SONHO E NOSTALGIA
Mãos firmes seguravam a cintura de Hermione, enquanto lábios macios e quentes acariciavam o osso de sua clavícula. Ela se arrepiou dando um suspiro. Um riso abafado pela pele de seu pescoço fez-se ouvir. Ela percebeu que gostou daquele som e quis ouví-lo novamente. Fez menção de se virar de frente para o dono daquelas mãos, mas foi impedida pelo próprio.
Sem dizer palavra, ele segurou Hermione firme na posição em que estava e desceu muito devagar uma das mãos para a sua coxa, fazendo com isso uma pressão de seus corpos. Na volta ele parou a mão na sua virilha e acariciou a curva até tocar a parte interna da sua coxa. O estremecimento foi maior ainda e ela soltou com força o ar dos pulmões. Depositando pequenos e leves beijos no pescoço e lóbulo de Hermione, ele repetiu o movimento mais algumas vezes e isso provocou um formigamento em sua intimidade.
Os beijos num dos lugares mais erógenos de Hermione e as carícias tão perto de sua intimidade a estavam deixando zonza. Instintivamente ela começou a pulsar toda vez que a mão se aproximava demais daquela região sensível. Ele não a tocava naquele lugar, mas deslizava com desenvoltura a mão bem próxima de lá e isso a estava deixando realmente excitada.
Ela levantou os braços e tocou os cabelos de seu torturador. Eles eram lisos e muito macios. Esse movimento fez com que instintivamente ele levasse a mão livre ao seio de Herminone. Outro movimento bem calculado, sem pressa e na medida certa. O mamilo, já rijo, respondeu imediatamente ficando ainda mais firme por baixo da roupa. Hermione sentiu as pernas fraquejarem com a junção de todas aquelas carícias e cedeu um pouco os joelhos. Foi segura firmemente por ele, que soltou outra risada daquela, como se ficasse encantado com uma travessura de criança. Ela percebeu que a risada rouca vinha agora com a respiração mais forte dele.
Ele estava mesmo determinado a deixar ela com as pernas bambas, pois tratou de passar a língua quente e úmida na extensão da orelha de Hermione, que se encolheu com o arrepio sentido. Sem esperar mais, ele enfiou a mão por dentro da calça de tecido leve que ela usava. Ela lhe abriu as pernas antes mesmo que pudesse perceber o que fazia. Por cima da calcinha, ele a acariciou finalmente. A mão quente e grande a tocava como se ali houvesse algo muito precioso, que exigia ser tocado quase com reverência. Os movimentos eram tão lentos e calculados, que Hermione teve que usar boa parte de seu auto-controle para não mexer os quadris, ansiosos por mais.
Ela precisava urgentemente relaxar para poder desfrutar totalmente daquilo, mas ao mesmo tempo, sentiu que a posição poderia lhe trazer um benefício novo, algo diferente a ser experimentado. Recolocou seu corpo de forma mais confortável para suas costas e ao fazer isso, sentiu o membro de seu algoz firme e rígido pressionar a área acima de suas nádegas. Ele a prendeu ali, sem que pudesse haver um milímetro separando os corpos. Para tanto, ele obrigatoriamente pressionou com mais força a púbis de Hermione e ela gemeu alto, não podendo se controlar. Ao invés da risada, veio um suspiro pesado e quente em sua orelha. Parecia que ele gostava do que provocava nela e isso a deixou mais empolgada. Hermione decidiu que iria aproveitar essa pequena brecha na fortaleza misteriosa que era aquele ser atrás de si e tentar arrancar dele mais alguns suspiros e risadas, para seu próprio deleite.
Ela segurou firme na mão que estava relutantemente estacionada em seu púbis e com dedos trêmulos pressionou ainda mais a região. Ele entendeu imediatamente e correspondeu àquele apelo mudo. Devagar, recolocou sua mão por dentro da calcinha. Hermione segurou a respiração, puxando mais ar para os pulmões em pequenos arfos, conforme sua intimidade ardia ao toque. O coração agora ribombando no peito, fazia seus ouvidos latejarem.
Ao sentir o calor daqueles dedos hábeis em si, ela gemeu choramingando e encolhendo o quadril para trás, segurou apertado os cabelos sedosos que ainda estavam entre seus dedos. Ele beijou mais possessivamente seu pescoço, começando a tocar levemente sua abertura, iniciando uma penetração do dedo médio, mas logo saia e tornava a tocar em toda a extensão de sua flor.
Esse vai e vem lento e torturante estava deixando-a muito molhada e suas pernas agora tremiam levemente. Outra investida porta adentro, um pouco mais profundamente. Ele sentiu a abertura pressionar a ponta de seu dedo, como querendo segurá-lo ali. Gostou daquilo, uma vez que começou a brincar de fingir que ia entrar e saia de novo.
-Não... por favor... – ofegou Hermione. – Por favor... entra...entra...
Ele finalmente cedeu ao lamento e, muito devagar para variar, percorreu toda a extensão de seu dedo na profundidade de Hermione. Ela estava encharcada e quente, sugando-o com urgência. Ele sentiu o cheiro da excitação de Hermione e um pulsar de seu membro contra as costas dela.
Parece que Hermione percebeu esse detalhe, enfiou a mão entre os corpos e segurou o volume que a cutucava. Novamente, ele ofegou e ela gostou de conseguir provocar algo nele, já que ele estava provocando festa e fogos dentro dela. Ela se concentrou no fecho da calça e se livrou dele rapidamente, conseguindo, sabe-se como naquela posição, tocar a pele quente e macia. Estava úmido e latejava em seus dedos.
Seu algoz a apertou mais junto a si e juntos começaram movimentos com as mãos. Ele dentro dela, bem devagar. Ela em volta dele, acompanhando o ritmo.
A voz rouca enfim chegou ao seu ouvido:
-Isso é para você. Eu estou ao seu dispor, para servi-la como nunca ninguém o fez. Portanto, não frustre os meus planos.
Não era uma pergunta e nem um pedido, era uma afirmação. Hermione entendeu e apenas segurou com força o conjunto de músculos que tinha na mão, tentando por tudo no mundo, controlar a vontade de movimentá-lo. Mas ela se comportou. A voz rouca ecoava em seu ouvido e ela não iria desobedecer. Resolveu fingir ser uma princesa muito bajulada e se entregou à mão que lhe tocava avidamente.
Aos poucos, conforme os gemidos e suspiros pediam, os movimentos da mão se tornaram mais rápidos, mas não tanto quanto ela gostaria e seu corpo pedia. Tudo nela gritava por aquilo, implorava por mais, mais rápido, mais forte. Mas não seria tão fácil assim e ela percebeu isso em instantes. De repente, seu torturador tirou o dedo de sua entrada e ela sentiu-se abandonada por completo.
- Ahn...
-Shh... Não tenha pressa. – sussurrou rouco.
