01 de Abril de 2010.
Resumo: 5x16 Dark side of the moon. Drabble. Reflexões sobre o episódio.
Beta: Sem beta.
Avisos: Spoilers do 5x16. Fic escrita de uma vez, assim que o episódio acabou. Só postei agora porque me dei conta de que não somos feitos só de boas histórias. Estava revoltada, por motivos óbvios, e acabou saindo isso. Não mexi em nada e vai ficar assim mesmo. Espero que não esteja muito confuso.
Pedaço do Céu
Céu. Reino de Deus? Não. Reino dos imbecis. Reino dos seres que se acham melhores do que todos os outros, por estarem no andar mais alto. Pura besteira. O céu não passa de um lugar parado, ilusório, onde você finge que vive bem, para não lembrar de reclamar (com quem quer que fosse) sobre a vida que foi obrigado a levar lá embaixo.
Quem ia se lembrar de reclamar sobre o assalto que findara sua vida, se tivesse a repetição infinita de uma memória querida, como o primeiro aniversário de casamento?
Quem lembraria de acusar os vagabundos lá de cima de não olhar por sua criança, morta por alguma bala perdida na porta da escola, se a mesma estivesse ali do seu lado, sorrindo-lhe e brincando de desenhar?
Como Dean se lembraria da vida ruim que tiveram, de todas as coisas que passaram, se ficasse para sempre na casa da sua mãe, comendo sanduíches e ganhando carinho no cabelo?
Como alguém poderia culpá-lo por não querer voltar a Terra?
Ainda mais sabendo, agora, que a imagem que tivera de sua família (o que sobrara dela, pra ser mais exato) era só isso: uma imagem?
Por mais que ele quisesse, nunca foram uma família de verdade. Nem mesmo quando pequeno, com sua mãe ainda viva. Seus pais viviam brigando. Sobrava pra ele consolar a mãe e impedir o pai de falar coisas que não devia.
Mais tarde, depois da morte de Mary, seu pai saía para caçar, deixando-os sozinhos, enquanto tentava alcançar a redenção fazendo o que sua família fazia de melhor. Sobrava para Dean cuidar do irmão pequeno.
Depois, quando Sam virou um adolescente cheio de hormônios e raiva acumulada, sobrava para ele segurar as pontas e mediar as brigas entre os dois Winchester teimosos.
Por fim, quando Sam decidiu ir embora... Tudo se desfez. Não sobrara nada para ele cuidar. Só do pai, que acabou se afastando naturalmente dele. Cada um seguiu seu caminho.
E Dean ficou sozinho.
Sozinho.
Sempre sozinho.
Por mais que tentasse reunir todas as pessoas que amava, esse era seu destino: viver completamente sozinho.
Agora explica pra ele, que lote no céu vale isso? Que fantasia irá compensar o fato de que ele se sentiu solitário a vida inteira? Que memória irá suprir a necessidade de uma vida normal e digna?
Que ilusão irá fazê-lo esquecer de tudo o que ele passou desde que anjos e demônios decidiram brincar com seu destino?
Não, Pamela estava enganada. A paz não valia tanto a pena assim.
FIM
