Disclaimer: As personagens pertencem a JK Rowling.
A palma da mão esquerda ardia-lhe mas Hermione recusava abrir os olhos e ver o porquê. Ainda estava muito embrenhada no seu sonho e a coragem que devia ter para acordar completamente, não existia. Tentou, portanto, ignorar a dor, mas à medida que o tempo passava esta aumentava como se lhe tivessem a cortar a pele com pequenas lâmina incandescentes. Quando não aguentou mais deu-se por vencida e, lentamente, sentou-se na cama. Retirou a varinha debaixo da almofada com a mão direita, colocava-a sempre aí por uma questão de segurança, e sussurrou um lumus para poder ver o motivo de toda aquela dor que não a deixava dormir. Foi apenas o choque de ver os lençóis todos manchados de sangue, que lhe impediu de gritar. Um corte vertical e profundo desenhava-se na palma da sua mão esquerda com o mesmo rigor que um cirurgião tem a operar os seus doentes.
Hermione demorou alguns segundos para ter noção do que lhe estava a acontecer e logo que saiu do transe saltou da cama, enrolou a mão a uma toalha e abandonou o quarto.
Os corredores encontravam-se desertos e nem as pinturas dos quadros estavam acordados, deveria ser bastante tarde e não pôde evitar um escalafrio ao percorrer toda aquela solidão. Não se lembrava de se ter cortado, aliás, se isso tivesse acontecido teria, como é lógico, reparado pois o corte não tinha nada a ver com um pequeno arranhão.
Entrou na enfermaria apenas iluminada por umas quantas velas e pela luz da lua, os seus passos ecoavam pelas paredes de pedra e à medida que caminhava começou a ter dúvidas se na realidade não estaria a sonhar.
-Quem está aí? – perguntou uma mulher que acabava de entrar por uma porta lateral enquanto apertava o robe. Tratava-se de Madame Pomfrey a enfermeira do colégio
-Sou eu, Hermione Granger. – respondeu. A toalha anteriormente branca, gradualmente adquiria uma cor avermelhada e a dor piorava.
-O que faz aqui Srta... Oh, meu Merlin.
Pomfrey a fez sentar-se numa das camas vazias e começou a observar-lhe a mão com atenção. Hermione via como a expressão da enfermeira mudava enquanto murmurava feitiços e fazia anotações. Não percebia porquê tanta coisa apenas devido àquilo, afinal, Harry tinha sofrido coisas piores e nada que não se resolve-se com uma simples poção.
-Mas apenas tem 16 anos porque haveria de fazer algo assim? – indagava Madame Pomfrey para si como se se tivesse esquecido que não se encontrava sozinha.
Foi à enfermaria na esperança que ficasse curada em uma questão de segundos e, no entanto, já estava ali à meia hora com o mesmo corte, apesar da hemorragia ter sido estancada, e com uma enfermeira que não parava de falar sozinha.
-Há algum problema? – arriscou Hermione mordendo o lábio inferior.
Costumava morder o lábio inferior sempre que se encontrava nervosa e naquele momento era exactamente assim que se sentia.
-Como fez o corte?
Uma boa pergunta. Nem ela própria sabia, apenas tinha acordado assim. Compreendia perfeitamente que não era muito normal acordar com a mão no estado em que se encontrava a sua mas por mais que tentasse recordar não se lembrava de nada que contribuísse para aquilo. Talvez o tivesse feito enquanto estava a dormir, mas como? Nas almofadas?
-Não sei, acordei assim. – respondeu com sinceridade.
-Por favor senhorita, quanto mais rápido admitir melhor.
-Mas é verdade, não faço a mínima ideia do porquê de ter a mão neste estado! – exclamou indignada. Porque motivo Pomfrey não acreditava nela?
Madam Pomfrey olhou atentamente para Hermione e suspirou lentamente. Parecia cansada.
-Vou falar com o professor Dumbledore. – declarou a enfermeira.
-O que se passa comigo afinal? Porque tem de falar com o Director? – perguntou com temor. Devia ser algo mesmo muito grave para que Pomfrey tivesse de falar com Dumbledore. Estava a ficar bastante assustada.
-Não tenho a certeza, é por isso que vou falar com Dumbledore. – disse Pomfrey ao mesmo tempo que entregava uma poção a Hermione. – Depois de beber isso pode voltar para a sua casa, é um cicatrizante.
Hermione queria fazer outra pergunta mas Madame Pomfrey abandonou a enfermaria antes que esta tivesse tempo de abrir a boca. Ficou a olhar para a porta durante um tempo e depois voltou para o seu dormitório...