Com essas palavras, ele chegou ao local perigoso demais. Tocando em pequenos círculos a semente de prazer de Hermione e depositando novamente a língua em seu pescoço subindo para o lóbulo, ele continuou a sessão de tortura.
Hermione, agora, ofegava forte e rápido, gemia intensamente e quanto mais devagar ele ia, mais ela queria e mais gemia. Sua mão apertava o membro dele com possessividade, quase agressivamente.
Após alguns momentos desse delírio, seu algoz fez o impensável até então. Colocando seu corpo um pouco abaixo e tirando a mão de Hermione de onde estava, evitando assim, quebrar seu próprio propósito de dar prazer somente a ela, ele chegou a mão livre para a abertura de Hermione.
Assim, como um artesão, ele usou as duas mãos para acariciar lenta, mas calorosamente a princesa que lhe foi confiada. Ela merecia esses mimos e ele bem sabia disso. Dedicou-se com esmero e estava satisfeito com os progressos que vinha obtendo.
Hermione gemia e se contorcia junto ao corpo dele. Agora ela não controlava mais os quadris e quase dançava em cima daqueles dedos. Ele respondeu por fim aos apelos da pele e calor da intimidade de Hermione e aumentou o ritmo dos movimentos. Alternando um movimento e outro, penetrava a cavidade dela e circulava o dedo no seu mais sensível ponto. Um movimento terminava onde o outro começava, como uma continuação um do outro.
Hermione pensou que sinceramente, esse cara tinha jeito para a coisa. Como ele podia ter tanto controle de suas mãos, de forma a fazer isso sem quebrar o ritmo e a intensidade? Eram deliciosamente macias e firmes. Ela estava a ponto de não poder se segurar mais, queria desesperadamente o ápice, todos os seus sentidos pediam, e seu corpo implorava por aquele momento.
Apertando um pouco mais os cabelos em seus dedos, Hermione ofegava e gemia e podia sentir a respiração quente e urgente dele em sua orelha e concluiu que ele também estava gostando bastante daquilo. Instintivamente, Hermione quis retribuir todo o prazer que estava sentindo há longos minutos e não se poupou de gemer e ansiar por mais.
Ele riu baixo de novo, mostrando a ela que estava certa. Ele estava curtindo também.
Mas, como uma lufada de vento, a consciência de Hermione foi afogada por choques que tomaram conta dela. Ela já não pensava mais em mostrar o quanto seu torturador estava sendo hábil em sua função. A única parte consciente dela só conseguia acompanhar os movimentos das mãos dele. Ela já suava e lamuriava, virando a cabeça para o lado onde sua mão agarrava seus cabelos, sentindo seus rostos ficarem bem próximos.
Seu algoz aumentou progressivamente os movimentos prevendo, pela mudança nela, que estava se aproximando do clímax. Ele manteve um ritmo estável e relativamente rápido. Hermione tremia e se contorcia nos braços dele. Seus gemidos foram ficando mais próximos um do outro, a respiração mais entrecortada, o coração pulando na garganta.
- Agora... isso, agora... mexe...mexe...
E, quando a cordinha invisível dentro de Hermione ia puxar para cima seu clitóris até ele vibrar durante alguns segundos e por fim, ceder exausto e pulsante, as mãos desapareceram. Os braços em torno dela viraram fumaça no ar. A mão dela que estava acima do ombro, segurando aqueles cabelos, percebeu algo estranho. Os cabelos estavam mais densos e concretos, com textura diferente.
Ela abriu os olhos abruptamente, imóvel, mas ofegante, suada. O que viu foi um borrão branco no meio dos seus olhos, fora de foco. Levantou a cabeça, tentando respirar e olhou para os lados, reconhecendo a cortina que recebia as primeiras nesgas de luz do dia que nascia.
-Ahh... um sonho! Eu não acredito. – respirou fundo e levou a mão à sua intimidade. Molhada. Pulsando. Quente. Inchada.
"Droga! Isso bem que podia ter sido de verdade. E eu nem gozei!", pensou.
- Humm... – gemeu, e tocou-se, aproveitando que seu coração ainda estava acelerado e seu corpo propício. Imaginando estar sendo tocada por seu maravilhoso algoz, ela tentou manter um ritmo anormal para a situação, queria por tudo aumentar e quase não pode se controlar. Conseguiu e percebeu que definitivamente devagar era melhor. Mas também descobriu que o pivô disso tudo, que esteve em seu sonho erótico naquela manhã, era bem mais habilidoso e competente. Ela fechou firmemente os olhos, tratou de se concentrar em seus dedos e imaginar o sussurro rouco em seu ouvido, a risada abafada. Rapidamente chegou ao ápice, ofegando, mas estranhamente frustrada.
Ela então abriu os olhos e estava sozinha. O torturador tinha ido embora. Ela, na verdade, tinha se tocado sozinha, ofegado para ninguém ouvir, gemido para ninguém apreciar. Estava na sua cama, sozinha, suada e cansada. Tinha sido somente um sonho. Ela poderia ter dormido muito mais, para poder deixar que aquele sonho continuasse. Então, deitaria no ombro de seu doce algoz e ouviria a voz rouca dele em meio aos seus cabelos. E quem sabe, no dia seguinte, ele a levaria para passear de mãos dadas e, juntos, tomariam sorvete no parque.
Mas não. A realidade era bem outra. Ela estava sozinha. Ela era sozinha.
Levantou-se e foi tomar um banho. Colocou uma música do tenor Plácido Domingo para tocar e deitou-se na água quente da banheira. Pensou em sua trajetória desde que havia se formado em Hogwarts. Um filme passou em sua cabeça. Ela se lembrou do dia da sua formatura, como se sentiu nervosa e apreensiva. Finalmente tinha conseguido todos os seus NIEM's e estava pronta para rumar à França e ampliar seus conhecimentos em Feitiços. Todos os papéis estavam prontos, sua passagem comprada, seu apartamento alugado e mobiliado a esperava.
Lá, naquele país estranho, ela teria a oportunidade de conhecer especialistas no assunto e teria a preciosa oportunidade de fazer estágio com um dos maiores mestres em Feitiços do mundo bruxo. Tudo isso acrescido com palestras, workshops, seminários e encontros que poderia participar, ouvir e aprender muito.
Era seu grande sonho, estudar, formar-se em uma ótima instituição, realizar um bom estágio e ser uma profissional de sucesso e renome.
