Título da Fic: Natividade.
Anime: Weiss Kreuz
Casal: Aya x Omi/ Yohji x Ken x Yohji
Classificação: Yaoi/ Lemon/ Angust/ Suspense/ Fluffy/ M-Preg
Status: Em andamento.
Autora: Freya de Niord
Beta: Yume Vy
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Aviso
Esta fic contém M-Preg, ou seja, gravidez masculina. Se você não gosta, peço encarecidamente que feche a janela clicando no 'x'. Se você gosta, continue!
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Natividade
Capítulo I
- Vocês têm certeza disso? Afinal é uma grande responsabilidade...
- Sim. – os dois responderam em uníssono.
- Pois bem... Vamos marcar a cirurgia para daqui a um mês. Seus exames me mostram que está tudo bem e não haverá empecilhos.
- E por quanto tempo teremos que esperar? – perguntou o mais jovem.
- Humm... Acho que uns três meses, até que a cicatrização seja completa e seu corpo se ajuste perfeitamente à nova prótese... – respondeu a doutora examinando suas anotações.
- E depois disso? – o mais velho perguntou curioso.
- Depois... – ela abriu um grande sorriso. – É só esperar acontecer!
Os dois sorriram também.
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Alguns meses antes...
- Você tem certeza que é apenas uma gripe? Já falou com a médica?
- Quer parar com isso? Eu já disse que é apenas uma gripe e sim, eu falei com a médica. Ela me disse que se a febre não subir, pra continuar com o antitérmico. Caramba Yohji, eu estive com ela hoje de manhã!!! – Ken estava ficando aborrecido com as eternas preocupações de seu koibito.
O pequeno Kenji não estava nem aí para a conversa de seus pais. Ele brincava calmamente na sala, sem se importar com o que estava ocorrendo ao seu redor. Omi entrou e viu a cena, acabara de chegar de seu TCC, tese de conclusão de curso, e estava ansioso para falar com Aya sobre seu sucesso. Finalmente estaria se formando e dentre em pouco teria que escolher a faculdade.
Ao ver a cena sentiu uma pequena pontada em seu coração. De certo modo tinha uma pequena inveja de seus dois amigos. Ter um filho de Aya era tudo o que queria, mas o ruivo fora taxativo ao dizer que teria que primeiro terminar seus estudos, cursar uma ótima faculdade de informática e, depois de seus próprios desejos realizados, poderiam pensar em filhos, afinal, ambos tinham uma vida toda pela frente. Mas ultimamente esse não era seu maior desejo. Um outro desejo brotava dentro de si.
Kenji viu seu tio chegar e abriu um grande sorriso. Foi meio engatinhando e meio andando e apressou seus pequeninos passos ao ver os braços dele estendidos. Assim que a curta distância foi vencida, ele foi erguido no ar e ganhou um grande beijo.
- Kenji-kun! – abraçou-o apertado. Sentiu sua pele levemente quente e viu os remédios em cima da mesa, recém comprados. – O que foi? Você está dodói? – perguntou como se ele pudesse entendê-lo.
- Ele está com uma pequena gripe, só isso! – o moreno falou para tranqüilizá-lo, mas o chibi desconfiava que a mensagem não foi só para ele ao ver a direção que o moreno olhava.
- Não sei não, acho que ele não está tão bem assim...
- Yohji! Chega! Não vou sair de novo e deixar que ele pegue essa friagem do final da tarde, aí sim é que tenho certeza que a gripe dele vai piorar!
- O que está acontecendo? – Aya entrou. Tinha acabado de fechar a Koneko.
- É só uma gripe, Aya... Acabei de voltar do médico. – repetiu Ken pela milionésima vez.
Ao ver o tio, Kenji abriu um sorriso ainda maior e fez de tudo para sair do colo de Omi querendo o colo do ruivo. Aya, sem perder seu ar sério aproximou-se dele, pegando-o do colo do chibi, e era evidente a felicidade do garoto ao ser carregado por ele.
- Hunf! Não sei o que meu filho viu nele... – Yohji resmungou baixinho. Desde que era menor, seu filho adorava o ruivo. Kenji estava com pouco mais de um ano, mas ainda abria aquele sorriso todo especial ao vê-lo.
Omi e Ken se olharam e começaram a rir baixinho. A atenção de Aya estava toda voltada para o pequenino, enquanto Yohji olhava toda a cena morrendo de ciúmes. Uma vez o loiro tentara tirar Kenji dos braços do ruivo e o garoto abriu o maior berreiro que se podia ter idéia. Yohji havia tentado de tudo, até que Ken se encheu e o pegou no colo, sendo que também fracassara em fazê-lo ficar mais calmo e foi só quando voltou para os braços de Aya que ele se acalmou, até adormecer em seu colo.
Depois disso o loiro nunca mais tentou fazer algo desse tipo. Havia aprendido a lição, mas não conseguia evitar os olhares quando o via nos braços dele. Até parecia que o Kenji o achava uma espécie de ídolo.
O chibi viu o quanto Aya mudava quando tinha Kenji nos braços, seu olhar duro suavizava-se ante aquele pequeno ser e seus modos eram delicados e carinhosos. Ele conhecia muito bem aquele jeito. Somente quando os dois estavam a sós, conversando ou amando-se é que o via assim. Uma faceta que até agora só fora mostrada para ele e nunca em público. Mas desde o nascimento de Kenji, o ruivo permitiu que outra pessoa recebesse esse mesmo carinho e dedicação.
Essa foi uma das razões que o fizera repensar em seu futuro. Sabia que agora estava na idade em que poderia pensar em ter filhos, sem risco para seu desenvolvimento. Mas também queria estudar e se formar em uma boa faculdade, porém quando via a felicidade de Ken e Yohji, sua decisão fraquejava. Pensava se não era hora de aumentar aquela família...
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- Você está tão pensativo... O que foi? – perguntou Aya, enquanto os dois estavam abraçados na cama.
- Nada... – tentou desconversar.
- Não minta pra mim! – falou em seu tom mais rigoroso. – Sei que tem algo que está lhe perturbando... – o ruivo olhou diretamente para os olhos de seu koibito.
Naquela noite eles comemoraram sua formação no ensino básico. Agora ele estava pronto para cursar uma boa faculdade. Meses antes os dois estavam juntos escolhendo qual seria, pois Omi não queria nada longe e, com suas boas notas, podia se dar o luxo de escolher. Já haviam visitado várias até que uma lhe chamou a atenção. Tinha um bom currículo e o mais importante, era perto da Koneko.
- Eu... Só estou preocupado com o futuro – disse uma meia verdade.
- Mas você não tem que se preocupar... Você terá um futuro brilhante... Eu sei disso! – e o beijou carinhosamente.
- Eu sei que é bobagem minha, esqueça! – e sorriu como sempre fazia. – Acho que agora estou com vontade de comemorar mais... – seu sorriso tornou-se mais malicioso.
- E o que seria? – disse beijando a nuca e o abraçando mais forte, enquanto suas mãos começavam a acariciar seu corpo nu, encaixando-se cada vez mais.
- Hummm... – os primeiros gemidos começaram a surgir. – Acho que está adivinhando direitinho...
Já era madrugada e Omi ainda não havia conseguido dormir. Podia ouvir a respiração calma do ruivo abraçado a si em um calor muito gostoso. Tinha medo de se mexer e acordá-lo, por isso ficava imóvel e pensativo.
Ao longe ouviu o fraco choro de Kenji e a voz de Ken acalmando-o e, pelo jeito, dando o remédio. Sabia que a noite seria longa para os dois, pois quando o pequeno estava doente, sempre ficavam acordados quase todas as noites. Mesmo com todo o trabalho e responsabilidade de criar uma criança, nunca viu nenhum deles sequer reclamarem sobre qualquer coisa. Muito pelo contrário, eles mostravam-se excelentes pais.
Todos eles ainda aceitavam as missões da Kritiker, mas não com tanta freqüência. Sempre que saíam, Ken e Yohji revezavam-se para ficar em casa com Kenji. Os dois haviam conversado longamente sobre isso, e os riscos que cada missão impunha era muito grande e por isso achavam que os dois não precisavam se arriscar, sendo que se algo desse errado, Kenji teria sempre alguém ao seu lado.
Mas com o passar do tempo esse quadro mudou e tanto Ken quanto Yohji quase não participavam das missões, deixando tudo a cargo de Omi e Aya. Tinha certeza que era somente uma questão de tempo até se afastarem da Kritiker. Todos tinham dinheiro suficiente para se manter por toda a vida e, além disso, a Koneko sempre deu um bom rendimento. Ele mesmo não sabia o que o motivava a participar disso tudo. O ruivo também não necessitava participar daquilo, pois já havia arrancado a promessa da Kritiker de que cuidariam de sua irmã pelo resto de vida que ela tivesse.
Deu um longo suspiro. Sua indecisão quanto ao futuro crescia a cada momento, a cada olhar de Kenji... A cada risada daquela criança que encheu de alegria a todos. Seus passados sombrios, seus sofrimentos e suas vidas vazias foram preenchidos em um instante por aquela criança abençoada.
