Traduzido por ferporcel
Betado por Thity Deluc



T/N: This is the Protuguese translation of The Silvering Divide by Somigliana. The world of Harry Potter belongs to J.K. Rowling, and this story is Somigliana's. I make no profit from the translation except for practicing my English. I am very thankful to Thity Deluc for her help as my beta-reader. :0)

A/N: Muito obrigada to Fer and Thity for taking the time to do this wonderful translation. Severus says that you can have an 'O' for 'Obviously wonderful'.

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N.T.: Esta é a versão em português de The Silvering Divide da Somigliana. O mundo de Harry Potter pertence à J. K. Rowling, e esta estória à Somigliana. Eu não faço dinheiro com esta tradução, só pratico o meu inglês. Sou muito grata pela ajuda da Thity Deluc, minha beta. :0)

N.A.: Esta fic é para a Mollyssister, que forneceu o prompt inteligente para esta estória.

Muito obrigada a Fer e a Thity pelo tempo de fazer esta maravilhosa tradução. O Severo diz que vocês tem um "O" de "Obviamente Maravilhosas".


Hermione Granger trata exercícios com a mesma submissão torturante e pesarosa que vê nos colegas de classe quando lhes pedem que pesquisem e referenciem mais de uma fonte: é uma tarefa e tanto, mas tem que ser feita.

Ela anda a passos largos e rápidos em volta do lago, através das colunas e coberturas de nevoeiro que pairam sobre sua superfície refletora, e ela fala consigo mesma sobre o livro trouxa que está lendo. Não é para ter magia nas páginas do livro, mas ela sente seu tilintar na cadência e na beleza da prosa mesmo assim. Ela tem lido muito mais ficção agora que o Harry e o Rony estavam em Londres participando dos treinamentos para aurores; ela constantemente sente que está quase sozinha em Hogwarts agora.

Um grito comovente e dissonante manda um alarme de pássaros como flechas no ar fresco da manhã. Hermione congela à beira do pânico, tirada rudemente de seus sonhos. O grito soa novamente, carregando uma nota de horror afiado como cristal. O som atrai o olhar de Hermione para sua fonte.

Uma menina está na beira do lago – sua pele nua é cinza pálida como uma pérola à luz da manhã. Palavras e sons estranhos gritam e borbulham dos lábios dela como água enquanto ela aponta para a protuberância enorme da lula gigante – que descende sob a superfície negra, deixando apenas ondulações. Os olhos da criança são negros e bravos, como se a lula tivesse ameaçado levar sua alma com ela, e eles se arregalam de puro pânico – Hermione pode ver o amarelo manchar as córneas dela como icterícia. Cabelos negros esverdeados caem como uma coberta, e ela abraça algo liso e prateado contra o peito. Um urro sinistro começa a sibilar dos lábios dela.

O corpo de Hermione se destrava vagarosamente quando a adrenalina se espalha como um boato. — O que diabos é ela? — murmura.

Ela se aproxima da criança trêmula com passos cautelosos, como ela se aproximaria de um animal selvagem. A menina verde e cinza mostra os dentes amarelos – lábios finos e cinza se esticam em uma careta ampla – enquanto ela observa atentamente a jovem bruxa com os cabelos presos firmemente e com olhos surpreendentemente bondosos. O ar da manhã arrepia a pele acinzentada da criança, faz os dentes arqueados baterem. Hermione vê que ela aperta os braços finos ao redor do objeto prateado levemente brilhante; é desenhado e brilhante, perolado como escama de peixe.

Hermione franze a testa porque não consegue se lembrar de uma criatura mágica que bata apropriadamente com esta menina estranha e feia. Ela se parece estranhamente com uma das sereias, e mesmo assim ela está claramente em pé sobre pernas magras e genovalgas. Hermione se pergunta – não pela primeira vez – se cometeu um erro ao abandonar Trato das Criaturas Mágicas.

A menina está olhando fixamente além da Hermione para a água cinza agora – seus olhos estão opacos como espelhos – e rápido como um raio, com as mãos se arremessando como pequenos peixes, ela envolve o tecido prateado ao redor dos ombros e mergulha no lago.

Hermione ofega. — Espere! — ela grita, com medo que a menina se afogue nas profundezas sombrias.

E então uma forte cauda prateada quebra a superfície por um momento – elegante e sinuosa, ela chicoteia no ar gelado da manhã como um cumprimento. Ondulações se atropelam ao correrem para a beira do lago; Hermione é deixada a sós apenas com seu reflexo distorcido na superfície parada da água.

— Que tipo de sereia era aquela? — Hermione resmunga baixinho consigo mesma.


