Da água para o vinho
Numa escola de Atenas,Grécia,havia um grupinho de alunos que poderiam ser considerados os mais desordeiros da cidade.o líder deles era o terror do 2º colegial.Nao estudava,não tirava boas notas,levava uma quantidade inimaginável de suspensões(isso quando ia as aulas) mas sempre passava de ano.
Certa manhã de sexta feira,aula mais chata e monótona de todas:Química.Quer dizer,monótona para todos,menos para o "CDF" da sala,Camus Loudéac,que parecia o único que estava acordado e ativo na sala de aula.A professora tinha muito orgulho dele;não só ela,mas qualquer professor que dê aula pro 2º ano.Logo após a resposta à pergunta da professora,alguém no fundo da sala fingiu um espirro que tinha som de "Puxa-saco".A professora lançou um olhar zangado na direção do responsável que fingia,assobiando.
-Trabalho para 2ª,queridos- ela sempre os chamava de queridos quando vinha "bomba".- Mas não se afobem,farão em dupla,e - entoou essa conjunção com mais força – Eu já formei as duplas.
Uma vaia curta do fundão dizia "aaaaaah" ou então "que saco!".Logo a professora começou a dizer o nome da duplas e o que fariam.Alguns torciam para que caíssem com um amigo,outros nem se importando com quem faria o trabalho.
- Kianos,você vai fazer trabalho com Giulio.Camus...preparei o pior para voce...
O francês só encarou a mestra, esperando pelo nome.
-Você vai ter que fazer o trabalho com o Milo.
Alguns sussurros de "Coitado..." e outros de "Será que vai dar certo?"na classe inteira.Camus virou-se para encarar o "chefinho da pior turma" da escola.Milo estava largado na carteira,com a mesma cara de poucos amigos e trajando um jaquetão preto,que parecia ser usado todo dia há anos.Ao perceber o olhar do outro, apontou o dedo indicador com o polegar levantado num imitação de pistola,e gesticulou um tiro.Camus virou –se para frente cruzando os braços com a mesma expressão sob seus óculos quadrados.
-----Intervalo----
Camus apoiou os cotovelos na mesa,tirando os óculos e esfregando os olhos.
- Ninguém merece...vou ter que fazer o trabalho com aquele indigentezinho do Kapranos.
-Trabalho de que?- perguntou seu amigo Shaka.
-Química...Ah,eu não tenho que aturar aquele moleque me irritando e me chamando de puxa-saco!Deveria ter falado com a professora e mudado de dupla!
-Ora,não deve ser tão ruim...
-Acredite,é sim.
Mal acabara de falar isso e um grupo parou em frente à mesa onde os dois estavam.O francês só teve o trabalho de erguer os olhos para reconhecer o jaquetão surrado preto.
-Que quer,Kapranos?- perguntou friamente Camus.
-Pedir sua mão em casamento é que não foi – respondeu desdenhoso, arrancando risinhos dos amigos mal – encarados.-Vim aqui pra dizer que não to nem um pouco a fim de fazer o trabalho,então faz o trabalho e põe o meu nome junto.
-E quem disse que manda em mim? – retrucou Camus, levantando-se e ficando cara a cara com o "colega".
-Você ta sozinho,cara,eu tenho meus amigos – ameaçou Milo – É suicídio!
-To morrendo de medo.
Camus ia dizer mais, mas Shaka tocou seu ombro e disse:
-Camus, não faz isso...
-É,Camus,porque não faz o que a barbie loira diz?
O francês quis socar e apagar aquele sorrisinho torto do rosto do grego,mas conteve-se.Sentou-se de novo,respirou fundo e ficou quieto.
-Bom garoto! – provocou Milo.- Então,ate daqui a pouco.
E se afastou com os amigos.Camus socou a mesa,xingando:
-Eu não te disse, Shaka?Esse cara deve ter vindo do inferno pra me azucrinar!Que vontade de matá-lo!!!
-Isso não ia adiantar nada...
-É assim que todo mundo dá poder pra ele:abaixando a cabeça e aceitando,como fizemos agora.Ele fica se sentindo um reizinho que faz o que quer com qualquer um!!
------Fim das Aulas------
- Hey, Loudéac!!!
"E essa,agora?"- O que foi,Kapranos?
-Sobre o que era o trabalho mesmo?
-Cálculos.
-P merda!
-Porque ta se importando,eu é que vou fazer tudo sozinho,mesmo.
-A "fessora" vai me dar zero se não fizer.
-Como se você se importasse com isso.
-Cara!Se eu tirar zero, meu pai me lincha!
Camus ficou em silêncio.
-Olha, que tal assim: Eu passo na tua casa hoje, a gente faz a porcaria do trabalho e ta tudo certo, num precisa mais olhar na minha cara.
-Por que não na sua? – perguntou Camus, cruzando os braços.
-Por que... Ah não te devo satisfações, falou?Ate mais tarde.
-Tchau.
