Disclaimer: Sailor Moon e suas personagens são de autoria de Naoko Takeuchi, se fosse meu, Shitennou jamais teria morrido.
A Idade do Céu
"Não somos mais que uma gota de luz, uma estrela que cai, uma fagulha tão só na idade do céu."
Era uma noite de verão e embora a temperatura fosse quente, a brisa entrava por toda e qualquer janela, porta e frestas e varria toda a extensão do palácio em Tóquio de Cristal em um frescor agradável. Nephrite, ou melhor, Mitsuo - como ele era chamado nessa vida - estava no fim de sua ronda habitual do lado de fora dos portões do palácio. O vento sacudia os longos cabelos para trás enquanto, curioso, ele observava o céu por de trás da estrutura de cristal pontiaguda. A lua minguava, as estrelas podiam ser vistas em uma faixa branca e salpicada de pontos brilhantes, elas falavam com ele, elas diziam muitas coisas quando ele estava disposto a ouvir.
- O que elas dizem? – A voz doce e tranquila de Sailor Jupiter o fez virar a cabeça lentamente.
- Depende do que você quer saber. – Deu de ombros, vendo-a parar ao seu lado casualmente.
A pouca luz da noite mostrava a expressão tranquila da guerreira dentro de seu habitual fuku de batalha, os olhos verdes escurecidos, mas ainda sim brilhantes e poderosos, miravam o céu com uma doçura capaz de fazê-lo sentir-se o mais indefeso dos homens, mesmo que não direcionados a ele.
- Gostaria de ouvir o que quer que seja que elas queiram dizer agora. – Cruzou os braços.
- Estão quietas.
- Quietas?
- Não há nada. – Torceu os lábios de leve. – Está tudo em paz, apenas.
- Elas se calam assim? – Direcionou a fala aos pontos brilhantes no céu azul.
- Elas não se calam, apenas não mostram a agitação a qual eu estava acostumado há algum tempo. Elas dizem que está tudo bem, o palácio, nossos reis, a pequena dama, nossos amigos... Estão todos bem, estarão todos bem, não há nada que perturbe a paz hoje.
- Como elas podem saber tanto? – O tom de voz era quase como o de uma criança curiosa.
"Não somos o que queríamos ser, somos um breve pulsar em um silêncio antigo com a idade do céu"
- Elas observam o universo há milhares de anos, nossos anos são segundos perto do tempo de tudo isso. – Apontou pra cima. – Estrelas apenas sabem.
- Você disse sobre nossos reis, nossos amigos... – Engoliu seco, sentindo o coração bater forte dentro do peito. – E sobre nós? – A voz saiu tão baixa e falhada que Makoto teve impressão de que ele não havia ouvido devido ao longo silêncio deixado ali.
A guerreira se sentia um pouco idiota, porque depois de um tempo de mágoa – por motivos que ela mesma achava idiotas, como ficar com raiva por ele ter sido controlado mentalmente – havia tomado coragem de se aproximar e a chance era perfeita, ele estava só, ela também. Não teria que sofrer a influência de Rei – que ainda insistia em manter distância do shitennou e em especial de Jadeite, por mais que já estivesse evidente que ela só estava esperando uma desculpa para pular nos braços dele – nem ser empurrada de forma brusca por Usagi ou Minako. Era só Makoto sendo Makoto. A mesma Makoto que suspirava apaixonada, sonhava com um amor verdadeiro e que se sentia injustiçada - tanto nessa vida, como na outra - por não ter a chance de viver esse amor escrito no destido como Usagi ou Serenity tinha vivido. Ela, às vezes, até amaldiçoava a vida de servidão, talvez se ela fosse alguém normal, não teria que passar por tudo aquilo.
A garota tentou decifrar algo na expressão de Mitsuo que indicasse que ele havia ouvido e apenas pegou a cena do homem que olhava atentamente para cima, cenhos franzidos, olhos escuros e atentos, a boca um pouco contraída.
- Cabe a nós decidir. – O shitennou respondeu pegando uma Sailor corada e com os olhos quase pulando das órbitas.
"Calma, tudo está em calma. Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure, deixe que a alma tenha a mesma idade que a idade do céu"
Mitsuo sorriu e mudou-se para ficar de frente para ela. Mesmo alta, a guerreira do planeta do trovão ainda era mais baixa do que ele, e o general fazia sombra sobre a expressão assustada que ela lançava para ele. O coração batendo forte, as mãos suando, as malditas borboletas no estômago.
Qual tinha sido a última vez que ela havia sentido isso? Não nessa vida. Makoto insistia em procurar em outros garotos essa mesma sensação e sempre acabava os comparando a um ex-namorado que sequer existiu, pelo menos, não em sua vida como Makoto Kino.
- Me desculpe. – Por impulso, ele a puxou para um abraço, inspirando o cheiro floral de seus cabelos profundamente. – Eu não fui capaz de lhe proteger antes, nem de cuidar de você e eu quero fazer diferente, dessa vez... Dessa vez eu quero estar presente nos seus dias, Ju.
- Mako... – Solicitou enquanto levantava os braços para agarrar as vestes nas costas dele. – Apenas Mako.
- Mako... – Beijou o topo da cabeça avermelhada. – Me desculpe, por favor.
- Ainda dói... – Sussurrou contra o peito dele, sem se soltar, a garganta fechando-se em um nó.
"Não somos mais que um punhado de mar, uma piada de Deus, um capricho do sol no jardim do céu..."
- Eu sei, dói em mim também. – A apertou ainda mais, com medo de que se a soltasse ela não voltaria mais.