Mas a que custo? Horas de sono perdidas, em meio a livros e papéis. Fins-de-semana sacrificados em nome dos estudos e dedicação quase que integral. Ela se dava ao luxo, de, ao menos uma vez por semana, assistir um filme, uma ópera ou qualquer outro programa que a vida cultural rica de Paris lhe proporcionava. Às vezes, dava-se ao prazer de sentar em um café e ler um livro extracurricular, para espairecer, vendo o sol se pôr atrás da torre Eiffel. Ela aproveitava sua criação trouxa para passear incógnita pela Paris trouxa. Sempre fazia isso, pois na vida social bruxa da França, era praticamente impossível se tomar uma cerveja amanteigada sem ser reconhecida como parte do "quarteto", ter que dar autógrafos e posar para fotos. Isso nem a incomodava tanto. Não tanto quanto o que acontecia invariavelmente. Ela era abordada por repórteres fazendo diversas perguntas, inclusive sobra a vida de Harry Potter. Por isso, decidiu se disfarçar de trouxa uma vez por semana e ir caminhando incógnita pelas ruas de Paris.
O primeiro ano foi um sonho, algo que ela agradecia a cada manhã por poder vivenciar. Mas do segundo ano em diante, o peso e a carga de estudos e atividades a deixaram cansada, mal-humorada e ranzinza. Seus colegas de estudo perceberam e reclamaram com ela, certa vez. Ela se desculpou, mas não fez muita coisa para mudar o quadro.
Com o tempo, os amigos se afastaram e ela ficou grata por isso. Preferia a solidão a ter que explicar algo que, para ela era tão inerente. Era natural a forma como se dedicava aos estudos e tinha grande dificuldade em fazer as pessoas entenderem isso. Era difícil jovens de vinte poucos anos aceitarem só um final de dia de descanso por semana. Eles todos aproveitavam largamente todos os finais de semana, enquanto ela achava absurdo perder tanto tempo, com tanto a pesquisar, preparar e estudar.
Por fim, se viu sozinha. Tinha colegas, grupos de estudo, mas nada mais profundo. Longe de casa e de Hogwarts, Hermione havia mudado. A alegria espontânea e o brilho vivo nos olhos já não eram mais sua marca. Ficaram somente a perseverança e a devoção aos estudos, mas temperados por uma face séria, com um vinco entre as sobrancelhas e um mau-humor quase constante.
Ela estranhava essa atitude. Não se sentia tão mal-humorada assim. Seu espírito estava sempre bem, apesar do cansaço. Mas quando tinha que lidar com os "bobões" do grupo de estudo do estágio e as francesinhas mimadas e fúteis, ela virava um dragão. Pelo menos o seu apelido "Dragão de Londres" tinha algum fundamento.
Ela riu diante dessa lembrança. Olhou seus dedos ficarem enrugados embaixo d'água. Lembrou dos dedos de seu algoz. Era a terceira vez que sonhava com ele em situações diferentes. Mas nunca tinha sido tão longo e intenso. E nunca tinham acontecido todas aquelas coisas. Eram apenas rápidos flashes, mas ela sabia que era o mesmo homem. A voz era a mesma. Rouca, baixa, quase gutural. Nunca tinha visto o rosto dele, nem tinha idéia de como era possível sonhar com alguém que nunca se viu. Sentiu um arrepio lhe percorrer e se deu conta que perdeu a noção do tempo, a água estava fria agora.
Saiu da banheira e se enrolou na toalha, ouvindo o barulho peculiar de sua coruja no pára-peito da janela da lavanderia de seu apartamento.
"Cartas de Harry, Gina e Rony! Já não era sem tempo.", pensou. Ela sempre se correspondia com os amigos, mas fazia quase dois anos que não se viam. Ela ainda teria mais oito ou nove meses até concluir seus estudos e poder organizar tudo para voltar a Londres. Sentia muita saudade deles.
Correu meio molhada ainda até a janela e retirou uma única carta presa à pata da coruja. Ela acariciou o topo da cabeça da ave e lhe deu um petisco, virando para voltar ao quarto, muito apreensiva.
A carta era de Hogwarts e tinha o brasão de Dumbledore. Um vinco se formou entre suas sobrancelhas. Ela vestiu o roupão para se aquecer e sentou na cama, abrindo cuidadosamente o envelope, com os dedos um pouco trêmulos. "O que será que aconteceu? Dumbledore nunca me escreveu antes.", pensou.
Cara Hermione,
É com imenso prazer e alegria que a parabenizo pela vitória em seus estudos. Creio que esta carta chegará um pouco antecipada à conclusão deles, mas essa foi a intenção. A concorrência em torno de uma mestra em feitiços é acirrada nos dias de hoje, com toda essa secularização dos valores bruxos, se é que você me entende.
Portanto, esta carta é um humilde convite para que ao final de suas atividades na França, venha integrar o corpo docente da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Será um indescritível prazer tê-la novamente conosco e poder proporcionar um futuro brilhante aos nossos alunos com a ajuda da professora excelente que você será.
Ainda existem muitos detalhes a tratar sobre esse assunto, mas por hora fica o convite e a nossa ansiedade por um 'sim' de sua parte.
Eu a espero em minha sala no dia 17 de novembro, às 10:00 am, para que possamos oficializar toda a parte burocrática e acertar os detalhes de sua admissão. Isso, é claro, se o convite for aceito.
'Limonada'
Com carinho,
Alvo Dumbledore
Ela soltou os braços em cima do colo e olhou a porta do armário à sua frente, meio boquiaberta. "Professora em Hogwarts. Mérlin..."
Hermione nunca tinha pensado a sério sobre o que exatamente faria depois que terminasse sua formação em feitiços. Ela cogitou o Ministério, mas sempre relutava contra a idéia por causa da rotatividade de uma corja imunda no local. Mesmo com a saída de uns, por morte ou aposentadoria, como no caso das figuras da sua época de escola, sempre chegavam outros com as mesmas tendências, amigos de antigos comensais, supostamente ainda partidários das práticas de Voldemort, mas que viviam como tivessem se redimido, o que ninguém sabia ao certo se era mesmo verdade. Quim Shackleboult era o Ministro e seria um prazer trabalhar com ele, mas ela nunca teve muita segurança quanto a essa opção. Algo dentro dela sempre a fazia permanecer num local que não era fora, mas também não era dentro do Ministério.
"Hogwarts...", pensou, nostálgica. Ela poderia novamente ver o sol se pôr atrás das colinas e montanhas que circundavam a propriedade e pisar na grama muito verde na beira do lago, vendo a lula-gigante em seu balé clássico, tão peculiar. Poderia se deleitar com o teto encantado do Salão Principal e sentir o cheiro das roupas de cama que ela tanto amava.
"Será que essa seria uma opção? Será que eu seria feliz, afinal?". Por fim, ela encarou o sábado que tinha pela frente com esse pensamento num canto da mente. Ele voltava de vez em quando esperando uma resposta que ainda não havia chegado.
17 de novembro – Beco Diagonal – 8h45 am
Hermione agradeceu por estar cedo ainda e algumas lojas não estavam abertas e tinham poucas pessoas na rua. Ela acharia bem desagradável ter que parar com malas no apertado espaço do Beco para dar autógrafos.
Mas a sensação de nostalgia a tomou inexoravelmente. O cheiro do local, as cores das portas e paredes do comércio e as placas das lojas deram à Hermione a sensação de estar novamente com 11 anos, quando pisou ali pela primeira vez. Olhou em volta e se dirigiu ao seu destino.
