Disclaimer: Harry Potter pertence à J.K. Rowling. Esta fanfic não possui fins lucrativos. A fanfic, porém, é minha, e não pode ser reproduzida ou copiada, parcial ou totalmente. Plágio é crime.
Stuck On The Puzzle
– Prólogo –
O Julgamento
Harry Potter se aprumou em sua cadeira. Hermione segurou sua mão com força e Ron mantinha os punhos bem fechados ao seu lado. Ele sabia que os outros compartilhavam da vontade de se levantar e sair sem olhar pra trás, mas isso não mudaria nada. Não era um dia que ele gostaria de estar tendo, com certeza.
Aos poucos os juízes da Suprema Corte dos Bruxos foram entrando, um a um. Os rostos pálidos denunciando que o momento que toda a sociedade bruxa esperava tinha chegado. Depois deles, os chefes dos departamentos envolvidos e, por fim, o Ministro da Magia Shacklebolt. Se as expressões deles fossem um sinal de como o dia seria, era óbvio que seria um dia interminável e horrível.
Com um coletivo arrastar de cadeiras, todos se sentaram. Famílias inteiras entravam pelas portas, algemadas e de cabeça baixa. A gritaria à porta do tribunal era impossível de ignorar. Algum tipo de protesto reunia multidões lá fora, provavelmente pedindo a condenação dos réus - como se fosse ocorrer algo diferente naquele dia.
Kingsley se levantou, pigarreando, assim que os réus se postaram, sentados em cadeiras à frente dos outros. Ele falou, e sua voz era firme, e seu tom era de arrepiar.
"Audiência criminal do dia 15 de fevereiro" – todos pareciam prender as respirações enquanto ele falava – "para apurar graves violações ao Código Constitucional Bruxo e à sociedade. Os primeiros a serem julgados serão os réus póstumos." – ele finalizou e respirou fundo, recomeçando.
"Inquiridores: Kingsley Shacklebolt, ministro da Magia; Amélia Susan Bones, chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia; Joanne Winslet, chefe do Departamento de Casos Arquivados; Richard Smith, chefe da Sessão de Combate aos Crimes de Guerra, do Departamento de Aurores; e Percy Ignatius Weasley, subsecretário do ministro. Podemos nos sentar." – ele disse, virando a página do grande livro em que havia lido todos aqueles nomes.
"A defesa dos réus póstumos, por favor, queira se apresentar." – como previsto, ninguém se levantou. – "Na ausência de defesa presente no caso da condenação, as famílias poderão recorrer da sentença em até 2 dias após a assinatura da mesma, sob investigação dos inquiridores hoje aqui presentes."
Percy se levantou com um arrastar de cadeira, pigarreou e pronunciou:
"Por ordem alfabética, o primeiro réu: Bellatrix Black Lestrange, 47 anos. Seguem as acusações." – ele pigarreou novamente – "Homicídio doloso contra Sirius Black e Nymphadora Tonks Lupin; crime de tortura contra Frank Longbottom, Alice Longbottom, Neville Longbottom e Hermione Jean Granger. Seus crimes contra o Estado residem em: uso de magia negra, uso de maldições e feitiços ilegais, conspiração, terrorismo, corrupção, racismo, traição, tentativa de homicídio, seqüestro, duelo contra menores de idade, fuga de Azkaban, não cumprimento da pena e associação à Voldemort."
Ele ouviu um soluço ao fundo do aposento. Narcissa Malfoy, as mãos algemadas e o rosto entre elas, chorava copiosamente. Percy pareceu não dar importância e prosseguiu.
"Se a defesa não tem nenhum pronunciamento a fazer, a sentença será dada." – ele indicou que Kingsley falasse.
"Bellatrix Black Lestrange, ré póstuma desta audiência, será sentenciada à perda de seu sobrenome e, portanto, perderá o direito de ser enterrada no jazigo familiar – ou de qualquer outra associação com seu sobrenome de solteira ou casada. Ela será enterrada como indigente no cemitério nos terrenos de Azkaban, onde não poderá ser visitada ou velada por ninguém. Seus bens familiares – mesmo os apreendidos pelo Ministério - serão doados ao Fundo de Recuperação das Vítimas da Guerra."