Mas ainda tinha medo de falar com Aya, de saber sua opinião. Mesmo que seu carinho com Kenji fosse excessivo, o passo de ter um filho próprio era uma coisa muito diferente. Um filho mudaria para sempre o modo que ambos encaravam a vida, teriam que pensar no futuro dele e viver para ele.
Ainda se lembrava de seu olhar sério, quando tocou nesse assunto. Ele não havia pensado duas vezes antes de dizer que ainda não era hora, que seu corpo ainda não estava preparado e que os riscos eram muito grandes. E havia seu sonho para entrar na faculdade e se especializar na área de informática, tendo o diploma para que pudesse seguir uma carreira fora de assassino da Kritiker. Afinal não queria esse futuro para ambos.
Omi interpretou isso como sinal de rejeição, que o ruivo não queria ter um filho com ele. Respeitou sua opinião e guardou as lágrimas dentro de si... A dor e a decepção. Deu seu melhor sorriso para o ruivo, concordando com tudo e o abraçando-o fortemente para que não visse o quanto estava triste.
O tempo passou e Kenji nasceu, daquele modo atribulado, com Ken entrando desesperado no quarto, falando que Yohji estava com contrações e pegando-os em uma "brincadeira" (1).
Foi então que tocou no assunto pela segunda vez, tendo a mesma resposta. Mas algo dizia que talvez o ruivo estivesse mudando de idéia. Quando tiveram que bancar a babá do Kenji (2) e quando ele ficou preso naquele porão no dia do aniversário do ruivo, onde acabaram tendo uma noite maravilhosa (3) pareceu ao chibi que seu koibito já não estava tão resistente com a possibilidade de terem um filho... Mas o chibi ainda tinha medo. Medo de mais uma vez ouvir a rejeição por parte de Aya e não saber se iria agüentar ouvir aquilo novamente...
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Omi acordou cedo. Mesmo com a noite mal dormida, não aparentava estar com sono e indisposto. Muito pelo contrário, sua disposição era grande. O que poucas pessoas sabiam, era que o chibi era capaz de fingir muito bem, enterrando dentro de si sentimentos que o faziam sentir-se triste.
Tomou um banho, deixando o ruivo adormecido. Era feriado e todos poderiam acordar mais tarde, sem as obrigações e correrias do dia a dia. Resolveu dar uma passadinha para ver como Kenji estava. Ficou surpreso ao ver Ken e Yohji em cima de um futon ao lado do berço do menino. Pelo jeito resolveram dormir por lá mesmo.
Kenji estava acordado e o olhava alegre, como se finalmente alguém lhe desse atenção, rindo e abrindo seus bracinhos. Ken imediatamente acordou assustado e viu Omi de pé.
- Ele está melhor. – disse Omi ao colocar a mão na testa dele. – Parece que a febre abaixou... Fiquem dormindo mais um pouco e pode deixar que eu tomo conta dele. Relaxem...
- Arigatô, Omi-kun. – e Ken fechou novamente os olhos. Confiava no chibi e sabia que seu filho estaria em ótimas mãos.
Omi carregou Kenji prontamente para baixo, mas antes trocou as fraldas. Como ainda era muito cedo resolveu ficar brincando. Os dois se divertiam muito e o arqueiro conversava como se pudesse entendê-lo. O garoto era esperto e mostrava sinais disso, aprendia tudo que lhe ensinavam muito rápido, gostava de brincar com brinquedos educativos, daqueles que cada figura geométrica se encaixava perfeitamente no seu respectivo buraco.
O chibi levou quase todos os brinquedos do quarto dele para baixo, afastou a mesa de centro tornando a sala um grande playground com brinquedos espalhados por todos os lados. Depois de um tempo ele reclamou de fome e Omi lhe deu uma banana, que Kenji comeu inteirinha e ainda teve pique de beber o leite. Depois voltaram a brincar novamente, e o loirinho havia esquecido completamente da hora até que ouviu a voz dele. - Ora, ora, então eu fui trocado por ele? – disse divertido.
- Aya-kun!? – ficou vermelho ao lembrar que havia esquecido completamente de fazer o café. Viu o relógio e eram pouco mais de dez horas. – Há quanto tempo está aí?
- Tempo suficiente para ver duas crianças se divertindo muito! – sentou-se ao lado deles e deu um pequeno selinho em seu koibito. – Parece que vocês andaram aprontando bastante... – disse olhando para toda aquela bagunça.
- Gomen, né? Esqueci completamente do café... Mas é que fui ver o Kenji e como Yohji e Ken não dormiram a noite toda resolvi cuidar dele e deixar que eles descansassem um pouco. Já vou preparar. – e levantou-se apressadamente. – Você pode cuidar dele pra mim?
- Espere! – e o agarrou pelo braço antes que se fosse. – Não estou com tanta fome... Vamos ficar aqui mais um pouco.
Omi ficou surpreso com as palavras dele. Mas obedeceu e sentou-se novamente. Dentro de pouco tempo os três estavam se divertindo muito, Kenji parecia completamente recuperado e ria bastante com as brincadeiras. Por um momento o chibi parou e percebeu o quanto seu koibito estava feliz e isso fez a semente da esperança brotar em seu peito.
Os dois praticamente ficaram de babá quase o dia inteiro, já que tanto Ken quanto Yohji estavam muito cansados. Teve uma hora em que os dois desceram para tomar o café / almoço e, ao verem quanto o pequeno estava bom voltaram para descansar mais.
Foi um dia muito gostoso tanto para Aya quanto para Omi. Mesmo que os dois tivessem que cancelar seu passeio, pois iriam aproveitar para ir à praia, não se arrependiam nem um pouco.
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Os dias passaram e a formatura veio. Omi saiu por um final de semana para passar com seus amigos, uma despedida para uma nova fase de sua vida. Infelizmente seria restrito somente aos alunos e por isso Aya teria que ficar em casa.
O chibi saiu bem cedo, com sua mochila e de certo modo animado. Mas o ruivo percebeu que ele não queria separar-se dele, viu a dúvida estampada naqueles lindos olhos, o que lhe encheu de uma alegria egoísta. Aya resolveu descer e percebeu que tanto Ken, Yohji e Kenji estavam prontos para sair também.
- Vão sair?
- Sim, vamos aproveitar o dia para levar o Kenji para um zoológico. Ele adora animais e o tempo está perfeito para isso! – falou Ken todo animado.
- Mas você vai levar tudo isso? – Yohji estava sobrecarregado, com uma grande mochila nas costas, uma sacola ao lado e uma grande cesta de piquenique.
- Eu só estou levando o essencial! – protestou Ken – São roupas reservas, fraldas, lenços umedecidos, pomada contra assaduras, remedinho dele do ouvido, uma toalha, a comidinha dele, a nossa comida... – e continuou relacionando... – Ah! Esqueci do mantinho dele! – e subiu as escadas correndo.
- Não acredito! – disse largando tudo no chão, desesperado pela quantidade de coisas. – Tá parecendo que estamos mudando.
- Nyaaah... – gritava o garotinho no cercadinho rindo da cara do pai.
Aya sorriu discretamente ante a situação. Dentro de poucos momentos Ken desceu com o manto e mais algumas coisinhas que dizia ser "essenciais" para o passeio. Depois de uma brava luta contra a bolsa, milagrosamente tudo coube lá dentro e os três partiram.
Foi então que o ruivo percebeu que há muito, mas muito tempo não ficava sozinho na casa. É lógico que em suas visitas à sua irmã ia sozinho, mas de certo modo tinha a companhia dela. Por um momento ficou parado onde estava, indeciso no que iria fazer. O silêncio de certo modo era incomodo acostumado como estava com os costumeiros barulhos de todos, principalmente do bebê...
Bebê... Já não se podia chamá-lo assim, estava se tornando um belo garotinho e aprendendo a dar os primeiros passos. Lembrou com certo orgulho que Kenji arriscou-se a ficar de pé no dia em que os dois estavam cuidando dele. Foi a maior festa com todos!
Suas vidas estavam mudando. Tomando um rumo muito mais tranqüilo do que a vida de assassinos que levavam. Rancores, medos e vingança estavam dando lugar à paz de espírito que tanto buscavam. A roda do destino começou a mudar quando sentiu por Omi um amor que pensou nunca poder sentir novamente. Pensava que seu coração era de pedra, mas mostrou que restava alguma humanidade nele.
Aceitou-o e foi aceito tão plenamente que não conseguia acreditar. Por um bom tempo sentiu-se inseguro dos seus próprios sentimentos, mas o chibi foi paciente, nunca cobrando algo, sempre esperando por ele. O tempo ensinou-lhe a confiar no jovem arqueiro e pouco a pouco foi abrindo seu coração. Nunca pensou nele como filho daquele odiado homem e sim em um adorável rapaz chamado Omi Tsukiyono.