Ao entrar no Caldeirão Furado, Hermione sentiu o aroma de tabaco, madeira velha e cerveja amanteigada. Mesmo a estalagem estando praticamente vazia, o ranço dentro do local nunca o abandonava. As janelas do andar térreo nunca eram abertas e o peso do ar ali sempre fora o mesmo. Ela pediu um quarto e subiu levitando sua bagagem até o quarto em que ficaria hospedada.
Ainda teria algum tempo para andar no Beco antes de se encontrar com Dumbledore. Mas antes, ela abriu a janela do quarto, deixando a claridade do dia invadir o cômodo. Apoiou-se no pára-peito e observou o pico de uma colina muito verde que se mostrava no distante horizonte.
Respirou fundo o ar de sua terra. Ela finalmente sentia um pouco de entusiasmo por alguma coisa. Sentia como se estivesse vivendo muitos anos atrás e que a qualquer momento, Harry e Rony entrariam como dois furacões porta adentro e a chamariam para correr na Dedosdemel e depois conhecer as novidades da Zonko's. Sorriu ao imaginar isso e sem perder mais tempo, trocou o casaco por outro mais leve e desceu.
Caminhando no local tão conhecido, Hermione teve muitas lembranças. Era muito estranho, pois parecia que ela estivera em outro planeta enquanto esteve longe de Londres e dos lugares em que viveu por quase toda a sua vida. Ela se sentia como se estivesse voltando de uma jornada muito longa e que tudo a esperava, como sempre fora antes, sem mudar nada.
Entrou na Dedosdemel e escolheu um pirulito, coisa que não se lembrava de ter feito antes. Escolheu ainda uma caixa de um doce que nunca tinha visto. "Bombas de Limão", dizia o rótulo e ela imediatamente soube quem seria o presenteado com ela.
Dirigiu-se, então, para a Floreios e Borrões, sua loja favorita. Lá ela percorreu as longas fileiras de estantes, passando cautelosamente os dedos nas lombadas dos livros ali dispostos. Ela tinha verdadeira fascinação por eles e ali era o local que ela mais tinha gostado de estar, depois do salão comunal da Grifinória, junto com os amigos, em frente à lareira.
Escolheu um exemplar, pois não conseguia entrar numa livraria e sair de mãos vazias e saiu novamente para o sol do dia. Voltou para a estalagem, deixou as compras e colocou na bolsa somente a caixa do doce de limão e, após dar uma olhada em sua aparência, saiu para ir a Hogwarts.
Aparatou em Hogsmead e andou devagar pelo caminho de terra ladeado por árvores muito antigas que levava até os portões de Hogwarts com o coração acelerado. Voltar depois desses anos todos causava uma ansiedade que ecoava na garganta. Ela respirou fundo e quando ia tocar nas grades para empurrar o portão, ele se abriu sozinho. Ela pensou que Dumbledore acabara de saber de sua chegada.
Assim que entrou no castelo o ar familiar encontrou Hermione. Estava em Hogwarts. O salão principal estava vazio e mal iluminado. Ela avançou alguns passos e parou olhando as grandes mesas das casas. Sua mente lembrou daquele lugar cheio de garotos empolgados, falando alto, rindo e comendo. Sentiu um aperto no coração e decidiu não se ater muito tempo, pois a nostalgia era forte. Mesmo enquanto caminhava pelos corredores e escadas o aperto parecia só aumentar. As paredes, quadros, cortinas trouxeram uma saudade estranha. Ela evitou o corredor que dava acesso a sala comunal da Grifinória, pois sabia que iria cair em lágrimas se entrasse lá novamente.
Ao chegar à gárgula, respirou fundo tentando controlar o misto de sentimentos que rondava sua mente e coração e disse "Limonada". A gárgula rolou abrindo espaço para a escada em caracol que levava à sala do diretor. Bateu três vezes na porta e antes que baixasse o braço, Dumbledore apareceu abrindo-a, e abrindo também os braços para receber Hermione.
- Minha cara Hermione! – exclamou o velho diretor.
- Olá diretor. Que bom revê-lo. – falou Hermione com a voz abafada pelo tecido das vestes muito verdes do homem.
Dumbledore a olhou e seu sorriso pareceu apagar um pouco, mas Hermione sustentou o sorriso que mantinha no rosto.
- Sente-se querida. Como foi a viagem? Você trouxe sua bagagem? Já a colocou em um dos aposentos? – perguntou o diretor sem cerimônia.
- Hm... ainda não. Eu estou hospedada no Caldeirão Furado. - Hermione respondeu um pouco sem jeito. - Trouxe, por enquanto, apenas algumas mudas de roupas. Toda a minha bagagem ainda não chegou da França, disse ela.
- Oh, entendo. - falou ele parecendo um pouco frustrado.
- Ah, eu trouxe um presente para o senhor. – falou, retirando a caixa de doces de limão e entregando ao velho. – Eu não sei se são bons, nunca ouvi falar deles, mas achei que o senhor iria gostaria.
- Oh, muito obrigado! Eu tenho certeza que irei. – disse, já abrindo o embrulho com um sorriso e lendo o rótulo. – "Bombas de Limão"... Interessante. Vamos ver se elas explodem mesmo. – E tirando uma bolinha verde de dentro da caixinha colocou na boca e fitou o ar.
- Hum... hum... – ele rolou os olhos pelo teto e engoliu a bolinha. Hermione o olhava insegura, pois ele ficou muito quieto, fitando o nada, olhando através dela.
- Diretor? O senhor está bem? – perguntou apreensiva.
De repente, ele abriu a boca de uma vez só e uma baforada muito densa e verde saiu dela, como se ele fosse um dragão. A baforada tinha o formato de um limão, translúcido. Dumbledore olhou a figura e caiu na gargalhada. Hermione relaxou os ombros e riu também.
- São deliciosos! Quer experimentar um? – falou o velho já colocando outra bolinha na boca.
- Não obrigada. – disse Hermione rindo da nova bola de limão que saiu da boca do diretor.
- Bem, minha cara, chega de doces por hoje. Vou guardar para uma ocasião especial. – e deu uma piscadela para Hermione e ela já sabia que ele iria aprontar com o doce logo que possível.
- Então, vamos conversar. Conte-me sobre você, seus estudos, seus progressos e sua vida na maravilhosa Paris.
Hermione começou a resumir sua vida naqueles últimos três anos, desviando-se dos detalhes que a deixavam chateada e dos acontecimentos desagradáveis. Tudo o que disse faria qualquer um vibrar de alegria por ela.
- Sim, que esplêndido! Vejo que você foi muito feliz, estou certo? – e a fitou por cima dos seus pequenos óculos de meia-lua. Na mesma hora, ela desviou o olhar e assentiu, baixando a cabeça.
