesmente não se mexera. Cinthia estava perdida em pensamentos, e não escutara uma palavra sequer do professor.
"Como essa aula está chata. Quanto será que falta para acabar? Queria não Ter esquecido o meu relógio. Como é que professor nunca tem dor de garganta? Eles falam tanto... Bem que eles podiam..." – Aiê!
Depois do cutucão, Cinthia viu a amiga dizer-lhe apenas mexendo os lábios para que pegasse o caderno. Foi quando viu que o professor passava a matéria no quadro. Só puderam se falar (de novo) meia hora mais tarde, no recreio.
- Viajou para onde desta vez? - perguntou Aline, um tanto irritada.
- Naboo - respondeu Cinthia fazendo piadinha. - Vê se para de ficar tão nervosinha. Eu só estava...
- Não estava prestando atenção você quis dizer. Ainda temos dois bimestres por pela frente e você não está nem aí!
- Mas hoje é quarta-feira, e as aulas começaram nesta semana. Relaxa! Vamos ver o jogo de futebol dos meninos. Hoje a quadra é das 5ª séries.
Havia vários alunos assistindo ao jogo, de ambas as 5ª séries e também das 6ª e das 7ª. Quando a 5ªM (turma de Aline e Cinthia) estava prestes a marcar mais um gol, a bola é defendida de um jeito muito estranho pelo goleiro do outro time, Douglas.
- Ai, esse tosco idiota! - Aline odiava Douglas desde a 3ª série, quando passaram a fazer inglês juntos e souberam um da existência do outro. - Olha só, nem sabe defender direito! Tá estatelado no chão enquanto que o Diogo tá indo marcar um go...
Mas Douglas conseguiu defender mais um vez e passou a para Giovanni, o zagueiro do time.
- Grande coisa – disse a menina cruzando os braços. – Se o Véio (apelido sem um motivo definido de Giovanni) não estivesse ali, a gente marcava o gol. O Tosco só deu sorte.
Não muito longe delas, quatro garotas da 5ªN também assistiam ao jogo, e ouviram o que Aline havia dito.
- Olha o tipo daquela menina – disse Mayara, a mais baixinha das quatro. – Fica falando mal do nosso goleiro enquanto que o da sala dela é aquele Bruno Menegotti.
- Até parece que o Menegotti tem síndrome de Dawn – disse Bianca Zem, uma garota alta e extremamente seca. – É horrível aquele olho dele, mais baixo que o outro.
- Ele devia fazer uma plástica, sério mesmo – concordou Bianca Sans, tão alta quanto a outra Bianca, só que muito mais corpulenta. – né, Lucy?
- Ahn? Ah, sei lá.
Luciana, uma garota relativamente alta de cabelo castanho na altura da cintura, se mantivera calada e praticamente desligada da conversa das amigas. Não gostava quando as três começavam a falar mal dos outros e tratava de prestar atenção em outra coisa. Além disso, ela conhecia o Menegotti, e ele era uma pessoa muito legal; e até um bom goleiro.
- Ei! olha lá ! O Big marcou! - Luciana tentou mudar de assunto.
Big é um menino da sala delas, extremamente alto, de cabelo encaracolado loiro dourado. O nome mesmo é Jonathan, mas o apelidaram de Bigorna e passaram a chamá-lo pelo diminutivo: Big, que também encaixava nele.
- Eles deveriam escolher alguém com mais competência ao invés de colocarem esse Menegotti como goleiro - disse Bianca Zem.
"Essa não! Elas vão começar com isso de novo!" pensou Luciana voltando a prestar atenção no jogo.
Tiveram mais três aulas depois do recreio, e todos ficaram muito agradecidos quando tocou o sinal ao meio-dia.
Em casa, Aline almoçava com os pais, a irmã e o irmão mais novos quando ouviram alguma coisa entrar pela abertura das cartas. Estranharam o horário para correio, mas o pai de Aline pediu para que ela fosse dar um olhada.
- É uma carta para mim - disse voltando à mesa. - Mas... deve ser alguma brincadeira. Aqui diz: "Escola de magia e bruxaria de Hogwarts".
- Deixe-me ver isso – o pai de Aline começou a ler a carta em voz alta, achando-a bastante estranha.
Escola de magia e bruxaria de Hogwarts (Inglaterra)
Diretor: Alvo Dumbledore(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe,
Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)
Prezada Srta. Quadros,
Temos o prazer de informar que V. S.a tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista de livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 1º de Setembro. Alvo Dumbledore estará esperando na Biblioteca Publica do Paraná no dia 24 de agosto ás 17:00 para acompanhá-la até Londres, onde o material necessário deverá ser comprado.
