Nota: eu irei postando os capítulos em separado porque ainda estou escrevendo a fanfic, mas espero não demorar muito tempo para atualizar.

Reviews ajudam muito nesses momentos =D

Capítulo 01 – Sonhos

Sam encostou a cabeça no vidro da janela, observando a paisagem que corria rapidamente do lado de fora do carro. Ao seu lado, Dean dirigia concentrado na estrada.

Desde que deixaram a última cidade, nenhum dos dois falou coisa alguma. O silêncio dentro do Chevy Impala era pesado, mas não conseguiam dizer nada, as palavras morriam na garganta.

A cada minuto que passava, o sol se aproximava do horizonte, deixando o céu avermelhado. Sam fechou os olhos e deixou o calor tocar a pele do rosto, enquanto sua mente passava os últimos acontecimentos como um filme em câmera lenta...

Desde que o pai morreu, os irmãos Winchester andavam sozinhos pelo mundo, tendo que seguir seus instintos para caçar as criaturas sombrias que assolavam o país. John fazia muita falta. Um imenso vazio no coração de seus filhos, que nunca poderia ser preenchido.

Essa sensação ficava ainda mais forte a cada briga que tinham. A cada palavra amarga que suas bocas proferiam, um fosso de ressentimento crescia cada vez mais, fazendo com que mal pudessem enxergar o que o outro estava sentindo.

Aquela situação era realmente deprimente... Sempre foram tão ligados, tão íntimos. Não eram gêmeos, porém era comum que soubessem o que o irmão estava pensando ou sentindo apenas olhando-o.

A distância entre o banco do carona e do motorista nunca havia sido tão grande e incomodo. Sam continuou na mesma posição, sem se mexer um milímetro.

Estava perdido nos seus pensamentos e não percebeu o quão forte Dean segurava o volante, ou então o quanto seus músculos estavam contraídos e tensos.

Já haviam passado cerca de quatro horas de viajem e mesmo assim nenhum deles abriu a boca. Dean sentia a irritação crescendo no peito e indo para a garganta...

Ele estava cansado de toda aquela pressão nos ombros. Era desgastante acordar todo dia e saber o dia em que iria morrer, que aqueles momentos vividos poderiam ser os últimos.

Como irmão mais velho, era seu trabalho cuidar para que as coisas dessem certo. E não estavam funcionando. Sentia-se um fracasso por não conseguir cumprir seu papel como deveria.

Havia momentos nos quais Dean desejava profundamente que nada daquilo tivesse acontecido. Queria ser como as outras pessoas, sem ter que se preocupar com demônios ou o fim do mundo. Às vezes pensava que seria muito mais feliz sendo ignorante quanto aos assuntos sobrenaturais.

Graças a essas criaturas que infernizavam sua vida, nunca poderia casar, ter filhos e viver tranquilamente ao lado da esposa, bebendo sua cerveja. Nunca poderia ter uma moradia fixa, sem ter medo de ser descoberto ou colocar a vida da família em risco.

Sam, pelo menos, havia experimentado um pouco dessa vida que eles não terão. Namorou Jéssica, começou o primeiro período da faculdade de Direito, morou no dormitório ao lado de amigos. Seu irmão mais novo teve mais sorte que ele, ainda pôde viver um pouco mais como uma pessoa normal.

-Até quando pretende ficar calado, Sammy? –Dean perguntou, não tirando os olhos da estrada.

-Até você perceber que deve se importar mais com a sua morte! –Sam retrucou, ainda com a cabeça encostada no vidro. –Acho que ainda não entendeu que isso é pra valer, né?

-Me importar mais com a minha morte?–o loiro repetiu incrédulo. –Eu não consigo entender você. Esse problema é meu, não seu!

-Me entender, essa é boa! –ele elevou a voz sem perceber. –Se você realmente estivesse tentando, saberia o quanto me sinto mal agora!

-Deixa isso para lá, que merda Sam!

-Não dá! Você vai para o inferno por minha culpa! Como quer que eu me sinta?-ele continuava imóvel, na mesma posição. –Feliz?

-Desisto! –Dean ligou o som no último volume. –Não quero mais falar sobre esse assunto.

Sam não queria que o irmão visse as lágrimas silenciosas que escorriam pelo seu rosto e molhavam o casaco. Não queria dividir aquela culpa com ninguém, ele era o único responsável pela condenação da alma de Dean.

