TÍTULO: Open Your Heart
AUTORA: Amarna
E-MAIL: amarna_lupin@pop.com.br
DISCLAIMER: Os personagem de Harry Potter são propriedade de J.
K. Rowling e todos os seus produtores associados (incluindo
Scholastic Press, Bloomsburg, e Raincoast). Possíveis
personagens originais viriam a ser meus. Essa fanfic não foi
escrita com fins lucrativos.
RATING: 14 anos
CATEGORIA: Romance
SPOILERS: terceiro livro
Resumo: Numa noite de chuva
Sirius abre seu coração (resumo cafona).
Open Your Heart
O inverno tinha chegado de vez no
norte da Inglaterra, e uma chuva grossa começara naquela noite
do fim de outubro, fazendo a sensação ser de um frio ainda
maior.
Sirius Black acordou com o som da chuva batendo na janela. Ele
abriu as cortinas em volta de sua cama e viu que as outras três
continuavam fechadas e os ocupantes das camas escondidas por elas
certamente permaneciam em sono profundo.
Ele se aproximou da janela, olhando para nada em particular já
que era praticamente impossível de se enxergar algo lá fora
naquela escuridão, mas mesmo assim a janela parecia um bom lugar
para se ficar naquele momento em que ele se sentia completamente
desperto.
Gotas e mais gotas de água atacavam o vidro que prevenia o frio
e a chuva de chegarem até ele, enquanto Sirius pensava nas próximas
noites. Em dois dias eles teriam lua cheia... Sirius nunca tinha
parado para pensar realmente nela. A lua cheia sempre fora algo
comum para ele até o dia em que descobriu dividir o dormitório
com um lobisomem. Naquele dia ele secretamente desejou que Remo não
estivesse ali, que Dumbledore não tivesse sido tão bondoso e
tivesse posto as vida de Tiago, Pedro e a dele em perigo. Agora,
três anos depois daquela revelação, ele odiava como ele se
sentira naquele dia mais do que qualquer outra coisa. Mais do que
ele odiava seus pais e toda a família Black e sua mania de
realeza. Ele odiava aquele sentimento mais porque fazia dele um
verdadeiro Black, mesmo que só por um instante. Mas isso não
mudava o fato de que ele tinha sido preconceituoso contra alguém
só porque ele era diferente, mas alguém que nunca tinha feito
mal algum à ele, alguém que depositava confiança nele. Confiança
essa que fizera Remo se abrir com seus três melhores amigos. Ele
queria esquecer como se sentira naquele momento, mas quanto mais
ele tentava enterrar as lembranças, mais elas o atacavam em
noites como essa, em noites em que tudo que ele conseguia pensar
era em Remo.
Ele aproximou mais o rosto da janela e sua respiração se
condensou contra o vidro. Ele ergueu a mão e escreveu as letras
R A A P com o dedo. Olhando para o resultado ele sorriu, pensando
em todas as coisas que Rabicho, Aluado, Almofadinhas e Pontas já
tinham aprontado pela escola. Mas tão logo o sorriso apareceu
ele também se esvaiu, enquanto Sirius erguia a mão novamente,
dessa vez para apagar as letras das extremidades. Ele olhou
intensamente para as letras restantes e sem perceber estava
desenhando um coração em volta delas.
- O que você tá fazendo sentado aí com esse frio? - disse uma
voz atrás de Sirius.
Sirius levou um susto enorme e sua mente processou o que estava
acontecendo rápido o bastante para se lembrar de apagar sua arte
do vidro apressadamente, enquanto Remo Lupin se sentava ao lado
dele perto da janela, enrolado em um cobertor.
- Pensando... - foi a resposta de Sirius.
- Em...? - o outro garoto perguntou.
- Tudo... nada... o de sempre. - Sirius sorriu um pouco, mas Remo
percebeu que aquele não era um sorriso alegre.
- Algum problema? É algo sobre as suas notas....
- Por que tudo tem que ser sobre livros com você, Remo? - Sirius
disse asperamente, mas tão logo viu o outro garoto arregalar os
olhos com surpresa, ele se desculpou. - Desculpa, eu não devia
falar assim com você.
- Posso te ajudar de algum jeito? - disse Remo de uma maneira tão
carinhosa que Sirius se sentiu propenso a se abrir com ele,
contar como se sentira quando descobriu sobre a licantropia dele,
mas o pensamento de que isso poderia magoar Remo o fez se manter
calado. Mas seu silêncio fez Remo lhe lançar um olhar
inquiridor.
- Obrigado, Aluado, mas não há problema algum, está tudo ótimo.
- Vamos, Sirius, eu conheço você! Você não estaria
negligenciando horas de sono numa noite congelante como essa se não
houvesse um bom motivo! Se você não quer se abrir comigo, tudo
bem, mas não me trate como um bobo que não percebe as coisas.