Aguardamos sua coruja até 31 de Julho, no mais tardar.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall
Diretora Substituta
O pai de Aline estava perplexo e levou um susto enorme quando uma coruja, provavelmente a mesma que entregara a carta, piou alto da varanda. Já a mãe de Aline não achou aquilo estranho, mas não estava muito contente.
- Me admira que não seja a escola daqui, no Brasil – ela estava chateada com a localização da escola, sem achar que "magia" parecesse estranho numa carta de escola.
Dona Ana Maria, mãe de Aline, levou os dois filhos mais novos para o quarto e deixou-os comer a sobremesa lá antes de dar explicações para os olhares intrigados do marido e da filha.
- O que eu vou dizer pode parecer estranho, mas é verdade. Por isso a Taise e o Lininho não podem saber: iam acabar espalhando pra Deus e todo mundo, e isso não seria nada bom. Essa escola, Hogwarts, existe mesmo. Dois dos meus irmãos estudaram em Tapiruam, escola de magias do Brasil.
- Magia? Real? – O pai de Aline ainda achava aquela história muito esquisita. – Isso é possível?
- É sim, Seu Taudelino Quadros! Eu vi com meus próprios olhos os meus irmãos praticando magia. E seria um desperdício de talento não mandar a sua filha para uma escola do tipo. Aline – a Dona Ana voltou-se para a filha um pouco mais calma -, você quer estudar em Hogwarts?
- Claro! – ao ver a expressão do pai, acrescentou rapidamente. – Se a mãe diz que tá tudo bem, então tá tudo bem.
Cinthia sentou-se calmamente no sofá da sala de visitas para ler um livro que começara nas férias. Tentara lembrar em qual página havia parado quando ouviu a mãe chamar da cozinha.
- Cinthia!, venha ver! Tem uma coruja voando de dia!... Arrre!
A coruja entrou voando pela janela da cozinha e pousou em uma das cadeiras da sala de jantar, colocando uma carta em cima da mesa. Cinthia pegou a carta e leu:
Escola de magia e bruxaria de Hogwarts (Inglaterra)
Diretor: Alvo Dumbledore(Ordem de Merlin, Primeira Classe, Grande Feiticeiro, Bruxo Chefe,
Cacique Supremo, Confederação Internacional de Bruxos)
Prezada Srta. Christino,
Temos o prazer de informar que V. S.A. tem uma vaga na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Estamos anexando uma lista de livros e equipamentos necessários.
O ano letivo começa em 1º de Setembro. Alvo Dumbledore estará esperando na Biblioteca Publica do Paraná no dia 24 de agosto ás 17:00 para acompanhá-la até Londres, onde o material necessário deverá ser comprado.
Aguardamos sua coruja até 31 de Julho, no mais tardar.
Atenciosamente,
Minerva McGonagall
Diretora Substituta
Com as mão um tanto tremulas de felicidade, Cinthia entregou a carta à mãe, que havia ido ver "o que diabos aquela coruja estava fazendo".
- Eu não disse, mãe? Eu não disse? Magia existe!
- Impressionante - disse ela sem tirara os olhos da carta. – Eu não sabia que tinha escolas para isso, e muito menos que eram elas que chamavam para entrar nessas escolas. Impressionante!
- Ouvi um grito; o que aconteceu? – Ismael, irmãos oito anos mais velho que Cinthia, desceu a escada correndo para ver o que estava acontecendo. – E o que é que essa coruja tá fazendo aqui dentro?
- Isso eu não sei, mas que vamos ter muito o que comemorar, teremos! Cinthia acabou de receber uma carta convidando-a a estudar em uma escola de magia!
- Sério? Magia? Que estranho.
- É sim! Eu vou estudar em uma escola de magia! Algum problema?
- Não, nenhum. Só estava pensando em como vai ser viver com duas aberrações em casa. Já não basta o Tio Ale, que dorme o dia inteiro e passa o resto do tempo no computador...
- Não fale assim do seu irmão mais velho! – interrompeu dona Laiz, que, na verdade, não ligava muito para essas brincadeiras do filho.
- Mas é verdade! É só isso o que ele faz, além, claro, de fazer visitas regulares à geladeira e ao banheiro.
- Por que é que – interrompeu Cinthia – ao invés de você ficar fazendo brincadeiras bobas, não me arranja um papel e uma caneta? Acho que essa coruja quer levar uma resposta.
- Coruja? Então quer dizer que os morcegos estão em falta?
