Eu queria ser normal!

Por Mumu

Capítulo 1

Santuário de Atena, Grécia.

Era uma noite quente e as estrelas brilhavam no céu escuro, a luz da lua refletindo no lar dos cavaleiros de ouro.

O Cavaleiro de Câncer subia as escadas das casas zodiacais, vendo as ruínas em que algumas ainda se encontravam. Encontrou o cavaleiro de Virgem sentado numa coluna caída.

Carlo- Boa noite, Shaka.

Shaka- Boa noite, Máscara da Morte.

Carlo- Me chame de Carlo, per favore.

Shaka- Está bem.

Carlo- O que faz aqui sozinho?

Shaka- Na verdade, nada. Apenas me refrescando.

Carlo- Se incomoda se io me sentar?

Shaka- Não me incomoda, me surpreende.

Carlo- Ora, perché?

Shaka- Você nunca se importou com a convivência social entre os cavaleiros.

Carlo- Oh, non mesmo. Ma as cosas mudam, Virgem.

Shaka- Isso quer dizer que agora liga para o que os outros pensam?

Carlo- Talvez.

Shaka- Bem, você vai ter que mover céus e terras para apagar a imagem de assassino que os outros cavaleiros têm de você. Inclusive o Afrodite, que, por incrível que pareça, te quer bem.

Carlo- Afrodite é una buona persona… Acho que io non fui muito buona companhia per ele…

Shaka- Como você vê as coisas que você fez, Carlo?

Carlo- Se quer saber, sinto desprezo per mim mesmo e per mias atitudes. Se existir uma forma de mudar o que os outros pensam de mim, io o farei. Me importo com eles, com a amizade que outrora tivemos apesar do mio gênio ruim…

Shaka- Acho que seria possível você reatar a amizade com os outros, se até Atena o perdoou, mas iria lhe custar tempo, esforço e paciência. A não ser que o mundo virasse do avesso.

Carlo- Você já parou para pensar se as coisas seriam assim se non fossemos cavaleiros?

Shaka- Talvez você nunca tivesse se tornado um assassino, talvez Aioros e Aioria ainda tivessem uma família, Kamus seria mais alegre, e eu poderia ver o mundo colorido com meus olhos abertos…

Carlo olhou para o rosto do virginiano, tinha uma expressão triste apesar de não poder ver seus olhos.

Carlo- Sabe, Shaka, talvez todas as coisas non precisem ser tão ruins assim. Uno giorno você vai poder abrir os olhos sem ferir as pessoas a sua volta, e talvez até io possa ter mios amici de volta.

Retomou seu caminho pelas escadarias, deixando o hindu pensativo para trás. Resolveu visitar o cavaleiro de Peixes em sua casa, coisa que nunca fizera, mas sabia que aquele garoto merecia sua atenção pelo tempo que gastara de sua vida dizendo à ele que tudo deveria ser belo mesmo num coração amargo que só desejava destruição. Aquilo na verdade tinha um significado implícito. Afrodite só achava que antes ser vaidoso do que ser assassino, e queria que Carlo visse algo de bom em si mesmo.

O canceriano entrou na última casa zodiacal, procurando seu guardião. Encontrou-o alimentando os peixinhos de sua fonte. Afrodite podia ser meio maluco mas gostava muito da natureza.

Carlo- Olá, Afrodite.

Fro- Carlo? O que faz aqui?

Carlo- Ora, non posso visitar uno amico?

Fro- Pode…

Carlo- O que está fazendo?

Fro- Dando comida para os meus peixinhos.

Carlo- Ah…- O pisciano continuou o que estava fazendo.- Afrodite, você ainda me vê como uno assassino?- Afrodite quase caiu dentro da fonte com a pergunta.

Fro- O quê? Por que está me perguntando isso?

Carlo- Non sei… estava esperando alguma resposta.

Fro- Ora… eu… não sei. Eu sempre tentei te ver como mais do que um assassino, mas ficava difícil com você me provando todos os dias o contrário com seu egocentrismo. Sinto muito.

Carlo- Então io ainda sou o mesmo de antes para você?

Fro-…- Não ouve resposta por algum tempo.- Você ainda é meu amigo…

Carlo- Está aí uma cosa que io nunca fui: suo amico. Io nunca agi de acordo.

Fro- Talvez, mas eu nunca deixei de considerá-lo.

Carlo- Io queria mudar tudo, Afrodite… - Se virou e saiu da casa de Peixes. Tinha encontrado apenas tristeza nas pessoas a sua volta. Estavam vivos e o mundo estava a salvo, mas entre si, as barreiras impostas pelos anos estavam perdurando.

Naquele momento, apenas o céu era testemunha de seu arrependimento.

Carlo- Io queria que os bambinos tivessem una vida feliz, que estudassem e fossem às festas, que tomassem refrigerante e jogassem futebol. Talvez seja uma bobagem, mas que estivessem juntos e tivessem uma vida normal… Io non seria uno assassino…- Olho para cima e viu uma estrela cadente cruzando o céu.- Io queria ser normal!

Voltou a descer as escadas até sua casa e foi para seu quarto. Tomou um banho e foi se deitar. Custou a pegar no sono.

Capítulo curtinho só para introdução da fic. Acho que na verdade dos próximos capítulos em diante, pode se considerado um UA, hehehe!

Aguardem, porque essa promete!

Agradeço ao MEU Carlo, por me ajudar muito com esta fic e ter muita paciência!

Beijos…