Hermione não encontra a resposta que procura na ordem confortante da biblioteca habilmente arquivada. Existem sereias bonitas no Mediterrâneo que cantam como ninfas e brilham como ouro quando se deitam em rochas à luz do sol; existem as sereias pálidas e austeras da Escócia que são escuras e desagradáveis como o fundo dos lagos que habitam; e finalmente existem os sirenídeos gauleses com seus cabelos longos vermelhos e toucas mágicas. A menina da beira do lago se aproxima mais da variedade escocesa de sereia, mas ela não se encaixa apropriadamente como uma resposta deveria se encaixar.

Hermione fecha o livro grande com um estalo de couro em pergaminho e franze a testa. Ela anda a passos largos corredor abaixo, com o cabelo saltando como uma mola em seus ombros. Os alunos do primeiro ano a encaram, ainda cochichando sobre ela após a escola estar aberta já há duas semanas.

— Amiga do Harry Potter… Encarou a Bella Lestrange… Lenda. — A exaltação deles flutua pelas pedras, os olhos nervosos absortos nos cachos saltitantes dela, no açoite das vestes ao redor dos tornozelos dela.

Ela é uma heroína, como Neville Longbottom é um herói, apenas muito mais intimidante. Só o Prof. Snape (e talvez a Profa McGonagall, eles concedem quando desafiados) é mais assustador que Hermione Granger, e ele não avisa com um clique-clique pungente dos saltos do sapato contra a pedra. Não, os alunos do primeiro ano discutem... Ele rasteja como uma pantera negra, esperando para dar o bote em seus delitos com um sorriso malicioso e perverso de triunfo.

Durante o verão, suas mães e pais falaram do professor sombrio com o mesmo tipo de reverência muda, mas eles disseram que não conseguiam entender por que ele estava de volta para lecionar na escola. — O que o mantém lá? O que restou para ele em Hogwarts? Que triste — eles murmuram baixo entre eles quando pensam que orelhinhas estão dormindo há tempo.


Hermione bate à porta do Hagrid com indignação justificada pelo conhecimento perdido. Canino uiva como lobo e joga o corpo contra a parte de dentro da porta, fazendo-a tremer nas dobradiças.

— Fique calmo — Hagrid ribomba acima do latido excitado cachorro. — Hermione! — Hagrid sorri para ela, sua barba se curvando em pontos mais densos ao redor de da boca. — Sentindo saudades dos meninos, é? — ele pergunta num tom que sugere que ele também está. Ele segura o cão tenso pela coleira; os olhos de Canino se arregalam de excitação e pequenas gotas de baba salpicam o chão de madeira.

Hermione assente com a cabeça e sorri de leve. — Sim, estou, e muito — ela responde. Ela evita a inevitável oferta de chá que sempre tem gosto de tíner e água de máquina de lavar louça com sua pergunta urgente. — Hagrid, o que vive no lago além da lula e das sereias?

Hagrid empurra o Canino com o joelho de volta para dentro da cabana e se junta à Hermione do lado de fora ao invés de lidar com o cão de caça.

Hagrid coça a barba. — Peixes, se não me engano... é, peixes — ele finalmente diz.

Hermione segura um suspiro quando é forçada a recontar seu encontro com a estranha e pálida moradora do lago. Hagrid se recosta na porta (Canino ricocheteia do lado de dentro dela a cada poucos minutos, pontuando sua descrição da menina e a aparência verde acinzentada dela).

— Ahhh — Hagrid diz, assentindo com a cabeça sabiamente. Ele coça o queixo; a barba grossa faz um som de roçar. — Existem dois tipos de sereias no lago, Hermione. Mas eu me esqueci... você desistiu da minha aula a um tempão atrás. — Ele ri como se se tivesse contado uma piada extremamente engraçada, e Hermione se esforça para não parecer amarga.

— Mas eu procurei na biblioteca sob o nome sereias, e só encontrei as que ajudaram na tarefa do Torneio Tribruxo. — A expressão amarga escapa um pouco agora, puxando as beiradas de sua boca porque ela está irritada por ter tido que se arrastar colina abaixo para ver o Hagrid por uma resposta. E é uma subida íngreme de volta ao castelo.

Hagrid dá de ombros, fazendo-os subir até a orelha, e ri largamente para ela porque sabe a resposta. — Isso é porque você está procurando pelo nome errado; você precisa procurar por selkies, que é o nome certo delas...

— Obrigada, Hagrid, tchau — Hermione fala enquanto escapa rapidamente, antes que Hagrid tenha uma chance de lhe contar sobre a complexidade do ciclo de vida delas e de seus melhores amigos selkies.