Pela primeira vez em muitos anos aprendeu a sorrir novamente, a sentir-se relaxado na companhia de outra pessoa. Dividiu sua dor pelo estado de sua irmã com ele, suas angústias e dúvidas. Omi o ouvia seriamente, nunca fazendo pouco caso e de certo modo sofriam juntos. A relação que ambos construíram era estável e segura, baseada em confiança mútua. Mas agora começava a sentir falta de algo, queria mais...
Esse sentimento surgiu com o nascimento de Kenji. Aquele garoto encheu de alegria o lugar, tornando-os muito mais unidos e dando prosseguimento no processo de mudança de suas vidas. Mas também fez nascer em Aya um novo sentimento, uma nova necessidade. Queria ter um filho com Omi!
Sem que o chibi soubesse, começou a fazer pesquisas sobre o processo de gravidez em homens. A ciência havia evoluído muito desde o nascimento de Kenji e um cientista japonês (4) desenvolveu uma nova prótese com um índice de rejeição abaixo dos dois por cento.
Agora não era mais necessária à fecundação no homem tanto do óvulo quanto do espermatozóide. No caso de Kenji, graças a Omi, Yohji encontrou uma parenta muito distante, mas que carregavam as características genéticas da família do loiro e por isso Ken somente forneceu o espermatozóide para fecundação do óvulo.
A ciência de agora havia desenvolvido algo muito mais natural. Ainda havia a necessidade de instalação da prótese do útero para carregar o filho, mas não havia necessidade de fornecimento do óvulo. Através de alguns medicamentos era possível que o homem gerasse, por um curto período de tempo, óvulos, o que abria uma grande possibilidade para eles. Seria um filho deles, só deles.
Foi com tristeza que soube que não seria compatível para carregar a criança. Como no caso de Ken, haveria com certeza uma rejeição. Então, com certeza, seria Omi a carregar seu filho.
Mas como poderia pedir isso para Omi? Quando tiveram essa conversa há alguns anos, antes de Kenji nascer, haviam rejeitado a possibilidade, pois o chibi ainda era muito novo e tinha toda uma vida pela frente...
Quando conversaram pela segunda vez, após o nascimento de Kenji, não mudara sua decisão. Mesmo que quisesse o contrário, não queria fechar as portas de um futuro brilhante que aguardava seu koibito. Sabia que ele era inteligente e seria capaz de progredir muito na vida, queria que a vida de assassino ficasse para trás, por isso decidiu contra mais uma vez.
Teriam tempo para isso mais tarde, quando o chibi aproveitasse todas as opções que a vida lhe oferecia. Foi o que pensou a princípio, achando que estaria tudo bem, que seguraria seu desejo... Mas a cada dia sentia uma certa inveja de seus amigos, ao vê-los tão felizes e realizados com Kenji em seus braços.
Fazia um esforço supremo para esconder seus sentimentos, o que era difícil uma vez que aprendera sempre a dividir tudo com ele. Mas não mudaria de idéia, achando que estava fazendo o melhor para a pessoa que se tornou mais importante que sua própria felicidade.
Suspirou profundamente. Não podia ficar pensando nisso. Resolveu ler um livro, coisa que não fazia há um bom tempo. Sentou-se no sofá da sala e começou a folheá-lo... Mas logo em seguida fechou. Definitivamente aquele silêncio todo estava incomodando-o. Parecia que havia voltado alguns anos atrás, quando ainda aceitavam uma missão atrás de outra. Quando cada um deles estavam centrados em seus próprios problemas, isolados em sua própria solidão. Jogou o livro no sofá e resolveu sair também, iria até o hospital visitar sua irmã. Ao fechar a porta atrás de si, desejou que, ao voltar, tudo voltasse ao normal novamente.
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O final de semana fora ótimo e Omi havia se divertido imensamente. É claro que sentia a falta de Aya e acabou lhe telefonando um monte de vezes, mas gostou de estar com seus amigos. E esse tempo também foi muito bom para que pudesse pensar um pouco.
Quando a noite chegou aproveitou o momento em que todos estavam dormindo para passear um pouco. O céu estava lindo, com as estrelas pulsando e a Lua despontando majestosa e brilhante.
Pensou em todas as decisões que tomou em sua vida, e os fatos que o levaram até o ruivo. Muita tristeza e sofrimento foi a estrada que escolheu continuar seguindo, mas sua recompensa valeu a pena, apesar de tudo isso.
Agora, mais uma vez, estava em uma encruzilhada. Ou perseguia o futuro que sempre sonhou ou perseguiria o novo sonho que nasceu dentro de si. Os dois eram igualmente apetitosos, mas a cada dia o novo sonho estava tomando lugar do velho sonho.
Se realmente quisesse persegui-lo, teria que verdadeiramente estar seguro de sua escolha, pois afinal essa criança mudaria para sempre o rumo de sua vida, quer dizer, não só da sua, mas de ambos. Deitou-se na grama macia que cercava a casa e olhou para o céu. As estrelas brilhavam mais do que nunca pulsando vivas e alegres. Estavam sempre em movimento e, se fechasse os olhos por um instante, já não estariam no mesmo lugar.
Fechou os olhos e acabou adormecendo ali mesmo. E sonhou... Sonhou com sua vida com Aya e havia mais uma terceira pessoa presente... Um pequeno ser que sorria para eles, seus olhos chamando-os insistentemente e acordou ao sentir o frio da noite. Mas ainda lembrava-se perfeitamente do sonho que tivera e sabia exatamente o que seu coração queria lhe dizer.
Ao voltar na noite de domingo, jogou-se nos braços de Aya em um beijo apaixonado e cheio de saudades. Fora igualmente recepcionado, o que lhe fez sentir um calor agradável a percorrer todo o corpo. Kenji já estava dormindo para decepção de Omi, mas tanto Ken quanto Yohji estavam assistindo televisão juntinhos, aproveitando cada momento.
- Oi Omitchi! – cumprimentou alegremente Ken. – Como foi?
- Foi muito bom! Nos divertimos bastante.
- É... me disseram que a paisagem é linda! – Yohji falou maliciosamente, querendo, obviamente, dizer outra coisa bem diferente. – E com esse calor que fez, todos ficaram bem à vontade, né? Você deve ter feito o maior sucesso! Aqueles shorts lhe caem muitoooo bemmmm...
- Yohji-kun!!!! – protestou enrubescido
- Yotan! Você sabe que o Omi seria incapaz disso! – Ken tentou intervir, pois via a cara de assassino que o ruivo estava dirigindo ao loiro.
- É... Tantos garotos nessa idade juntos... Os hormônios em alta... Sem ninguém por perto... – falou sonhadoramente, ignorando completamente o olhar do ruivo.
- Eu... Eu... – Omi ficou ainda mais vermelho. O loiro estava certo em dizer que recebera várias cantadas, mas havia descartado cada uma delas. Mas não queria falar nada pro Aya, pois sabia que ficaria aborrecido.
Ken então deu um baita beliscão no loiro. Seu koibito estava perto, muito perto de ser assassinado.
- Aiiiiii Ken! Endoidou?
- Não, muito pelo contrário! Venha! – e o arrastou até a cozinha. – Estou com fome! Quero que me prepare um sanduíche.
- Não pode ir sozinho? O filme ainda não acabou...
- Não, não posso e não quero! Vamos! – pegou desesperadamente o braço dele. – "O que deu na cabeça dele para provocar tanto o ruivo?" – pensou, mas percebeu que o mal já estava feito ao dar uma última olhada na cena. Viu um pequeno sorriso malicioso se formar nos lábios dele. E sabia que não iria gostar nada, nada, do que estava por vir...
- Aya... Eu... Nunca... – o chibi estava todo atrapalhado, mas o ruivo o interrompeu com outro longo beijo.
- Esqueça! Eu sei... – e sorriu carinhosamente. – Vamos, estou com saudades e preciso de você! – sua voz estava rouca de desejo e isso arrepiou inteirinho o corpo de Omi.
- Mas eu ainda tenho que tomar um banho...
- Eu quero sentir seu cheiro... – e o agarrou novamente dando beijinhos em sua nuca... – Vamos... Não vou conseguir me controlar por muito tempo... – sussurrou em seu ouvido.
O chibi simplesmente se deixou guiar. Também estava com saudades e sentia a excitação crescer dentro de si. Foram imediatamente para o quarto, onde foi jogado sem cerimônia na cama e suas roupas praticamente rasgadas, de tão grande que era o desejo dos dois.
- Eu já te disse que te amo? – perguntou Omi.
- Hoje ainda não... – sorriu o ruivo.– E saiba que eu te amo mais ainda. – foi a última coisa que disse antes de atacá-lo.
Após saciarem seu desejo, finalmente Omi pode ter seu banho. Ficou debaixo da água por um bom tempo, sentido o cansaço ir embora. Ao sair viu o ruivo acordado olhando para ele, ainda com o desejo aceso em seus olhos.
- Venha. Minha saudade ainda não acabou... – ele chamou.