Dumbledore suspirou fundo e se levantou, indo olhar a janela.
- Hermione, minha querida. Eu suponho que o que a trouxe aqui seja o "sim" que eu espero como resposta à minha carta. Eu sei que você é agora uma bruxa altamente qualificada em feitiços e que tem um futuro brilhante pela frente. Suponho também que você tenha gostado de pisar neste chão novamente, depois de tanto tempo. Arrisco-me, ainda, a supor que você sente saudades de seus grandes amigos, Harry, Rony, Gina, Neville, Luna, os outros Weasleys, estou certo? – ele se virou no calcanhar e olhou para a figura de Hermione sentada à escrivaninha, com os ombros baixos e torcendo os dedos.
Ela não respondeu nada, não conseguia dizer o que estava sentindo e nem ela mesma sabia o que estava realmente sentindo.
Dumbledore se aproximou e fez algo muito inusitado. Segurou a mão de Hermione, levantou-a da cadeira e a envolveu em seus braços. Hermione gelou. Jamais ela imaginou o diretor fazendo isso, nem mesmo tinham intimidade para tanto. Porém, o nó que se formou em sua garganta no momento em que Dumbledore falou sobre a saudade de seus amigos não pode ser engolido. Ela relaxou nos braços do diretor, abraçou-o e chorou. Chorou sem saber por quanto tempo e nem ao certo por quê. Ela somente conseguia soluçar e soluçar. Várias imagens passaram em sua mente, lembranças de momentos bons e ruins, os cheiros de Hogwarts, de Hogsmead, os gritos do quadribol.
Ao perceber que ela se acalmou, o diretor afrouxou o abraço e sem dizer palavra, conjurou um lenço muito branco e entregou a ela.
- O... obrigada diretor. – soluçou. – Desculpe-me por isso, eu sinto muito.
- Sente-se querida. Tome uma xícara de chá. Vai acalmar a sua garganta. E você não precisa se desculpar por nada. Você está em casa agora; deve deixar as tristezas para trás e viver a vida extraordinária que tem pela frente. – disse o velho sábio. Ele serviu o chá a Hermione que, ao dar o primeiro gole, já sentiu bastante alívio na garganta que estava doendo.
- Estou aqui como um amigo hoje. Não sou mais seu diretor e não desejo ser tratado como tal por você. Você pode e deve me chamar pelo meu nome, sem nenhum constrangimento. Isso me ajudará a chamá-la de Hermione também, sem usar um 'senhora' ou 'senhorita' na frente.
Ela sorriu fraquinho e assentiu.
- Está bem, Dumbledore.
Ele não fez perguntas sobre o estado de espírito de Hermione, pelo que ela ficou agradecida.
- Ótimo. Assim é bem melhor. Eu gostaria muito que você aceitasse meu convite. Eu creio que você será de inestimável ajuda e a escola irá crescer muito com as aulas de feitiços dadas por uma jovem cheia de vida e energia. – falou Dumbledore, com um leve sorriso.
- Mas e o professor Flitwick? – indagou a moça.
-Ah, ele está se aposentando e irá passar sua velhice em Portugal. É um sonho antigo dele. E então, você já tem uma resposta para mim?
Parecia que ele sempre forçava a conversa para esse assunto e ela começou a se sentir desconfortável, pois ainda não tinha se decidido.
- Bem, eu pensei, mas realmente ainda não me decidi. – respondeu Hermione.
- Continue...
- Eu estou um pouco exausta de tantos estudos, apesar de estar ansiosa para começar um trabalho de verdade. Eu senti mesmo muitas saudades de casa, ou melhor, de Hogwarts, de Londres e dos amigos. Acho que foi por isso que voltei aqui. Eu não tinha mais nada que me prendesse à França. Além do mais, quero continuar vivendo em Londres, independente de onde eu vá trabalhar.
- Entendo. E eu acredito que você pretenda passar o Natal com seus pais. Estou certo? – perguntou Dumbledore.
- Na verdade, eu pretendia... mas eles estarão viajando até final de janeiro pela Índia. – ela sorriu fraco.
- Humm... Que ótimo para eles! Eu pretendo voltar um dia para aquela terra extremamente exótica e interessante que é a Índia. Bem, eu tenho algo para lhe contar que não mencionei na carta e preferi dizer-lhe pessoalmente. Há algumas mudanças na escola e creio que você deva saber. Sim, eu sei que você ainda não se decidiu, mas até lá você terá tempo para me responder. – e seus olhos azuis brilharam de novo por trás dos óculos pequeninos.
- Sim? O que eu devo saber? – ela estava realmente ficando apreensiva. O brilho nos olhos de Dumbledore nunca omitia um belo plano.
- Primeiro: você precisa saber que a Professora Minerva também está se aposentando. Ela já está cansada e tem projetos de realizar sonhos a muito enterrados em gavetas do seu coração. Ela tem projetos maravilhosos e que sinceramente irão surpreender a muitos. Estou incentivando-a para que ela passe o resto de seus dias realizando seus maiores sonhos. Você se surpreenderia se soubesse das idéias dela. – falou com um risinho de escárnio.
- Bem, um dia eu gostaria de saber quais são eles. Fico feliz por ela, se é isso que a fará feliz. Mas a escola é a vida dela. Ela irá embora?
-Ah, não, é claro que não. Ela continuará a morar no castelo, mas fará viagens constantes trabalhando em seus projetos. – respondeu entusiasmado. – Mas o que eu realmente quero lhe falar é que foi instituído em Hogwarts que todo o corpo docente deveria ter um tempo de convívio e descanso, fora dos terrenos da escola. Essa é uma das peripécias de Minerva, um plano que ficou adiado, depois de todos os acontecimentos que se desenrolaram desde o seu primeiro ano com Harry e Rony. Ela teve que enterrar os planos até que a paz estivesse restabelecida e que, de fato, depois se aposentasse. Hermione o olhava, tentando entender onde ela entrava nisso tudo. Ela ainda não tinha se decidido, não tinha dito 'sim' a Dumbledore.
- Pois bem. Iremos passar as festas e o mês de janeiro numa magnífica mansão nas montanhas, com todo o conforto e infra-estrutura para usufruirmos de férias maravilhosas, passeios e muitas outras diversões que velhos como eu não poderão aproveitar tanto quanto gostariam.
Ela continuava a fitá-lo.
- Sei que você está pensando o que tudo isso tem a ver com você. Eu vou explicar. Eu quero lhe fazer outro convite. Gostaria que você fosse conosco nesta jornada extraordinária. Eu preciso de uma resposta sua sobre o cargo de professora antes da viagem, mas mesmo que você recuse o primeiro convite, o segundo, para as férias, permanece. Você poderá ir conosco e descansar, aproveitar e repor as energias gastas em todos esses anos de estudos. O que me diz? – ele estava inflado de empolgação e expectativa.
