Prólogo

Não pedi para que tudo aquilo acontecesse. Eu estava indo muito bem, tinha acabado de sair de uma paixão não correspondida, meu coração estava livre e desimpedido, recuperando-se maravilhosamente bem. Mas ela apareceu e acabou com toda a paz que eu arduamente tentei cultivar nos últimos meses. Cometi a mesma burrada de sempre, a burrada de me apaixonar de novo. Mas isso nem era o pior. Eu não fazia a mínima ideia de quem ela era.

Okay, vocês não devem estar entendendo nada. Normalmente eu tenho essa mania de falar sem parar para respirar, como em longos monólogos e isso tende a irritar a maioria das pessoas, me fazendo não ser tão popular assim.

Eu me chamo Rachel Barbra Berry, tenho 17 anos e moro em Lima, Ohio com os meus dois pais, Hiram e Leroy. Estudo no William McKinley High School e sou uma futura estrela da Broadway assim como minha diva perfeita Barbra Streisand. Mas meu atual objetivo é entrar em NYADA, a faculdade dos meus sonhos.

Meus melhores amigos eram Blaine Anderson e Sam Evans que por sinal estão juntos desde que entramos na High School três anos e meio atrás. Foi amor à primeira vista, pelo menos da parte de Blaine. Ainda me lembro das horas em que meu melhor amigo ficava nas arquibancadas do campo apenas olhando o garoto loiro no treino do time de futebol com a desculpa esfarrapada de que aquele era o melhor lugar do colégio para se estudar. Mas por incrível que pareça foi Sam quem deu o primeiro passo na relação, quando defendeu Blaine de alguns idiotas e desde então eles se tornaram amigos quase tão inseparáveis quanto eu e Blay. Mas o inevitável beijo veio depois de um jogo importante onde Sam marcou o gol da vitória ou algo assim.

Todos comemoravam em uma festa pós-jogo na casa de um dos caras do time onde eu e Blaine só fomos convidados por ele e Sam terem essa estranha amizade. Eu estava em um canto conversando com Brittany S. Pierce, uma garota adorável e a única líder de torcida que eu conhecia que não era uma completa vadia, enquanto esperava Blaine voltar do banheiro que ele disse ter ido, mas isso durou três horas e uma longa conversa sobre unicórnios e a minha provável descendência vinda dos Hobbits. Só me lembro de ir embora com um Blaine extremamente sorridente que não parava de falar sobre o quão incrível fora seu beijo com Sam. E isso durou um mês, até que o loiro pediu Blaine em namoro em frente a toda a escola, e acho que não preciso dizer que a escola inteira virou um completo caos, assim como a vida deles e consequentemente a minha também.

Lima é a cidade mais preconceituosa que se possa imaginar. Vejo o que meus pais e meus melhores amigos passam todos os dias com pessoas ignorantes e de mentes fechadas. Mesmo depois de três anos Blaine e Sam são alvos constantes de raspadinhas quase todos os dias, independente do meu amigo loiro ser do time da escola. De acordo com os brutamontes ignorantes, Sam perdeu os privilégios dos populares no momento em que gritou aos quatro ventos que amava Blaine Anderson, e ele só não foi expulso do time porque a treinadora Beiste esteve sempre do lado de Sam e não admitia qualquer forma de Bullying.

Mas nem todos os populares eram idiotas. Noah Puckerman, ou melhor, Puck, era um grande amigo e judeu assim como eu. Finn Hudson era um cara de quase dois metros de altura e extremamente bobo, mas que tinha um bom coração na maior parte do tempo, apesar de sempre estar dando em cima de mim. E tinha Santana Lopez. Capitã das líderes de torcida e a maior vadia que McKinley High já viu. Mas toda aquela pose badass não colava comigo. Santana foi à primeira garota com quem fiquei, mas depois de um tempo vimos que nunca daríamos certo dessa forma, passávamos a maior parte do tempo brigando do que fazendo qualquer outra coisa, então chegamos à conclusão de que funcionávamos melhor como amigas que não conseguiam se suportar.

Tínhamos uma amizade conturbada e diferente, mas sempre estivemos presentes uma para outra. Como por exemplo, quando Santana ás três e meia da manhã apareceu na porta da minha casa aos prantos porque se descobriu apaixonada por Brittany, a loirinha ingênua e adorável que também era líder de torcida.

Depois de várias noites sem dormir, brigas, palavrões em espanhol e infindáveis ataques de ciúmes, Santana finalmente se declarou e quando se viu o segundo casal gay assumido do McKinley estava formado.

Agora você deve estar se perguntando "E você Rachel, não tem ninguém?". Bem... Não, eu não tenho ninguém. Quer dizer, eu não sei, talvez eu tenha, ou não. Não faço ideia, a única coisa que sei é que me apaixonei por aquela garota. A garota de Nova York. Mesmo que eu nem saiba como ela é, ou que eu nunca a tenha visto. O mês em que passamos trocando mensagens foi mágico, pelo menos para mim, mas agora ela simplesmente sumiu sem dizer absolutamente nada.

Acho que devo contar tudo do começo. Contar como me apaixonei pela misteriosa Quinn Fabray, e foi mais ou menos assim...