Perdoa-me.
Mais um belo dia no Santuário de Atena, "como o Grécia era bela!" pensava Saga sentado em uma pedra admirando a bela cachoeira que desembocava abundantemente no mais lindo lago que já viu em sua sofrida vida.
Sua vida como cavaleiro de ouro não havia sido fácil, por vezes sujou suas mãos, e uma boa parte dela com o sangue de inocentes. No fundo sabia que não havia sido ele, fora fraco sim, mas não havia sido ele. Sua mente fora dominada pelo maligno Ares, aquele ser cruel que o fez fazer coisas que não queria e com pessoas que amava e admirava. Em especial uma pessoa havia sido magoada cruelmente pelos seus atos, uma pessoa tão doce, meiga e tão pequena na época, teve que tomar decisões de um verdadeiro adulto em nome da paz e de uma promessa, e ele, Saga, sabia que era impossível se redimir com ele.
Um barulho despertou Saga de seus pensamentos, algo havia entrado na água. Caminhou lentamente em direção à margem do lago, movido por uma curiosidade puramente infantil, parou defronte de alguns galhos a beira da cristalina água, moveu algumas folhas com cuidado, e o que viu fez seu coração tremer. Aquela pessoa, aquele homem que tanto desapontou no passado, estava ali diante dele, debaixo daquela queda d'água, nu como veio ao mundo. Sim era um anjo, o mais belo entre todos os anjos. Aqueles belos cabelos lavanda molhados, escorridos pelo belo e clarinho corpo, tão frágil, tão doce. "Como um ser humano podia ser tão lindo e delicado ao mesmo tempo", pensava Saga.
E ali estava Mu banhando-se distraidamente naquelas águas refrescantes, devido ao calor grego excessivo, comum pela época do ano, absorto ao olhar de um cavaleiro que se encontrava literalmente petrificado diante de tão erótica e ao mesmo tempo delicada cena. De repente Mu sente a presença de alguém, um cosmos, e o que ele vê faz seu coração parar uma batida. Seus olhares esmeraldinos se colidiram, seus corações aceleraram ainda mais, seus rostos enrubesceram ao mesmo tempo. Nenhuma palavra era necessária, os olhares falavam por si.
Depois de segundos, que mais pareceram minutos, Saga cai em si.
_E... eu sinto muito, não era minha intenção... me desculpe. E saiu rapidamente.
Mu ficou parado, quase em estado catatônico, não sabia o que dizer o que pensar o que fazer. Mas ao mesmo tempo inúmeras coisas vinham em sua mente, memórias que gostaria de esquecer, mas não poderia, mesmo que vivesse mil anos, jamais esqueceria Saga de Gêmeos.
Perdoa-me.
_Mas Camus, por que não podemos, somos livres agora, não devemos satisfação há ninguém!
_Devemos satisfação há Atena, esqueceu Milo?
_Mas o que ela tem com a nossa vida particular? Demos nosso sangue por ela, por esse Santuário, pela humanidade durante anos, e pra que? Pra depois de todas essas guerras travadas ficarmos assim, presos, sem liberdade? Dizia o Escorpião já alterado.
_Não é bem assim Milo, temos todo o conforto que precisamos aqui, até demais. Falava Camus com uma paciência extrema, como se estivesse ensinando uma criança a ler, o que irritava ainda mais Milo.
_Não estou falando de conforto Camus!
_Então do que está falando?
_De nós dois, do nosso amor... Estou cansado de me esconder como se o que temos fosse vergonhoso... Camus sentiu um nó na garganta, olhou para o amante que possuía a face corada e os olhos cheios de lágrimas, era nítida a força que desprendia para não chorar. No fundo sabia que Milo tinha razão no que dizia, mas não estava preparado para expor o relacionamento de ambos aos quatro ventos.
_Milo eu... eu acho que ainda não é o momento certo para isso... Tentou controlar ao máximo a voz para a mesma não sair tremula.
_Eu não acredito no que está dizendo... Tens vergonha de mim não é? Depois de todos esses anos de amor e agora isso?
_Milo você não está entendendo o que eu quero dizer...
_Não Camus, muito pelo contrário, eu to entendendo tudo...
_Milo espere!
_Me deixa Camus, e vê se me esquece, entendeu!
"O que eu fiz..." pensou Camus vendo o amor de a sua vida sair da casa de Aquário sem olhar para trás.
Perdoa-me.
Saga subia as escadas rapidamente, como se tivesse visto um fantasma, chegando ao seu templo deu de cara com o cavaleiro de Capricórnio.
_Shura, que susto você me deu!
_Digo o mesmo Saga, você tá branco, o que aconteceu meu amigo? Disse Shura preocupado com o estado em que se encontrava o geminiano, nunca o tinha visto desse jeito. Ambas haviam construído uma grande amizade depois do término das guerras, sabiam dos pecados, tristezas e arrependimento, de cada um, o que fazia a amizade fortalecer ainda mais.
_Eu... Eu vi o Mu... Shura sabia dos sentimentos de Saga por Mu.
_Bom isso uma hora iria acontecer mais cedo ou mais tarde vocês dois iriam dar de cara um com o outro, mesmo por que vocês são praticamente vizinhos.
_Você não está entendendo Shura. Eu o vi na cachoeira, nu e ele me viu espiando ele! Entende agora?
_Madre de Dios!
_Nesse exato momento ele deve está achando que eu fiz de propósito!
_E não fez. Disse Shura com um sorrisinho nos lábios.
_Por Zeus Shura, claro que não. Eu estava lá em uma pedra meditando e olhando a natureza, aí eu ouvi um barulho e fui ver o que era, o resto nem precisa dizer.
_E o que o Mu fez?
_Nada, assim como eu... Nesse exato momento o ele deve está que eu sou um pervertido, agora sim o Mu vai me detestar ainda mais.
_O Mu não te detesta Saga, muitas coisas aconteceram, mas eu sinto que ele ainda te ama se não ele não ficaria tão incomodado com a tua presença meu amigo. Mesmo assim Saga continuava aflito, com o coração quase saindo pela boca. Mas me fala uma coisa Saga, tu gostaste do que viu?! Disse o capricorniano quase gargalhando.
_Por Zeus! Cala a boca Shura!
Perdoa-me.
Mu vestia sua túnica com dificuldade, suas mãos não estavam colaborando em nada, tremiam como vara verde. Estava mais branco que o habitual devido ao tamanho susto.
_Droga, não sabia que o Saga estava aqui. Como não senti seu cosmos antes? Agora ele vai pensar que eu fiz de propósito, para chamar a atenção dele...
_O que está acontecendo Mu? Por Buda, anda falando sozinho meu amigo?
_Shaka?! Desculpe... é que e eu...
Nesse instante o virginiano notou que Mu não estava bem, ele tremia e seus olhinhos verdes estavam cheios de lágrimas, mau as continha.
_O Saga... Segundos depois de dizer essas palavras Mu cai inconsciente, mas Shaka o pega a tempo, antes de ir ao chão.
"O que ele fez desta vez com você meu amigo?" pensava Shaka...
Continua...