Hermione hesitou. Uma viagem com os professores de Hogwarts, com momentos descontraídos e alegres, de intimidade e convívio, causava no mínimo curiosidade. Ela estava com os olhos fixos num ponto atrás do ombro esquerdo de Dumbledore.
- Eu sei que deve ser bem difícil imaginar os professores em trajes despojados, cavalgando pelas trilhas entre as árvores e fazendo piadas depois de várias cervejas amanteigadas, mas devo dizer que todos nós somos bruxos sim, mas humanos acima de tudo. – ele sorria para Hermione.
- Sim... er... é bem difícil imaginar isso, sim. Mas eu acho muito justo todos saírem deste castelo e viverem um pouco. – falou Hermione com sinceridade.
- Ótimo. Que bom que você pensa assim. Hermione, você não precisa me responder agora. Eu espero que você pense e considere com carinho as duas propostas que lhe fiz. Se você aceitar o cargo de professora, acredito que nossas férias serão de grande proveito para você conhecer os colegas e para que eles conheçam a você também, como adulta e amiga.
- Certo, eu irei pensar, prometo. - falou por fim Hermione.
- Maravilhoso! Eu espero uma coruja ou outra visita tão agradável o mais breve possível.
- Claro. Bem, eu preciso ir. Combinei de almoçar nA'Toca com os Weasleys, não gostaria de me atrasar. – ela disse, levantando-se.
Ele contornou a mesa e a abraçou novamente. Hermione pensou se essa atitude iria se repetir outras vezes. Era realmente estranho e ela teria que se acostumar a não ser mais uma aluna e tratar com reverência os professores, ainda mais Dumbledore. Mas agora deveria enxergá-los como colegas. Ela estava pensando como se já tivesse dito sim ao convite de Dumbledore e isso era muito estranho.
- Obrigada por vir, minha cara. Mande lembranças minhas aos Weasleys, sim? – recomendou o velho homem.
- Claro, com certeza.
Ela se dirigiu à porta, girou a maçaneta, abriu e virou-se para um último aceno. Dumbledore apenas a olhava com um sorriso. Ao virar para sair trombou fortemente em algo macio e grande, deu um passo para trás se desequilibrando e foi segurada pelo braço e pela cintura por alguém. Ao levantar a cabeça para ver quem era, tomou um susto. Uma massa negra encimada por um rosto muito pálido e sério, emoldurado por cortinas de cabelos negros que lhe caiam displicentemente pela face, e ele estava praticamente em cima dela. Hermione estava quase no chão, só não estava de fato por que ele a sustentava quase sem nenhum esforço. Era Severo Snape.
- Srta. Granger! Que surpresa. – Snape falou sem se mover.
Hermione ofegava pelo susto da trombada e pelo susto de perceber quem a segurava. Ela não conseguia pensar direito, sentia um cheiro amadeirado e fitava os olhos intensamente negros de Snape.
- Professor Snape. O senhor pode me ajudar a levantar, já que está me segurando? – falou tentando controlar a voz.
Por um segundo, pareceu que Snape saiu de um transe e se deu conta de sua posição. Tinha um joelho no chão, em volta do corpo de Hermione, suspenso pelos seus braços. Ela era muito leve e ele teve a impressão que se a apertasse, ela quebraria. Ele se recompôs, levantado-a e colocando-a em pé à sua frente. Hermione ajeitou os cabelos e o casaco, sem poder tirar os olhos dos olhos de Snape, que a fitava de forma a perfurá-la.
- Desculpe-me – disse finalmente. Eu não vi que o senhor estava na porta. Como vai? – perguntou educadamente.
- Não tão bem quanto à senhorita. – falou olhando-a de cima a baixo – E não precisa se desculpar, apenas tente ser mais cuidadosa da próxima vez. – soltou Snape com desprezo.
Ela manteve o olhar frio de Snape e disse:
- Não haverá próxima vez. Com licença. – e passou por ele, que virou no calcanhar e a observou descer, com graça e destreza, as escadas em forma de caracol.
Snape entrou na sala e fechou a porta. Encontrou Dumbledore com um sorriso maroto nos lábios.
- O que foi? Alguém contou uma piada? – rosnou Snape.
- Não foi nada Severo. Não foi nada. – disse Dumbledore que estava segurando uma risada agora. – Aceita um doce de limão?
Hermione seguiu para o portão de Hogwarts para se dirigir ao local onde poderia aparatar, mas estancou segurando as grades. Ela vinha tão apressada que tentou respirar devagar antes que tivesse uma taquicardia. "Que droga! Eu tinha que ser tão desastrada e topar logo com Snape?", pensou. "Pior ainda é eu ter topado com ele e ser amparada por ele. E ainda por cima não conseguir tirar os olhos de cima dele. Mas o que é isso Hermione? Você enlouqueceu? É Snape. SNAPE! Ok, tudo bem... ele provou que se redimiu e que o tempo todo esteve do lado certo, do lado de Dumbledore, mas ainda assim é Snape. O detestável, mal-humorado, odiável, raivoso, chato, cheiroso... hhmm, o que eu estou pensando? Eu devo estar maluca mesmo. Devo ter eliminado alguns milhões de neurônios a mais do que o saudável com todos estes estudos, só pode ser."
Ela caminhou e, ao chegar ao ponto de aparatação, rodou nos calcanhares e desapareceu.
Chegando à porta dA'Toca, caminhou lentamente e antes de tocar a madeira com os nós dos dedos, a porta foi aberta e a Sra. Weasley a recebeu com um abraço de urso, quase quebrando-lhe o pescoço.
- Ah, Hermione querida, eu senti tanta saudade. – falou a senhora gorducha, já com lágrimas nos olhos. – Entre, entre. – convidou.
Ao entrar na sala, ela não pôde acreditar. Uma imensa faixa de boas-vindas flutuava perto do teto. "Bem-vinda ao lar, querida Hermione!"
- Oh, sra. Weasley, muito obrigada! É linda!
- Ah, isso é invenção de Fred e Jorge. Você sabe como eles adoram essas coisas.
- E onde estão todos?
- Arthur ainda está no trabalho, mas vem almoçar em casa. Rony e Harry estão no curso de aurores, mas eles vêm também. Fred, Jorge e Gina estão comprando os últimos ingredientes para o almoço, devem estar aparecendo... neste instante. – falou a mulher, olhando para o relógio mágico que indicava a localização de cada membro da família. Os ponteiros indicavam que Gina, Fred e Jorge estavam em casa. E no mesmo instante, eles entraram pela porta.
- Mione! – gritou Gina e correu para abraçar a amiga. Os gêmeos também a abraçaram falando ao mesmo tempo. Eles se sentaram à mesa, enquanto a sra. Weasley terminava de preparar o almoço. E conversavam animadamente.
Após alguns minutos chegaram Harry, Rony e o Sr. Weasley. O almoço foi muito agradável e Hermione sentiu uma alegria que quase se esquecera de como era. Ela estava se sentindo em casa e se sentia leve.