- Aya-kun! Precisamos conversar... – o chibi achou que já era hora de terem a conversa que havia adiado há tanto tempo, deixar que seu coração falasse mais alto, se arriscar novamente...
- O que foi? – levantou-se e ficou sentando ao ver o tom sério dele, deixando seu peito desnudo até quase abaixo da cintura. Omi não conseguia despregar os olhos daquele corpo tão lindo e perfeito e quase se deixou levar-se novamente para a paixão.
- Eu estive pensando muito durante a viagem...E... Bem... Quero dizer... – Aya percebeu o quanto ele estava nervoso e começou a ficar preocupado.
- Aconteceu algo? – seu tom era mais sério e sua atenção voltada diretamente para ele
- Não! Quero dizer... Sim! Mas não é nada grave! – o chibi começou a ficar com raiva de si mesmo pela hesitação. Durante a viagem parecia ser tão fácil... Mas agora...
O ruivo apenas escutava em silêncio, esperando que ele se acalmasse para continuar. Não o pressionou e deixou que Omi falasse no seu tempo.
- Eu... Eu... Quero ter um filho!!! – pronto, finalmente colocou em palavras.
O espadachim o olhou espantado, principalmente quando viu a certeza estampada nos seus olhos. Ficara tão surpreso que lhe faltaram palavras.
- Eu sei que você quer esperar... – falou desanimado, pois interpretara erroneamente o silêncio dele. – Mas é que eu... Bem... Eu...
- Mas e sua carreira? – foi a única coisa que conseguiu falar.
- Eu não quero... Antes até podia ser meu desejo, mas não é agora... Eu... – e as primeiras lágrimas surgiram em seu rosto. Pensou que iria ouvir outra negativa.
- Você tem certeza? – o ruivo segurou sua vontade de abraçá-lo e beijá-lo demonstrando que também tinha o mesmo desejo, pois tinha que ter certeza da decisão do chibi
- Sim! Eu quero! – já não conseguia encará-lo. Agora que havia começado a dizer iria até o fim.
- Por quê? Por que agora?
- Porque estamos juntos, porque somos felizes e quero aumentar ainda mais os laços que nos une. Quero que nosso amor tome forma e que melhor forma que o de uma criança? Eu vejo a felicidade no rosto de Ken e Yohji e quero isso pra nós também! – as lágrimas saíam abundantemente e já não conseguia refreá-las. Não tinha coragem de encará-lo, com medo de ver a resposta em seus olhos.
Então o ruivo também chorou. Mas de felicidade! Não podia acreditar que esse também era o desejo de seu koibito. Percebeu o quanto Omi queria aquela criança, tanto quanto ele próprio.
- Omitchi! – e sua mão ergueu a cabeça dele para que pudessem se olhar. Viu o espanto dele ao ver que também estava chorando. – Eu também quero. – foram suas simples palavras.
Os olhos de Omi se arregalaram. Ainda podia ouvir as palavras dele ressoando dentro de si. As lágrimas de felicidade que ambos deixavam escorrer em seus rostos, a risada misturada aos soluços, o abraço apertado. O chibi nunca havia experimentado tanta felicidade, pois finalmente seu desejo seria realizado.
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Os dois comunicaram sua decisão aos outros que receberam com muita festa. Para a surpresa de todos Aya se abaixou até o nível de Kenji e lhe disse:
- Em breve você terá companhia... – falou em uma voz macia e sorrindo.
Então começaram os preparativos. A consulta com a Doutora Kaline estava marcada para daqui a uma semana. Enquanto isso o chibi pesquisava tudo sobre a gravidez masculina. Sabia que teria que ser ele e até ficou feliz, pois era isso mesmo que queria... Queria carregar o filho de seu amor dentro de si, senti-lo crescer mais e mais, até que pudesse carregar a criança em seu colo.
Finalmente havia chegado o dia da consulta. Estavam ansiosos. A médica lhe falou de todos os riscos e cuidados que deveriam ter, além da bateria de exames habituais. Quando chegou os resultados retornaram novamente.
- Vocês têm certeza disso? Afinal é uma grande responsabilidade...
- Sim. – os dois responderam em uníssono.
- Pois bem... Vamos marcar a cirurgia para daqui a um mês. Seus exames me mostram que está tudo bem e não haverá empecilhos.
- E quanto tempo teremos que esperar? – perguntou o mais jovem
- Humm... Acho que uns três meses, até que haja cicatrização completa e seu corpo se ajuste perfeitamente à nova prótese... – respondeu a doutora examinando suas anotações.
- E depois disso? – o mais velho perguntou curioso.
- Depois... – ela abriu um grande sorriso – É só esperar acontecer...
Os dois sorriram também.
Saíram do consultório contentes e com a data da cirurgia marcada. Seria no próximo mês. O tempo passou tão rapidamente e estavam tão ocupados e quando menos esperavam a hora havia chegado.
Mas antes disso haviam informado a Kritiker que abandonariam a atividade de justiceiros. Já não seriam mais Weiss e Manx estava selecionando um novo grupo para tomar o lugar deles. Já não havia aquela sede que os consumia e pedia que fosse feita justiça a todo custo. Força essa que os impulsionava a mais missões e cada vez mais arriscadas.
A cirurgia fora um sucesso e Omi estava se recuperando rapidamente. No começo fora um pouco difícil, pois seu corpo estava se adaptando a uma nova condição e os remédios o deixavam muito sonolento. Mas os três meses passaram rapidamente e a hora havia chegado. Foram para o consultório da Dra. Kaline para que a fertilização fosse realizada.
Os dois estavam um pouco nervosos, principalmente Omi que queria que fosse um sucesso.
- Ei relaxe! – falou a doutora enquanto o procedimento era realizado. Aya estava ao seu lado, segurando sua mão. – Não fique ansioso! E também não o quero decepcionado. É normal que não aconteça na primeira vez. – ela falava tentando acalmá-lo.
- Eu sei... Mas é que não dá pra evitar! – falou sorrindo.
- Bem... Terminamos! – e Aya o ajudou a sair da maca. – Voltem daqui mais ou menos vinte dias para saber se houve sucesso ou não.
Ao saírem do consultório, ficaram surpresos com quem encontraram.
- Nagi! Schul! – Omi foi o primeiro a falar.
- Ora, ora... Parece que a família de gatinhos vai aumentar! – ouviu a voz sarcástica do alemão.
- O que querem? – perguntou Aya em guarda.
- Ei! Pode parar de fazer essa cara de mau, Aya. Não queremos encrenca. Já que vocês não fazem mais parte de Weiss não temos nada contra vocês.
- Como sabe? – o chibi perguntou espantado.
- Vocês acabaram de me contar! – e gargalhou alto. Então o espadachim percebeu que ele deve ter lido a mente dos dois.
- Schul... Está na hora. – Nagi chamou sua atenção.
- Eu sei... – e, para o espanto dos outros dois, o alemão enlaçou carinhosamente a cintura de Nagi.
- Você... Vocês... – o chibi não sabia o que dizer.
- Sim, estamos juntos Omitchi... – e riu ante a cara de desagrado de Aya – E sim, não estou mais com Brad.
- O que... Por quê? – ainda estava chocado demais com as revelações.
- Pois é... – falou despreocupadamente. – Naquela época tudo foi culpa daquele playboy... Fiquei tão atarantado que catei o primeiro que vi... Que no caso foi aquele americano. Aquele desgraçado queria um filho e aproveitou-se da situação.
- Quando... Onde... – Omi não conseguia completar uma sentença.
- Bem, nos acertamos e agora tô com a pessoa que gosto! – e apertou o bumbum de Nagi que ficou muito vermelho e olhou contrariado para o alemão. – Bem tchauzinho... Quem sabe nossos filhos se tornem bons amigos? Hahahahahahaha... – saiu rindo ante a cara assassina de Aya.
- Aya? – o chibi estava chocado demais. Toda essa gentileza por parte de Schuldich não era normal...
- Vamos embora... Não temos mais nada a fazer aqui e não quero encontrar-me novamente com aqueles dois! – disse após um longo suspiro.
O que Omi não desconfiava era da pequena surpresa que o ruivo havia preparado para eles. Já estava anoitecendo e as primeiras luzes começaram a acender, iluminando toda a rua. Voltaram de mãos dadas, andando calmamente. Ao chegarem a Koneko encontraram todas as luzes apagadas.
- Ué? – estranhou o loirinho. – Todos saíram?
- Talvez... – o ruivo retrucou abrindo a porta e acendendo as luzes da casa. Viram um bilhete em cima da mesa com a letra do Yohji.
"Você me paga, Aya! Voltaremos amanhã! E Omi, faça valer essa noite, hein! Yohji."
- Aya!? – o chibi o olhou interrogativamente após ler o bilhete.
- Shhhh! – e o calou com um beijo. – Essa noite é só nossa. – sussurrou sensualmente no ouvido do chibi provocando arrepios em seu corpo.
Foi então que o chibi notou a mesa posta para dois com velas para iluminar o lugar. Omi foi conduzido para a cadeira e simplesmente sentou, sem palavras para descrever o que estava sentindo.
