CAPÍTULO 1 – UMA VISITA INESPERADA

Um belo relógio enfeitava a parede daquele elegante gabinete. Feito de carvalho escuro ornamentado com pedras preciosas de cores variadas. Ele era um presente um bruxo importante de algum país distante, ninguém lembrava exatamente de qual. Seus belos ponteiros encantados que soltavam faíscas multicoloridas a cada hora já não funcionavam há muito tempo, o ponteiro maior marcava uma hora, quando certamente já passavam das dez da noite. Kingsley Shacklebolt já havia pensado inúmeras vezes em mandá-lo para o conserto, mas ele já havia percebido há muito tempo que quando se é 1º Ministro da Magia, sempre existe algo mais importante na frente.

Depois de observar distraidamente o relógio por alguns instantes, Kingsley voltou sua atenção para o memorando que estava a sua frente, "De novo não!", pensou ele. A mesma história que ele ouvia há dezenove anos estava novamente ali, com um novo lugar e personagem.

Kingsley sempre fora um homem que apreciou a ação e apesar de seu temperamento natural contido, a vida burocrática há muito tempo vinha acabando com seus nervos. Nos últimos anos ele pensava todos os dias que já era tempo de deixar aquele cargo, mas sempre havia um último problema, um último assunto a resolver...

Os anos sob pressão não fizeram bem a fisionomia do 1º Ministro, apesar de ter completado cinqüenta anos há pouco tempo, seus cabelos já haviam ultrapassado tranquilamente o tom de grisalho, seu corpo, antes musculoso estava flácido; havia acontecido o que ele sempre temeu, ele era a caricatura viva de um burocrata.

Seus melancólicos pensamentos foram interrompidos pelo soar de um gongo acompanhado por uma voz profunda e ressonante que anunciou: "Minerva McGonagall chegará em instantes", "Eu tenho que mandar alguém desinstalar esse sistema idiota!", pensou o Ministro pela centésima vez naquela semana. Logo apareceu em sua lareira uma mulher alta e imponente, vestindo uma longa túnica verde com seus cabelos firmemente amarrados num coque, Minerva McGonagall, a diretora de Hogwarts.

_Como vai Minerva? _ perguntou o ministro no tom diplomático que ele havia aprendido e que tanto detestava.

_Eu vou indo Kingsley, você por outro lado não parece nada bem.

_Muito trabalho, você sabe como é.

_Posso imaginar, mas não consigo entender o porquê de sendo o senhor um homem tão atarefado, perder tempo com assuntos como estes.

_Eu também penso assim Minerva, mas as coisas são...

O que as coisas são McGonagall nunca chegou a saber porque o Ministro foi interrompido pelo suar de um gongo seguido da voz que anunciou, : James Ismael, Sabrid Conell, Heitor Biller e Lucky Banton chegaram em instantes". A diretora olhou feio para o Ministro como se ele houvesse dito aquilo e instantes depois quatro homens apareceram espremidos na lareira.

_Como vão os senhores? _ disse o Ministro _ Minerva estes são os senhores parlamentares Ismael, Conell e Biller e este é o Sr. Banton, funcionário do Ministério.

Os três primeiros homens eram burocratas clássicos: gordos, velhos e com ar importante, enquanto o quarto homem era jovem, trajava uma jaqueta lilás que recebeu um olhar de reprovação de McGonagall e transmitia de aura de confiança inabalável.

_Eu já os conheço ministro, obrigada. Espero que sua capacidade de transfiguração tenha melhorado Sr. Banton, pois você foi um aluno sofrível.

_Ah! Mas é claro Professora Minerva! _ disse Banton bem-humorado.

_Já chegaram todos? _ perguntou a professora _ podemos ir direto ao assunto?

_Claro _ disse o Ministro _ por favor, sentem-se. E então Sr. Banton, o que tem a nos dizer?

_Bem Sr. Ministro, desde nosso último encontro, em que revelei a gravidade da situação em que nos encontramos, nada de grande relevância aconteceu, mas eu volto a afirmar que...

_E o senhor nos chamou aqui para isso? _ disse indignada Minerva mais para o Ministro do que para o Sr. Banton _ acha mesmo que devemos tomar medidas tão extremas nos baseando numa lenda tão ridícula?

_Minerva tem razão _ disse o Ministro _ não tomaremos medidas drásticas sem termos evidencias Sr. Banton, já ouvi essa história mais vezes do que o senhor pode imaginar.

_Mas Ministro! O senhor precisa entender que...

O gongo soou mais uma vez.

_Kingsley, esse tipo de dramatização é realmente importante? _ disse Minerva impossibilitando os presentes de saber o nome que estava sendo anunciado. Instantes depois apareceu um homem de meia idade aos frangalhos, suas roupas estavam rasgadas e seu corpo repleto de escoriações, ele parou um instante se apoiando numa mesa de canto para recuperar o fôlego e em seguida anunciou:

_O Tirante de Gáia se moveu!

_O que? _ berraram o Ministro e Minerva ao mesmo tempo _ pois então, o Sr. Banton estava certo, a lenda é verdadeira! Alguém discorda?

Os parlamentares balançaram suas cabeças afirmativamente, o Sr. Banton inchou de orgulho e Minerva crispou os lábios de descontentamento, mas não conseguiu encontrar palavras.

_Se todos estão de acordo, só temos uma coisa a fazer: Chamar Harry Potter.