Não tinha conseguido voltar dormir devido ao que acontecera naquela noite. A mão agora vendada já não lhe doía mas cada vez que olhava para ela um mar de perguntas lhe assaltava o cérebro e não a deixava em paz.
Desceu até ao Salão Principal em companhia de Ron e Harry, umas horas depois. Teve de lhes repetir imensas vezes que não sabia como tinha feito aquele corte. Já estava a começar a fartar-se das perguntas sobre a sua mão e do facto de não poder dar uma resposta lógica e racional.
-Quando é que ele vem? – perguntou Harry servindo-se de sumo de abóbora.
-Ele quem? – retorquiu Hermione confusa.
-Mione acorda! A quem achas que me estou a referir? – perguntou Harry novamente.
Hermione levantou-se do banco e levou as mãos à cabeça. Com tudo o que lhe tinha acontecido nessa noite esqueceu completamente que Viktor Krum iria estudar em Hogwarts e chegaria nesse mesmo dia.
Tinham ficado namorados no quarto ano e, depois de uma conversa entre ambos durante umas férias em que Hermione tinha conseguido convencer a sua família a passar o verão na Bulgária, Viktor decidiu mudar-se para Hogwarts e estar assim mais perto dela.
Gostava dele e sabia que ele também gostava dela, dera provas disso. Poderia vê-lo todos os dias já não precisavam de se comunicar apenas por cartas. Era completamente diferente o ter perto de si, poder tocá-lo, senti-lo real.
-Realmente, esqueceste-te do teu próprio namorado... – comentou Ron ao mesmo tempo que abanava a cabeça em negação.
Ron possuía o dom de a fazer sentir-se mal mas decidiu não começar uma briga, tinha outras coisas mais importantes a fazer do que se comportar como uma criança.
O seu amigo sempre dera indícios de não concordar com o seu namoro quando contou a ele e a Harry, no final do ano lectivo anterior. Não gostava de ter segredos com os seus amigos mas não lhes tinha revelado logo porque sentia medo da reacção deles, sabia que a vida era sua e que podia fazer o que queria mas na verdade dependia do que os seus amigos pensavam a respeito.
-Por favor Ron já não estou com um bom humor nesta manhã pois não consegui dormir bem, não faças com que pior.
-Desculpa Mione mas ainda não me habituei bem ao teu namoro com ele...
-Eu sei mas têm de se acostumar à ideia, ainda mais agora. – interrompeu Hermione voltando a sentar-se e olhando não só para Ron mas também para Harry.
-Tu sabes que te apoio Mione, se gostas mesmo dele então vai em frente. – lembrou Harry.
-Obrigada Harry, pelo menos há alguém com maturidade suficiente para...
-Hei! – exclamou Ron ofendido.
-Estou a brincar Ron eu compreendo que não aceites o meu namoro, é um direito teu mas tens de perceber que não é por isso que ele vai terminar.
Ron não disse nada limitando-se a assentir com a cabeça e Hermione deu um sorriso triste. Ás vezes gostava que Ron a percebesse só um pouco do que ela o percebia a ele...
-Então mas quando é que ele chega? – perguntou Harry pela segunda vez.
Hermione ia responder mas Dumbledore levantou-se fazendo com que todos os alunos parassem de falar para lhe dirigirem a mirada.
-Boa noite meus alunos, sei que é em cima da hora mas tenho um comunicado para lhes fazer. – começou o director e todos voltaram a murmurar entre si sobre o suposto comunicado. – Como sabem hoje é noite de Halloween e quero fazer uma pequena festa não só para o comemorar, mas também para dar as boas vindas a alguém que vocês já conhecem e que virá estudar no nosso colégio: Viktor Krum. O baile será aberto às 20:00 em ponto e é para virem mascarados com trajes da Era Vitoriana, podem misturar roupa muggle com roupa bruxa, fica ao vosso critério. Haverá, também um sorteio dos melhores trajes no final do baile por isso não só o dia de amanhã ficará livre mas também o de hoje para poderem se arranjar. É só, podem voltar ao pequeno almoço que é a refeição mais importante do dia e confesso estar a morrer de fome.
Dumbledore voltou a sentar-se e começou a falar com o professor Snape e pela expressão de ambos o assunto parecia ser sério. Era comum ver Snape assim pois ele não sabia ser de outra maneira mas o mesmo não se podia dizer de Dumbledore que de vez em quando olhava para a mão direita de Snape com um olhar analictico e pensativo.
