Coloquei um vestido preto e um casaco por cima, deixando meus cabelos, que na época eram uma mistura de marrom com dourado, se esvoaçarem por cima dele. Minha maquiagem era mais que exagerada: uma sombra preta e um batom vermelho. Coloquei a base e abri a porta do camarim. O corredor estava vazio, sem ser por alguns funcionários usando microfones e falando por walk talks. Faltavam apenas 10 minutos para o show. Estamos em Bogotá, Columbia.
Em poucos segundos meu despertador toca: hora de ir para o backstage, em poucos segundos vamos estar no palco. Encontro Joe e Nick preparados para entrar no palco. O show de abertura já estava quase acabando, dava para perceber porque os artistas estavam gritando "Obrigada", "Amamos vocês" e "Agora deem boas-vindas ao elenco de Camp Rock!"
É estranho ver Joe desde que terminamos. Quando ele não está com Ashley Greene, está com seus irmãos rindo e tentando falar o mais alto possível para que eu mantenha distância. Ele não quer te ver, as vozes dizem. Você é gorda, inútil e impossível de ser amada. Calaboca, cala boca, cala boca. Não posso pensar nisso agora. Não posso pensar nos cortes em meus quadris que estão doendo desde ontem, quando foram feitos. Não posso pensar no quão cansada estou por não ter comido nas ultimas 36 horas. Agora é hora de dar um bom show. Aqueles telespectadores não querem saber o que estou sentindo, só querem me ouvir cantar. Entramos no palco.
Can't Back Down, Wouldn't Change a Thing, Brand New Day, Tear it Down. Apresentamos as mesmas canções de sempre, com a mesma coreografia de sempre. Confesso que em Wouldn't Change a Thing meu coração sempre se acelera em pensar que mesmo cantando o que estava cantando, Joe não sentia aquilo. Na verdade, nenhum de nós sentíamos.
Durante a noite, vamos para o aeroporto. Ele está quase vazio, pois na maioria da parte que andamos, andamos pela área de voos internacionais. Não posso deixar de perceber que todos estão me olhando com um olhar um tanto estranho,como se estivessem desconfiados de algo que fiz. Tudo que quero é comer alguma coisa. Mas você não merece, só quando pesar 40kg. Meus olhos estão cansados, quase se fechando. Quando entramos no avião: um jatinho para 30 pessoas, sento ao lado de Alex.
- O que está acontecendo? Por que estão todos me olhando assim?
- Vai fingir que não sabe? - Ela responde, aumentando o som de seu iPod, como se não estivesse dando a minima para o que estou falando.
- Mas eu não sei.
- Todo mundo sabe onde você está se metendo, Demi. Eu nunca esperava isso de você.
- Me metendo, como assim?
- Drogas, álcool? Pensei que fosse tivesse superado essa fase.
- Shhh! Quer que minha mãe ouça?
- Sua mãe já sabe. Todos já sabem.
- Você contou?!
- Para seu próprio bem.
- Não acredito! Você é uma... Uma traidora! - Me levanto.
- Espera ai, Demi! - Ela se levanta comigo.
- Vai se fuder! - Antes que pudesse parar meu braço, ele deu um soco tão forte em seu nariz, que sangue voou. Todos olharam, todos soltaram espantados "Ooh".
