Eu não sou um brinquedo quebrado
Capítulo 1 – Sua fantasia é o meu pesadelo
Ikki POV
Eu estava em mais um almoço de família que era obrigado a participar com a família que eu não considerava família.
- E como vai a escola, Ikki? Está se adequando? – Saori perguntou. Ela era a neta adotada do meu pai biológico, Mitsumasa Kido. Mas de todos foi a única que realmente teve contato com o velho. Não a invejo por isso.
- Bem – eu respondi sem elaborar.
Não via necessidade de contar detalhes que não mudariam em nada a vida dos outros, mas aparentemente eu era o único que pensava assim.
- E? – ela me pressionou.
- É isso – falei.
Ah, estava contando os minutos para me ver livre daquela gente.
Não me entenda mal. Eu não os odiava. Não mais, pelo menos.
Isso só não significava que eu gostava de ficar junto a eles durante muito tempo.
Não gostava de barulho, das conversas paralelas.
Aquilo era uma tortura para mim.
- Ah, vai me dizer que não tem nenhuma gatinha lá? – Seiya disse em um tom jocoso. Ele não media o que falava.
Era pentelho, mas eu gostava dele.
- Não sei – eu respondi e dei de ombros.
Vi que ele arregalou os olhos com a minha resposta e isso acabou chamando atenção do resto da mesa e agora todos olhavam para mim.
Ter dez pessoas olhando para você não é algo muito agradável. Especialmente para uma pessoa como eu que não gosta de ser o centro das atenções.
- Você é um cara bonito. Duvido que não chame atenção de alguém – Seiya comentou e os outros riram.
- Elas devem fugir dele por causa dessa personalidade horrível – Jabu opinou e não pude deixar de concordar. Tinha plena consciência de quão desagradável eu podia ser quando queria.
- Meu irmão é adorável – Shun me defendeu e não pude deixar de sorrir. Era o único que me amava. E eu nunca entenderia isso. Não tinha nada para amar em mim.
- Eu concordo com o Seiya – Saori falou e deu um sorriso travesso – Impossível não ter chamado atenção de alguém.
Eu dei de ombros e vi que alguns trocaram olhares. Odiava quando faziam isso. Voltei a comer. Quanto mais cedo acabasse, mais cedo ficaria livre disso.
- E quanto a amigos? Fez novos amigos? – Shiryu tentou um tema mais neutro.
- Não – respondi quando vi que todos esperavam uma resposta.
Não queria dizer que não era uma pessoa muito querida. A maioria me considerava um antissocial, outros um nerd convicto. O fato era que fora uma pessoa, ninguém se dava ao trabalho de sequer notar minha presença.
Aparentemente foi a coisa errada a se dizer.
Saori agora me olhava preocupada. Shun também.
Eu tinha esse problema com a minha terapeuta também. Frequentemente eu falava algo errado. Era difícil adivinhar o que ela queria que eu dissesse para que me desse alta.
Todos os outros já estavam livres desse martírio, menos eu.
Eu era um brinquedo quebrado. Não tinha jeito.
E por isso eu não gostava de falar nada. Tudo o que eu falava era usado contra mim.
- Você não fala com ninguém o dia inteiro que passa na escola? – ouvi um deles falando. Parecia horrorizado.
- Eu sei que você é um lobo solitário, mas isso já é ridículo! – outro falou. Acho que era Seiya. Não sei ao certo. Não levantei a cabeça para ver.
- Talvez você devesse se mudar para nossa escola – Shiryu comentou, o tom calmo de voz era inconfundível.
- Não – eu disse sem pensar. Não queria ir para a escola deles. Eu gostava da minha justamente porque nenhum deles estudava lá – Estou bem lá – tentei disfarçar e acalmá-los, mas não estava surtindo muito efeito – Tem alguém com quem eu falo sempre – e realmente tinha, mas nós não nos falávamos por minha vontade –, mas não acho que dê para chama-lo de amigo – pronto, falei tudo que tinha que falar pela noite inteira.
- Por que não? – Shun perguntou inocentemente.
- Ele é irritante – eu expliquei e ele riu.
- E quem não é irritante para você? – Seiya também riu.
- Shun – eu disse e todos riram. Não entendi.
- Talvez ele só esteja tentando fazer amizade – Saori comentou.
Se fosse isso ele tinha um jeito bem estranho de fazer novos amigos.