Hermione quase deixou cair o copo que nesse momento levava à boca. Snape tal como ela tinha uma mão vendada mas em vez da esquerda era a direita. Se fosse outra pessoa qualquer não tinha dado importância ao facto mas por algum motivo ela era a aluna mais brilhante de Hogwarts e sabia que era muito improvável que as coisas sucedessem por acaso no mundo mágico Afastou os seus pensamentos por um momento, mais tarde iria à biblioteca à procura de algum livro sobre feitiços que envolviam cortes nas palmas das mãos.
-Uau um baile esta noite, hoje e amanhã não vai haver aulas... estou no paraíso! – exclamou Ron que quase dava pulos de alegria.
-Pois, vamos perder dois dias de aulas e os N.I.E.M.s são o ano que vem. – comentou Hermione um pouco chateada.
-São só dois dias de aulas, ninguém vai chumbar num exame por causa disso.
-Impressionante como não te preocupas minimamente com os estudos.
-Só por ter ficado contente com o facto de não haver aulas? – inquiriu Ron já vermelho, sinal de que outra briga estava prestes a eclodir.
-Sabes bem que não mas essa tua atitude revela perfeitamente isso.
-Não comecem os dois, por favor. – pediu Harry.
-Mas ela é que começou. – Ron apontou o dedo indicador para Hermione num gesto infantil e ao mesmo tempo cómico e esta teve de se lembrar que estava chateada com Ron para não se rir.
-Bem, é melhor ir agora à biblioteca para depois me arranjar para o baile. – disse Hermione mudando de assunto.
-Nós vamos contigo. – ofereceu-se Harry.
-Não é necessário, vão ficar muito tediosos e hoje está um bonito dia para passear e fazer esses jogos.
-Chama-se Quidditch. – recordou Ron.
-Sim, isso. Vemo-nos mais logo.
E saiu do salão principal sem reparar no olhar de Dumbledore e Snape sobre ela.
Como tinha esperado a biblioteca encontrava-se quase vazia. Deixou a mochila em cima de uma mesa e avançou até uma das estantes para procurar algo que lhe fornecesse a informação que necessitava. Depois de alguns minutos encontrava-se sentada com um monte de livros abertos, os quais lia com imensa concentração. Até àquele momento ainda não tinha encontrado nada de jeito, pelo menos nada que ela queria. Feitiços e maldições eram descritos nas páginas com uma grande perícia e inteligência mas nenhum falava sobre envolver cortes... Lembrou-se então de Snape. Porque tinha ele também um corte? Ele era um Mestre em Poções não se tinha cortado ao arranjar algum ingrediente e mesmo se isso tivesse acontecido poderia ter curado o corte com um simples feitiço. Passava-se ali alguma coisa e ela odiava não ter ainda resolvido o mistério. Gostava de os resolver, de ultrapassar os desafios, de se ultrapassar. A culpa era do seu pai por lhe ter influenciado a ler livros de Sherlock Holmes...
O som de um choro afogado trouxe-a de novo à realidade. Vinha de uma mesa meio escondida pelas sombras e afastada da sua. Movida pela sua perigosa curiosidade levantou-se e dirigiu-se até lá.
-Ginny? – perguntou apesar de saber que se tratava mesmo da irmã de um dos seus melhores amigos.
Não possuía uma grande cumplicidade com Ginny mas considerava-a sua amiga. Quando visitava a Toca costumavam conversar sobre coisas que nunca poderia falar com Harry ou Ron, coisas de raparigas e admirava a espontaneidade e a alegria da ruiva. E ao vê-la assim com os olhos vermelhos e inchados e a soluçar surpreendeu-a muito.
-Oh, desculpa Mione, não sabia que estavas aqui. – lamentou Ginny secando rapidamente as lágrimas que deslizavam pelo rosto.
-O que se passa? Compreendo que não queiras contar, mas gostava de ajudar no que poder.
-É q... que não posso con... contar...
-Tem a ver com algum rapaz?
Ginny assentiu e as lágrimas tornaram a cair.
-O que fez ele?! – perguntou um pouco mais alto do que devia. Olhou para Madame Pince e suspirou de alivio, esta continuava a ler o livro e não dava sinais de ter ouvido.
-Prometes não contar nada a ninguém? Principalmente a Ron?
-Sim. – anuiu Hermione e sentou-se ao lado de Ginny.
-Eu gosto do Malfoy.
Hermione pensou não ter ouvido bem mas vendo o olhar da ruiva que se mantinha no chão para não a encarar percebeu que não tinha sido uma alucinação.
-Tens a certeza?
-Claro, sei que parece bizarro mas eu realmente o amo. – e começou a soluçar ainda mais.
-Mas ele é um Slytherin, sempre nos tratou mal... e eu pensei que tivesses uma paixão pelo Harry.