- Ah, cala a boca!
"Vou ficar muito feliz no dia em que aprender a aparatar" pensou Jonathan assim que chegou em casa. Mas não era uma casa comum. A verdade é que Jonathan vem de uma família bruxa tradicional. "Bem que agora um elfo doméstico viria a calhar. Essa mala é pesada!"
Jogou a mala no chão e a si mesmo na cama, esperando a mãe chamá-lo para almoçar. Mas hoje teria que esperar um pouco mais: seu pai estava atrasado. Enquanto observava um pôster no teto do time de quadribol que torcia, os Ariranhas da Amazônia, viu uma coruja cinzenta entrar voando pela janela do quarto.
"É mesmo!" pensou ele. "No ano que vem eu já vou ter idade para estudar em Tapiruam! Mas... será que eles mudaram o correio? O pai disse que as cartas vinham via gralha azul por aqui. Tradição antiga. Será que mudaram?"
A coruja não parava de voar em círculos no teto. Quando Jonathan finalmente conseguiu pegar a carta que a coruja trazia, mal se conteve de felicidade. Saiu correndo até a cozinha, quase batendo em uma travessa cheia de rodelas de cenoura que flutuava de um canto a outro.
- Eu não vou para Tapiruam! - Ao ver a cara de espanto da mãe, acrescentou rapidamente a explicação: - Vou para Hogwarts! Recebi uma carta! Vou estudar na Inglaterra!
- Isso é uma maravilha! Ouvi dizer que Hogwarts é a melhor escola de magia do mundo. Seu pai vai ficar tão contente quando souber.
Quando o pai de Jonathan chegou em casa, encontrou a mulher e o filho com enormes sorrisos. Antes que pudesse dizer "oi" foi abordado pela mulher.
- Adivinha que carta seu filho recebeu?
- A carta da escola? Mas não está um pouco cedo para Tapiruam mandar essa carta?
- Não é de Tapiruam – disse Jonathan –, é de Hogwarts!
- Hogwarts? Na Inglaterra? Ainda bem que você já terminou o curso de inglês, vai ficar mais fácil.
- É sim – concordou a mãe. – Acho que podemos ir bem cedo no dia 1º para comprarmos o material.
- Não podemos ir uns dias antes? – interrompeu Jonathan. – Nós podemos fazer um pequeno turismo por lá. – Ele queria tanto conhecer os bruxos de lá. Os do Brasil eram muito miscigenados com trouxas, quase perdendo a essência básica da magia tradicional. – Ouvi dizer que um dos poucos vilarejos totalmente bruxos fica ao norte de Londres.
- Filho – interrompeu o pai de Jonathan -, você sabe que sua mãe não tem horário flexível. Quem sabe no ano que vem eu tire uma licença e a gente passe alguns dias por lá.
- Tá, tá legal.
A mãe de Jonathan passava os olhos pela lista de material, e ficou feliz de ver que tinham algumas coisas que ele precisaria em casa.
- Muito bem, acho que só precisaremos comprar o uniforme, os livros e mais uma ou outra coisa. A varinha você já tem e... eu devo ter um caldeirão de estanho tamanho 2 em algum lugar, mas vou ter que dar uma procurada. E se me lembro bem, você tem um telescópio, não tem querido?
- Tenho. Está guardado no quarto de entulhos. Guardado?!
- Finalmente eu não vou mais ter de ir nessa escola trouxa!
- Vai ter que ir no mês de agosto, sim! – disse a mãe. – Ninguém pode suspeitar que você esta indo para uma escola de magia, é uma precaução do governo. Por isso você precisa continuar a aprender coisas trouxas.
- Mas eu posso pelo menos, faltara última semana?
- Não seria bom – respondeu o pai, piscando o olho para o filho em seguida: – Mas, vamos fazer assim, não precisa ir na sexta-feira. Que tal?
- Valeu, pai!
- Não tem nada de bom passando na TV... – Luciana desligou o aparelho do quarto aborrecida. – Bom, acho melhor fazer a tarefa de casa.
Já passava da hora de jantar e, aproveitando que o pai e a mãe assistiam um programa qualquer na sala, foi pedir ajuda aos dois.
- Tô precisando de ajuda na tarefa.
- No que você... – a visão de alguma coisa entrando pela janela fez a mãe de Luciana mudar totalmente a frase. – Que diabos é isso?
A coruja que acabava de entrar trazendo uma carta e parou de frente para Luciana na mesinha de centro. Todos estavam em silêncio e paralisados como estátuas, exceto a coruja que limpava embaixo da asa com o bico. O pai de Luciana pegou a carta que a coruja trazia e leu-a.
