Escrito por Teisu (Teisu@my.host.net)
Traduzido por Verythrax Draconis (verythrax@myrealbox.com)

Tradução Autorizada pelo Autor

05/06/2001 Script ver. 1.0

No Love Hina original, parece que Narusegawa e Keitaro serão
o casal prometido (Pelo menos até agora). Eu ofereço para a
sua consideração a seguinte história. Os personagens não são
meus. Eu agradecidamente parabenizo os escritores e autores que
trouxeram esta série à vida, a exibição pela TV Tokyo e a
miríade de pessoas que o trouxeram até a mim. Minha compreensão
de Kanji é limitada e eu não posso oferecer mais créditos que
isso. Assistir todos os vinte e quatro episódios, mais o
Especial de Natal de 2000 definitivamente será útil para a
compreensão desta história.
Esta história pode ser reproduzida eletronicamente enquanto
mantida em sua forma completa. Créditos adicionais aos
escritores, produtores e diretores da série podem ser
adicionados depois do título do capítulo.

Teisu
(Teisu@my.host.net)



Love Hina Parte 1 - O Dilema de Motoko - Encurralada!

"Motoko-chan, Você têm treinado duro e está trilhando bem o
caminho ao domínio das técnicas de nossa família. Infelizmente,
duas de nossas campeãs foram gravemente feridas no combate ao
Mal. Sua força foi perdida e seus dias de luta terminaram. Seus
conhecimentos não foram perdidos; elas foram reposicionadas como
instrutoras. Como você é forte, jovem e cheia de vida, e é
descendente direta dos campeões do passado, foi decidido que
você deve se casar e produzir filhos, para repor estes que foram
perdidos recentemente."

"Marido!" Motoko levantou os olhos da carta, com uma expressão
de raiva em seu rosto. "Eu nunca chamarei um homem assim!"
(Nota: "marido" é a mesma palavra usada para "mestre" em japonês!)

Motoko estava sentada em uma pequena almofada em frente à
escrivaninha de seu quarto em Hinata Sou: uma grande armadura
ornamentada montada em um canto, uma pequena mesa e um guarda-roupa
junto à uma das paredes. Um suporte mantinha sua espada ao fácil
alcance de suas mãos. Ela balançou a cabeça em desaprovação,
fazendo uma onda percorrer seu longo cabelo negro à suas costas.
O seu comprimento era uma tradição mantida pelos anciãos de sua
vila. O corte era apenas permitido para mantê-lo apresentável e
não torná-lo um incômodo. Se acreditava que parte de sua força
está em seu cabelo.

Motoko voltou sua atenção à carta. "Como os tempos mudaram, os
anciãos decidiram que você pode escolher seu marido, tanto na
vila onde você reside ou em nosso país. Ele pode ser jovem ou
velho, pobre ou rico, de linhagem nobre ou plebéia. Seu coração
a guiará. Os anciãos te cederão um dote, se suas circunstâncias
o fizerem necessário, para que você tenha uma casa para sua nova
família, ou aqui ou nas redondezas. Se você não conseguir um
marido em três luas, eu escolherei um marido para você."

Sua irmã,

Yumiko

"Onee-san," Motoko argumentou de seu jeito característico. "Eu
ainda estou no colégio!"

"Você se forma nesta primavera." Motoko ouviu a resposta dentro de si.

"E sobre a universidade?"

"Oh, de repente você está interessada na universidade?" Motoko
ouviu uma sonora gargalhada, como de sua irmã.

Espera-se que a meditação traga iluminação e concentração, e
Motoko não gostou da luz que esta estava lhe trazendo.

Havia sido decidido, não haveria como escapar; ela era uma irmã
obediente e membro da comunidade. Sua vida mudou, e ela teria
que se tornar uma esposa - Kanai - literalmente, "a que fica
dentro de casa."

"Motoko-san! O jantar está pronto!" Kaolla bateu na porta e foi
entrando. Motoko ignorou este comportamento, Kaolla era muito
infantil e inocente para realmente querer ofender alguém.
"São boas notícias?" Kaolla virou a carta de cabeça para baixo,
tentando compreender a escrita antiga.

Shinobu serviu seus deliciosos pratos de costume, um pouco
frugais nos ingredientes, mas apresentados com uma simplicidade
e elegância de fazer aquele jantar caseiro preferível ao de um
bom restaurante. Ela era a cozinheira e lavadeira, um trabalho
pesado para uma estudante do ginásio, mas que ela fazia muito
bem e com alegria, como pagamento de seu aluguel. Às vezes era
estranho ver tanta disposição em uma garota tão jovem, carregando
uma grande pilha de roupa molhada para secar no terraço, mas o
brilho em seus olhos acaba com qualquer dúvida: este era o seu
lugar. Sua afeição por Keitaro era clara, por mais que ela
negasse, fazendo seu rosto corar num rosa brilhante.

"Minha estadia aqui em Hinata Sou terminará em breve," Toda a
atenção se voltou para Motoko.

"Não diga isso, você sempre volta." Protestou Kaolla.

"Os anciãos de minha vila decidiram o próximo rumo de minha
vida."