Era difícil de compreender, Malfoy era mimado e não perdia uma oportunidade para lhes fazer a vida negra, o que tinha visto Ginny nele?
-Eu também pensei gostar do Harry e realmente gostei mas o que sinto por Draco é completamente diferente, é muito mais forte. Ele não é o que parece...
-Não? – interrompeu Hermione céptica.
-Não, o que ele mostra diariamente não passa de uma máscara que ele foi obrigado a usar quase desde que nasceu.
-Mas se ele é o que dizes porque estás aqui a chorar Ginny?
Hermione arrependeu-se de ter perguntado tão directamente pois Ginny começou a chorar ainda mais tapando o rosto com ambas as mãos. Hermione ficou com muita pena da amiga e abraçou-a, o que quer que Malfoy tinha feito fez sofrer muito Ginny e o mais impressionante é que ela mesmo assim o defendia.
-Nós tínhamos iniciado uma relação às escondidas e ele parecia verdadeiramente feliz... – começou Ginny mais calma e com os olhos vidrados. – Não percebo porque é que acabou tudo comigo, juro que não percebo...
Como é que ele se atrevia a usar assim a sua amiga?
-Ele não merece que fiques nesse estado, vais divertir-te no baile e mostrar-lhe que não te conseguiu afectar!
-Não quero ir... não estou com disposição. – declarou Ginny com uma voz apagada.
-Srta Weasley não lhe estou a pedir, estou a mandar. – disse Hermione com os braços cruzados numa imitação de Snape e conseguindo arrancar um tímido sorriso por parte de Ginny.
-Está bem professora Hermione.
Faltava apenas alguns minutos para o começo do baile e Hermione ainda continuava com o uniforme dos Gryffindor. Andava atarefada de um lado para o outro à procura da poção para alisar os cabelos e não a conseguia encontrar.
-Estás à procura disto? – perguntou Ginny que acabava de sair da casa-de-banho com um pequeno frasco na mão. Vestia um vestido cor-de-rosa com um decote quadrado. As mangas iam apenas até um pouco abaixo do cotovelo e acabavam com rendas azuis e as saias, apesar de terem o volume próprio da época do tema escolhido, não eram exageradas. O cabelo estava amarrado num rabo-de-cavalo alto e a máscara da mesma cor que o vestido tapava-lhe os olhos.
-Sim. – anuiu Hermione e pegou o frasco com desespero.
-Vamos chegar atrasadas. – avisou Ginny calmamente.
-Podes ir sem mim, eu ainda vou demorar um bocado. – gritou Hermione que já se encontrava fechada na casa-de-banho.
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-Isto não é possível, simplesmente não é... – declarou o homem de olhos, cabelos, e roupas negras. Encontrava-se sentado num dos seus sofás em frente à lareira enquanto observava o líquido dourado dentro do cálice que segurava para logo a seguir beber um gole.
-Temo que seja Severus. – disse Dumbledore com um suspiro cansado. – O mais importante agora é explicar à outra pessoa envolvida a situação, o que não vai ser fácil.
-Claro que não vai ser fácil Albus, isso é lógico! Quando descobrir quem fez isto vai ter uma morte muito mas mesmo muito dolorosa.
Ainda não podia acreditar que aquilo estava a acontecer, tinha esperança de acordar a qualquer momento mas até ali as probabilidades disso acontecer estavam a revelar-se nulas. O culpado deveria ser um aluno e não um aluno qualquer mas sim um Gryffindor. Potter e Weasley não faziam parte da sua lista de suspeitos e a razão era obvia, nunca fariam algo assim. O que não entendia é como conseguiu o culpado entrar na sua habitação e isso estava a dar voltas e voltas na sua cabeça.
-Teremos de lhe explicar tudo amanhã, é melhor não estragar a festa e deixar com que pelo menos hoje, seja uma boa noite para ela.
-Faz como entenderes. De todos os castigos possíveis, porquê este?. – resmungou Snape entre dentes e levantou-se posando o cálice agora vazio em cima de uma mesa.
-Não estás a ser razoável, poderá resultar numa coisa boa, poderás ser feliz Severus. – comentou Dumbledore com o brilho no olhar que Snape odiava. O motivo: sempre que aquele brilho aparecia era porque o velho director tinha qualquer coisa preparada, qualquer coisa que não iria agradar nada a Severus Snape.
-Não acreditas mesmo nisso. Ambos a conhecemos e ambos sabemos que eu não tenho uma... relação muito amigável com ela. – disse do seu modo sarcástico.
-Mas isso poderá mudar se lhe deres uma oportunidade, ela é mais parecida contigo do que tu pensas.