Hermione está no meio do caminho de volta à biblioteca quando é impedida em sua jornada novamente. Irritação borbulha dentro de seu peito como um gêiser, mas porque é o Snape, ela mantém o rosto neutro e calmo. Ela sabe que ele só a atrasará mais se ela retrucar.

— Espero, para o seu bem, que não devesse estar presentemente em uma aula, Srta. Granger — ele zomba dela. Hermione acha difícil ter medo dele agora; ela conhece-lhe o fundo da alma e os segredos mais amargos, e toda essa repreensão escolar parece um pouco banal depois disso.

— Não, professor — ela diz respeitosamente, a imagem da aluna do sétimo ano perfeita —, eu tenho uma aula vaga e estou a caminho da biblioteca.

Snape estreita os olhos negros para ela como se estivesse usando Legilimência para medir o grau de verdade de suas palavras. Mas nenhuma busca investigativa e intrusiva acompanhou o olhar, então ela supôs que ele só está tentando descobrir o que ela está escondendo. Ela se diverte com o fato dele, devido à associação dela com os meninos, vê-la um pouco como uma criadora de problemas. Ele parece estar apenas esperando ela embarcar na próxima grande aventura, praticamente salivando para colocá-la em detenção pelo resto de seus dias de escola, muito provavelmente.

Snape faz cara feia, mostrando os dentes tortos e amarelos. — Vá andando, então, Srta. Granger — ele diz como se não fosse quem causou o atraso dela.

— Sim, professor — ela diz, resistindo à vontade de bater continência. Quando ele se vira nos calcanhares e se afasta a passos largos, ocorre a Hermione que o Snape poderia ser a própria imagem do tio ranzinza da pequena selkie ou algo assim; na escuridão sombria do corredor do castelo a pele dele também é pálida acinzentada.


Hermione se enterra em uma poltrona e cruza os braços sobre o peito. Ela estala a língua de um modo irritado enquanto olha fixamente para o fogo. Ela detesta admitir que deveria ter ficado no Hagrid um pouco mais; a biblioteca só lhe deixou mais perguntas.

Gina está sentada perto dela, escrevendo uma carta longa e fluente para o Harry. Ela é diminuta e bronzeada à luz do fogo. Ela ergue os olhos quando Hermione começa a sacudir a perna para cima e para baixo. — O que foi? — ela pergunta em sua voz nítida. — Rony não escreveu de novo?

Hermione ergue os olhos para Gina. Sua amiga está certa com relação àquilo, mas não é o que está incomodando a Hermione esta noite; ela está cansada de se preocupar com o Rony. Ela está aborrecida demais para perguntar a Gina se o Harry mencionou o Rony na sua última carta. — Você cursa Trato das Criaturas Mágicas, não é? — Hermione pergunta ao invés disso.

— Sim? — Gina inclina a cabeça para o lado como um passarinho.

— Eu vi uma pequena selkie hoje ao lado do lago…

Gina sorri abertamente e se inclina para frente com excitação acendendo seus bonitos olhos de mel. — Ah, sorte a sua; elas são muito tímidas.

Hermione ignora a excitação da Gina e toma à dianteira. — Mas a biblioteca diz que as selkies são focas que podem remover as peles, não que se parecem com sereias! — Em toda a pesquisa que ela fez, as mesmas palavras se repetiram, andando em círculos de volta à mesma base de fatos.

Gina sorri porque sabe – Hermione já viu o sorriso presunçoso da Gina antes… como quando ela se esquivava das tarefas que a mãe delegava ou tem um grande segredo enchendo-lhe o peito ou sabe a resposta e a segura brilhante nas mãos pequenas. — Aquelas são as selkies de água salgada — ela diz como se fosse o fato mais banal do mundo. — Aquelas no nosso lago preferem imitar as sereias. Mas para falar a verdade, elas podem tomar qualquer forma aquática que quiserem.

Apesar do seu alívio de que os fatos se alinham perfeitamente agora, Hermione ainda está um pouco desconcertada. — Bom... os livros deveriam dizer isso — ela resmunga. Ela recorda a manhã. — Aquilo… Ela estava bem irritada. Eu acho que a lula estava perseguindo ela.

Gina emite um "hum" leve, já atraída magneticamente de volta às suas palavras mirabolantes e trechos de amor. — É… as sereias e selkies detestam a lula gigante — ela murmura baixo. — Acho que ela gosta do gosto delas. Deve ter escapado do seu canto do lago de novo.

Hermione sente o extremo de sua ansiedade relaxar: o mundo faz mais sentido de novo agora. Ela pega seu livro de Runas Antigas e começa sua tarefa, sorrindo calmamente consigo mesma e ignorando o zunido leve das atividades ao seu redor.