Harry Potter e seus personagens não me pertencem

NA: Estava tranquila curtindo minha aposentadoria, tomando minha sopa das senhoras idosas depois do chá, quando me peguei lendo fanfic Jily (prefiro Lames, desculpa sociedade) e senti saudade de brincar com meu OTP. Sim, é uma rom-com boba em que eu aviso: já é um clichê andante a história, mas vou tentar não estimular alguns deles.

VINTE E POUCOS

1.

A vida, como diria minha amiga Marlene depois de umas taças de vinho a mais e um pé na bunda, é uma droga. E, não, isso não tem nada a ver com o fato de que eu estou há alguns passos da minha formatura com a certeza mais absoluta da vida:

Eu não sei o que eu estou fazendo com a minha.

Quero dizer, você me vê, a garota ruiva e – admito porque sou sincera e autoconfiança nunca matou ninguém – atraente que consegue manter uma conversa inteligente e bebe como um viking e você obviamente vai pensar: ela tem tudo organizado nessa vida. Uma garota que sabe o que quer e como vai fazer para conseguir.

Já ouviu aquela expressão finja até conseguir? Eu estou na parte do finja. Há algum tempo já.

x

- Deixa de ser chata, depois da graduação vem o resto das nossas vidas! - Mary me lembra e eu não deixo de rir desse jeito quase Pollyanna dela.

Eu te odeio, Eleanor H. Porter.

- Nessa economia, vem o desemprego. - Marlene lembra à Mary se jogando na minha cama como se fosse a dela.

Como se ela tivesse algum problema financeiro. O pai dela tem dinheiro suficiente para bancar as maluquices dela sem nem perceber! O que é uma maravilha, visto que quem vai pagar nossas contas até arrumarmos um emprego será ele.

Eu te amo, Sr. McKinnon. Prometo que um dia te pago.

- Uma verdade. - disse fingindo mais responsabilidade do que realmente sinto nesse momento. - Por isso, vou ficar em casa procurando um emprego e…

- Assistindo reprises de Doctor Who, usando meias felpudas com aquelas leggings horrorosas que você comprou porque estavam na promoção, uma camisa de uma banda que você só fingia que curtia por causa de você-sabe-quem, enquanto acaba com os doces da casa. - Marlene afirma e eu suspiro sabendo que ela está certa.

Há um ano tudo estaria diferente, sabe? Há um ano eu seria uma mulher interessante em qualquer lugar que eu fosse. Porque há um ano, eu seria uma universitária gostosa cheia de sonhos e uma habilidade quase absurda de ingestão de alcoólicos.

Culpe a genética irlandesa.

- Como se não fosse uma boa ideia. - digo com um sorriso amarelo e Marlene ri. Ela sempre ri quando me mostra que eu não sou a pessoa legal que eu gosto de pensar que eu sou.

- Claro que é, mas, cientificamente, mulheres se dão melhores depois de terem orgasmos. Aumenta a autoconfiança. - Mary lembra e Marlene e eu a encaramos confusas.

- Você devia parar de ler artigos que as pessoas compartilham nas redes sociais. Principalmente quando não tem nenhuma comprovação científica real. - Marlene ressalta e eu a apoio porque Mary não devia ser tão viciada em redes sociais.

Mas quem sou eu para reclamar? Passo meus dias em casa, comendo e pensando como minha vida é uma droga e que com a minha idade agora meus pais estavam prestes a ter a Petúnia – que está para se casar em breve.

- Você não está assim por conta da Alice e do Frank, né? - Mary me pergunta.

Sim

- Não! - respondo com um sorriso que espero ser sincero. Porque estou feliz, de verdade. Eles são maravilhosos juntos e todos nós sabíamos que ele ia pedir na primeira oportunidade que tivesse.

Era óbvio e eu estou superradiante por Alice. Ela merece isso e mais um monte de outras coisas boas, tenha certeza.

Eu só achava que eu seria essa garota – Não Alice, porque Alice e Frank são perfeitos e eu nunca ia querer nada com o namorado da minha melhor amiga -, mas a garota com tudo se encaminhando para uma vida adulta organizada, sabe? Com um namorado maravilhoso e um emprego interessante, tipo de oncologista infantil.

Mas não. No presente momento, eu aceitaria um emprego qualquer e um parceiro sexual mais ou menos fixo que não seja um porco idiota que tente me convencer a fazer sexo sem camisinha porque "É desconfortável, gata".

Minha mão na cara dele é que será desconfortável, isso sim.

- Então levanta, toma um banho e seja a Lily-Viking de bar que você é e sempre será! - Mary me estimula e, por mais cínica que Marlene seja, ela bate palmas quando eu me levanto da cama.

- Aleluia! Ela pode andar. - Marlene debocha e eu agradeço aos meus fãs inexistentes.

Talvez eu devesse tentar a carreira de youtuber, pelo menos assim eu não tenho que sair do quarto.

Mas isso fica para amanhã que hoje eu vou beber e dançar como se o mundo fosse acabar amanhã e eu fosse o único ser humano que soubesse disso.

x

Acordo e percebo que estou jogada no sofá da minha sala, com Marlene de conchinha com Mary no chão.

Não dormi com nenhum idiota! Uma vitória nessa vida!

Antes que eu pudesse comemorar meu amadurecimento, fui bater um papo com o bocão.

Uma leve derrota, admito.


Foi um prazer estar de volta (mais de 10 anos de fandom, yay!)!

Beijos,

Misa Black