O ruivo sorriu, satisfeito que a surpresa tenha ocorrido conforme planejara. Foi para a cozinha e encontrou toda a refeição pronta. Pelo jeito calculara certo o tempo que gastaria na médica. A comida ainda estava bem quente e alguns pratos não foram nem necessário esquentar.
Rapidamente levou a comida para a mesa e acendeu as velas. Ligou o aparelho de som para que uma agradável música tocasse ao fundo. Só então se sentou em frente à um estático koibito.
- Espero que a comida esteja de seu agrado. – falou propositalmente em tom formal.
- Er... Sim... – e abriu um belo sorriso. Havia adorado a surpresa que o ruivo tinha preparado. Não havia desconfiado de nada.
Aya sorriu de volta, e Omi poderia jurar que os olhos ametistas estavam em chamas, como se as luzes das velas estivessem dentro dele. O jantar estava uma delícia e os dois conversaram sobre diversos assuntos. Mas não era só essa surpresa que estava reservada para o chibi.
Após a janta com uma deliciosa sobremesa de morangos regados ao creme de leite, que despertou lembranças ainda mais deliciosas na mente do chibi (5), fazendo-o corar violentamente. Aya abriu um sorriso, pois adivinhava exatamente o que se passava na mente dele.
O loirinho levantou-se e quase tropeçou, perdido em lembranças que o deixaram ainda mais embaraçado, mas foi amparado por mãos fortes que enlaçaram todo o seu corpo, fazendo-o tremer de excitação.
- Omi... – a voz dele estava rouca de desejo. O próprio corpo dele tremia sob o seu.
- Aya... – e perdeu-se naqueles olhos que o devoravam e foi aprisionado naqueles lábios que tiraram seu fôlego.
- Vamos... Para... O... Quarto... – e o loirinho foi conduzido suavemente escada acima e ao chegarem veio a segunda surpresa da noite.
O lugar fora todo redecorado. A luz do luar banhava as velas, colocadas em pequenos castiçais que estavam espalhados em todos os cantos, emitindo sua fraca luz no aposento. Não havia móveis, somente uma grande cama no centro do quarto. Ela estava coberta de rosas e frésias emitindo um gostoso perfume por todo o lugar.
Omi estava sem palavras. Esse dia estava se revelando uma surpresa atrás da outra, sem que ele mesmo tivesse tempo para ao menos respirar! Estava estático, quando se sentiu sendo enlaçado e gentilmente conduzido para dentro.
As mãos do ruivo começaram a percorrer seu corpo, explorando cada centímetro, fazendo-o suster a respiração. Fechou seus olhos sentindo cada toque, cada carícia, até que os lábios dele sussurraram em seu ouvido:
- Independente do que a médica disse, eu sei que nosso filho foi concebido hoje... E quero pensar que ele veio ao mundo sentindo todo amor que tenho por você. Quero que essa noite seja especial, inesquecível. Pois com você estou tendo uma segunda chance, uma nova família...
As lágrimas escorriam pelo rosto do chibi... Lágrimas de felicidade... Lágrimas que marcariam uma nova fase em suas vidas. Também tinha certeza que o filho deles fora gerado hoje, algo dentro de si dizia isso. Virou-se e o abraçou muito forte agarrando-se a ele e o beijou. Um beijo cheio de amor, esperanças e alegrias que tinha dentro de si.
O ruivo correspondeu ardentemente ao beijo, explorando cada canto, cada pedaço daquela boca macia. Sem se separarem, deitou-o gentilmente na cama e suas mãos começaram a retirar cada peça de sua roupa, para se deparar com a pele sedosa e macia que tinha diante de si.
Aya adorou vê-lo enrubescer de vergonha e mal havia tirado sua camiseta, atacou seus mamilos até ficarem túrgidos e suas mãos continuaram a descer para o short em uma dança sensual.
- A...yaaahhhhhh – Omi gemeu ao sentir as mãos invadirem por dentro do short. Suas mãos agarravam o lençol juntamente com as flores, tamanho o prazer que sentia.
Sem perder tempo retirou o último obstáculo e conseguiu seu prêmio. Estava tão extasiado que parou por um instante, admirando cada linha, cada curva do corpo deitado sobre a cama. O chibi estava de olhos fechados e seu corpo tremia de excitação, sua respiração ofegante, a boca semi-aberta, soltando leves gemidos. Ele não tinha noção do efeito que isso causava no ruivo. Podia sentir a sensualidade transpirando de cada poro do corpo à frente, um simples olhar tornava-se algo único como uma bela jóia rara.
O ruivo pegou uma rosa e deixou que as pétalas roçassem seu rosto, descendo vagarosamente por seu pescoço, deslizando sobre seu tórax, deixando os mamilos vermelhos e passeando por seu abdômen. O chibi ergueu os quadris ao sentir o leve roçar em seu membro, gemendo alto, pedindo por mais, seu corpo contorcendo-se sobre as flores, esparramando-as sobre si.
A própria respiração do ruivo tornou-se mais intensa, sentindo um calor enorme tomar conta de si. Mexeu levemente seus quadris, incomodado com sua calça cada vez mais apertada. Então Omi sorriu para ele, um sorriso além de qualquer palavra, mas que o tocou profundamente. Em um esforço supremo levantou-se deixando os dois frente a frente, sentados na cama. As mãos de Omi tocaram hesitante cada parte do corpo do ruivo, como se fosse a primeira vez que o tinha diante de si. Delicadamente começou a desabotoar cada botão de sua camisa, sem pressa, deixando-as roçar levemente em seu peito, ajudando-o a despir-se. O ruivo enlouquecia cada vez mais aos toques vagarosos sobre sua pele.
O chibi não resistiu ao ver o peito desnudo e começou a explorá-lo com sua língua, beijando seus mamilos, mordendo-o levemente, sentindo o peito dele arfar-se e um pequeno gemido escapou de seus lábios.
- Ahhhhhhhh!!! – a cada toque daqueles lábios, sentiu choques percorrendo seu corpo, aumentando ainda mais seu prazer.
Os olhos de Omi então, se fixaram ao baixo ventre, onde era evidente o crescente desejo de seu koibito. Um desejo que ansiava por sair, implorando por alívio. Atendendo a um mudo pedido suas mãos desceram até o botão de sua calça, abrindo-a para depois descer lentamente o zíper que o prendia.
O ruivo deitou-se na cama, consentindo que ele o despisse, deixando que seu desejo despontasse com toda a força. Agora era a vez de o chibi admirá-lo. Deitado, o ruivo viu o corpo à sua frente banhado à luz do luar e poderia jurar que emanava um suave brilho dele. Um brilho tão intenso quanto o da própria Lua, então, levantou-se e sentou-se, ficando frente a frente, com as pernas dele sobre a sua, só para tomar posse de sua boca, permitindo que sua língua explorar cada canto, suas mãos agarrando sua nuca para não deixá-lo escapar. Somente se separando quando não havia mais fôlego entre eles.
- Aya-kun... Eu... Eu...
Mas não o deixou terminar, pois o deitou novamente na cama e sobre ele, deixando suas duas ereções tocarem-se pela primeira vez, movendo seus quadris levemente, como se dançassem uma música que somente eles podiam ouvir.
- Ayaaaaaaa... Aaaahhhhh... – dessa vez gemeu alto, quase gritando pelo prazer que sentia, o chibi estava sendo levado à loucura lentamente, pois seu koibito o conhecia como ninguém, melhor até que ele mesmo.
Mas o ruivo ainda não estava satisfeito. Ainda queria arrancar mais gemidos dele, retribuir o prazer que ele próprio sentia e por isso deixou sua mão escorregar lentamente até chegar ao baixo ventre afastando suas pernas, procurando pela abertura tão almejada. Sorriu ao encontrá-la e ainda mais quando o chibi arqueou suas costas, deixando-se ser invadido, permitindo que seus dedos explorassem seu interior.
- Ahhhhhhh!!! – gritou ao sentir-se tocado em seu lugar mais sensível. – Ayaaaaaaa... Não pare... Mais... Onegai... – implorava, agora totalmente entregue.
O ruivo ouvia satisfeito cada gemido e grito dado por seu chibi, onde o prazer se tornava tão insuportável, tão intenso, onde cada movimento de seu corpo provocava choque elétricos, onde se tornava cada vez mais difícil respirar. Isso só serviu para excitá-lo ainda mais, não conseguindo ver a hora de tê-lo só para si, mas havia prometido para si mesmo que prolongaria ao máximo aquela noite.
O chibi não sabia quanto tempo mais agüentaria. Nessa noite o ruivo parecia especialmente inspirado e por isso o inundava de prazer, tocando-o, experimentando-o e provocando-o a cada minuto, a cada instante sem trégua. Ao ser invadido por aquelas hábeis mãos, não pensou que seria capaz de suportar tudo que lhe era oferecido.
