Eu caminhava apressadamente pelas ruas da pequena e chuvosa cidade de Forks. Meus passos que costumeiramente eram delicados e harmoniosos em função do balé praticado por anos, agora estavam atrapalhados, tropeçando em todos os buracos da precária calçada.
Já era tarde da noite, e os poucos postes que iluminavam a rua, na grande maioria estavam apagados. Eu desconhecia o caminho, e as lágrimas, que brotavam desenfreadamente de meus olhos, nublavam ainda mais minha visão.
Eu nunca fui uma garota forte, sempre fui sensível, porém era feliz com o que tinha. Possuíamos uma bela casa no Texas, em uma cidade ensolarada, com vizinhos sorridentes e colegas de classe exemplares, além de tudo, tinha uma família feliz.
Bem, era isso o que eu pensava até um mês atrás. Meu pai era um homem trabalhador e absolutamente apaixonado por minha mãe. Não, isso era apenas o que parecia. Todos os dias em que ele dizia estar trabalhando, na verdade ele traía minha mãe, e descaradamente voltava para casa, abraçando a mim e meus irmãos, dormindo com minha mãe, que como esposa fiel e amorosa nunca desconfiou de nada.
Quando ela descobriu, as coisas aconteceram rápido demais, já que meu pai não se impôs, talvez ele até esperasse por isso, apenas não tinha coragem de pedir o divórcio. Exatamente um mês depois já havíamos nos mudado para uma pequena casa que nossa família possuía em Forks.
Perdi completamente a noção do tempo, não conseguia acreditar que meu pai havia exigido nossa guarda, eu jamais ficaria com ele! Doía, doía demais pensar que a pessoa que tanto amei e havia levado como exemplo, tivesse sido tão hipócrita, por sabe-se lá quantos anos.
Nesse exato momento eu passava por uma praça, aparentemente abandonada, bem, pelo menos a essa hora da noite. Me dirigi para seu centro, que era iluminado pela fraca luz de um poste, e fechei os olhos com força, suspirando fundo, me preparando para fazer a única coisa que realmente me acalmava.
Soltei meus longos cabelos, que anteriormente estavam presos por um delicada fita, e comecei com passos simples, dançando no meu próprio ritmo a silenciosa música da noite. Mantive meus olhos fechados firmemente, como se esse simples fato pudesse bloquear a realidade. Por um momento me senti como se estivesse sendo observada, e abri meus olhos minimamente, espiando por sobre meus cílios, porém nada vi.
Fechei meus olhos novamente, sorrindo de leve com a sensação de plena calma que me atingiu como uma onda que tomou conta do meu ser. Era estranho, mesmo com a dança sempre me acalmando, aquela sensação era diferente, intensa e maravilhosa ou mesmo tempo. Em meio a um giro, resolvi abrir meus olhos de vez, e enquanto a fina cortina castanha de meus cabelos cobria parcialmente meus olhos, jurei ver uma figura loira parada ao lado de uma árvore me observando.
Parei na hora hora, um pouco assustada, e quando procurei por meu observador, nada mais havia ali. Juntei minha fita do chão e rumei novamente para casa, tentando decifrar aquela figura que não saía de minha mente, enquanto minha calma se esvaía lentamente.