"Sim, você vai lutar contra o mal como sua irmã." Interrompeu
Keitaro..

Motoko ensaiou o que seria o esboço de um sorriso. O gerente
podia ser um idiota, desastrado mas era um tanto sábio para sua
idade. Um rapaz dedicado a um promessa que ele não poderia
cumprir, para uma garota que ele não se lembra que é. Primeiro,
se acreditava que Mutsumi era a garota prometida, o que ela mesma
negou, mas não se preocupou em esconder sua afeição por ele. Ao
invés de fazer como a maioria dos garotos e tirar vantagem da
situação para deitar-se com ela, ele se manteve apenas como um
colega de estudo. E ele continuava, depois de 3 anos, tentando
entrar na Universidade de Tóquio para encontrar sua prometida lá.

Seus pensamentos voltaram-se para os outros à mesa. Sarah, a
menina sob os cuidados de Seta, o professor, era uma típica
americana: rude, temperamental, destrutiva, mas estava começando
a aprender a ser educada com todos, menos Keitaro.

"Mais, por favor." Keitaro levantou-se e entregou sua tigela para
Shinobu, que a encheu novamente com arroz. Sentando-se, Keitaro
começou a perder o equilíbrio, sendo que Sarah matreiramente
havia tirado a cadeira de trás dele. Quando percebeu que estava
olhando para cima, por debaixo de uma saia, e logo em seguida
para uma atraente garota ruiva, ele pôs as mãos sobre os olhos,
pedindo desculpas sem parar.

"Não há desculpa em ser pervertido!" Naru, nervosa como sempre,
gritou enquanto derrubava o Keitaro com um chute. Tentando se
levantar, Keitaro foi pego por um soco direto no rosto.

Todos continuaram comendo enquanto Keitaro atravessava uma
divisória, indo parar na sala ao lado.

"Enfrente o mal!" Gritou a voz dentro de Motoko, que num salto
levantou-se de seu lugar.

"Motoko-chan? O que você está fazendo?" A mestre de Kendô parou
na frente de Naru, bloqueando seu caminho, segurando sua espada
embainhada na frente dela.

"Se você tentar passar, eu vou sacar a minha espada." Respondeu
Motoko com um brilho de fogo nos olhos.

"Ele é um estúpido, tarado sem nenhuma qualidade!" Narusegawa
gritou para Motoko, mas decidiu não insistir no assunto.

"Keitaro-kun é bom, divertido e generoso, e é gentil com as
crianças." Motoko Respondeu sem titubear. "Foi a Sarah que fez
ele cair, e você sabe disso." Motoko continuou. "Você não queria
ofender o seu tutor, então você decidiu punir uma pessoa inocente."
"Ele respeita as mulheres, ele só estava querendo se defender."
Concluiu Motoko.

Narusegawa sentou-se em sua cadeira, com o rosto vermelho. Ela
nunca havia sido tratada desta forma, mas pesou cuidadosamente
as palavras da espadachim, tentando descobrir alguma falha óbvia
em seu argumento. Falhando totalmente, continuou seu jantar,
desapontada.

Shinobu pegou a tigela ainda quente de Keitaro e saiu da sala,
para procurá-lo.

"Indo para o telhado," Pensou Motoko enquanto terminava sua
refeição.

"Um inocente foi ferido e você vai direto ajudá-lo." Disse
novamente a voz dentro de si.

Motoko levantou-se e pegou uma toalha e um punhado de gelo,
passando rapidamente em seu quarto para pegar um kit de primeiros-
socorros. Facilmente ela encontrou Keitaro empoleirado num canto
afastado do telhado, ao lado de Shinobu.

"Mas Senpai, você ainda está com fome," protestou Shinobu,
chorando, enquanto ele chacoalhava a cabeça, tentando esconder
suas próprias lágrimas. "Não se preocupe, eu ficarem bem." Disse
Keitaro, tentando confortá-la.

"Urashima-senpai" Motoko sentou-se ao lado dele, encostando
cuidadosamente o gelo envolto na toalha, junto ao rosto dele.
Segurando o gelo com uma mão, ela começou a tirar a camisa dele.

"Motoko-san, não isso é necessário!" Protestou o rapaz..

"Fique quieto ou eu vou tirá-la à força." Avisou Motoko, fazendo
Shinobu arregalar os olhos.

Keitaro concordou com a cabeça e as duas garotas o ajudaram a
tirar sua camisa escura. Shinobu deu um pequeno grito quando viu
o sangue em suas mãos.
A tarde ainda estava quente enquanto Motoko tirava as ferpas de
madeira de suas costas com uma pinça, notando que ele tinha várias
cicatrizes que ela nunca havia notado.

Com ajuda dela, Keitaro voltou para o seu quarto, e se enfiou
debaixo do lençol e se despiu, e com muito embaraço permitiu que
Motoko cuidasse dos machucados em seu traseiro. Shinobu assistia
com os olhos bem arregalados enquanto Motoko lancetava uma velha
ferida, tirando o pus. Tirando uma ferpa de madeira dali, ela
aplicou um remédio e um curativo.
"Urashima-kun, use isso em seu ferimentos, até eles cicatrizarem,"
Instruiu Motoko. "Você deve tomar banho regularmente, sempre
passando esta pomada quando terminar."