-Albus, eu sou seu professor, sou 20 anos mais velho, não só sou um Slytherin como sou o chefe desta casa, sou um espião e ex-devorador da morte, a única coisa em que somos parecidos é no ódio que sentimos um pelo outro!
-Acalma-te estás demasiado nervoso. – aconselhou Dumbledore em vão.
-E não é para estar?
Conseguia manter sempre o autocontrolo era isso que lhe possibilitava manter-se com vida entre o círculo do Lord das Trevas mas, naquele momento, tinha-o perdido por completo.
-Vamos para o Salão Principal, o baile deve estar mesmo a começar. – Dumbledore olhou para o seu estranho relógio. – Faltam apenas uns minutos.
Era impressionante como Dumbledore conseguia mudar de assunto tão rapidamente.
-Então até manhã Albus. – despediu-se com um aceno de cabeça.
-Não me parece, todo o corpo docente tem de estar presente e isso inclui-te no baile. – Dumbledore olhou para ele por cima dos óculos de meia lua e Snape rosnou de raiva contida.
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Uma linda rapariga com um longo vestido azul celeste e uma máscara da mesma cor começou a descer a escadaria. Tinha o cabelo solto que acabava em uns perfeitos canudos e um sorriso resplandecente no rosto. Hermione Granger procurava pela multidão Viktor e finalmente o tinha encontrado.
Já fazia algum tempo que não o via e não sabia bem como agir. Esperar que ele a visse ou ir ter com ele? Não foi preciso pensar muito neste dilema pois ele a viu e lhe devolveu o sorriso andando até ela.
-Meu amor eztás maravilhoza! – exclamou Viktor envolvendo-lhe a cintura e dando-lhe um beijo que Hermione devolveu.
-Obrigada. – disse sentido o rosto ficar vermelho. Arrependeu-se de levar uma máscara que só lhe ocultava a zona em redor dos olhos.
-Non sabez o quanto eztou feliz por eztar aqui contigo. – Viktor ofereceu-lhe o braço que Hermione aceitou e juntos entraram no Salão Principal.
-Já fizeram-te a selecção para saber em que casa ficas?
-Non foi prrecizo, eu mezmo ezcolhi.
-E?
-Éz muito curioza, meu amor.
-Hum... a sério? Vou começar a acreditar, não és o primeiro que diz isso. – brincou Hermione e Viktor começou a rir.
Ambos encontravam-se no meio do Salão e dançavam uma valsa. Ron tinha ido ao baile com Luna mas Harry encontrava-se sozinho numa mesa acompanhado por Ginny que, de vez em quando, olhava para Malfoy e este, por mais incrível que pareça, mantinha-se afastado de todos
-Pedi parra ficar na tua equipa e assim eztar maiz perrto de ti.
Hermione deu-lhe um dos seus sorrisos cristalinos e beijou-o. Ele fazia tudo por ela, fazia-a sentir-se especial.
-Vamos ter com o Harry e com a Ginny. – disse Hermione puxando Viktor pela mão.
-O que te aconteceu à outrra mon?
-Ainda não sei. – Hermione encolheu os ombros e por algum motivo olhou para a mesa dos professores. O seu olhar cruzou-se com o de Snape por uns segundos mas parecia ter demorado muita mais. Hermione pela primeira vez conseguiu ver naqueles olhos negros algo mais que ódio e frieza apesar de não saber bem o que era.
O fim do baile aproximou-se rapidamente. Hermione tinha dançado também com Harry e Ron e Viktor com Ginny por pedido indirecto de Hermione que não suportava ver a amiga tão desanimada. Agora encontravam-se todos numa das mesas redondas, postas para a ocasião, e falavam animadamente até que McGonagall levantou-se com um pergaminho nas mãos.
-Silêncio, por favor. – pediu a sub-directora. – Vou anunciar os vencedores do melhor traje. E eles são: Draco Malfoy dos Slytherin, April Davies dos Hufflepuff, Philip McGregor dos Ravenclaw e Hermione...
McGonagall parou de ler de repente e olhou para Hermione, para Snape, para Dumbledore e novamente para o pergaminho como se não acreditasse no que lá estava escrito. Depois passou o pergaminho para Dumbledore que o observou com atenção e assentiu com a cabeça como se estive a comprovar algo que já sabia. De seguida levantou-se e falou numa voz clara:
-...Hermione Snape dos Gryffindor.
Espero que tenham gostado.
Foi muito engraçado escrever as falas de Viktor Krum (foi um desabafo não liguem... Oo)
Está boa o suficiente para continuar?
Beijinhos e obrigada por terem lido!!