Ele me desafiava para um jogo de basquete todo dia de manhã e eu nem era do time. E por causa dele, outros faziam também. Ele só me causava transtornos e ainda me seguia pela escola e tentava copiar minhas provas.
- Talvez ele esteja interessado em você – Hyoga finalmente abriu a boca, e como sempre o que saiu foi uma alfinetada – Talvez ele não queira ser seu amigo, talvez queira ser seu namorado.
- Não seja ridículo – eu retruquei.
Se fosse algo assim, ele teria me dito. Eu acho.
Assim que o almoço acabou, eu saí de lá o mais rápido possível.
Fui andando para casa com as mãos nos bolsos. Devia ter pegado um casaco. Estava frio.
Eu ri baixo quando pensei o quão ridículo era o "cavaleiro de fênix" sentir frio.
Eu não era um cavaleiro. Não havia cavaleiros.
Não havia cosmo, nem havia deuses.
Nenhum deus deixaria um velho maluco espalhar filhos pelo mundo e mandá-los para treinamento com pessoas desiquilibradas.
Mas ele não nos considerava pessoas. Éramos somente peões que seriam usados em seus devaneios.
Por sorte o velho morreu antes que matasse todos os filhos.
Ainda restaram dez dos cem filhos que o filho da mãe espalhou pelo mundo.
Estamos nos readaptando depois daquela falida Luta Galáctica.
Alguns mais que os outros.
Fiquei surpreso quando vi que já estava em casa. Não tinha reparado que andei tão rápido.
Subi as escadas rapidamente e abri a porta.
Estava tudo intacto como eu tinha deixado.
E isso me acalmou.
Olhei o relógio e ainda era cedo.
Peguei meu material e comecei a estudar.
Era domingo, mas eu não tinha nada melhor para fazer.
Fim do POV
No outro dia Ikki começou a sua rotina logo cedo e em poucos minutos estava na frente da sua escola, a escola secundária Ryonan.
- Eu te desafio para uma partida de basquete! – Akira Sendoh, o calouro do time de basquete do Ryonan, gritou assim que o viu.
Akira era alto, muito alto. Tinha quase um metro e noventa e ainda estava no primeiro ano. Era da sala de Ikki e era calouro do time de basquete. Mas mesmo com pouco tempo no time, ele era a principal estrela.
Era despojado, divertido e atraente. Tinha fã-clubes na escola, e ninguém entendia o porquê ele vivia atrás de Ikki, que para todos era o ser mais sem graça da história.
- Hoje não – Ikki falou e continuou a andar.
Mas Ikki não via nada disso. Só via alguém que o irritava todo dia de manhã.
O mais alto o seguiu, parecia preocupado.
- Com medo de finalmente perder para o gênio Sendoh? – o jogador de basquete perguntou. Andava com as mãos dentro do short coladas aos seus quadris.
- Sonha – Ikki respondeu e fez o outro rir.
Ele só tinha dormido muito mal. Teve pesadelos a noite inteira, mas não falaria isso para o outro. Era pessoal demais.
- Ainda acho que devia entrar para o time de basquete – Sendoh disse despreocupado – Fazer exercícios regularmente faz a gente dormir melhor – ele deu de ombros.
- Quem disse que preciso dormir melhor? – Ikki parou e perguntou olhando para o outro.
- Suas olheiras, baby – Sendoh falou e sorriu – Ja ne – ele disse ao se afastar de Ikki ao ver que o outro ficou sem graça.
Talvez agora ele finalmente se tocasse sobre suas intenções para com ele.
O que ele não tinha ideia é de que o outro sequer percebeu. Apenas achou que eram preocupações normais de amigo.
- Talvez ele seja meu amigo – Ikki pensou e sorriu.
Ele tinha finalmente feito um amigo. Isso era um progresso e a terapeuta ia gostar de saber disso.
Após as aulas, ele foi como sempre para a biblioteca estudar um pouco mais.
Quando a biblioteca fechou, ele guardou seu material e foi até a lanchonete que ficava no caminho de sua casa e continuou a estudar enquanto bebericava seu refrigerante.
E assim era sua rotina diária. Ele era uma pessoa extremamente previsível.
E isso ajudou para que seguissem seus passos.
- Tem certeza que é ele? – Tetsuo, um cara forte e careca com seus trinta e cinco anos, perguntou.