Ele passou o documento que estava lendo para os colegas e todos assinaram. E assim foi julgada uma lista interminável de criminosos. Depois de intermináveis minutos, Percy citou um nome que fez Harry remexer na cadeira.
"Severus Prince Snape, 39 anos. Seguem as acusações. Homicídio doloso contra Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore. Seus crimes contra o Estado residem em: uso de magia negra, uso de maldições e feitiços ilegais, conspiração, terrorismo, corrupção, racismo, traição, tentativa de homicídio, duelo contra menores de idade e associação à Voldemort."
Harry se levantou. Ele não. Ele não.
"O senhor deseja algo, Sr. Potter?" – disse o Ministro ao ver Harry se levantar.
"Sim, Ministro, vou testemunhar a favor de Snape." – disse ele, sentindo todos os olhares na sala caírem sobre si – "Pra começar, Snape não pode ser sentenciado por metade dessas acusações. Ele era agente duplo da Ordem da Fênix, portanto os seus crimes contra o Estado não tem o menor fundamento. Ele não conspirou contra nós e não se associou a Voldemort. Sentenciá-lo é cuspir no trabalho da Ordem e no seu comprometimento. Ele matou Dumbledore a pedido do mesmo. Eu sei que isso continua sendo crime, mas entenda, não havia saída. Dumbledore estava doente e se Snape não o matasse..." - Harry travou em seu lugar, lembrando que Draco Malfoy estava no tribunal - "...Draco Malfoy teria que matá-lo e isso fazia parte dos planos de Voltemort!" - ele sentiu todos os presentes segurarem a respiração - "Ele ainda matou um dos Horcruxes e sacrificou sua vida pra isso."
Todos pareciam suficientemente estupefatos. A essa altura, a existência dos Horcruxes já era de conhecimento público, mas ainda era muito estranho falar nisso. Depois do que pareceu uma eternidade, Shacklebolt voltou a falar:
"Mesmo sem um testemunho oficial, Sr. Potter, vou acatar sua fala e proponho um acordo, então." – disse Kingsley, a voz embargada, um discreto sorriso no rosto – "Severus Snape continuará tendo seu sobrenome e será enterrado como membro da família Snape, sem nenhuma sentença formal. Seus bens ficarão sob sua responsabilidade e, caso você deseje, serão doados ao fundo."
Harry sorriu e concordou, voltando ao seu lugar, ao lado dos amigos. E assim, o julgamento póstumo continuou, com nomes que Harry sequer ouvira falar. Ele a toda hora olhava para seus amigos, que o observavam de volta, com aprovação nos olhos.
"Agora, queiram se aproximar os réus que forem chamados para depor. Por ordem alfabética, de acordo com sua linhagem." – desta vez o réus estavam presentes e choravam, gritavam e se negavam a aceitar suas sentenças. Prisão perpétua para muitos e tempo em Azkaban para praticamente todos. Várias famílias inteiras sentenciadas à prisão por muitos anos, todos os bens apreendidos e seu nome desfeito para sempre.
O julgamento seguia normalmente, mas Harry sentia um aperto no peito, porque ele sabia, ele sentia que um sobrenome faria com que ele desejasse poder cavar um buraco e desaparecer do Mundo Bruxo para sempre...
"Lucius Malfoy, 45 anos; Narcissa Black Malfoy, 44 anos e Draco Malfoy, 18 anos. Queiram se levantar, por favor. Seguem as acusações..." – Harry sentiu como se um raio o tivesse atingido. Ele estava paralisado e seu cérebro parecia não pensar em nada além de "por favor, não". Hermione apertou sua mão até que ele desviasse os olhos em direção aos dela; ela sorria.
"Harry, vai ficar tudo bem. Não esqueça que confio em você."
Os Malfoy caminharam para a frente do tribunal, os cabelos igualmente desalinhados, as cabeças baixas, toda a imponência perdida. Era como se tivessem apagado todas características mais marcantes dos três, deixando apenas o corpo deles, sem as almas. Nenhum deles falava, chorava ou tinha qualquer reação. Harry ficou paralisado diante daquela cena.
Eles se dirigiram à frente do tribunal e viraram em direção aos presentes. Draco Malfoy levantou a cabeça por um instante e seus olhos se encontraram. Harry se sentiu como naquele banheiro novamente, quando viu o outro menino chorar e não soube o que fazer. Hermione apertou sua mão de novo, tentando passar segurança.