Motoko voltou para o seu quarto e convidou Shinobu para entrar.
"Por quê, Senpai?" Perguntou Shinobu. "Eu achava que você mal
tolerava ele."

"Eu devo a minha vida ao Urashima-Senpai. Ele me segurou pelo
braço, me impedindo de cair do telhado. Desde aquele dia eu me
vi em débito com ele."

"Por que vocês estavam no telhado?" Perguntou Shinobu,
interessada. "Nunca ouvi ninguém falar sobre isso."

"Eu havia desafiado ele para um duelo. Eu não o aceitaria como
gerente residente de um dormitório feminino a menos que ele me
derrotasse." Motoko corou com a lembrança. "Ele me derrotou sem
usar nenhuma arma. Eu escorreguei do telhado, mas ele segurou
minha mão e agüentou todo o meu peso até eu conseguir subir de
novo, a salvo."

"Ah! Você são inimigos respeitáveis." Concluiu Shinobu.

Motoko assentiu enquanto pensava. "Eu estava furiosa, porque ao
olhar para ele, o meu coração disparava!"

Shinobu pediu licença e saiu, fechando a porta. Motoko então
começou seu ritual de meditação e concentração, precedendo a
atividade física.

"Por que seu coração disparava e seu rosto enrubrescia?"
Questionou-se.
"Eu estava gripada." Desculpou-se Motoko, recusando a própria
desculpa.
"Você não espirrava nem tossia. Com certeza você não tinha nenhum
problema naquele desafio!" Ponderou ela.
"Primeiro amor." Lembrou-se do que os anciãos de vila Hina
haviam dito. Os velhos sábios, que decidiam as disputas e forneciam
conselhos ao povo, haviam oferecido esta explicação, sem que lhes
fosse perguntado.

Seu hakama* estava muito justo de um lado; Motoko levantou-se e
arrumou a vestimenta, e seu gii branco. Ela olhou para o tecido
vermelho de sua roupa tradicional. Era vermelha, sempre vermelha.
Ela preferia aquela cor; ela não conseguia se lembrar de algum
momento onde ela não possuísse nada vermelho.
Ela pensou em sua infância e lembrou-se de uma camiseta listrada,
cinza-escuro e branca. Ela sempre usava essa camiseta quando ia
com seu pai entregar peixe, e um vestido vermelho. Ela tentou se
lembrar se seu rosto, fora das fotografias. Não conseguindo mais
que uma impressão geral, ela tentou recordar algum evento
específico. Para isso ela precisava de algum pensamento,
que lhe ajudasse a lembrar de uma série de eventos. "Humm, que
entrega era aquela, especificamente?" Motoko ponderou sobre o
problema. Então ela se concentrou no treino de espada, acalmando
sua mente.

*(Nota do tradutor:) Hakama é o nome dado à parte de baixo da
roupa própria do samurai. Gii é o nome da parte de cima.

Motoko girou sua espada de treino com experiência, "Um, dois,
três" com velocidade e movimentos precisos. Cinqüenta vezes,
descanso. Mais cinqüenta, decanso. Mais cinqüenta. Motoko concluiu
seu exercício.

***

Motoko levantou-se, tomou seu desejum e foi para a escola;
Narusegawa, Mutsumi e Keitaro ainda estavam estudando para o
exame de admissão da Universidade de Tóquio. Keitaro havia tirado um B
no último simulado e estava começando a parecer que desta vez
ele poderia mesmo conseguir.
Mutsumi com certeza conseguiria, se não se esquecesse de por o nome
na prova ou não desmaiasse.
Narusegawa não deveria ter nenhum problema também.
Motoko divertiu-se com este pensamentos, na viagem de trem.

"Sensei." Motoko olhou para o diretor.
"Aoyama-san." O virou-se para ela. "Me foi solicitado que
conversasse com você à respeito de seus desejos de cursar uma
universidade. Sendo uma campeã de Kendô, sua perícia é bem
conhecida nesta área."
"Vou tirar isso a limpo com aquelas puxa-sacos." Pensou Motoko,
enquanto assentia com a cabeça, aceitando o que foi dito, mas
intrigada com o porquê disso ter sido dito.
"Uma bolsa completa de quatro anos está sendo oferecida para quem
for o campeão regional de Kendô amador, pela Universidade de
Kyoto," Continuou o diretor. "está interessada?" Motoko hesitou
por um momento, mas resolveu ir direto ao assunto. "Eu irei me
tornar noiva em poucos meses. E se eu me tornando uma mulher casada
não for um problema, eu tenho interesse, sim."
"Entendo," disse ele. "Mas não há nada nos termos que pudesse
desqualificá-la se você estiver casada."

"Quem é o rapaz?" Perguntou o diretor.

Motoko arregalou os olhos. "Eu preferiria não ter que falar sobre
isso agora."

"Vocês não fizeram nada impróprio, fizeram?" O diretor olhou
severamente para Motoko.

No início, seus olhos faiscaram, mas pensando em suas respostas
para as perguntas que ele havia feito, Motoko reconheceu que
esta era uma pergunta válida.