- Mas que surpresa... – murmurou – Realmente, é uma ótima surpresa...
- O que é, pai?
- Uma carta de uma escola... digamos... diferente.
- Qual? – perguntou a mãe impaciente.
- Hogwarts! Eu ouvi minha família falar dela, "a melhor escola do mundo nesse tipo de ensino" – ele falava aquilo com um brilho bobo no olhar, como se uma das Grandes Maravilhas estivesse diante dele.
- Como assim "nesse tipo de ensino"? – perguntou a mãe.
- É que, na verdade, Hogwarts é uma escola de magia. – Ele não ficou surpreso com a cara de espanto das duas. – Querida, lembra que você sempre achou a minha família meio estranha? – ela concordou com a cabeça, meio constrangida. – Pois bem, é que são todos bruxos: meus pais, meus irmãos, tios, primos, sobrinhos, avós, tataravôs, todos!
- E como é que eu nunca te vi sair com a vassoura ao invés do carro?
Ele só riu do comentário continuou explicando. – É que eu sou o que os bruxos chamam... bem... de aborto. Nasci em uma família de bruxos, mas sou completamente isento de magia. Foi difícil me acostumar à vida trouxa nascendo em uma família bruxa.
- Trouxa? – perguntou Luciana.
- É como os bruxos chamam as pessoas não-mágicas. É, é uma palavra grosseira, de fato, mas ainda não encontrei uma palavra melhor para me referir aos não-mágicos.
- E onde fica essa escola? – perguntou a mãe de Luciana. – Nunca vi uma propaganda dessa tal de Hogwarts.
- É claro que você nunca viu uma propaganda. Os bruxos vivem escondidos dos trouxas (desculpe) e não ficam se mostrando por aí, pelo menos tentam não fazer isso. Além do quê, Hogwarts fica na Inglaterra, e não no Brasil – disse ele entregando a carta à mulher.
- INGLATERRA?!?! Não tinha nada mais perto?
- Bem, a minha família estudou em Tapiruam, aqui no Brasil mesmo. Mas eles devem ter um bom motivo para mandar a Luciana para a melhor escola de magia e bruxaria do mundo, pelo que ouvi meu pai dizer.
Luciana, que havia pego a carta das mãos da mãe e lera, interrompeu: – Aqui diz que é para nos encontrarmos com o diretor no dia 24 de Agosto. Talvez ele possa explicar isso.
- Dato! me traga um suco, vai.
- Sim senhor, menino Pieri, senhor.- O elfo doméstico correu para a cozinha enquanto seu amo terminava a tarefa de casa.
Giovanni Pieri (Véio) fazia a tarefa de história, sobre o antigo Egito. Estava estudando sobre os vários mecanismos que os antigos faraós colocavam nas pirâmides para protegê-las. Riu das explicações que os trouxas davam quando, na verdade, eram feitiços fortíssimos que protegiam aquelas construções.
Assim que o elfo voltou com o suco, Giovanni ouviu algo arranhando a janela. Sem levantar os olhos da apostila, deu mais uma tarefa ao elfo doméstico.
- Abra a janela e veja o que a coruja trouxe, Dato.
- Sim, meu senhor.- Assim que terminou sua tarefa, falou: - É uma carta para o senhor, menino Pieri.
- De quem? - perguntou ele.
- Hogwarts, meu senhor. A escola de magias.
Giovanni finalmente levantou os olhos da lição, mas foi para pousá-los na carta, e não no elfo doméstico que a segurava.
- Então me de logo a carta!
Ele leu a carta rapidamente e disse:
- Isso é bom. O pai e a mãe vão ficar contentes. - Como se lembrasse de repente que o elfo estava ali, disse. - E o que você ainda está fazendo aqui, Dato? Não tem algum serviço para fazer, não?
- Não, meu senhor. Atupi e Patuô estão cuidando das tarefas diárias, senhor. Dato tem ordens, menino Pieri, de cuidar do senhor.
- Então eu te dou outra ordem. Vá ajudar Atupi e Patuô até eu te chamar, tá. Agora não preciso de você para cima e para baixo perto de mim, vai.
- Mas, meu senhor, seus pais...
- Eles não estão aqui agora, então, você tem que me obedecer. Vai!
O elfo se afastou e Giovanni pode finalmente terminar a tarefa da escola. "Elfos domésticos são muito úteis" pensou Giovanni, "mas chega uma hora que cansam!"
Quando os pais de Giovanni chegaram em casa, foi logo contar a novidade.