Após terminarem e estarem empanzinados, ela, Harry, Rony e Gina saíram para o jardim e sentaram para conversar mais tranquilamente.
- Agora nos conte melhor, Mione, como foram esses anos? Você fez muitos amigos, arrumou algum namorado? – perguntou Gina curiosa.
Rony rolou os olhos e Harry sorriu ansioso para a amiga.
- Bem, eu fiz alguns amigos sim, mas logo nos tornamos apenas colegas. Sabem, não é tão fácil fazer amizades duradouras e verdadeiras como a nossa. – Hermione sorria até não poder mais. Estava com seus amigos de verdade e se sentia imensamente feliz. – E não, eu não arrumei nenhum namorado. Todos os franceses, apesar de bonitos são cabeças ocas e fúteis. Não tive paciência para conversar mais de meia hora com nenhum deles, e apenas algo relacionado com os estudos.
Os sorrisos se amuaram.
- Mas gente, eu estou muito feliz por ter voltado e... bem, eu tenho novidades. – falou com animação.
- Sério? Conta Mione. – falou Harry.
- Bem, alguns meses antes de eu terminar meus estudos eu recebi uma coruja de Dumbledore me convidando para assumir a cadeira de Feitiços de Hogwarts.
Todos a olharam boquiabertos.
- Mas isso é maravilhoso, Mione! – disse Gina.
- Sim, eu sei, mas ainda não me decidi. Sabem, não que seja uma proposta ruim, claro que não. Seria ótimo poder voltar à escola, ainda mais para dar aulas, é realmente tentador. Seria um desafio. Mas não sei, estou um pouco insegura. – falou, torcendo os dedos.
Harry observou a amiga e percebeu algo diferente em Hermione. Estava insegura mas não tinha mais motivos para isso, para ter dúvidas sobre nada na vida. Ela não precisava mais se preocupar em cumprir regras, evitar detenções e perder pontos para a sua casa. Ela era adulta, independente, dona de sua vida e não tinha nada a temer. Outra coisa que ele percebeu, foi que ela torcia os dedos. Hermione não tinha essa mania, ele nunca tinha visto ela agir dessa forma. Era como um bichinho acuado, com medo.
- Hermione, eu acho que você pode e deve fazer o que você quiser e aquilo que a fizer feliz. Você deve trabalhar e viver de forma prazerosa. Nós passamos tantas coisas juntos, corremos riscos e saímos de tudo juntos. Agora, estou com você e vou apoiá-la na decisão que você tomar, não importa qual ela seja! – Harry falou isso de uma vez só.
Hermione olhava para ele e sorria, emocionada.
- Ah, obrigada Harry, eu sei disso.
- Então, Mione... se é isso o que você quer, vá em frente. Você ficou longe todo esse tempo, e se matou de tanto estudar. Agora não pode querer se enfiar no Ministério mofando e deixando todo o seu talento lá naquele covil. – falou Rony, mas levou uma cutucada de Gina.
- Rony, cale a boca. Mione tem que decidir o que quer e não o que VOCÊ acha.
- Desculpe, eu só achei que era isso o que ela quis dizer, não?
- Ela não disse o que ela quer, seu burro – falou Gina.
- Sim, mas eu pensei exatamente nisso. Acho que vou parar no tempo se ficar no Ministério. O mundo bruxo, infelizmente, está muito atrasado em comparação ao resto do mundo em termos de descobertas, pesquisas etc. Eu acho que em Hogwarts, eu teria muito mais oportunidade e apoio para elaborar pesquisas e projetos em feitiços. Sem contar que seria muito bom poder incutir nas novas mentes valores e como os feitiços devem ser usados de verdade. – falou ela, com ar sonhador.
Os amigos tinham no rosto uma expressão do tipo: "Aceita logo o convite." Ela sorriu para eles e disse:
- Bem, junto com esse convite de Dumbledore, veio outro. Eles estão planejando algo muito inusitado na escola. Na verdade, algo fora da escola.
Agora a curiosidade tinha aumentado potencialmente. Eles quase se moviam em direção a ela para ouvir o que seria esse plano.
Ela explicou a eles sobre as férias dos professores e dos novos planos de McGonnagal.
- Caracas! Dumbledore de sunga pulando na piscina. Essa eu pagava prá ver! – disse Rony e caiu na gargalhada.
Os amigos riram juntos, fazendo piadas e inventando situações engraçadas com os professores nessa realidade nada convencional para os padrões de Hogwarts.
- Mas estaremos no inverno. Piscina no inverno? – perguntou Gina.
- Bem, ele não falou sobre isso e nem mencionou piscinas, mas acredito que nada que um bom floreio de varinha não resolva, certo? – concluiu logicamente Hermione.
- E sobre isso, você já se decidiu? – perguntou Harry.
- Bem, Dumbledore disse que a viajem não está condicionada ao 'sim' do convite para ser professora. Ele acha que se eu aceitar o cargo será ótimo para conhecer e me fazer conhecida no corpo docente. Eu posso aceitar o convite das férias, mesmo se recusar o cargo. Mas eu ainda não pensei. Queria conversar com vocês antes. O que vocês farão nas férias?
Eles pareceram constrangidos por um momento.
Foi Gina quem falou.
- Bem, nossa família irá visitar Carlinhos, na Romênia. Ele está morando numa casa nova e grande e nos chamou para passar o Natal com ele. Mamãe está que não se agüenta de felicidade e ansiedade. – e olhou para Harry e Rony.
- Nós dois fomos convidados a passar as férias na casa de veraneio do Sr. Escobar, o nosso treinador no curso de aurores. Ele quer nos mostrar vários lugares onde ao longo da história houve duelos e batalhas bruxas. Faz parte do treinamento, sabe? – falou Harry.
- Faz parte do treinamento e faz parte da vida que não permite férias, descanso e diversão. – resmungou Rony.
- Mas você sabe que faremos o treinamento duas vezes por semana apenas. No resto do tempo, teremos horário livre para fazermos o que quisermos. – respondeu Harry.
Gina abaixou os olhos e Harry a abraçou.
- Já conversamos sobre isso. Não posso escapar dessa, você sabe. Eu levaria você comigo se pudesse. Nada irá mudar Gina.
- Eu sei, você já disse isso. Mas mesmo assim, passar o Natal longe, o Ano Novo também... sabe, sentirei sua falta. – falou Gina fazendo biquinho. Harry a beijou no biquinho e acariciou seus cabelos.
Hermione os olhava com a boca aberta.
- É, eles se entenderam, finalmente. Eu acho ótimo que você vá para a Romênia, Gina. Não estou a fim de passar meu pouco tempo livre de olho em vocês dois. – falou Rony carrancudo.
- Cala a boca Rony! Quantas vezes vou ter que mandar? – disse Gina com raiva.
Rony fez uma careta, imitando a irmã sem emitir som.