"Eu fui instruída por minha vila em achar um marido, ou alguém
será escolhido para mim." Respondeu Motoko. "Eu realmente não
sei quem é ele - ainda."

O diretor supirou aliviado, "Muito bem, eu irei abrir o seu
processo e marcar sua entrevista com o treinador das equipes de
artes marciais."

O resto do dia se passou sem novidades, as aulas e o treino de
Kendô se ocorreram como de costume, até a tão temida volta para
casa. Motoko percebeu que o contato com um pequeno número pessoas
seria inevitável, mas sempre haveriam homens e mulheres que
gostaríam de tirar vantagem da situação. Motoko havia passado
toda a Véspera de Natal dando depoimento à polícia, por ter
agredido um homem que estava lhe passando a mão. Lembrou-se
também da expressão no rosto de uma garotinha, ao ver seu pai
ferido. Motoko teve suportar toda a humilhação causada por seus
atos precipitados. Um severo olhar de desaprovação e um firme
"não!" teriam sido tão eficientes quanto aquele golpe de sua mão.
Desta vez a pessoa se aproveitou de estar no meio de uma multidão.
Sendo assim, ela não podia identificar ninguém.
"Uma noiva deve se preservar para o seu marido." Disse a voz
dentro de si. Motoko esperou pelo toque e então segurou a mão.
Gentilmente, à princípio, mas quando a pessoa tentou se soltar,
Motoko usou de mais força.
"Pare de resistir, ou vou quebrar seu braço." Anunciou Motoko.
"Você ofendeu minha honra, e agora deve se desculpar." Todos
olharam para ela, no aperto da multidão. Haviam seis perto dela,
mas ainda não conseguia identificar de quem era a mão. Ela travou
a mão com seu braço e resolveu arrastar o dono da mão até o posto
policial, na próxima parada. Assim que o trem parou, Motoko
segurou-a com força e desceu do trem, puxando a pessoa com ela.

"Você está me machucando, Senpai."

Motoko virou-se, olhando sem acreditar para uma de suas
seguidoras. A estudante gemeu de dor quando Motoko fez força
quase suficiente para quebrar seus dedos. Motoko soltou sua mão
e gritou. "Comece a se explicar!"
"Você é forte de bonita, e você não se interessa em estar com
homens." Comecou a estudante. "Eu queria tocar você, ficar com
você."

Motoko levantou sua mão. "Se você tivesse falado comigo
abertamente, seria uma coisa; mas tentar me tocar desse jeito,
você é uma pervertida!"
"Não!" Disso a estudante, chorando. "Me perdoe, eu só queria ficar
perto de você!"

"Você pode ir se quiser, eu não vou impedi-la. Mas meu corpo não
me pertence mais. Eu devo guardá-lo para o meu prometido." Disse
Motoko severamente, em voz baixa." Se você me tocar de novo, eu
vou reclamar de você ao diretor."

"Você vai se casar?" Balbuciou a estudante, paralisada.

Motoko assentiu enquanto embarcava no próximo trem. "E vou criar
seus filhos, fazer sua comida e cuidar de sua casa."

Ela se sentiu muito satisfeita como a cara de boba que ela ganhou
como resposta.

O jantar se passou sem problemas: Sarah estava mal-humorada mas
bem-comportada, e todos estavam como de costume. Mutsumi e
Narusegawa discutiram um pouco sobre algumas questões que
estudavam. Keitaro e Shinobu conversaram um pouco sobre o jantar.
Motoko notou, com satisfação, que seu apetite estava bom. Shinobu
havia feito um de seus pratos favoritos, forçando um pouquinho o
orçamento. "Sabia que ela faria isso, ela sempre faz." A tia de
Keitaro pareceu ter captado seu pensamento.
"Só faltam dois meses até a prova!" Comentou Mutsumi. "Você vai
voltar para a sua vila?".
"Eu me inscrevi numa bolsa de Kendô na Universidade de Kyoto."
Se meu pedido for aceito, irei estudar medicina lá."
"E a Universidade de Tóquio? Não seria legal se fizéssemos todos
juntos?" A conversa era previsível.
Motoko balançou a cabeça. "Não acho que este seja o meu caminho,
mas sim, seria legal."

Na escola o de sempre: aulas sem novidade, o treino de Kendô foi
bom, mas quando ela saiu, as fãs e puxa-sacos de costume não
estavam lá.
"Ah, aí está ela!" o pequeno grupo se aproximou. "Você já
escolheu o seu vestido? Onde vocês vão passar a Lua-de-Mel? Como
vocês se conheceram? Isso é tão romântico!". As perguntas e
os comentários não paravam. Motoko olhava sem reação para um novo
grupo de fãs.

A carta de admissão chegou duas semanas depois, junto com um
convite para visitar o campus. Uma passagem de trem, um ticket
de hotel e um bloco de vales-refeição da lanchonete do campus e
de alguns restaurantes estavam incluídos no pacote.

"Urashima-san, por favor aceite este presente," Motoko lhe
ofereceu um medalhão preso em uma corrente. O kanji era de uma
escrita antiga desconhecida para ele, mas ele aceitou.
"O que é isso?" Peguntou Keitaro, examinando-o com cuidado.