Sirius não conseguia achar palavras para dizer. Se Remo não era
um bobo que não percebe as coisas, como ele ainda não tinha
percebido o que atormentava Sirius? Ele deveria saber.
- Ah... - foi todo o som que Sirius conseguiu produzir.
Remo ainda olhava para ele com um olhar indignado, mas logo suas
feições voltaram a ser amigáveis.
- Você está tremendo! Vem, aqui tá quentinho. - ele disse,
convidando Sirius para dividir o cobertor com ele. Sirius hesitou
por um momento, mas acabou por aceitar o convite.
Remo colocou o cobertor sobre as costas de Sirius, o abraçando
levemente enquanto o fazia. Sirius queria que eles permanecessem
assim mas logo o braço de Remo tinha se ido. Ele se contentou só
com o calor que o corpo do outro, somente à alguns milímetros
de distância, emanava.
- E aí, você vai me contar ou não?
Sirius se virou e olhou para Remo, que já estava olhando para
ele. Ele ficou olhando para aqueles olhos de um tom de azul que
ele jamais tinha visto. Eles eram quase violeta, mas não
realmente. Sirius não conseguia nomear a cor, tudo o que ele
sabia era que eram um dos pares de olhos mais lindos que ele já
vira, se não fosse o mais lindo.
- Sirius? - a voz de Remo finalmente se fez entender no cérebro
do garoto.
- Você gosta de alguma garota, Remo? - ele disse de supetão,
enquanto Remo parecia totalmente atordoado com a pergunta.
- Se eu gosto de alguma garota? - Remo perguntou como se querendo
ter certeza de que tinha ouvido a questão corretamente.
Sirius só acenou com a cabeça.
Remo, que olhava para Sirius, desviou o olhar para responder.
- Não, não gosto de nenhuma garota.
Sirius ponderou sobre a resposta de seu amigo, tentando decifrar
o que os gestos e o tom de voz dele realmente significavam. Então
ele respirou profundamente, tomou coragem e perguntou.
- E de algum garoto, você gosta?
A cabeça de Remo se virou instantaneamente para Sirius, nas suas
feições um misto do que Sirius tomou por medo e vergonha.
- Ga-garotos? - Remo gaguejou.
- É, meninos... assim como eu... - Sirius disse, esperançosamente,
e então adicionou - e você.
- Por que isso agora? - Remo levantou a voz, perguntando ao invés
de responder.
- Shhh! Você vai acordar Tiago e Pedro!
Remo virou o rosto em direção às suas mãos que estavam em seu
colo. Sirius o encarava.
- Não. - disse Remo.
- Não o que?
- Não, o que você perguntou.
- Você não gosta de algum garoto, é isso? - Sirius perguntou,
nunca tirando o olhar de seu amigo.
- É, é isso! Pra que desse interrogatório? - Remo parecia
zangado.
- Calma, eu só achei que a gente poderia conversar...
- Sobre isso? Sobre a minha escolha sexual?
Sirius corou um pouco e sorriu.
- Sobre a sua também...
Remo finalmente decidiu que seus dedos não eram mais
interessantes e olhou para Sirius. Será que o que ele dissera
significava o que Remo achava?
Sirius não conseguia se manter calado quando Remo lhe lançava
aquele olhar. Fosse o que fosse, ele sempre acabava cedendo. E
naquela noite não seria diferente.
- Eu acho... Eu não sei... - Sirius parecia que não sabia mais
articular palavras para formar sentenças coerentes.
- Sirius...
- Calma, Remo, me deixa falar... - ele levantou a mão para parar
o amigo, mas não continuou falando.
- Então? - o outro garoto o encorajou e então Sirius se ajeitou
e se virou para Remo.
- Eu... eu acho que gosto de garotos. - ele disse, tão baixo que
se Remo não tivesse toda a sua atenção voltada para Sirius
provavelmente não teria entendido uma só palavra.
Remo continuava olhando para ele, sem saber o que fazer ou dizer,
mas seu coração começou a bater mais rápido.
- Você... acha? - Remo quebrou o silêncio estranho que tinha se
instalado entre eles.
Sirius deu uma risada fraca.
- É, eu acho... Porque eu acho algumas garotas atraentes, sabe?
Por exemplo, Lily Evans é linda, mas na maior parte das vezes eu
sinto que eu queria ser como ela, não estar com
ela.
Remo riu e Sirius o olhava interessado.
- Engraçado? - Sirius perguntou.
- Desculpa... Mas é que eu fiquei tentando imaginar você
andando de saia pelo castelo, ou se maquiando na aula de Feitiços.
- Fico feliz que minha dúvida te sirva de divertimento... -
disse Sirius num tom fingido de mágoa.