Fora com muito custo que o interrompeu. Viu a cara de confusão do ruivo e decidiu que também era hora de atacar. Em um movimento rápido, pegando-o totalmente de surpresa, jogou-o na cama, deitando-se sobre ele, tomando posse de sua boca.
- Omi! – seus olhos diziam estar surpresos com a atitude do chibi.
- Não é justo que somente eu receba tanto... – e ainda mais surpreso, o ruivo viu os olhos travessos de seu koibito. – Que tal compartilhar?
Sem lhe dar tempo de resposta, os lábios do chibi o atacaram do mesmo modo que ele mesmo havia feito há alguns instantes, explorando seu corpo, descendo cada vez mais até chegar ao seu membro e imediatamente abocanhando-o, dominando-o completamente.
O ruivo não esperava essa resposta dele e somente pode se render à crescente excitação que sentia. Perdeu-se no mar de sensações que ele lhe oferecia, agora era a vez dele retorcer-se na cama, esparramando ainda mais as flores, onde quase não mais existiam, espalhado pelo chão do quarto, ao lado das velas, banhados pela luz do lar, dando a impressão que existia um mar de flores, especialmente para eles.
- Omi... Omi... Omitchi! – gritava ensandecido, seu rosto sempre tão calmo dando lugar ao mais puro prazer que sentia. Somente ele era capaz disso, arrancar o Ran adormecido dentro dele... O Ran cheio de paixão que havia desaparecido com a morte de seus pais... O Ran que pensava não mais existir.
O chibi habilmente brincava com ele, provocando-o e recuando, deixando-o a beira do precipício para depois puxá-lo, onde seu corpo era torturado continuamente pelo prazer.
- Chega! – gritou roucamente, puxando-o para cima, deixando os dois lado a lado, deitados na cama.
- Aya... Eu... Não... Agüento mais... Onegai...
O ruivo sabia o que ele queria... Era o que queria também... Delicadamente afastou suas pernas, penetrando-o devagar, atento às reações dele, tomando o cuidado para não machucá-lo.
Mas o chibi sentia apenas um prazer enorme ao ser preenchido pouco a pouco. Um prazer que aumentava ainda mais conforme os dois se uniam em um único ser. Impaciente, o loirinho surpreendeu-o enlaçando suas pernas ao redor dele, pedindo que não parasse, exigindo por mais, puxando-o ainda mais para dentro de si.
As mãos do ruivo não resistiram e o ajudaram, até que Omi gritou ainda mais alto ao sentir seu ponto mais sensível ser tocado tão profundamente.
- Ahhhhhhhh!!!!!! – arqueou suas costas para cima, até que somente suas pontas dos pés ficassem apoiados na cama.
Isso só o estimulou a ir mais fundo, iniciando uma lenta dança que aumentava seu ritmo pouco a pouco, tornando a respiração ainda mais descompassada, o coração batendo ainda mais forte, tornando todas as sensações mais intensas a cada instante, fazendo-os perder o controle e se entregarem à paixão que sentiam.
De repente Omi sentiu seu próprio membro sendo agarrado e acariciado, seguindo o ritmo, aumentando sua fricção, deixando o chibi quase louco, gritando, não se importando quem pudesse ouvir. Seus gemidos foram a chave para que o ruivo acabasse por se entregar, deixando de pensar em tudo mais, querendo somente tê-lo para si.
- AYAAAAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!!!! – gritou a plenos pulmões ao sentir-se chegar ao ápice, lambuzando a ambos, enviando contrações cada vez maiores.
- Ahhhhhhhhh... – gritou o ruivo quase em seguida, inundando-o completamente.
Exaustos, os dois caíram sobre a cama, abraçados e satisfeitos. Uma noite que ficaria marcado para sempre em suas vidas. Então, delicadamente, as mãos do ruivo dirigiram-se para o abdômen do chibi, acariciando levemente, onde seus olhos ametistas brilhavam, misturado às lágrimas. Omi colocou sua mão sobre a dele, apertando levemente, e o olhou longamente. O ruivo poderia jurar que havia algo novo nos olhos dele, um brilho diferente... Um brilho que somente as pessoas que carregavam dentro de si uma nova vida, poderiam transmitir!
ooo
Os dias passaram e eles aguardavam ansiosamente pelos resultados. Mas o ruivo tinha a certeza que o chibi carregava dentro de si o seu filho e o mesmo acontecia com o loirinho. Quando chegou o dia do exame, Omi estava bastante nervoso no qual o ruivo respondeu com sua calma habitual, mesmo que por dentro sentisse o mesmo nervosismo.
- Tenho certeza que tudo vai dar certo Omi-kun! Logo, logo o Kenji vai ter companhia... – Ken o encorajava. Estava muito feliz com a decisão de seus amigos e torcia por eles.
- Hey! Ken! Que tal uma aposta? Aposto Y 1.000,00 que ele vai perder aquela pose quando souber que o chibi tá grávido! E mais! Aposto que ele vai ficar todo bobo! Putz! Vai ser engraçado pacas! Preciso ver se a câmara tá funcionando! – mas ao se virar o loiro dá de cara com a face séria do Aya.
- Você aposta o quê? – perguntou em voz baixa.
- Hãããã nada, nada... Eu... Bem... Acho que preciso ir...
- Kudou! Lembrei que precisamos comprar mais folhagens para a estufa... Já combinei com aquela adorável senhora que você pessoalmente cuidaria de tudo... – disse com um sorriso nos lábios.
- Eu... Sabe... Tenho outras entregas... Preciso ver o Kenji.
- Deixe as entregas por minha conta... Como um favor especial para você... E o Ken havia me pedido a tarde de folga para ficar com o Kenji.
Yohji olhou desesperado para seu koibito. Aquela mulher tinha uma verdadeira fascinação pelo loiro e sempre que ele a encontrava, era obrigado a ficar horas e horas em sua companhia, comendo seus horríveis biscoitos e ouvindo a história de sua vida. Fora que ela tinha a mania de ficar apertando suas bochechas. Dizia que ele lembrava seu finado marido quando era mais jovem.
Mas Ken simplesmente ficou estático no lugar. Aya lhe dirigiu um olhar dizendo que era melhor aceitar tudo, porque senão acabaria sobrando para os dois. Então ele pensou em Kenji e no que seria melhor para seu filho. Afinal era melhor que o garoto tivesse pelo menos um dos pais por perto.
- Er... Sim... Sabe... Eu pedi por Aya... Vou levar o Kenji para tomar vacina... – não teve coragem de encará-lo.
- Certo! Yohji é melhor ir logo, prometi que você estaria lá daqui a meia hora.
Sem alternativa, um derrotado ex-detetive e ex-playboy foi para a Van, saindo em direção à pior tarde que poderia ter. Assim que ouviu o carro cantando pneus o ruivo ligou.
- Maeda-san? Hai, aqui é Fujimiya... Sei que a senhora somente esperava que viéssemos semana que vem, mas achei que ficaria contente em discutir o assunto das novas plantas com alguém da Koneko... Sim... Sim... Realmente sei o quanto a senhora é dedicada e por isso estou enviando Kudou-san para falar com a senhora... Sim, ele está livre por toda a tarde e terá imenso prazer em discutir tudo com a senhora. Não tenha pressa... – e após despedir-se, colocou o telefone no gancho.
- Aya-kun! – chamou o chibi lá na frente da loja. – As encomendas estão prontas.
- Hai, já estou indo... – disse sorrindo levemente.
ooo
Os resultados do exame finalmente haviam chegado. Ambos haviam ido ao laboratório apanhar os resultados. Ao abri-lo somente tiveram confirmado a certeza que tinham dentro de si. Dera POSITIVO.
Aya não se cabia de tanta felicidade. Exatamente como o loiro havia previsto, seu ar sério fora substituído por um amplo sorriso, beijando o chibi com verdadeira paixão, em meio a todos que os observavam e sorriam com a felicidade dos dois.
Imediatamente foram para o consultório da Dra Kaline.
- Meus parabéns! É raro acontecer na primeira vez, geralmente a fecundação ocorre na segunda ou terceira tentativa.
- E o que devermos fazer doutora? – perguntou sério. Sabiam que teriam que seguir na risca as recomendações. Apesar de saberem mais ou menos como proceder, já que haviam acompanhado a gestação de Yohji.
- Bem, terá que continuar com os hormônios e com as vitaminas. O acompanhamento do pré-natal é essencial e quero que tenha uma alimentação bem balanceada. Deixarei meu telefone para qualquer emergência. – enquanto falava, escrevia a receita.
Eles prestaram atenção à cada palavra dita. E Omi estava bem familiarizado com os termos usados pela médica, já que havia feito uma ampla pesquisa pela net.
- Por enquanto é só isso. Espero vê-lo em meu consultório a cada quinze dias.
- Sim doutora... Ah! – o chibi lembrou-se do recado. – O Yohji disse que não está sentindo nenhum efeito colateral. Pelo jeito o tratamento está funcionando perfeitamente.