"Ele proteje contra o mal. Ele o deixa sob a proteção dos
sacerdotes da minha vila. Os sacerdotes rezam especificamente
para o seu portador." Respondeu Motoko. "Use-o sempre, e você
estará a salvo."
"Obrigado." Keitaro agradeceu profundamente. "Espero que sejamos
amigos. Tenha uma boa viagem. Eu também tenho algo para você.
Ela desenrolou o papel que ele lhe ofereceu. Era uma pintura de
uma paisagem à beira-mar, mostrando uma grande rocha partida,
ao pôr do sol, muito bem retratada. "O mal foi vencido, e a pessoa
está a salvo." Ela leu o título em Kanji e sorriu. Ela havia
dominado uma técnica superior e destruído um fantasma lá.
Ela enrolou a pintura. "Obrigada. Vou guardá-la com carinho."

Keitaro entrou novamente, enquanto Motoko pedia uma carona até a
estação ferroviária a um furgão de entregas. "Se você se apressar!"
foi a resposta.

"Uma carta para Aoyama-san? Ela está partindo agora. Isso parece
importante." Keitaro correu até a porta e desceu as escadas, indo
atrás da van.

"Espere, não me deixe!" Gritou ele enquanto corria atrás da van.
Ele tropeçou e caiu.

Ela viu ele se levantar de joelhos, sem ter se machucado.
"Kei-kun! Adeus!" As palavras lhe soavam estranhas, como num
sonho. Os olhos de Motoko se encheram de lágrimas, mas ela não
sabia dizer porquê.

Sua viagem se passou sem problemas. Ela hospedou-se no hotel, fez
seus exercícios no terraço, tomou seu banho da tarde e foi dormir.

"Sensei." Motoko dirigiu-se ao treinador, lhe oferecendo a
carta. "Você foi designado como meu guia e responsável durante
minha visita."

O homem passou os olhos pela carta, franzindo as sombrancelhas.
"Normal da secretaria, em oferecer sempre os meus serviços! Bem,
senhorita, como isto vem de meu superior, não posso me negar a
fazê-lo." Ele levantou-se rapidamente cumprimentou-a com uma
curvatura. "Estou ao seu serviço." Motoko sorriu. "Que bom!"
Pensou ela. "Um bom sinal." Motoko lhe retornou o cumprimento,
um pouco maior do que ela receberia de um professor ou de alguém
mais velho. Existem poucos estudante vestidos ao modo clássico,
rendendo vários olhares curiosos durante o passeio da dupla pelo
campus.
Depois de um bom almoço, os dois seguiram para o ginásio. "Vamos
ver do que você é capaz!" Disse o treinador. "Você é uma jóia,
mas será que já está lapidada ou não?"

O treinador olhou seu oponente; a aura de luta que ela erradiava
parecia bastante poderosa. Seria esta a jovem estudante do
colegial a quem ele havia à pouco mostrado o campus?

Haaaiiiyaaa! Ele avançou em direção de seu oponente gritando,
tentando usar este momento como uma lição rápida, demonstrando
que ainda havia trabalho a ser feito.

Bang, bang. Bang, bang. As espadas de bambu acertavam-se, a cada
golpe perfeitamente bloqueado. Motoko desviou-se para o lado,
deixando que ele passasse por ela. Ele estava totalmente aberto
e Motoko acertou-o atrás do joelhos, fazendo-o cair no chão.

"Perdão, Sensei." Disse Motoko, curvando a cabeça. "Espero que
não tenha se machucado."

Meia hora depois, o treinador estava bastante excitado. "Você
está bem lapidada, realmente. Sua entrada aqui com certeza irá
render um título nacional! Vamos checar suas acomodações de
moradia, agora." O treinador conduziu-a a um outro prédio.

"HOMEM NO CORREDOR!" Anunciou ele em voz alta. Várias garotas
entraram rapidamente nos quartos; algumas portas foram fechadas
com apressadamente. Gritando o aviso novamente, ele seguiu até a
gerente do dormitório. "Você dividirá o quarto com uma das outras
estudantes. Não existem quartos particulares no campus. Meu
quarto aqui é praticamente igual as outros." Explicou ela.

Motoko estava intrigada. "E o meu marido? Me foi especificado
nos requisitos que não haveria problemas com relação ao meu marido."

A gerente do dormitório justificou-se. "Lamento, mas deste é um
dormitório exclusivamente feminino. O dormitório para casais está
cheio, com lista de espera e não há planos de se construir mais
algum.

"Vamos lá, vamos acabar com essa bobagem." O treinador conduziu-a
ao prédio da administração.

O treinador apresentou cuidadosamente uma cópia do pedido e da
carta de admissão ao reitor. "Nós oferecemos uma bolsa de estudos
de quatro anos ao campeão e aceitamos este pedido, onde se lê
claramente "Casada."
"Não aceitarmos seu marido com ela seria um insulto ao casal e a
esta instituição!" O treinador estava perigosamente perto de ser
rude, mas também perigosamente perto de perder uma atleta-estrela.

"Sua preocupação é justificada e já está registrada."
O treinador recebeu sua resposta e calou-se.