- É o que diz na carta – Brian, um americano musculoso e de boa aparência também na faixa dos trinta, deu de ombros.
- Meu, ele não parece um cara sedento por sexo selvagem – Tetsuo coçou a cabeça.
- Os quietinhos são sempre os piores – Brian deu um sorrisinho sacana.
O fato era que ele tinha achado Ikki uma graça e não via a hora de colocar a fantasia que receberam na carta em prática.
Tetsuo e Brian tinham uma pequena firma que estava começando na indústria pornográfica. Eles lançavam revistas mensais com vídeos de leitores que mandavam cartas com fantasias que eles realizavam e gravavam em vídeo.
Tinha de tudo. Maridos que queriam ver suas esposas serem fodidas por outros caras, caras que queriam orgias com mulheres ou com outros caras, pessoas com taras por outras mais velhas, ou que aparentassem mais novas. Era uma festa só.
Para eles era bom porque não pagavam cachê e isso reduzia muito os custos que tinham. E o leitor podia ter uma fantasia realizada.
Eles tinham recebido uma carta de um aluno de Ryonan chamado Ikki Amamiya, cuja fantasia era ser estuprado por ladrões que invadiam sua casa na calada da noite.
Eles já tinham visto vídeos assim na internet e sempre eram os campeões de visitas. E eles pretendiam melhorá-lo ainda mais. Fariam o melhor vídeo desse tipo já visto.
- Não sei, não. Ele parece meio novo. Tem certeza de que ele tem dezoito? – Tetsuo quis se certificar. Tudo o que não precisavam agora era um processo dos pais do garoto.
- Claro que tenho – Brian respondeu. Era a mentira mais lavada do mundo. Ele não tinha checado nada, exceto quem era Ikki – Bom, eu vou lá – ele disse tirando um remédio do bolso quando viu que Ikki já tinha bebido todo seu refrigerante.
- Mas já? – o outro estranhou.
- Você quer esperar mais o quê? Já estamos seguindo-o há uma semana – Brian sussurrou nervoso e foi até o balcão.
Ele pediu dois refrigerantes, e foi até a mesa de Ikki.
Tetsuo podia ver claramente, de onde estava, a cara de pau do sócio. Não era à toa que ele era o ator de quase todos os filmes deles.
Ele simplesmente chegou, se apresentou, ofereceu uma bebida, e pelo fato dele também estar bebendo a mesma coisa, o garoto sequer pensou algo a respeito. Ele aceitou e continuou a tentar estudar, mesmo com o outro falando. Ele parecia bem tímido.
Quando ele passou pela mesa dos dois, Brian fingindo que só o tinha visto agora o convidou a sentar à mesa com eles. Ikki não reclamou, já parecia sentir os efeitos do medicamento.
E não demorou muito para que perdesse o controle sobre seus movimentos.
Sem querer ele esbarrou o braço na garrafa que estava tomando e derrubou um monte de líquido em cima do seu material.
Eles, fingindo serem amigos prestativos, levaram o garoto embora junto com seu material da escola. Ninguém na lanchonete sequer piscou na direção deles.
Sabiam onde Ikki morava porque o tinham seguido. E quando chegaram lá, só precisaram descobrir o apartamento o que não foi difícil, pois o nome de Ikki estava no interfone.
Era um apartamento pequeno com somente um quarto, mas era bem arrumado. Estava tudo no lugar e era bem limpo.
Eles sabiam que o garoto morava sozinho, mas não acharam que seria tudo arrumado, ainda mais por ele ser novo. Foi uma surpresa agradável.
Arrumaram os equipamentos em dois tempos e enquanto Tetsuo preparava a filmadora, Brian trocou as roupas de Ikki. Achou um pijama no armário e o vestiu.
Eles esperaram algum tempo até começar a sair o efeito do medicamento de Ikki para que ele respondesse aos estímulos para começar a filmar.
- Assina aqui para mim – Brian disse para Ikki, que piscou lentamente a mal conseguia segurar a caneta. Com muito custo ele conseguiu – Bom garoto – Brian falou e riu. Ikki piscava cada vez mais devagar. Parecia com muito sono.
Ambos vestiram uma touca preta que só deixavam seus olhos à mostra e uma roupa escura. Apagaram todas as luzes e começaram.
