Sumário: Ah! Esse cheiro de nostalgia!
Nostalgia
30cookies
Set Primavera
Tema 23: Apartamento
Chuck Bass atravessa o hall do The Palace e os funcionários temem em antecipação. Ele não devia estar ali hoje, devia estar com sua amada Blair em mais uma de suas festas da alta sociedade. Mas a falta de sorriso denuncia que, mais uma vez, eles brigaram. E pelo jeito como ele caminha – seus pés entoando uma canção nazista e jogando chances de ouro ao mundo – diz tudo.
Dessa vez pode ser definitivo.
Porém, ainda que as pessoas ali, que agora não passam mais de formigas, acreditem que ele irá lutar mais uma vez (ou seria pela vigésima terceira vez?), em sua mente confusa e com os pensamentos eclodindo como um vulcão que entra em erupção, Chuck Bass sabe que isso não irá acontecer.
Talvez seja a única coisa que ele saiba, mas isso não importa.
Ele não irá lutar. Não naquele instante, naquele dia, naquela semana, naquele mês, naquele ano ou em qualquer outro. Sim, é assim que ele está se sentindo. Chuck Bass está cansado demais para ser um Cavaleiro e não se importa se Blair irá abraçar Carter Baizen essa noite (ainda que, quando a idéia passa por sua mente, ele aperte com força demais o botão do elevador).
Tudo o que ele quer é fazer tudo errado, de novo. Quer esquecer por um momento da realidade de ser um Bass e de ser o novo dono das Indústrias Bass e quer ser o velho Chuck Deliqüente Bass. Nada de Charles, só Chuck Bass, obrigado e volte sempre.
Ele chega ao andar.
A sola de seus sapatos italianos bate contra o carpete e entoa uma sinfonia nostálgica pós-Hitler. Mas isso não importa, porque Chuck Bass se lembra do Velho Chuck Bass. Aquele cara bem-vestido, que traçava qualquer homem ou mulher e que, em seu melhor estilo australiano, era um canalha nato. Não tinha namorada e nem compromissos – apenas amantes e uma porra maldita de escola que ele governava como se fosse a Estrela da Manhã.
Abre a porta da sua velha suíte e dá um sorriso quando tudo parece igual. Até o cheiro de sexo continua ali – embora houvesse outro motivo para isso. Um sorriso cansado atravessa seu rosto e ele fecha a porta com um pontapé. Gira uma ou duas vezes, para captar o momento e consegue se lembrar de quando sua cabeça girava desse mesmo jeito por causa da bebida.
Ah! Sua preciosa bebida!
O que aconteceu com ela? Bom, empresários importantes e bilionários tem de esquecê-la de vez em quando. Ou para sempre. Agora, para Chuck Bass, ela era uma companhia efêmera trocada por sua família Van der Woodsen-Humphrey ou por Blair Waldorf.
Ele encara o bar e dá um sorriso do tipo que se dá no fim do mundo. Inferno, o mundo acabará em 2012; não faz mal se sua pose de bonzinho morrer antes disso.
Pega seu copo preferido – aquele mesmo, que ele quebrou tantas vezes, mas que estava sempre ali, de volta – e enche de vodca com whisky. Uma combinação boa para alguém que não se lembra direito como começar a ficar bêbado e nem como acordar no dia seguinte com ressaca.
Merda, é muito difícil seguir uma dieta de vida saudável.
No entanto, antes de molhar os lábios com a bebida, ele joga o copo no chão, de maneira violenta e vê em câmera lenta o seu copo favorito com suas bebidas favoritas se quebrarem e sujarem o chão de álcool e vidro.
Um sorriso libertador passa por seu rosto e ele caminha para o telefone, sem não antes roubar uma garrafa do bar, claro. Disca um número que ele pensou ter esquecido – mas que estava presente em sua mente, como sempre – e fez o de sempre.
Chuck Bass chama duas prostitutas finas que roubam seu dinheiro antes mesmo de chegarem ao táxi, e pede para que elas venham de lingerie roxo e vermelho, direto. Sobretudo por cima apenas para não levantar suspeitas.
Ele não quer confusões esta noite.
Senta-se em sua cama e observa o quarto que dividiu tantas noites com amigos, drogas, Nathaniel, álcool, Blair, prostitutas, brigas, intrigas, reuniões do The non-judgment breakfast club, e mensagens da e para a Gossip Girl.
E finalmente naquele dia, pensa sobre o seu futuro. O Velho Chuck Bass não tinha isso, mas tinha todo o resto. Agora, Esse Chuck Bass tem um futuro como empresário, como namorado e marido, talvez, como membro de uma família unida e muito mais, que qualquer pessoa mataria para ter.
Mas, pensando bem, isso é muito chato. Chega a ser deprimente até.
Encara a garrafa em sua mão e a vira em sua garganta, lacrimejando pela quantidade de álcool presente. Tequila nunca é bom para começar, fato. Balança a cabeça e sorri. Essa noite ele não será Esse Chuck Bass. Será o Velho e Bom Chuck Bass, porque ele pode.
Será selvagem, será canalha, será bissexual, será masoquista, será filho da puta, será bêbado, será ninfomaníaco, será cretino, será um fodedor de primeira, será o que ele era e que poderá nunca mais ser.
Elas batem na porta e ele se levanta, o velho sorriso cheio de libertinagem no rosto e a garrafa ao chão, de novo. Seus passos felinos – não mais nazistas – começam uma canção de fim de mundo e ele faz questão de jogar a aliança de compromisso com Blair para um canto do quarto.
Ele abre a porta.
- Olá, minhas caras... Podem já tirar a roupa e não se esqueçam de deixá-la pela manhã.
Ah! Esse cheiro de nostalgia!