- Fico feliz em ouvir isso. Se tudo der certo, acho que dentro de mais ou menos oito meses ele poderá fazer uma nova tentativa. Sabe, eu torço muito pelos dois. Pelo jeito a paternidade lhe fez muito bem.
Os dois sorriram. Há alguns meses o loiro havia tido complicações com sua prótese, e com isso foi exigido um longo tratamento. Ambos sabiam o desejo de Ken por mais um filho, e o loiro estava pensando seriamente no assunto. Quando Omi lhe perguntou quantos filhos queriam, recebeu uma pronta resposta:
- Seis! – respondeu Ken para um espantado Omi.
- Ce tá louco, Ken? – contra argumentou o loiro.
- Ah, mas não quero um só não, afinal Kenji não pode ficar sozinho... Ter irmãos é a melhor coisa! – disse alegremente.
O chibi riu muito quando os dois começaram a discutir sobre isso. O loiro era terminantemente contra, mas o moreno sabia ser persuasivo. No final conseguiu arrancar a promessa de que pelo menos pensaria no assunto.
Despediram-se e saíram do consultório. Passaram pela farmácia, onde compraram todas as vitaminas necessárias. Ao chegar à Koneko deram a feliz notícia.
- Parabéns! – cumprimentou Ken com toda a alegria.
- Parabéns! – também o loiro os cumprimentou. Dessa vez havia segurado sua língua e nem havia tocado no assunto que o havia feito ter uma tarde dos diabos. – "Ah! Mas tenho certeza que ele deve ter pulado de alegria! Puxa vida... Como eu queria ter visto!" – pensou quietinho.
A partir desse dia a rotina na Koneko havia mudado. Omi estava proibido de fazer as entregas, para que não se esforçasse muito e por isso ficaria para atender os clientes. O ruivo observava atentamente a alimentação do chibi, cuidando para que sempre houvesse verduras, frutas e legumes frescos. Para isso sempre enviava Yohji para a feira, com uma lista completa.
- Por que eu??? – perguntava contrariado.
- Porque eu tenho que cuidar da loja e das entregas e Ken têm que cuidar do Kenji.
- Mas eu posso muito bem cuidar do Kenji também! – falou indignado.
- Sim eu sei, mas acho que você é o mais indicado para a tarefa. – e pôs um ponto final no assunto.
ooo
Orgulhoso, dia após dia o ruivo toda a noite acariciava a barriga de Omi que crescia, mostrando o desenvolvimento de uma nova vida. Aproveitando o dia de folga passaram em uma loja de roupas para gestante e compraram batas e calças folgadas. O ruivo riu ao vê-lo vestido assim.
- Caramba! Tô parecendo um balão! – falou indignado, no meio da roupa ainda tão folgada. A camisa ia quase até os joelhos do chibi.
Ficaram a manhã toda dando uma olhada nos berços e quartos de bebê. Havia uma variedade enorme que nunca pensaram existir. Ainda não podiam decidir nada, já que não sabiam o sexo do bebê. Mas o ruivo tinha que confessar que estava se divertindo muito, pois seu koibito parecia uma criança e seus olhos brilhavam com tantas coisas bonitas.
- Veja Aya-kun! Agora as babás eletrônicas têm uma mini câmera. – disse em um momento. – Olhe! Isso não ficaria ótimo? – apontou para outra decoração.
O ruivo também estava surpreso com a variedade de coisas que existiam. Agora entendia um pouco mais seus amigos, que cada vez que chegavam em casa, traziam algo novo. No começo ele os criticava por jogar tanto dinheiro fora, mas Ken lhe respondia que era simplesmente impossível de se resistir. Passearam o dia inteiro pelas ruas de Tokyo. Visitaram diversos lugares, onde vendedores os fizeram prometer dar uma passadinha caso algo lhes interessasse.
- Aya... – o chibi o chamou timidamente.
- Hum?
- Eu... Tô... Com... Vontade... – e sua face ficou ainda mais vermelha.
- Vontade? – olhou-o curioso.
- Bem... De... Comer... – abaixou a cabeça sem coragem de encará-lo
- O que...? – tentou encorajá-lo.
- Ramen...
Em seu íntimo o ruivo sorriu. Pensara que ele estava com vontade de comer coisas estranhas, pois ainda lembrava dos gostos bizarros de Yohji.
- Com catchup e mostarda...
Ele ergueu levemente suas sobrancelhas. Apesar de não ser um pedido muito estranho, seria pelo menos exótico. Olhou novamente para o chibi e o viu todo sem jeito. Sem nenhuma palavra dirigiram-se ao restaurante mais próximo. Aya preferiu comer ramen normal, mas tiveram que passar em um supermercado para comprar catchup e mostarda que ele espalhou generosamente na comida. Sorriu ao vê-lo comer tão satisfeito.
Voltaram logo depois para casa, mas Omi aparentava um pouco de cansaço, o qual Aya o proibiu de fazer qualquer coisa e o mandou descansar, mesmo que o chibi dissesse que estava tudo bem. Ao falar de qualquer coisa sobre a saúde de Omi, o ruivo era irredutível e sempre acabava vencendo qualquer discussão.
O chibi pegou logo no sono, antes mesmo que Aya acabasse de arrumar as pequenas coisas que haviam comprado. O ruivo parou por um momento e ficou observando a face tão meiga e calma de seu koibito. Ajeitou as cobertas e desceu para ajudar seus amigos.
A tarde transcorreu sem problemas, já que o movimento estava calmo, mas o ruivo estranhava a ausência do chibi, já que seus cochilos não duravam muito tempo. Preocupado, subiu até o quarto para ver se tudo estava bem.
Ao chegar perto da porta ouviu um leve gemido, que o fez apressar seus passos e abrir a porta. Seu sangue gelou ao ver a cara de dor que ele fazia.
- Omi! – chegou perto e preocupado. – O que foi?
- Tá doendo... Aya-kun... Tá doendo... – e antes que conseguisse falar qualquer coisa, ele se contorceu em um espasmo de dor. – Aya... – chamou-o chorando.
- Calma. Vamos levá-lo ao médico. – disse calmamente, mantendo o sangue frio.
- Oh... O nosso bebê... – o chibi estava entrando em pânico.
- Omitchi! – disse segurando seu rosto, fazendo-o prestar atenção em suas palavras. – Não vai acontecer nada com o bebê! Está me ouvindo? Nada! – disse energicamente – Você tem que ficar calmo!
Mesmo que dissesse essas palavras, tentando transmitir segurança para ele, por dentro, estava apavorado. Rapidamente desceu as escadas e chamou os outros pedindo ajuda. Yohji preparava o carro, enquanto Ken ligava para a Dra. Kaline que lhe pediu que fosse imediatamente para o hospital.
Durante todo o tempo o ruivo não saiu do lado dele, pegando em sua mão enquanto o chibi tentava não deixar a dor dominá-lo, sendo forte pelos dois. Delicadamente o ruivo o carregou até o carro, onde o manteve junto a si, abraçando-o e tentando transmitir sua força. Omi suava frio e sua pressão havia baixado muito, deixando-o sonolento em meio a dor. O ruivo sabia que não seria bom deixá-lo dormir e tentou mantê-lo acordado por todo o caminho.
- Falta muito Kudou? – perguntou asperamente. Parecia que o caminho que antes era tão curto, agora parecia muito, mas muito longe.
- Não, já vamos chegar. – respondeu também nervoso.
Ao chegar ao hospital foram imediatamente atendidos por uma equipe médica e o chibi foi levado para a sala de emergência, onde não foi permitida a entrada deles. Logo em seguida viram a Dra. Kaline chegar correndo e entrar apressadamente.
Aya só pode vê-lo sumir de suas vistas e por mais que quisesse esmurrar aquela porta e ficar ao lado dele, não podia fazer nada. Simplesmente teria que esperar por notícias.
Aquela sala lhe trouxe inúmeras lembranças e era como se ele tivesse voltando anos atrás, quando ficou em uma mesma sala aguardando notícias de sua irmã. Naquela época era jovem e havia acabado de perder os pais e poderia perder sua irmã, a única que ainda restava.
Yohji viu o quanto isso parecia afetá-lo. Apesar de quieto e não dizer nada, sabia que por dentro devia estar se lembrando de vários eventos de seu passado. Também sabia que o melhor era deixá-lo quieto, para que pudesse lidar do melhor modo que sabia fazer.
Olhou mais uma vez para o lugar onde Omi devia estar sendo atendido. Também estava preocupado e queria notícias que não vinham. Olhou o relógio para ver quanto tempo havia passado e percebeu que pouco mais de vinte minutos desde que haviam chegado.
Acendeu nervosamente o cigarro e tragou fundo. Estava tentando parar de fumar em benefício de Kenji, mas estava sendo difícil. Sempre que alguma situação de estresse acontecia voltava a fumar. Não na frente dele, mas não conseguia largar o vício.
Os dois não conversaram e o loiro não procurou qualquer aproximação. O ruivo sabia que se precisasse estaria ali, ao seu lado, e isso por si só era suficiente.