Draco Malfoy tinha mudado de lado, não tinha? Ele tinha salvado sua vida naquele dia, na Mansão Malfoy. Não havia outra explicação. Ele não podia ser preso por isso. Não podia. Não era justo. Ou Harry não sabia se era? E se Draco não fosse tão inocente quanto suas ações o fizeram parecer? Harry estava confuso, com medo de cometer um erro, não importando sua decisão.
Seus olhos encontraram os de Narcissa e ele teve certeza que algo estava errado naquela cena. Sem pensar mais, ele novamente se levantou, ouvindo uma onda cochichos e olhares levemente chocados. Ron e Hermione ficaram quietos, sem nenhuma reação. Kingsley o observou, sereno.
"Ministro, se me permite intervir de novo." - com um aceno de cabeça, Kingsley deu sua permissão – "Não conheço nenhum dos três réus muito bem, mas estive presente em momentos em que os três, de uma forma ou outra, impediram minha morte."
"Nós entendemos o seu apreço pela família de um dos seus colegas de escola, Harry Potter, mas não se pode negar que os Malfoy são uma das famílias mais ligadas a Voldemort. Ele se hospedou na casa deles, por Merlin!" - disse um dos inquiridores.
"Não estou tentando fingir que nenhum deles cometeu crimes ou foram, de fato, Comensais da Morte. Mas precisamos romper a barreira do preconceito e tentar entender o que eles passaram também. Sim, Voldemort se hospedou em Wiltshire, mas no dia em que fui capturado por Comensais e levado para esta mesma mansão, eu estava sob disfarce e somente alguém que me viu todos os dias durante anos poderia me reconhecer. Draco Malfoy me reconheceu e mentiu. Ele sabia que era eu por baixo do disfarce, não havia como me esconder de um colega de escola. E ele não disse nada." – Lucius Malfoy parecia querer explodir. Aquilo devia doer em seus ouvidos.
"Lucius Malfoy nunca me ajudou, pelo contrário. Mas se ele estiver disposto a testemunhar e nos ajudar a prender outros Comensais, acho que terá aprendido alguma coisa com esta guerra. Na batalha de Hogwarts eu poderia ter sido assassinado por Vincent Crabbe, mas Draco Malfoy o impediu. Naquela noite ele quebrou sua amizade com um de seus amigos de infância por mim e, sendo honesto, eu não concederia a mesma generosidade a ele. Ele foi maior que eu naquela noite." - ele sentiu o olhar de Malfou sobre si, quase queimando seu rosto. Ele não podia olhá-lo nos olhos. Aqueles eram devaneios, coisas que Harry pensava às vezes, quando tentava compreender tudo que aconteceu naquela noite.
"Nunca tinha trocado palavras com Narcissa Malfoy até aquela noite, em que ela mentiu deliberadamente para Voltemort e salvou a minha vida. Eles podiam ter sido assassinados por seus atos, mas isso não os impediu. Não importa qual o motivo, não importa de qual lado eles lutavam até então. Na hora em que foram cruciais, eles escolheram me ajudar e isso eu nunca vou esquecer."
Passaram uns bons minutos em que os inquiridores se reuniram na salinha atrás do tribunal, até que todos retornaram aos seus lugares e Shacklebolt se pronunciou.
"Bom, o senhor parece irredutível, Sr. Potter. Proponho um acordo: perdão total ao herdeiro da família, Draco Malfoy, de acordo com o Decreto de Continuidade da Linhagem e diminuição de pena para Narcissa Malfoy e Lucius Malfoy." – Harry não sorriu. Mas ele sabia que era o máximo que poderia ter agora. Melhor 10 anos presos do que uma vida inteira. – "E os bens da família serão apreendidos, cabendo ao herdeiro entrar com um recurso, se quiser reaver os mesmos."
Assim que o julgamento terminou, ele se levantou para ir embora, encontrando o olhar de Draco Malfoy, que o observava de forma curiosa. Era um olhar duro, diferente daquele desafiador tão conhecido. Com um leve aceno de cabeça, Harry foi embora, se sentindo miserável.
N/A: Olá!
Esse foi só o prólogo e a história só começa mesmo no próximo capítulo. Mandem reviews pra eu ficar feliz e, ao mesmo tempo, saber se vocês estão gostando.
Beijos