Ambos riram por alguns momentos mas logo a risada deu lugar ao
silêncio novamente. Então Remo falou.
- Você... você se sente atraído por garotos então? Quem? - o
garoto corou enquanto fazia a pergunta.
Sirius olhou bem no fundo dos olhos de Remo e achava que não
podia estar errado. Assim como Remo tinha o poder de fazer Sirius
falar só com o olhar, Sirius conseguia decifrar os sentimentos
do outro garoto pelos olhos.
- Há vários garotos atraentes em Hogwarts, mas eu só tenho
olhos para um deles. - ele disse, sua voz firme e decidida. Ele
tinha chegado tão longe, não ia voltar atrás.
Remo engoliu em seco. Sirius continuou.
- Você não quer saber quem é? - ele disse com um sorriso
maroto no rosto.
- Não precisa. - Remo disse antes de fazer algo que pegou Sirius
completamente desprevenido, mas não algo que ele não tenha
gostado.
Remo tinha colado seus lábios nos dele, num beijo puro e
inocente. Sirius retribuiu aquele primeiro gesto de carinho que
viera de seu amigo colocando sua mão direita na nuca de Remo
enquanto Remo abraçava Sirius pela cintura. Logo o beijo se
tornara mais ardente e Sirius passava a língua pelos lábios do
outro garoto, pedindo passagem. Remo partiu os lábios e deixou
Sirius explorar sua boca, com a língua ágil e macia massageando
a sua. Quando eles se separaram Sirius já começava a se
convencer de que não precisava mais de oxigênio, e sim daquela
boca para sobreviver. Ele deu um sorriso enquanto Remo ajeitava
atrás de sua orelha uma mecha de seu cabelo negro e comprido que
lhe caíra sobre a face.
Sirius abriu a boca para falar.
- Shh, não precisa dizer nada...
- Mas eu quero... eu estou apaixonado por você, Remo. Eu não
sei se isso é amor, porque eu não sei o que é o amor, mas é a
coisa mais forte, mas implacável que eu já senti na vida. Eu
acho que te amo.
Remo sorriu e passou os dedos pelo rosto de Sirius, que agarrou a
mão do garoto e a beijou.
- Lembra o que você me perguntou?
- Ãhn? - Sirius estava tão perdido naquele momento que nem
compreendeu a pergunta direito.
- Se eu gostava de algum garoto... Eu não gosto de "algum"
garoto, Sirius, não alguém comum. Eu adoro você. Eu amo você.
Sirius abraçou Remo apertado. Aquele momento era tudo que ele
secretamente desejava por muito tempo, desde que descobrira que
sentia algo mais forte do que só amizade por aquele garoto.
Sirius largou Remo e ficou olhando para ele, contemplando seu
amigo, melhor, seu namorado.
- Você tem os olhos mais lindos que eu já vi. - ele disse.
Remo sorriu e agradeceu com um beijo na bochecha de Sirius.
- Hm... agora seria um bom momento para você me elogiar também...
- Sirius disse.
Remo riu com vontade e olhou para Sirius como se examinando ele.
- Você tem... hm... as pálpebras mais lindas que eu já vi! -
ele disse antes de começar a rir novamente.
- Ingrato! - Sirius disse, rindo também, antes de se jogar para
cima de Remo e começar a fazer cócegas na barriga do menino.
Remo se contorcia e ria e Sirius só parou quando Remo suplicava
por clemência, repetindo "eu me rendo". Ele parou mas
não se moveu de cima de Remo, que olhou para ele carinhosamente.
- Tudo em você é lindo, Sirius. Você é a coisa mais
linda que eu já vi.
Sirius se inclinou para frente e beijou Remo docemente nos lábios
antes de deitar no chão ao lado do outro garoto.
- Olha! Parou de chover! - disse Sirius.
- Que tal, "olha, já é dia"?
- É mesmo! Será que... - Sirius disse, virando o rosto em direção
das camas. Sua expressão mudou mas ele logo tinha um sorriso no
rosto novamente.
Remo seguiu seu olhar e encontrou Pedro e Tiago, olhando para os
dois jogados no chão daquele jeito. Pedro tinha a boca
entreaberta, Tiago os olhos arregalados.
Remo e Sirius levantaram do chão o mais depressa possível.
- Bom, eu vou tomar um banho! - disse Sirius. - Vejo vocês no
Salão Principal.
Pedro o seguiu com olhar até o garoto fechar a porta do dormitório
atrás de si, acenando a cabeça afirmativamente.
- Hm... um banho cairia mesmo bem agora... Sirius! - Remo saiu
correndo atrás dele.
Quando a porta se fechou novamente, Tiago falou.
- Bom, só você mesmo, Rabicho, para não ter percebido... Esses
foram os cinco galões mais fáceis que eu já ganhei!
