Bem, como todos sabem Saint Seiya pertence ao Kurumada.
Os únicos personagens que são meus: Luana e Lucas
Fic de presente para meu namorado Miguel
Boa leitura
Prólogo
Do alto de sua janela, fitava o céu azul. Ali, escondida na claridade do meio dia, estavam as estrelas.
Não as via, mas sabia, perfeitamente, que elas estavam lá. Formavam constelações, que durante muito tempo povoou sua mente, sob a forma de homens sem rostos, que nas histórias de sua falecida mãe, defendiam, com a vida, uma deusa.
Toda noite, sua mãe contava histórias fantásticas sobre estes destemíveis homens.
Agora, fazia dois anos que não ouvia sobre eles, pois uma fatalidade atingiu sua pequena familia, levando a vida de seus pais e, a transferindo para as pequenas instalações do orfanato, de uma cidade de Santa Catarina.
Era verão e, como todos os dias de Dezembro, não havia muita coisa a se fazer. As aulas haviam terminado a uma semana e, Luana estava entediada. Demoraria até o começo de fevereiro para estrear seus futuros cadernos novos na 5ª serie.
Era aplicada, facto que causava orgulho nas mulheres incubidas de guardar as 50 crianças do orfanato. Principalmente a doce e gorda Ana Cristina, que de noite contava histórias, para as meninas. História recheadas de crianças fantasticas de grandes feitos e aventuras.
Luana perdia seu olhar nas arvores que tiravam a visão para o mar. Não mais ouvira histórias sobre aqueles homens, deixando suas noites chatas e sem sonhos.
Não era dada a amizades e muito menos a falatórios, mas a única vez em que resolvera contar a história que tanto acreditava, foi motivo de chacota.
Agora, quase na hora de comer, estava a janela, enquanto as outras crianças se divertiam lá fora, no quintal.
Abriu a janela, para sentir o vento quente que vinha do norte. Seus cabelos escuros e encaracolado se moveram lentamente, enquanto a menina estreitava os olhos verdes. Ambos traços puxados de sua mãe. A sua pele, levemente bronzeada e com sardas, não combinavam com o uniforme amarelo, dando-lhe um ar um pouco doente.
Se perguntava, se no local onde aqueles homens estavam, também fazia esse tipo de calor. Insuportável...sufocante.
"Na Grécia" – dissera sua mãe, uma vez.
Rapidamente correu para a biblioteca de sua escola, encontrando lá uma mulher baixa, de óculos e cabelos grisalhos. Seu sorriso foi convidativo e, Luana se apressou a perguntar onde era aquele lugar.
A mulher, de sorriso aberto, procurou um mapa, em um livro na terceira estante a contar da porta e, abriu-o sobre a mesa, revelando onde era o local pretendido.
Luana ficou impressionada, perguntando como chegar lá. A mulher riu e, explicou.
Nunca andara de avião. Não sabia, se quer, o tamanho real dele. Mas se imaginava, diversas vezes, entrando em um objeto que voasse e, se dirigia para a sua sonhada Grécia.
Pela descrição detalhada que sua mãe dava, imaginava cada canto e pedra do local onde eles viviam.
Sua mãe nunca dissera que aquilo era fantasia. Apenas descrevia os factos e locais, como quem recordava coisas de infância.
Ao lembrar a imagem da mãe, suspirou, sentindo os olhos se encherem de lágrimas.
- Luana!? – Uma voz rouca e grossa encheu o local, chamando a atenção da menina, que de imediato limpou os olhos com o braço. – O que foi?
- Nada – A menina respondeu baixo.
A mulher desconfiou, se aproximando.
- Está triste?
Luana olhou curiosa para a mulher. Ela era nova ali. Seus cabelos negros, compridos, estavam atados em uma trança que se estendia ao meio das costas. Seu corpo magro, era um tanto curvado pela idade, lhe dando uma estatura ainda mais baixa. A pele muito morena, era irrugada.