"Aoyama-san." O reitor dirigiu-se a ela. "Vejo que você não recebeu
nosso comunicado a tempo, isso teria tornado as coisas mais fáceis."

"Entendemos perfeitamente que nós fizemos uma oferta, a qual você
aceitou. Isto constitui um contrato. Também percebemos que não
nós é possível cumprir nossas obrigações e gostaríamos
humildemente de lhe pedir que considerasse uma alternativa."

"Que tipo de alternativa?" Perguntou Motoko, cautelosamente.
"Bem, há uma universidade com acomodações disponíveis para casais.
Ela cedeu uma bolsa de Judô para um aluno solteiro, que tem
preferência em estudar na região de Kyoto. E aqui temos uma bolsa
de Kendô com acomodações de solteiro, com uma estudante que
precisa de acomodações para casal."

"Então você está oferecendo uma troca?" Motoko sorriu. "Assim
fica tudo certo, ninguém perde. Uma idéia magnânima." Assentiu
Motoko com a cabeça. "Apenas uma pergunta, qual é a universidade?"

"Tóquio."

"Aceito."

***

Com a carta amassada em sua mão, Keitaro olha com tristeza a van
sumindo na distância. Ele não estava ferido mas chorava, soluçando
tão violentamente que não podia se levantar. Algo muito profundo
havia acontecido. Era uma incontrolável sensação de vazio e de
perda, combinada com um sentimento de descoberta. Shinobu olhou
pela janela da cozinha e o viu ainda ajoelhado na ponte. Ela
rapidamente desceu as escadas e ajudou-o a se levantar. "Qual é
o problema, Senpai?"

"Eu não sei, mas eu não consigo parar de chorar."

Sua tia mandou-o deitar-se na cama e lhe ofereceu um grande copo
de sakê. E ele acabou dormindo em minutos.

Poucas horas depois ele acordou. "Eu preciso estudar." Keitaro
levantou-se e seguiu até onde Mutsumi e Narusegawa estavam
trabalhando em um novo problema. Enquanto elas se esforçavam em
resolver o problema de cálculo, Keitaro lia o enunciado, esperando
assim conseguir ter algo para ponderar sobre a solução. Ele o
escreveu num papel, primeiro tentando os métodos mais óbvios e
rapidamente os abandonando. "Isto é fácil como pi," sussurrou a
velha piada de trigonometria. Então ele olhou para o papel e
completou o problema fornecendo a solução. As duas garotas ainda
estavam trabalhando no problema, tentando um método logarítmico
que havia parecido promissor.

"Keitaro!"

"Hã?" Keitaro olhou para frente.
"Você não vai ajudar?"

"Uh, a resposta é seno(2x) mais cosseno(2x) menos seno(2x) sobre
coseno(2x) onde x não é igual a pi sobre 4."

"NUNCA!" Narusegawa olhou para a folha de caderno.

"Kei-kun!" Mutsumi debruçou-se para olhar a folha, apoiando seus
grandes seios contra o seu braço. Ela viu como o problema foi
resolvido e estudou-o por um minuto, verificando os passos contra
o que ela havia feito em seu caderno. Keitaro estava suando frio
devido ao contato um tanto íntimo. Finalmente, ajeitando-se em
seu lugar, Mutsumi sorriu. "Nós estávamos trabalhando neste
problema a tarde inteira, e você o solucionou facilmente!"

"Não pode ser - Keitaro-baka!" Naru recusava-se a acreditar que
ele havia resolvido aquilo sozinho. Mas seu rosto enrubresceu e
ela olhou para a folha onde Keitaro havia resolvido o problema.
"Você fez isso antes ou enquanto você não estava aqui!" Acusou
Naru.

"Não, eu estava dormindo."

"Sim, bêbado e dormindo!" Ela sentiu o cheiro do sakê que sua
tia havia de dado para sedá-lo.

Keitaro levantou-se e saiu da sala, Naru estava ficando nervosa e
geralmente ela constumava acertá-lo até uns 30 segundos depois de
enrubrescer.

Keitaro desceu as escadas até o seu quarto e estudou, resolvendo
os problemas. "Vou tentar sozinho e vou fazer quantos eu puder
até encontrar um que eu não consiga resolver. Então eu subo e me
junto ao grupo." Pensou consigo mesmo.
"Algo está diferente," Pensou Keitaro enquanto resolvia a primeira
página.
"Minha mente está mais concentrada. Atualmente eu não preciso de
mais conhecimento. Eu apenas preciso ser capaz de aplicar o que
eu sei."

Shinobu o chamou para jantar, mas ele ainda estava estudando.
"Desculpe, mas guarde uma tigela para mim, eu estou ocupado."
Shinobu acabou trazendo a comida para ele assim mesmo, e ele foi
comendo enquanto estudava.

Era por volta das 8 da noite. Keitaro fechou seu caderno. "Bem,
hoje foi um dia proveitoso." Ele seguiu para os fundos da pousada,
e ligou o aquecedor do seu banheiro. O aquecedor não acendeu.
"Ótimo", suspirou, "Eu tenho uma sauna aqui mas vou ter que usar
um banho público!"

