"Ai ai..."
Com um suspiro, Katrina chegou à conclusão que sua vida estava chata. Talvez até sem propósito. Sentia-se entediada naquele momento, mesmo vendo as pessoas felizes à sua volta. Mas isso era normal, uma vez que odaliscas sempre viviam rodeadas de guerreiros esperançosos. Isso era algo que sempre ouvira em Comodo, a cidade em que se tornou uma odalisca. Mas o que pesava mesmo em sua mente era que não acontecia pela primeira vez este ataque de tédio, que era o que a motivava agora.
Andando em direção à Izlude, parou para conversar com uma atendente Kafra:
"Linda, preciso de uma camiseta de algodão e uma faca."
"Claro, senhorita, imediatamente. Só um instante, por favor."
Enquanto aguardava a atendente voltar com o pedido, despia-se dos seus equipamentos e os colocava ordenados à sua frente, pensativa.
"Aqui está, senhorita. Deseja que eu guarde em seu armazém seus pertences?"
"Ah sim, por favor! Hora de mudanças!" Disse Katrina, sorrindo.
Com os equipamentos entregues e agora vestida com a roupa básica de uma aprendiz, dirigiu-se para Izlude novamente.
Já na cidade, falou com o encarregado da guilda dos espadachins:
"Fofo, quero ser uma espadachim, como minha prima já foi uma vez. Onde posso me inscrever?"
"Bem vinda, jovem. Vejo que não é mais uma simples aprendiz, mas alguém que já trilhou outro caminho." Disse o encarregado, notando os cabelos ruivos presos em uma longa trança às costas da jovem. "Qual o seu nome?"
"Katrina Hearth, prima da Gabi Turunnen."
"Ah, eu me lembro desta jovem. Sempre disposta a ajudar os outros. Pena que tenha abandonado o caminho da espada." Disse com olhar pensativo o encarregado "Mas chega de devaneios. Deve se apresentar na sala à minha direita, por favor, e fale com o instrutor, ele dirá o que deve ser feito."
Adentrando o aposento, foi instruída que deveria passar por um teste que envolveria atenção e equilíbrio. Rindo por dentro, afirmou que o faria com a maior tranqüilidade e calma que fosse necessária.
"Apenas a advirto que não é um teste simples, e que deve procurar pelos instrutores de cada ponto de registro do caminho." Disse o encarregado.
Katrina foi para o percurso e, ao se deparar com os caminhos tortuosos e potencialmente perigosos que eram o obstáculo a sua frente, não pôde deixar de comentar em voz alta, mesmo que sozinha.
"Não é simples? Ah, aquele infeliz certamente não sabe que as odaliscas possuem um senso de balanço que transcendem o que ele já deve ter visto."
Passando feliz e despreocupada, com inabalável senso de equilíbrio, atravessou o calabouço com estreitas toras de madeira que serviam de chão com facilidade e a graça que tanto treinara.
Após concluir os testes, voltou a falar com o encarregado da guilda, que a parabenizou por ter feito o teste sem queda alguma, e deu as vestes que usaria como traje dignos de uma verdadeira espadachim.
Agradecendo, Katrina voltou-se para a saída do aposento e dirigiu-se para o Deserto Sograt, ao sul de Prontera e Izlude, com rumo incerto, pensando em, talvez, voltar à sua cidade natal, Payon, ou talvez à ensolarada Morroc.