Ikki realmente parecia estar dormindo, e nem sentiu quando Brian se aproximou e começou a tocá-lo. Só abriu os olhos quando os toques se aproximaram das suas regiões íntimas, mas eles estavam sem foco.
Tetsuo procurava filmar o melhor ângulo quando Ikki finalmente pareceu se dar conta do que acontecia e tentava impedir. Mas seu corpo estava debilitado e Brian era muito maior e mais forte.
E logo Brian estava atrás do garoto, montando-o. Nem tinha tirado toda a roupa ainda. Só tinha abaixado um pouco as calças tanto dele quanto do garoto. Segurava seu rosto de encontro à cama, enquanto metia num ritmo forte.
No começo Ikki tentou se soltar, mas quando Brian o ameaçou, ele simplesmente desistiu. Tetsuo ficou um tanto incomodado pelas palavras e grosserias de Brian. Eles já tinham um filme que provavelmente faria um sucesso absurdo. Não precisavam causar um trauma no garoto. Era faz de conta e só.
Brian o tomou em várias posições, e Ikki parecia simplesmente não responder mais. E isso o irritou.
- Vem pra cá – ele falou olhando para câmera.
Apesar de se sentir mal por ver o outro totalmente submisso, Tetsuo não aguentou. Ikki era bonito e fazia umas semanas desde a última vez que fez sexo.
Arrancou sua roupa enquanto Brian arrancou a de Ikki.
Ele tomou o lugar de Brian, mas não foi como ele imaginou. Não era apertado.
Talvez melhorasse se mudassem de posição.
Ele inverteu as posições e deitou na cama de solteiro, deixando o garoto por cima.
Ikki não conseguia segurar o corpo, e assim que Tetsuo tirou as mãos de seu peito e segurou seu quadril, ele despencou para frente.
Ele tinha ficado com o rosto escondido no pescoço de Tetsuo e quem olhasse de fora poderia achar uma atitude extremamente íntima. Mas Tetsuo achou incômoda. Ele podia ouvir os gemidos do garoto que ele duvidava serem de prazer.
Mas uma pessoa naquela posição era um claro convite para alguém com a mente tão poluída quanto Brian. E não demorou nada para que ele viesse participar.
Tetsuo gemeu quando sentiu o membro do outro colado ao seu, tornando aquele local extremamente apertado como deveria ser antes de tudo aquilo começar.
E logo ele estava acompanhando o outro em suas estocadas.
Não demorou muito para que ambos gozassem. Ele viu o outro se retirar e trazer a câmera. Não conseguia ver, mas sabia que estava filmando o estrago que fizeram no garoto.
Cenas de gozo escorrendo e anus se contraindo quase sempre eram usados nos finais dos vídeos.
Ele podia sentir seu coração ainda acelerado quando saiu do garoto. Ele ouviu um gemido e olhou para o lado quando levantou um pouco o rosto do outro. Tinha lágrimas escorrendo pelo rosto do jovem.
- Prontinho. Vamos embora – Brian chamou o outro que nem sequer tinha se vestido ainda.
- Você tá de brincadeira – o careca reclamou. Ele empurrou Ikki de cima de si com o máximo de cuidado que pôde e se levantou.
E ficou horrorizado quando viu o estado do garoto e do quarto. Tinha sangue e gozo na sua pele e pela cama inteira. Eles tinham realmente machucado Ikki.
- Caralho, Brian. O moleque tá todo machucado! – ele ralhou com o sócio.
- Só fizemos o que ele pediu – ele deu um sorrisinho sacana.
- Ele não pediu para que o rasgássemos em dois. Isso foi ideia sua – ele chiou e começou a levantar o garoto da cama.
- Hardcore vende, ué – ele deu de ombros – O que você pensa que está fazendo? – perguntou quando viu Tetsuo pegando o garoto no colo e indo na direção do banheiro.
- Limpando a merda que você fez – ele se limitou a responder – Vê se faz algo de útil e troca o lençol – falou antes de ir para o banheiro.
Resmungando, Brian fez exatamente o que ele mandou.
Tetsuo foi até o banheiro, mas não conseguiu usar a ducha higiênica antes em Ikki. O garoto mal conseguia ficar em pé.
Suspirando, ele o colocou direto na banheira. Depois trocaria a água. Seria só mais uma coisa a limpar, já que deixaram um rastro de sujeira pela casa toda.