Seu sotaque denunciava ser de uma das ex-colônias espanholas. Argentina, talvez. Luana resolveu não pensar muito nisso.
- Saudades da minha mãe – respondeu, vendo a mulher se aproximar.
- Com certeza ela está te vendo agora – A mulher afagou o cabelo da menina – E não deve estar gostando de te ver assim.
- Você acredita mesmo nisso!? – Luana desconfiou.
- Sim – A mulher respondeu simplesmente.
- No que mais a senhora acredita?
- Em muita coisa – A mulher respondeu, ajudando a menina a sair da janela – Agora vamos almoçar.
- Espere!
- O que foi?
- A senhora acredita que em algum lugar a pessoas a lutar pela justiça e pela paz na terra?
A pergunta fez a senhora morena se surpreender. O que isso interessava para a menina? Mas sim, acreditava. Não que estivessem a ter sucesso com isso, mas em algum lugar do mundo haviam pessoas a lutar para um mundo melhor.
- Sim, acredito.
Viu Luana sorrir, alegrando-lhe o dia. Mal sabia que com essa resposta, muitas coisas começaram a formar naquela cabeçinha.
Luana acompanhou a mulher até o refeitório, e passou o almoço em silencio. Facto que não perturbou muito as responsaveis, visto que a menina sempre fora muito quieta. Era aquele tipo de menina que não dava preocupação e trabalho.
A tarde foi passada no quarto, até que o turno de Ana Cristina começara. Viera trazendo três crianças, no qual apresentou no jantar. Meninos novos. Um de 4 anos, que parecia assustado. Seu nome, Luana não gravou, mas sua cara era arredondada, de buchechas rosadas e olhos claros. Seus cabelos cacheados e loiros, lhe davam um ar angelical. O segundo deveria ter 7 anos. Foi apresentado como irmão do primeiro. Guilherme, era seu nome. Tinha os traços do irmão, com a pele um pouco mais bronzeada. Ambos estavam a ser disputados pelos pais biológico e adotivos. Até o tribunal decidir, era ali que ficariam. Jantaram isolados do restante, na companhia de Ana Cristina, juntamente com o terceiro rapaz.
- E este é Lucas – A mulher gorda, falou em alto e bom som – Foi transferido para cá e, espero que permaneça aqui, até encontrar sua familia – Falou de um jeito ríspido e direcionou-o para a mesa dos dois meninos recém-chegados.
Lucas deveria ter uns 12 anos. Tinha os cabelos negros e lisos, que combinava com os olhos e peles escuras. Luana pensara que ele poderia ser indio, mas os traços não davam a entender isso.
Jantou de olho nos rapazes em especial no mais velho, com que foi perseptivel a forma rude que Ana Cristina se referia.
Ficou curiosa em saber o porque do rapaz estar ali. Mas tinha mais o que pensar.
Permanecer ali por mais tempo, era sinônimo de não encontrar o que pretendia e, desta forma quando as luzes apagaram, começou a maquinar a melhor forma de sair dali. Seria no dia seguinte, a noite, na mudança de turno de Ana Cristina e a chata Vanessa.
E assim terminado todo o plano, o sol já estava raiando. Seus olhos pesados não queriam abrir o que fez com que Vanessa, "a chata", como as crianças lhe chamavam, por seus modos agressivos, pensar que Luana estaria doente. Passara a maior parte do tempo na cama, se levantando apenas para comer. Não deu pelo tempo passando.
Logo Ana Cristina estava contando uma de suas histórias fantasticas enquanto as outras crianças dormiam.
Ouviu a porta de saída estalar e compreendeu que era chegada a hora. Em seu estômago, borboletas esvoaçavam, mas sabia que tinha que continuar. Pegou a mochila que preparara as escondidas e, que deixara em baixo da cama, vestiu cuidadosamente a roupa que pretendia e, saiu rumo a uma sala que se encontrava no primeiro andar.