"Keitaro! O que você está fazendo aí?" Seus velhos tormentos
da época do colégio acenaram, parando junto à ele.

"O meu aquecedor não quer ligar."

"Então, era só você ir na sauna das garotas."

"Não é permitido que homens tomem banho lá, vocês dois sabem
disso."

"Mas nós não estamos falando em tomar banho!" caçoaram os dois.

"Eu dirijo uma casa de respeito!" Gritou ele.

"Deixem ele em paz." Disse um velho, olhando o medalhão no pescoço
do rapaz.

"Você pelo jeito não sabe que Keitaro é um idiota, tarado, que
não presta pra nada. Ele é um ronin de terceiro ano também, ele
nem sabe quando desistir.

"Keitaro-dono", O velho cumprimentou-o com a cabeça e pegou cada
um dos dois garotos pelas orelhas, um em cada mão. Os dois
antagonistas se viram sendo sentados pelas rua, sentindo o ar
frio da noite. Ainda enrolados nas toalhas, eles acharam seus
pertences numa pilha ao seu lado.

"Peço-lhe desculpas. Eu devia ter agido mais cedo e não ter
permitido que eles o insultassem." O homem voltou ao banho,
mantendo uma respeitosa distância.

"Com licença."

"Sim?"

"Por que você fez aquilo?"

"E eu não deveria ajudar um companheiro da minha vila?"

"Eu sou de Tóquio."

"Bem, você carrega a nossa marca. Onde você conseguiu este
medalhão?"

"Aoyama-san, ela me deu antes de partir para Kyoto. Ela me disse
que ele me manteria à salvo."

"Você até cheira como um de nós." Sorriu o velho.

Keitaro terminou seu banho e voltou para a pousada.

"Bem, você não vai estudar nada hoje à noite?" Disse Naru, com
ar de reprovação.
"Você nunca vai conseguir entrar em Tóquio U se continuar
dormindo tanto."
"Espere um pouco, que eu já chego lá." Keitaro foi ao seu quarto
e pegou seu livro de exercícios.
"Ok, enquanto você estava fora, nós fizemos mais cinco," explicou
Narusegawa, pegando o livro de exercícios dele. "Quantos você
conseguiu?" Ela olhou as páginas, verificando as resposta e
assentindo. "Nada mal." Ela sorriu a princípio, então sua
expressão mudou, primeiro de questionamento, depois para espanto,
então para uma fúria cega.
"Seu cretino! Você fez TODOS eles!" Naru jogou o braço para trás,
preparando-se para acertá-lo, quando foi acertada por uma força
parecida como uma onda avassaladora. Quando deu por si estava de
cabeça para baixo, contra a parede oposta, numa posição um tanto
inadequada para uma garota. Ela demorou alguns segundos se por
de pé. Baixando sua saia e dando uma olhada rápida na direção do
Keitaro, vermelho de vergonha, demonstrando que ele também tinha
reparado na posição dela. Com uma olhada rápida ela viu que não
estava machucada; talvez seu orgulho estivesse um pouco arranhado.
"O que aconteceu?" Uma olhada para a porta respondeu a pergunta.
Motoko estava com sua espada em punho, e havia usado seu ki - sua
energia vital para acertá-la sem lhe causar ferimento. A espada
era apenas um instrumento para focalizar a força, desta vez.

"Motoko-san, o que significa tudo isso?" Disse Narusegawa
acusadoramente.

"Eu não vi nenhum comportamento que necessitasse de punição,"
Disse Motoko, calmamente.
"Se o gerente está se comportando mal, Eu sugiro que leve a
questão à atenção da tia dele ou de Hina-san."

"Olhe pra ele! Ele me olhou daquele jeito e viu minha calcinha."

"Ele desviou o olhar imediatamente, o que demonstra o respeito
adequado, mas enrubresceu como se era de se esperar de um rapaz."
Respondeu Motoko com a mesma calma.

"Se você deseja ficar junto deste homem, como você confessou na
Véspera de Natal, Eu sugiro que você tenha a decência de respeitar
os sentimentos dele." Motoko virou-se e correu pelo corredor,
sentido o fluxo de sangue que fazia seu rosto corar.

"De novo não!" Motoko foi para o seu quarto e fechou a porta.
Sentando-se, ela entrou no estado de meditação.
Ela lembrou-se da primeira vez que viu Keitaro. Ela havia olhado
seu para o seu rosto e sentiu-se fraca, caindo de joelhos. Ela
não havia sido capaz de enfrentá-lo no telhado. Havia muito mais
ali, e seus sentimentos só haviam voltado à tona ontem.

"A van!" Pensou ela. Lembrou-se de Keitaro correndo atrás dela
e gritando "Não me deixe!" Então ela se lembrou de todas as
palavras que ela havia falado à muito tempo atrás. "Kei-kun! Adeus!
Lembre-se, Universidade de Tóquio." Então ela se lembrou do
motorista, e lembrou-se claramente de seu pai olhando para ela,
gentil, preocupado, incapaz de ajudá-la com aquela tristeza. Ela
manteve aquele rosto no pensamento. Aquele era um retrato da
realidade preservado para sempre: o cheiro do caminhão, o barulho
do motor. Ela viu suas mão fortes e ásperas, tudo havia voltado.
"Domo arigato gozaimasu, Kei-chan; meu pai vive novamente em meu
coração! Eu me lembro agora - Universidade de Tóquio!"