Talvez se ele tivesse levado mais a sério o que Azazel lhe disse naquela noite na cidade fantasma... Se tivesse matado os outros e sobrevivido... O que poderia ter acontecido? A única certeza que tinha era de que Dean ainda estaria vivo e não iria para o inferno.

—X—

Durante a viagem, Sam acabou dormindo e acordou apenas quando Dean estacionou o Impala na porta de um quarto de hotel à beira da estrada. Ele ainda se sentia muito sonolento quando deixou o veiculo e levou as malas para o quarto.

O mais velho resmungou que iria sair e deixou Sam sozinho. Ele por sua vez, jogou-se na cama e dormiu novamente...

Abriu os olhos e percebeu que havia uma espessa névoa ao seu redor, não conseguia enxergar com clareza e isso trazia certa insegurança. Sam continuou andando, sem direção, tentando sair daquele local desconhecido, até que esbarrou em algo sólido.

Ao aproximar o rosto, percebeu pelo formato e material, que se tratava de uma lápide. As letras não faziam muito sentindo, pois estavam cobertas por hera.

Assim que afastou a planta e conseguiu ler o epitáfio, sentiu o coração gelar dentro do peito. As letras em itálico diziam: "Dean Winchester – Filho dedicado e Irmão amado."

Os dedos de Sam deslizaram pela forma das letras, enquanto seu cérebro processava a informação. Aquilo era um sonho, tinha consciência do fato, porém era tão real, tão vivido. Não queria acreditar que aquilo um dia poderia acontecer.

No seu íntimo, ainda se sentia como o caçula que nunca cresceu, completamente dependente da atenção e do carinho que apenas um irmão mais velho poderia proporcionar.

Uma forte pressão no abdômen fez com que fechasse os olhos com força e agachasse perto do chão. Aos poucos a dor foi diminuindo, até que sumisse completamente.

Quando se levantou, o cenário era outro. O cemitério cheio de neblina deu lugar a um quarto de uma jovem. Ela deveria ter a mesma idade que Sam e estava deitada na cama, dormindo profundamente.

Ele se aproximou para ver mais de perto, pensando se a conhecia de algum lugar, mas seu rosto lhe era desconhecido. Os cabelos ondulados desciam como uma cascata negra sobre o travesseiro e as linhas do rosto bem feitas, pareciam expressar calma e tranqüilidade.

Sam ficou ali parado durante alguns segundos, até que ela começou a gemer e revirar, acordando. As pálpebras levantaram lentamente os longos cílios, revelando íris de uma cor que nunca havia visto antes, eram cor de âmbar.

-Quem você é? –ele perguntou, sentindo o corpo tenso.

-Você é quem entra no meu sonho e sou eu quem devo responder às perguntas? –ela sentou-se, cobrindo o tronco com o lençol.

Foi nesse momento em que Sam ficou sem palavras. Simplesmente não havia o que dizer. Apenas o lençol de seda a protegia do olhar examinador que o jovem Winchester lhe direcionava.

Nunca havia teve uma atitude como aquela, não era normal a ele. Talvez Dean agisse assim, mas Sam com certeza não ficaria encarando o corpo de uma mulher tão faminto como estava.

-Seu rosto está vermelho... –ela afirmou, ajoelhando-se na cama. –Por acaso nunca viu uma mulher nua antes?

-Já... Mas... –as palavras ficaram emperradas no pomo de Adão.

-Nunca desejou uma da mesma maneira como me deseja agora, não é? –afastou os cabelos que caiam sobre os ombros.

Sam sentiu o queixo cair vertiginosamente enquanto observava o contorno dos seios fartos e bem definidos sob o lençol, os mamilos rosados despontando provocantes.

A calça parecia pequena demais no instante em que ela deixou o lençol escorregar pelo corpo até cair na cama. Agora estava completamente nua diante de seus olhos.

Ele subiu o olhar pelas coxas, o sexo escondido entre elas, os seios, pescoço, os lábios entreabertos e finalmente, os olhos. Ela os fechou e quando abriu novamente, as íris era amarelas e a pupila alongada.

Era o olhar de Azazel.

Sam acordou repentinamente, a boca seca, a respiração ofegante e o coração palpitando. Suor escorria pelas têmporas e sentia muito calor.

Levantou-se e procurou por Dean, mas ele parecia não ter chegado ainda. Sendo assim, foi até o banheiro, onde tomou um banho refrescante e voltou para o quarto.

O que poderia significar aquele sonho?

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