Voltron: o Defensor Lendário e seus personagens não me pertencem.

*Identidade*

Capítulo 1

Dor foi a primeira coisa que sentiu ao abrir os olhos.

Receoso, tocou a testa com a ponta dos dedos trêmulos e arregalou os olhos ao ver a mão voltar suja de sangue. Concluiu que sua testa estava ferida e sangrava bastante, o que provavelmente explicava a dor latejante que sentia do topo da cabeça até a base da nuca. E o que também muito provavelmente explicava porque ele não conseguia se lembrar de nada, nem mesmo do próprio nome.

Teria batido a cabeça em algum lugar? Perguntou a si mesmo em pensamentos enquanto olhava, um tanto quanto aflito e desorientado, ao seu redor. Viu-se dentro de uma pequena e bem avariada espaçonave e viu respingos de sangue sobre o painel de controle, sobre o chão e pelas paredes metálicas. Com muita dificuldade, pôs-se de pé e, com um pouco de força, abriu uma passagem para o exterior, empurrando uma placa de metal com muita força.

Apesar das dores que sentia por todo o corpo, apesar da dificuldade de ficar em pé e da náusea que o atacava sem dó, deixou a espaçonave tropegamente e descobriu-se no meio do que parecia se tratar de uma floresta. De um lado, árvores altíssimas erguiam-se, suas copas largas mal permitindo a passagem do sol; do outro, troncos e galhos encontravam-se caídos sobre a terra num nítido sinal de destruição. Olhou para a nave danificada e a pequena cratera sob ela e, mesmo com a cabeça não funcionando direito, não foi difícil concluir que fora ele o responsável pelo rastro de destruição deixado na vegetação.

Ouviu, de repente, o barulho de água corrente e o seguiu, caminhando por entre a mata densa, vez ou outra buscando apoiar-se nos troncos ásperos ao sentir as pernas enfraquecerem. Não demorou a encontrar um pequeno riacho, e ajoelhou-se na beira do curso d'água, usando as mãos em concha para beber água até saciar a sede terrível que, até então, não sabia que sentia e, assim, apaziguar a queimação em sua garganta. Molhou o rosto e fez uma careta ao tocar a ferida na testa, mas a dor não o parou. De algum forma, sabia que era preciso limpar o machucado, e, por isso, prosseguiu com a limpeza, esfregando não só o rosto, mas o pescoço e os braços lacerados até deixá-los quase que totalmente livres do sangue que já começa a secar. Foi só depois que, inspirando fundo, espalmou as mãos na terra, esticou o pescoço para frente e fitou a superfície da água, encarando o próprio reflexo.

Olhos amarelos e um rosto púrpura o encararam de volta, e ele esperou sentir alguma coisa, talvez um lampejo de reconhecimento ou um aflorar de alguma memória – qualquer que fosse –, mas não havia nada em sua mente além da ideia instintiva de que deveria fazer o que fosse preciso para sobreviver.

Não importava quem ele era nem o que era. Não importava de onde tinha vindo, onde estava, do porquê sua nave estava danificada e do motivo que o fizera cair naquele planeta.

Tudo o que sabia é que deveria continuar vivo.