Segunda-feira.
Com o início de semana, vem a rotina: academia, trabalho, casa. Academia, trabalho, casa.
Desde que concluí a faculdade, tenho administrado a empresa de contabilidade de meu tio, Hiashi, e, desde que entrei para a empresa, eu freqüento o Ichiraku's, um café pequeno e aconchegante no centro de Tóquio.
Um dos únicos defeitos nesse café, é que há uma escola próxima a ele.
E uma das melhores coisas nele, é que há uma escola próxima a ele.
Que paradoxo.
Por um lado, há os pivetes que abarrotam o local para comprar croissants bem no horário do meu café. Nada como começar o dia com gritos histéricos de pirralhos mimados.
Mas por outro lado, há ela.
Pele morena, cabelo e olhos de um castanho intenso.
Sempre passava sozinha em frente ao Ichiraku's. Sempre com a mesmíssima saia de lã com pregas, estampada em xadrez escocês (e por Kami... que pernas!). Sempre com a camisa social branca moldando perfeitamente seu tronco. Sempre com seus cabelos caindo em ondas pelas costas. Sempre deslumbrante, mesmo em um simples uniforme escolar.
Presumo que, pela sua estatura, tenha 16 ou 17 anos.
Eessa é melhor parte da minha rotina.
Ver a garota passar calmamente pela calçada pouco movimentada a essa hora da manhã, olhar pela grande vitrine do café até que nossos olhares se encontrem enquanto ela sorri de canto e prossegue sua caminhada.
Essa cena se repete a, aproximadamente, quatro meses.
Agora, tomando meu café e examinando alguns documentos arquivados no notebook, sinto seu olhar perscrutando o meu. Encaro-a e me deparo com o mesmo sorrisinho encantador de sempre.
Hoje não.
Enquanto assisto ela prosseguir seu trajeto lentamente, faço uma nova requisição no balcão de atendimento enquanto desligo o computador e coloco-o na pasta.
Recebo e pago meus pedidos e saio apressadamente do Ichiraku's.
Procuro rapidamente pela familiar cascata de ondas castanhas no meio de alguns poucos transeuntes e a encontro.
Ando a passos rápidos até distar apenas alguns poucos metros dela.
- Ei!
Mas que maneira sutil eu arrumei para chamar alguém, huh?
Apenas virou-se em minha direção e esperou que eu a alcançasse; ofereci-lhe um dos cafés que havia pedido alguns instantes atrás.
- Achei que não faria nunca – falou sorrindo.
x-x-x-x-x
Para Hyuuga Ale.
Meu chão, meu ar. Meu porto seguro. k3