- Pai, mãe! Fui transferido. Recebi uma carta para estudar em Hogwarts!
- Sim, nós sabemos - disse mãe. - Ficamos sabendo no trabalho.
- Bom então... – Giovanni ficou meio sem jeito. Queria que a notícia tivesse sido uma novidade. – Por que eu não vou para Tapiruam?
- Pelo que parece, eles acham que o ministério daqui não aproveitaria bem os seus poderes mágicos – respondeu o pai. – O Ministério da Magia da Inglaterra acha que a nossa escola não lhe proporcionaria o ensino adequado.
- E então? Quando nós vamos para Londres comprar o material?
- Podemos ir umas duas semanas antes – respondeu a mãe. – Sei de um hotel bruxo em que podemos ficar.
- Bom, eu espero que Hogwarts seja mesmo uma escola melhor que Tapiruam - disse o Sr. Pieri. – Não que seja uma escola ruim, mas em Hogwarts você provavelmente melhores companhias do que nessa escola trouxa em que precisa estudar agora.
Giovanni ficou em silencio. Sabia exatamente de quem o pai esta falando. O pai de Douglas é um bruxo, mas a mãe dele é trouxa. O pai de Giovanni considerava aquilo uma semi-traição, já que o Sr. Berttapeli praticamente abandonara o mundo mágico ao se casar.
- Acho então, que você já sabe que esperamos um bom resultado nos seus estudos, considerando a escola em que vai entrar.
- Sim, pai.
Era sempre assim: sempre que acontecia algo importante a pressão caia inteiramente em Giovanni. Para a sorte dele, isso é uma coisa que ele já sabia a muito tempo e não ligava. Uma das primeiras coisas que aprendeu quando pequeno foi a demonstrar sangue-frio quando estava sob pressão.
O Sr. Pieri deu o assunto por encerrado e chamou Atupi para que servisse o jantar. Atupi era uma elfa doméstica muito nova e servia seus primeiros donos pela primeira vez. Estava muito nervosa para fazer o serviço direito, mas por deixar as batatas demasiado moles, teve que se castigar pela 6ª vez no primeiro dia de trabalho. Giovanni, agora, pensava que trocaria de vida com qualquer um, mas ao ver Atupi voltar da cozinha com as orelhas enfaixadas pensou que estava bem do jeito que estava.
Quando Douglas chegou em casa, pensava despreocupadamente no que teriam para o almoço. Qual não foi sua surpresa quando se deparou com o pai na porta de casa com uma cara muito séria. Ele poderia imaginar que algum parente morrera ou que havia acontecido alguma outra coisa séria, mas seu primeiro pensamento foi "O que será que eu fiz agora?". Embora o pai não parecesse zangado, geralmente ficava sério quando ele fazia alguma coisa.
Entrou em casa com uma cara de quem não havia feito nada que não enganava mais seus pais, mas mesmo assim ele tentava. Nem mal ele colocou o pé dentro de casa, o pai disse em um tom bastante neutro:
- Precisamos ter uma conversa séria antes do almoço.
Assim que deixou sua mala no quarto voltou para a sala, onde o pai o aguardava com a mesma cara séria.
- O que foi que aconteceu dessa vez? - Douglas achou que perguntar o que ele tinha feito seria se auto acusar de algo que ele nem sabia o que era.
- Você se lembra quando eu disse que você era bruxo?
- Quando eu, hum, ocasionalmente coloquei o meu irmão em cima do telhado porque ele não parava de chorar cinco anos atrás?
- É. Lembra que eu disse que, na idade certa, você iria para uma escola para aprender magia?
Douglas assentiu com a cabeça. O pai abriu um largo sorriso, mostrando que aquela fachada séria de antes era só para encobrir a surpresa que viria a seguir.
- Você recebeu a coruja com a carta da escola hoje! – Douglas ficou só olhando para o pai, embasbacado. - Depois que você foi para a escola de manha a coruja chegou antes que eu e sua mãe saíssemos para o trabalho!
- Legal! Quando começam as aulas?
- Calma lá! Antes você não quer em qual escola vai estudar?
- Não é Tapiruam como você havia dito?
- Na verdade, não. Hogwarts é outra escola de magia, mas fica na Inglaterra. Até que foi bom te colocar cedo numa escola de inglês, assim você já vai para Hogwarts entendendo o que eles estão falando.
Diante daquele comentário, Douglas não pode deixar de lembrar da garota irritante com que fazia inglês com ele e pensou feliz que finalmente se livraria dela. – Hogwarts, aí vou eu!
