Adeus2
O carro entrou pela rua principal da pequena cidade com o radio ligado, tocando How You Remind Me. Dentro do carro, Sawyer observa o local. Casas modestas, árvores plantadas nas calçadas. Típica cidade de interior.
FLASHBACK
Sawyer acabou de falar com Hibbs. Está entrando no bar do hotel aonde havia prometido se encontrar com sua mais nova conquista.
Lá estava ela, em uma mesa reservada. Ele começou a ir em direção a mesa, mas alguma coisa o fez parar. Como ela não havia notado ainda que ele estava ali, Sawyer deu meia volta e entrou novamente no elevador.
O elevador abriu as portas na garagem. Sawyer saiu e foi direto para seu carro.
FIM DO FLASHBACK
Ele continuou dirigindo, em direção ao que parecia ser a parte mais pobre da cidade. O que ela poderia estar querendo indo até lá?
SAWYER: Tem certeza de que quer fazer isso?
KATE: Tenho.
Ela olhava pela janela.
KATE: Vira na próxima.
A musica mudou para Just For.
FLASHBACK
Kate saiu de casa há um ano e meio, se casou com um namorado em Las Vegas, mas as coisas não saíram exatamente como planejado, então se separaram e agora ela resolveu ver sua mãe. Mas como sempre, as duas discutiram sobre Wayne.
Irritada, Kate entrou em seu quarto e trancou a porta para arrumar suas malas. Do lado de fora Diane bate na porta, pedindo para que a filha abra.
KATE: Quer saber? Vou morar com o papai, que eu ganho mais!
DIANE: Você sempre morou com seu pai!
Kate deixou o antigo scrapbook que iria pôr na mala cair no chão. Estava em choque. Pálida, ela foi até a porta, que abriu lentamente.
KATE: Ele sabe?
Diane não disse uma palavra, mas seu olhar foi o suficiente para Kate entender a resposta. Ele sabe. Ela então bateu a porta na cara da mãe.
DIANE: Kate! Por favor, minha filha, precisa entender! Eu fiz isso... menti para você porque...
Kate não queria saber. Ligou o rádio do quarto no máximo. Tudo o que queria no momento era que um buraco se abrisse no chão e a engolisse de uma vez.
Foi quando olhou para o chão e viu o scrapbook próximo a seu pé, aberto na página onde haviam uma foto de seu melhor amigo e confidente Tom, e outra de seu pai, ou do homem que ela acreditou ser seu pai, Sam.
FIM DO FLASHBACK
O carro parou em frente a uma casa. Esta parecia um pouco mais nova que as outras da redondeza.
Kate hesitou por um momento em abrir a porta.
SAWYER: Eu vou.
KATE: Não.
Ela abriu a porta e saiu do carro. Precisava fazer aquilo sozinha.
Enquanto caminhava em direção a casa, milhares de memórias vinham em sua mente. A explosão da casa, Tom baleado a seu lado no carro, o momento em que o avião começou a cair.
Parou em frente à porta da casa. Deu uma olhada para trás, Sawyer está em pé ao lado do carro, a esperando. Respirou fundo e bateu. Então entrou.
Andando pelo corredor da casa, Kate se lembrou de quando tentou ver sua mãe no hospital e ela gritou, avisando os policiais. Pelo menos dessa vez parece que o plano de Sawyer deu certo e todos acreditam que Kate Austen morreu na queda do vôo 815.
Kate mais uma vez hesitou diante de uma porta. Esta na verdade não é uma porta, mas o batente que separa a cozinha do resto da casa e foi inevitável que sua presença não fosse notada.
KATE: Oi mãe.
DIANE: Katherine?
A senhora deixou o prato que estava enxugando se espatifar no chão e foi abraçar a filha. Por mais que tivesse medo de que Kate a odiasse por ter lhe entregado a policia ou que pudesse lhe fazer algum mal quando se encontraram no hospital, agora era impossível esconder o alivio de ver sua única filha viva.
DIANE: Disseram que...
KATE: Eu tinha que fugir da policia. Troquei minha identidade com a de outra garota que morreu na queda.
Diane achou a resposta de Kate um tanto quanto fria.
DIANE: O que... o que faz aqui?
KATE: Eu queria... saber se estava bem.
Kate se afastou de sua mãe e agachou-se para pegar os cacos de vidro no chão. Na verdade, estava evitando um contato direto.
KATE: E vim pedir perdão por tudo que fiz.
Diane pegou Kate pelo braço, a fazendo levantar-se e se encararem olho no olho.
DIANE: Perdão? Matou seu pai!
KATE: Ele não era meu pai! Ele... ele... Mãe, você sabe o que ele fazia!
DIANE: Wayne nunca encostou um dedo em você!
KATE: E precisava! Com aqueles olhares nojentos e aquelas conversar obscenas?
DIANE: Não era motivo pra mata-lo!
KATE (GRITANDO): Eu sei!
Diane soltou o braço de Kate, que estava tremendo.
KATE: Não tô dizendo que o que fiz foi certo. Mas foi a única solução que vi naquela hora.
DIANE: Única solução!
KATE: A senhora ia morrer apanhando daquele desgraçado que só servia pra gastar o seu dinheiro no bar e tentar me agarrar à força quando chegava em casa! Eu não ia deixar que acontecesse mais!
As duas se entreolharam por um momento. Então Kate se moveu. Enfiou a mão dentro da bolsa que estava carregando e tirou de dentro um caderno pequeno de capa dura.
KATE: Tive muito tempo naquela ilha pra pensar no que fiz.
Ela colocou o caderno em cima da mesa e saiu.
FLASHBACK
Kate está andando na beira da praia, à noite. Acabou de ter uma discussão com Ana Lucia que jogou em sua cara que ninguém deveria confiar em uma assassina. Sawyer se aproximou e puxou conversa.
SAWYER: Vai me contar?
KATE: É coisa minha.
SAWYER: Aquela carta também era coisa minha, mas você já sabe do grande segredo. Não acha que mereço um voto de confiança?
Ele ficou de frente para ela, a fazendo parar de caminhar.
SAWYER: Pelo que sei esse tal cara se chamava Wayne e devia ser seu pai. E com certeza não era boa coisa.
Ao contrario do que Kate pensava, Sawyer ouviu tudo o que ela disse na escotilha quando achava que de alguma forma esse tal Wayne estava tentando se comunicar com ela.
KATE: Você quer matar o homem que arruinou sua família. Eu matei meu pai. (SARCASTICA) Sou a pessoas mais confiável da ilha.
SAWYER: Tá.
KATE: "Tá?" Cara, eu não te entendo, sabia?
SAWYER: Às vezes nem eu me entendo.
Ela sorriu.
SAWYER: Agora sim!
KATE: Sawyer. Todo mundo acha que matei meu padrasto. E quero que continuem pensando isso.
SAWYER: Não vou contar a verdade nem sob tortura.
Sawyer sorriu, se referindo ao primeiro beijo dos dois. Kate sorriu de volta. E ele a beijou.
FIM DO FLASHBACK
Kate saiu da casa e foi direto para o carro sem olhar para trás. Diane veio em sua cola, mas não alcançou os passos largos de sua filha. Ao chegar na porta, tudo o que viu foi Kate abraçar um homem que estava parado ao lado de um carro e em seguida pegar um bebê que estava no colo dele. Ele abriu a porta para que ela entrasse e em seguida também entrou no carro, indo embora.
Dentro do carro, o cd ainda está tocando, agora Photograph. Kate brinca com os dedinhos da pequena Shannon enquanto Sawyer faz o caminho de volta, saindo da cidade.
FIM