***

"Shinobu-chan, eu queria dividir uma coisa com você, mas quero
que você guarde segredo absoluto." Declarou Motoko. "É algo
diretamente ligado à felicidade do Urashima-senpai e sua garota
prometida."

"E sobre Naru-san?" Shinobu lembrou-se da expressão de felicidade
no rosto dele quando Narusegawa confessou o seu desejo de ficar
com ele, e a confissão do rapaz, dizendo que a amava.

"Eu não irei dizer mais nada se você não prometer." Declarou Motoko.

"Motoko-san, eu prometo solenemente que vou guardar segredo de
tudo que você me disser." Shinobu parecia bem séria.

"Vou começar pela primeira parte." Declarou Motoko. "então daí
você me conta algo que você não pôde contar para ninguém. Desse
modo nós criamos um laço de confiança que não pode ser quebrado."

"Eu... Eu vou ter que me casar." Começou Motoko.
"Mas você... mas você nem tem um namorado!" Shinobu olhou para a
barriga de Motoko, com uma expressão de horror no rosto.

"Desculpe," Motoko riu, deduzindo a conclusão de Shinobu. "Não é
nada disso. Me foi ordenado pelos anciãos de minha vila que eu
arranje um marido e crie uma família.

"Mas você não gosta de homens!" desabafou Shinobu.

"Sua vez."

Shinobu percebeu que um segredo profundo havia sido revelado,
obrigando-a a contar algo também importante. "Hã, eu amo o
Urashima-senpai, equerosersuaesposa!" Disse ela num fôlego só.
Ela baixou os olhos, corando violentamente.

"Isso não é um segredo!" Sorriu Motoko. "Mas aceitarei o que me
disse, já que declarar isso é tão difícil para você."

"Há um homem que eu gosto." Afirmou Motoko. "Ele é gentil,
generoso, respeitoso com as mulheres e gentil com as crianças."

"Não!" Shinobu começou a soluçar. "Eu quero ele. Eu quero cuidar
dele."

"Ele é um homem que está sofrendo abusos, e continuará sempre
sendo agredido pela pessoa que ele gosta a menos que algo mais
forte o puxe para longe dela." Sugeriu Motoko. "Eu quero te
pedir para me ajudar a salvá-lo."

"Eu costumo levar suas roupas sujas suas roupas sujas para o
quarto, para sentir o cheiro dele!" Continuou Shinobu a confessar.

"Eu o enganei, dando-lhe um medalhão de minha vila. Ele só é
usado por homens prometidos em casamento. Ele o está usando,
achando que é um amuleto da sorte." Respondeu Motoko, com um nó
na garganta.

"Como que você pode salvá-lo? Ele sempre está perto dela, e ela
bate muito nele, como se sempre fosse sua culpa!" Shinobu parou
sua confissão, para o alívio de Motoko.

"Eu me lembrei de algo hoje. Meu pai era uma homem forte. Eu
lembrei de seu rosto tão claramente como eu estou vendo o seu
rosto agora, do cheiro de peixe e do seu suor, do barulho do
caminhão." Confidenciou Motoko.

"Fico feliz que você se lembrou." Shinobu olhou para ela com uma
interrogação no rosto. Isto não era bem o que ela estava esperando
ouvir.

"Havia um garotinho correndo atrás do caminhão." Os olhos de
Motoko começaram a se encher de lágrimas. "Ele era meu amigo
querido, e estava gritando. "Espere! Não me deixe!" e ele caiu.
Eu pus a cabeça para fora da janela e gritei, "Kei-kun! Adeus!
Lembre-se, Universidade de Tóquio." Motoko não conseguia mais
falar, tomada pelas lágrimas. Shinobu começou a chorar.

"Motoko-san, eu fiquei muito feliz quando o ajudei na Véspera
de Natal e saímos juntos.

"Shinobu-chan, Eu vou para a Universidade de Tóquio." Motoko
mostrou para ela a carta de admissão e Shinobu viu a designação
"casada".

Shinobu olhava firmemente, com as lágrimas escorrendo de seus
olhos sem parar. "Eu acredito que você seja a garota prometida.
Você é a destinada a ser a esposa dele. Eu também acredito que
ele será o melhor marido que uma mulher pode querer!"

Motoko abraçou fortemente Shinobu, como se ela fosse uma irmã
mas nova. "Você me faria um favor?" Perguntou Motoko.

"Claro." Sussurrou Shinobu em resposta.

"Você me ensina a cozinhar?"

***

Fim do 1º Episódio

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O original en inglês deste fanfic pode ser encontrado em
www.geocities.com/bthies
Sua tradução para a língua portuguesa foi autorizada pelo autor.
Sinta-se à vontade para disponibilizar este fanfic em seu site.
Apenas peço que dê o crédito da obra aos seu devidos autores/tradutores.
(e nos avise para darmos uma olhadinha! -_^)

Verythrax Draconis,
05/06/2001
http://verythrax.cjb.net

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