Ele pegou o sabonete e começou a limpar o garoto. Quando chegou à parte ferida, a água ficou rosa e ele praguejou pela violência do outro.
Com cuidado, ele tirou o garoto de lá e o secou. A toalha branca também ficou manchada de sangue, mas, pelo que parecia, tinha diminuído drasticamente o sangramento. Com sorte o garoto não precisaria ir a um hospital. E sem hospital, eles não ganhariam um processo.
- Esmeralda? – o garoto falou com os olhos semicerrados.
Tetsuo franziu a testa. O garoto parecia realmente estar fora de si por confundi-lo com uma mulher.
- Está tudo bem – ele tentou falar com uma voz suave. Não queria despertar o garoto.
Aparentemente foi a coisa certa a se falar. Ikki apoiou sua cabeça no ombro do outro e apagou.
Ele teve um pouco de trabalho para levá-lo de volta ao quarto, e ficou aliviado quando viu que pelo menos a cama estava arrumada.
Deitou o garoto na cama e começou a procurar um pijama no armário.
- Acho que tiramos a sorte grande, Tetsuo – Brian falou com uma voz animada e isso causou um arrepio no sócio. Eles tinham abusado de um garoto da pior forma possível e Brian ainda parecia animado com isso – Eu nem tinha me ligado antes, mas nós fodemos uma celebridade – ele explicou animado.
- Do que está falando? – o careca falou mal-humorado enquanto vestia o garoto. Ele não parecia ninguém importante.
- Se lembra dos caras da Fundação Kido que participaram daquela Luta Galáctica?
- Quem? Aqueles lutadores que se diziam cavaleiros?
- Esses mesmo. Ele é um deles – Brian disse animado. Parecia que tinha descoberta uma mina de ouro.
- Tá de zoeira – ele não acreditou.
- Não tô, não. Ele é o Cavaleiro de Fênix – Brian parecia não se conter em si de tanta alegria – O carinha que chegou botando pra foder e calando a boca de todo mundo.
Tetsuo se lembrava dele. Era o seu preferido porque acabou com aquele programa de mau gosto na televisão. Pessoas lutando com armaduras ridículas, gritando golpes ridículos para um público estúpido.
Foi obviamente cancelado após Fênix aparecer e se negar a lutar, dizendo que aquilo era só o devaneio de um velho caduco e que nada daquilo existia. Ele acabou com a magia da coisa toda.
- Podemos ir? Não vejo a hora de lançar esse vídeo. Vamos ficar ricos! – ele comemorou e Tetsuo não pôde deixar de sorrir – Imagina só: Fênix, a ave mais vadia do Zodíaco – Brian sugeriu e o outro riu com gosto. Era um nome ridículo.
- Pode ir na frente. Ainda vou dar uma geral aqui – ele respondeu – Não queremos que a pessoa que vai nos dar mais grana, reclame que deixamos sua casa bagunçada, não é?
- Tem razão - o americano concordou – Vou indo na frente, então – ele levou o equipamento e deixou o sócio para trás.
Tetsuo esperou-o sair e começou a limpar e colocar as coisas no lugar.
Duas horas depois, ele saiu.
Ikki acordou somente no fim da tarde do dia seguinte com o telefone tocando.
- Fala – ele atendeu ao telefone. Estava com uma baita dor de cabeça e seu corpo todo doía.
- Ikki? Por que não veio à aula? Perdeu a prova – Sendoh falou – Fiquei preocupado.
Isso fez Ikki arregalar os olhos.
- Que horas são? – perguntou surpreso.
- Quase dezoito já – o jogador de basquete respondeu.
E isso fez o seu sangue gelar.
Ele nunca dormia mais do que deveria. Era até difícil pegar no sono. Sempre tinha pesadelos.
E a noite anterior não tinha sido diferente.
Teve sonhos horríveis com seu antigo mestre.
Eles pareciam tão reais.
Sentia o efeito do sonho pelo corpo até.
- Eu tenho que ir – ele disse e desligou na cara do outro – É só minha imaginação – ele repetiu para si mesmo - Ele não pode ter voltado. Ele está morto – ele tentou se acalmar.
Voltou para o quarto e puxou sua coberta. Sua cama tinha marcas de sangue.
Não tinha sido um sonho.
Fim do capítulo 1
