Bom, esse é um dos meus projetos mais audaciosos até hoje.

Um: porque fala de um personagem muito, mas muito complexo, Bruce Wayne e da sua relação de afetividade com sua família e amigos. E, quem lê um pouquinho que seja do Batman original, sabe que falar dos sentimentos do Bruce é sempre um desafio.

Dois, por que eu resolvi misturar épocas diferentes, fandon e canon e criar muitos personagens a mais em um universo que já é bem lotado.

Por isso antes de tudo quero pedir que tenha a "mente aberta" ao ler essa fic, pois eu altero a cronologia, além de alguns fatos, para que a história que imaginei possa se encaixar. (Como a DC vive fazendo isso, espero que não se importem ^^).

Daniel, se estiver lendo, quero pedir desculpas, mas estou postando a história na formatação original... por um motivo bem simples, na verdade... eu perdi as versões que você alterou XD... Eu sei, eu sei, poderia ter te pedido cópias, mas ia atrasar ainda mais esse "lançamento", então resolvi mandar assim mesmo. Por favor não fique bravo comigo.

Ah gente, eu tenho dislexia e a fic está sem betagem... ou seja, vocês provavelmente vão se deparar com erros, se puderem me avisar eu corrijo, ok.

Eu estou me divertindo muito em escreve-la... Então, resolvi publicar e torcer para que gostem também. Por isso, façam uma autora feliz e comentem!

Bjs a todos

AMB


New Gotham

By A Mira Black


Capitulo 1

Qual o coletivo de morcego?

Terry McGinnis, o atual Batman, vasculhava o computador aquela noite com mais avidez do que o costume.

Ele tinha recém descoberto a sua ligação sanguínea com seu chefe e mentor Bruce Wayne e isso o levou a outras questões.

Ainda era estranho pensar, mas Bruce era seu pai. Seu pai de sangue. Não é como se ele fosse esquecer todos os anos que vivera com o Sr. Warren MaGinnes, mas ficara feliz com a descoberta.

Gostava de Bruce. E nesses dez anos em que trabalhava para ele, podia dizer que aprendera a amá-lo como a um pai mesmo.

Fora esse pai quem lhe ensinara a utilizar seu potencial para o bem, a importância do caráter, o valor real de uma vida humana.

E foi daí que surgira a pergunta que tentava se responder agora. Por que Bruce era tão sozinho?

Não consegui entender.

Ok, o jovem Batman sabia que o Sr. Wayne não era a pessoa mais sociável do mundo e que ele costumava afastar a todos. Terry já tivera suas muitas doses de rejeição para se lembrar. Porem, imaginá-lo sozinho no final da vida lhe doía o peito.

E se ele, Terry, morresse antes? (o que a julgar pela sua profissão não era assim tão difícil), quem cuidaria de Bruce? Quem estaria lá por ele quando ele sempre esteve lá por todos?

Na tela do BatComputador, as fichas sobre os antigos aliados do primeiro Batman não lhe chamavam a atenção. A maior parte dos textos remetia a informações sobre as capacidades de cada herói da época. Não havia muito que indicasse alguma proximidade.

Hoje ele apelava para os amigos de trabalho, pois não tinha ficado satisfeito com as poucas informações que conseguira do antigo "BatClan".

Não fora nada difícil descobrir que o "primogênito" de Bruce se chamava Richard Grayson, porém, foi impossível desvendar sua localização atual, ele parecia ter evaporado do planeta.

Grayson fora criado por Bruce desde os doze anos quando seus pais foram assassinados em sua frente (isso lembra alguma coisa?) e assim o ex garoto de circo se tornou o primeiro Robin.

O quarto que pertencera a ele ainda estava intacto, como se esperasse pela volta de seu ocupante a qualquer momento. Havia fotos dele, em idades diferentes, em alguns cômodos da mansão, mas a preferida de Terry estava exposta na BatCaverna, onde o jovem fantasiado estava rodeado por mais três garotos e uma menina da mesma idade. Abaixo a descrição acusava os nomes Robin, Ricardito, Kid Flash, Aqualat e Moça Maravilha, a primeira formação dos Titãs, um grupo de jovens heróis que teve varias versões, mas que a muito não era remontado.