Impaciente Aya levantou-se e dirigiu-se à maquina de bebidas. Havia várias opções e ele optou por um café, colocando as moedas necessárias. Só que a máquina devia estar apresentando defeito e por isso a bebida não saiu. Sem pensar duas vezes ele socou a frente de vidro com tudo, que se quebrou imediatamente, ferindo sua mão.
- Aya! – Yohji aproximou-se preocupado.
- Senhor? – imediatamente um atendente chegou para ver o que estava acontecendo. Ao ver a máquina quebrada, olhou demoradamente para o ruivo.
- Me desculpe! – respondeu Yohji, pois Aya permanecia quieto no mesmo lugar, com o punho da mão sangrando, pois havia se cortado nos estilhaços. – Não está sendo muito fácil para ele...
- Sei... – respondeu o atendente com um grande suspiro – Já disse que essa máquina não deveria estar aqui... Por mim o colocaria no hall de entrada... Não se preocupe, não é a primeira vez que isso acontece...
- Pagaremos por qualquer prejuízo. – ofereceu-se o loiro.
- Não importa. O seguro cobre... Vamos, deixe-me ver sua mão. – e o pegou firmemente, apesar a da resistência dele. – Temos que fazer um curativo. Siga-me. – ordenou para Aya.
- Não. Depois. – respondeu o ruivo determinado. Não sairia daquele lugar antes que soubesse do estado de seu koibito.
O atendente o olhou longamente e suspirou mais uma vez. Sabia que não adiantaria tentar convencê-lo, pois aquele ali não parecia o tipo que acataria a opinião de qualquer um. Ele virou-se e foi para a outra sala, trazendo todos os medicamentos necessários e o enfaixando ali mesmo.
- Arigatô. – o loiro agradeceu. Aya simplesmente havia voltado a olhar para fora, com os pensamentos distantes dali.
Logo uma pessoa da faxina apareceu para juntar os cacos de vidros. Estavam somente os dois na sala, esperando naquele silêncio opressor. Finalmente Aya parecia ter-se enjoado de ficar olhando para fora e sentou-se, mas ainda assim permaneceu calado.
Imediatamente se levantaram ao ouvir os passos no corredor. Era a médica. Parecia estar cansada.
- Foi por pouco. – disse por fim. – A prótese começou a se soltar. Parece que ela não estava tão firme quanto parecia. Evitamos a hemorragia interna e as contrações pararam.
- Quer dizer que está tudo bem? – perguntou o loiro ansioso.
- Não, não está tudo bem. O que aconteceu hoje poderá acontecer novamente. Drenamos todo o sangue que havia se espalhado ao redor do útero artificial e cessamos as contrações. Fomos obrigados a fazer uma pequena incisão e recolocar a prótese no lugar.
- Mas como isso aconteceu? – questionou o ruivo. – Até o último exame parecia que tudo estava bem. Não havia sinais de nada de errado.
- E não havia mesmo. Mas como a gravidez masculina ainda é um campo muito novo, ainda existem variáveis que não pudemos prever. Talvez Omi tenha alguma predisposição genética que não permite a aceitação de um novo corpo. Ele ainda ficará internado por alguns dias, até que consigamos refazer todos os exames necessários.
- Podemos vê-lo? – perguntou o ruivo ansioso
- Dentro de mais ou menos meia hora ele subirá para o quarto e vocês poderão ficar com ele. No momento está sedado e sendo monitorado.
- E o que devemos fazer? – Yohji questionou, estava tão preocupado com o chibi quanto o outro.
- Por enquanto ter muita paciência. Também terão que tomar cuidar do emocional de Omi, não deixá-lo cair em depressão, muito comum entre os primeiros grávidos. O que ele precisa no momento é que vocês estejam sempre presentes.
A doutora se despediu e os dois ficaram em silêncio, perdidos em seus pensamentos. Ainda teriam que esperar algum tempo até que a enfermeira os chamasse. O loiro observou o quanto Aya ficara pálido ao ouvir as palavras da médica e, mesmo que não dissesse nada, ficara muito abalado.
Então finalmente a enfermeira os chamou, pedindo que a acompanhasse. Ao entrar no quarto o viram na cama, ainda adormecido, com o soro aplicado no braço esquerdo e o sensor de batimentos cardíacos no dedo da mão direita. Sua pele estava mais branca do que o habitual, indicando a perda de sangue.
Aya ficou chocado de vê-lo nesse estado. Estático na porta, pensou por um momento que estava vendo sua irmã, que tinha os mesmo equipamentos e a mesma face sem expressão, serena, mas não dizendo absolutamente nada.
Hesitante deu os primeiros passos para dentro do quarto e a névoa que cobria seus olhos desfez-se, mostrando somente a face pálida de seu koibito. Ao chegar perto da cama estendeu sua mão para acariciar a fronte e percebeu o quanto ela tremia. Ao tocá-lo, subitamente as lágrimas surgiram e suas pernas fraquejaram, deixando-o de joelhos ao lado da cama, onde apoiou seu rosto, escondendo sua fraqueza.
Yohji apenas deu meia volta e fechou silenciosamente a porta atrás de si.
ooo
Ao sair, sentiu-se extremamente sufocado por aquelas paredes brancas e as faces sem expressão dos médicos e por isso teve que se afastar para tomar um ar. Fumava um cigarro, observando os carros passarem diante de si quando ouviu seu celular tocando.
- Como ele está? – perguntou um ansioso Ken, que acabara ficando em casa cuidado de Kenji.
- Estável... Ainda irão mantê-lo por alguns dias para ficar em observação. Mas o bebê e Omi estão bem...
- Você vai voltar?
- Sim. Já acertei tudo com o hospital e Aya vai ficar no quarto com ele. Mais tarde trarei uma muda de roupa. E o Kenji?
- Dormindo.
- Depois contarei com maiores detalhes a conversa que tivemos com a médica.
Ao desligar, seus instintos lhe disseram que havia algo errado e mirou seus olhos para o outro lado da rua. Mas tinha sido lento demais e, se havia alguém ali, havia desaparecido. Ainda ficou prestando atenção ao redor, na movimentação das pessoas, mas a sensação de perigo havia desaparecido.
Meio hesitante virou-se para ir embora, pois Ken o estava esperando, mas não sem antes olhar mais uma vez para o outro lado da rua.
ooo
- Hummm... – Omi murmurou, voltando lentamente à consciência.
- Omi! – Aya levantou-se rapidamente do sofá onde estava.
- Aya... – sua voz soava meio confusa, devido aos anestésicos. – Onde... Eu... – e quando se lembrou do que havia ocorrido, seus olhos exprimiram novamente a urgência e preocupação. – Nosso bebê!!!
- Ele está bem! – disse firmemente, querendo acalmá-lo o mais rapidamente possível. – Está tudo bem com ele!
Os olhos azuis se suavizaram com as palavras que ouvira. Sabia que seu koibito não estava mentindo, podia sentir em sua voz. Então olhou ao redor, percebendo que estava em um quarto de hospital.
- Você terá que ficar alguns dias para os exames. – respondeu ao olhar interrogativo dele. – A doutora quer saber exatamente qual seu estado atual.
- Por quê? Alguma complicação? – sua voz tornara-se ansiosa novamente.
- Porque precisamos saber o que fazer daqui por diante. Preocupar-se antes da hora não resolve nada e não será nada bom para a criança, por isso trate de relaxar e deixar tudo por conta da gente.
Omi apenas balançou a cabeça concordando. Sabia que teria que ficar mais calmo, mas era difícil, pois a preocupação tomava conta de sua mente. Mas antes que pudesse dizer qualquer coisa foram interrompidos por um enfermeiro que carregava uma maleta.
- Com licença, vim coletar a amostra de sangue par ao exame prescrito pela Dra. Kaline. – falou o enfermeiro, sério, olhando fixamente para o rapaz de cabelos loiros que jazia deitado na cama, reparando em seguida nas íris violetas que recaíram sobre ele, inquisitivas.
Continua...
ooo
Bem, aqui acaba o primeiro capítulo da minha fic. Ela é um presente de aniversário para Evil Kitsune, taí menina! Como prometi há muito tempo uma Mpreg do Omi.
Quero agradecer de coração a Yume Vy que me aturou no MSN quando eu aguardava ansiosamente que ela lesse e me desse a sua opinião e também por betar a fic.
Kaline, sua participação não poderia ficar de fora, já que você faz parte desse universo desde a minha primeira fic.
– (1) Refere-se à fic "Força de Um Desejo" por Freya de Niord;
– (2) Refere-se à fic "Babá por Um Dia" por Kaline Bogard;
– (3) Refere-se à fic "Reverie" por Kaline Bogard;
– (4) Bem, já tinha tudo quanto é cientista (português e brasileiro) por que não japonês? NT – Leiam "A Força de um desejo";
– (5) O bendito creme de leite… Já tô achando que esse troço tem vida própria… .
20 de Dezembro de 2006.
10:56 PM.
Freya de Niord