Lembrava perfeitamente, que em uma das gavetas da escrivaninha da diretora, havia um envelope que lhe pertencia. Este envelope, foi informações dada por Ana Cristina, uma vez que conversara com Luana sobre sua mãe.
- Ela sabia que ia morrer? – Luana perguntou com lágrima nos olhos.
- Não sei – Ana Cristina, com a menina no colo, lhe fez uma carícia no rosto – Mas quando você tiver idade para sair daqui, você terá como começar.
Sem fazer barulho, chegou no corredor que dava para a sala pretendida. Sorriu sem perceber. Precisava do envelope. Tinha esperança que fosse dinheiro que estivesse ali.
Começou a caminhar lentamente, com medo de fazer qualquer barulho.
- Onde vai? – Uma voz a fez virar de imediato, assustada.
Lucas, no outro extremo do corredor lhe fitava.
Luana estreitou os olhos e emburrou.
- Você me deu um susto – Disse parada no mesmo lugar.
- Você não respondeu minha pergunta – O menino se aproximou.
- Não é da sua conta...
O menino sorriu.
- A menina certinha vai fugir.
- Não vou não...
- Vai sim – Lucas insistiu, fazendo Luana baixar os olhos – Eu também vou.
- Porque? – Luana lhe fitou.
- Porque é o que faço. E desta vez não vão me pegar.
- Para onde você vai?
- Vou para onde você for – Lucas disse convicto.
- Não não vai – Luana disse alto, fazendo Lucas lhe tapar a boca.
- Shhhh! Quer acordar todo mundo?
A menina se desvencilhou de Lucas.
- Porque quer ir comigo?
- Eu preciso achar meus pais.
- Mas eu não vou procurar os meus...
- Mas vai procurar algo. Podemos nos ajudar.
Luana fitou o menino. Era mais velho e, como tinha referido, já tinha fugido outras vezes. Realmente ele poderia ser ajuda.
A menina espremeu os lábios.
- Tudo bem. Mas vou avisando que vou embora para a Grécia.
Lucas se surpreendeu. Grécia?! Isso era melhor que ele esperava.
- Para ir para a Grécia, você precisa de muito dinheiro.
- E o que você acha que vou fazer?!
Um sorriso se formou nos labios do rapaz. Então tinha um acordo e, o melhor, uma possibilidade de conseguir sua liberdade.
- Vamos a isso. E rápido, para não acordar ninguém.
Luana concordou. De facto aquele menino sabia manhas para fugir. Luana imaginou, quantas vezes aquele menino havia fugido e, de quantos orfanatos. Estava animada. As borboletas no seu estômago, ainda flutuavam de forma frenética, mas percebia que não era mais medo e, sim, entusiasmo.
Com Lucas a seu lado, poderia seguir o seu sonho, pois quando deu por si, um salto ao muro alto, que formava obstáculo para rua, com ajuda de um galho de uma arvore, estava na rua.
Suspirou, olhando para os dois lados.
- E agora? – Perguntou olhando o rapaz que sorria.
- Se esconde – Disse arrastando a menina para a penumbra.
O barulho de um carro velho foi se tornando mais forte. Luana tentou ver o rosto de Lucas no escuro.
- Isso é que sorte – sussurrou. – Vem! – Disse gritando, arrastando Luana pelo pulso.
De um salto conseguiram subir na mini carreira daquela caminhonete suja, mal pintada de verde.
O barulho foi mínimo, mas Lucas pareceu preocupado com isso. Demorou até se mostrar confiante. Olhou a menina ao seu lado. Ela dormia encolhida em um canto.
Conseguira!!! Agora era traçar um estratégia para estar longe quando descobrissem.
O longe de Luana tinha um limite: Grécia. Ainda não abrira o envelope, mas junto com os outros envelopes que Lucas roubara, talvez conseguissem.
Em meio ao seu sonho, sorriu.
Continua...