Ansiou tanto por tê-la por perto. Mesmo antes de voltar a vida, quando era uma existência fria e sozinha de uma alma condenada por suas traições presa a uma pedra, ele desejava vê-la, pedir perdão, sentir sua presença doce e ver o verde amável dos seus olhos brilhar apenas pra ele e por ele.
Mesmo que não parecesse justo querer tê-la por lembranças de um passado distante, Mitsuo queria ao menos poder sentir-se perdoado.
- Não foi sua culpa. – Jupiter se separou minimamente para trocar um olhar sincero com ele, pela primeira vez depois de tudo. – Foi injustiça nossa julgá-los e é isso que dói...
Era doloroso pensar que eles sempre teriam que se machucar de alguma forma, fosse por erros do passados, pelos erros atuais. Parecia até que o destino tinha sempre um joguinho para rir daquele casal de infelizes que nunca poderiam encontrar o amor, ou poderiam?
Makoto viu, por um breve momento, um brilho acolhedor e até mesmo feliz e satisfeito nos olhos de Mitsuo. Aquilo esquentou seu peito como se Rei estivesse perto e tivesse acertado seu coração com uma flecha flamejante.
"Não damos pé entre tanto tic tac, entre tanto Big Bang somos um grão de sal no mar do céu"
- Aconteceu há muito tempo, Mitsuo. Não é nada sobre o passado, sobre os milhares de anos de um erro ridículo. É sobre essa atitude defensiva! – As palavras começaram a sair como se engasgadas há muito tempo.
- Eu teria feito o mesmo pelo meu príncipe. – Foi compreensivo como nunca em sua vida. – Você só queria proteger a princesa.
- Ridículo. – Os olhos verdes deram uma volta completa. – Eu, as meninas, nós todas fomos capazes de perdoar pessoas que fizeram bem mais, basta ver a história de Galaxia... A verdade é que...
- Eu teria feito o mesmo. – Ergueu a mão e começou a enrolar uma das mechas de cabelo dela nos dedos. – Eu sei que vai soar ridículo como algo que o Mamoru diria, mas eu teria medo de me entregar a alguém que fez parte do que já passou e eu admito que ainda sinto um medo absurdo, afinal, pessoas mudam.
- Não importa, a essência é sempre a mesma. – O olhou com expectativa.
Mitsuo não conseguia simplesmente parar de admirar aquele olhar brilhante quando a afirmação da senshi saiu como se fosse um "bom dia". Arrastou a mão, que antes brincava com o cabelo ruivo, para a bochecha dela em um afago carinhoso e viu a pele do rosto corar ao seu toque. Realmente, a essência nunca mudaria. Jupiter ou Makoto, ela ainda era a mesma mulher forte, delicada e apaixonada que ele conhecera centenas de anos atrás.
- Eu só queria ter tempo para dizer que não me importo com nada do que aconteceu e que hoje, eu finalmente tive a chance de encontrar você sozinho sem estar sendo influenciada por ninguém! – Mordeu o lábio inferior e cravou as unhas na vestimenta dele. – O que eu quero dizer é só que mesmo que ainda tenha muita coisa para colocar no lugar, eu quero tentar...
Sailor Jupiter fechou os olhos, sentindo o toque dos dedos calejados em seu rosto como se esperasse por aquilo há muito tempo e, de fato, esperava. Inclinou o rosto para frente, ficou tão próxima a ele que a respiração do shitennou esquentava seus lábios.
Makoto não era tão fácil de ler como as estrelas, mas ele compreendeu o movimento em segundos, - que para senshi pareceram anos - cobrindo a boca dela com um beijo calmo, mas com mais significado do que qualquer outro. O gosto da boca dela misturou-se ao salgado das lágrimas que brotavam dos olhos de Makoto, eles se separaram mais uma vez, apenas o suficiente para que ele secasse o rastro molhado do rosto dela.
- Vai ser difícil no começo, eu sei. Não se sinta culpada, eu já tenho culpa o suficiente, você sabe disso. – Mitsuo segurava o rosto choroso dela entre as duas mãos. – Mas está tudo bem, as estrelas já disseram que só depende de nós... Agora nós temos muito tempo, Mako, eu também quero tentar.
- Tanto tempo para saber que dará tudo certo como as estrelas tem? – Soluçou, mas não mostrava qualquer sinal de tristeza.
- Até mais se você desejar. – Sorriu e a beijou novamente.
"Calma, tudo está em calma. Deixe que o beijo dure, deixe que o tempo cure, deixe que a alma tenha a mesma idade que a idade do céu"
N/A: Olá lindezas da minha vida, como estão vocês?
Eu tô com surtos de inspiração e, agora, tô achando que toda música que escuto dá fic. :v
Antes de mais nada, a música é "A Idade do Céu" do Paulinho Moska -q E mais uma coisa: só vou parar de fazer fics pra esse desafio quando conseguir escrever sobre todos os casais ShitennouxSenshi. E, pra terminar(só que não) o desafioSailor Moon Brazuca foi lançado pela maravilhosa da Pandora Imperatrix e consiste em pegar uma música nacional e escrever uma fic. em cima dela. :P
Essa foi um duplo desafio! Pq? Pq além de ser feita pro desafio Brazuca(mais uma vez) foi a minha primeira NephritexJupiter!
Caaara... Eu não consigo pegar a personalidade do Neph, nem da Ju! Droga! Essa fic. teve, tipo, umas quatro versões e ficou super curta pq eu não queria me estender nas descrições pra não mostrar essa minha dificuldade em captar personalidades tão difíceis de trabalhar pra mim!
PFV, me perdoem por essa, prometo melhorar um dia! :P