- Parabéns! Fico feliz por vocês. E disfarçaram bem, até agora eu nem tinha desconfiado. – falou Hermione.
- Obrigada! – disse Gina com um sorriso maior que o rosto.
- Mione, desculpe não podermos passar as férias com você. E seus pais? – perguntou Harry.
- Tudo bem, gente. Não se preocupem. Meus pais vão viajar também, já está tudo reservado e arrumado. – falou Hermione.
- Ah, você pode ir com a gente para a Romênia. Que tal? Tenho certeza que papai e mamãe vão adorar sua companhia. – falou Gina.
- Obrigada Gina, mas acho que não. Ainda vou pensar na proposta de Dumbledore. Quem sabe não vai ser bem interessante conhecer o outro lado desses bruxos todos. – falou a moça.
Eles conversaram por mais algum tempo e quando a tarde estava terminando, Hermione se despediu de todos e recusou veementemente os apelos da Sra. Weasley para que ela se hospedasse nA'Toca. Hermione queria ficar sozinha, por incrível que parecesse. Ela precisava pensar em todas as coisas que havia conversado com Dumbledore, estava com um turbilhão na cabeça e precisava organizar as idéias. Num lugar como A Toca, isso seria impossível.
Ao chegar ao seu quarto na estalagem de Tom, ela olhou em volta e pensou: "É agora Hermione. Agora você terá que decidir a sua vida!"
Severo Snape retornou para seus aposentos nas masmorras do castelo de Hogwarts bufando de raiva. Os passos largos e rápidos ecoavam pelos corredores. Ele tinha tido uma conversa com Dumbledore e se sentia encurralado. Detestava se sentir pressionado e detestou essa idéia de férias fora do castelo, ele queria paz. Pior ainda seria ter que interagir com os outros em atividades e passeios agradáveis. Nada daquilo o atraía e seria um martírio, isso sim. Daria tudo para ficar no seu laboratório estudando sobre seu novo projeto de pesquisa, mas não, aquele garoto em corpo de idoso insistia que ele deveria viver, respirar ar puro, fazer amizades e saltitar de alegria todas as manhãs.
- Para os diabos, velho insuportável! – rosnou, batendo a porta de seu quarto atrás de si.
Ele se dirigiu a um armário pequeno ao lado da lareira, se serviu de uma dose de whisky de fogo, acendeu a lareira com a varinha e se sentou na confortável poltrona de couro. Tirou os sapatos com os pés e cruzou as pernas esticadas, sentindo a maciez do tapete de pele. Queria relaxar e esquecer aquela conversa. Queria pensar em seu projeto, iniciar sua pesquisa e não ficar perdendo tempo com o longo caminho que existia entre as masmorras e a sala de Dumbledore. O velho o tinha chamado para isso? Férias nas montanhas. Que romântico. Ele se sentiu usado e odiava perder tempo com besteiras.
Pelo menos algo mais agradável havia acontecido. Hermione Granger. Ela realmente não tinha o visto na porta? Parecia que não, pela cara que fez de espanto. Mas ela estava mudada e ele notou isso. Ela tinha crescido, amadurecido. Sua feição era jovem mas não era mais de criança, estava bonita. Os cabelos estavam mais compridos e sem as roupas de escola ela estava mesmo diferente.
"Quem diria que aquela garota chata e impertinente iria ficar uma bela mulher? Tinha tudo para virar uma rata de biblioteca, mofando junto com os livros. Ela ficou abalada com a minha presença, isso sim. Ficou corada e sem jeito. Será porque eu estava muito perto ou porque eu ainda a assusto? Ou então eu não devo ter perdido o jeito ainda.", ele sorriu para si mesmo. "Ah Severo, você está maluco? Essa garota é um estorvo, você se esqueceu? Que idéia estúpida ficar pensando nisso. Foi apenas mais uma trapalhada dessa sabe-tudo insuportável. Ela nunca soube o lugar dela e mais uma vez mostrou que não mudou nada. Ela pode ter crescido, mas continua insolente.", pensou dando outro gole.
Muito mais tarde Snape estava se despindo para tomar banho e percebeu um incômodo no joelho esquerdo. Havia um arranhão leve, porém estava vermelho e dolorido. Uma marca. Era tudo do que ele precisava. Mais uma para sua coleção, e desta vez deixada por Hermione Granger sem usar varinha. Muito irônico, vindo da sabe-tudo insuportável.
N/B SôPrates: Nunca imaginei ler SS/HG até que "aquela" fic me caiu nas mãos e eu literalmente, devorei-a, e pior, amei cada frase, cada fato. Depois disso, saí discretamente, "catando" fics desse casal. Difícil era ter alguém para comentar, já que sabemos muito bem, o preconceito que rola por aí. Depois disso nos encontramos e com muita delicadeza disse a vc que valia a pena ler, e você (contra as minhas expectativas) leu, e agora, eis o resultado: mais uma apaixonada por SS/HG, com direito a uma história própria! E, eu aqui, de camarote, curtindo cada linha. Às vezes me dá até uma tremedeira... Já pensou que responsabilidade? Ainda bem que não estou sozinha! Você conseguiu trazer uma especialista para nos ajudar: Sônia Sag. Mana! Que bom que você veio! Cuidado prá não se contaminar viu? Acredite, isso vicia, kkkkkk... E Fad's minha linda, como quase madrinha dessa fic, te desejo de coração muita, mas muita sorte com ela! E que Mérlim nos ajude pelo caminho! Hihihi
N/Betona: Uma brigada inteira de anjos ganhou asas, no paraíso. Cérbero trancou os portões do inferno, jogou a chave fora e foi para a praia, tomar drinks com guarda-chuvinhas. O purgatório virou um spa nas montanhas. E o universo deu essa guinada de solavanco porque... - :O – EU ESTOU BETANDO UMA FIC SNAPE / HERMIONE! – SS/HG! - Mérlin nos ajude, vem cataclisma por aí! Senão por este fato no mínimo... inusitado, é pela paixão ardente que se desenha no futuro desta fic. Misericórdia, Fad's! Fiquei a um triz de dar vexame no meio do trabalho! Iria acabar com a minha reputação de chefe eu ir "esfriar a temperatura" metendo a cabeça embaixo do jato d'água de lavar peças! Afff... – Rsrsrsrsrs – O que eu posso dizer? Você está escrevendo tão bem, que o que eu achei que seria estranho, ( ver o Snape no papel de protagonista amoroso), está muito... interessante, na verdade! ;D – Fico feliz que você tenha me convidado a participar deste projeto, tão claramente importante para você, e mais feliz ainda em poder te dizer de coração, que eu estou gostando MUITO! ... – PLIM!... Mais um par de asas ganho! – Kkkkkkk...- Parabéns pelo primeiro capítulo TUDO DE BOM, Fad's! - Conte comigo, sempre! - Até o próximo! – Beijos, Fadinha Betinha! =D