Engraçado pensar que Barbara Gordon, a primeira Batgirl, nunca fizera parte do grupo. Mas ao que parece, ter a identidade secreta escondida de seu pai a impedia de sair de Gothan e atuar junto aos outros.

Lembra-se de quando descobriu que a atual comissária perdera os movimentos das pernas um pouco depois de sair da adolescência, vitima de um tiro disparado pelo maquiavélico Coringa. Achou tão estanho a imaginar presa a uma cadeira de rodas. Mas foi assim que Barbara viveu durante muitos anos, antes da medicina conseguir desenvolver um meio de restaurar a lesão sofria e ela poder, finalmente, voltar a andar.

Nesse período ela ajudava seu antigo mentor e pupilos como Oráculo, com um trabalho que ia muito além do monitoramento que Bruce fazia com ele hoje em dia. Pelo que o velho contara, ela acabara expandindo bem mais sua influencia, ajudando outras equipes, além de coordenar operações inteiras apenas pelo computador.

Não era por acaso que ainda hoje ela era uma mulher incrível.

Jason Todd, segundo Robin, fora o mais complicado para descobrir-se algo, pois não havia muitos vestígios sobre ele na Mansão. Apenas o uniforme arrebentado que ele usava quando fora morto pelo Coringa original. Não tão morto, é verdade. Tim certa vez lhe contara essa história, mas ele continuava sem entendê-la.

De qualquer forma algo dizia a Terry que Jason não era uma boa opção para a busca que fazia.

Timothy Jackson Drake Wayne, (já que, ao contrário do primeiro pupilo, Tim fora adotado quando ficara órfão) fora o terceiro Robin. Terry o conhecera há alguns anos, quando o chip que o Coringa instalou em sua cabeça, na época em que ainda atuava, se ativou e tentou dominar o homem. Foi com muito custo que o jovem Batman conseguira destruir o chip e devolver a vida normal de Tim.

Na Mansão, assim como na Caverna, havia varias referencias da estadia dele, e mais uma vez, a foto preferida de Terry estava exposta nas paredes rochosas da caverna, não muito longe da de Grayson. O terceiro Robin aparecia sorridente ao lado dos jovens amigos super-poderosos, o Superboy da época, a segunda Moça Maravilha e outro Kid Flash.

Terry e Tim se encontravam às vezes. Drake gostava de manter contato para saber da saúde de Bruce. De certa forma Terry sabia que se algo lhe acontecesse, Tim estaria por perto. Mas isso não acalmava seu coração. No fundo McGinnis achava que Bruce merecia mais, já que ele sempre fizera tanto por tantas pessoas.

Seguiu a linha de pesquisa, atrás da segunda Batgirl, Cassandra Cain, a qual Bruce também considerava como uma filha, segundo a Comissária lhe dissera. Se espantou ao perceber que levara tanto tempo para descobrir que a Batgirl II era ninguém menos que a atual esposa de Tim. Uma mulher de descendência oriental, sisuda, de poucas palavras, que contrastava e muito com o sempre tão amável Drake Wayne.

Sobre Stephanie Brown, a terceira Batgirl, só descobrira que ela havia usado o manto do Robin por algum tempo (o que ele achou deveras esquisito) e que fora namorada de Tim, porém as pistas todas terminavam no seu desaparecimento, vinte anos antes, em uma missão, logo após o casamento de Tim e Cassandra.

Damian Wayne, o quarto Robin, era o único filho legitimo do morcego, que assim como Grayson e Brown, ninguém sabia o paradeiro. Mas o mais interessante em sua história era o fato de ser neto de um dos maiores inimigos de seu pai: Ra's Al Ghul, o louco imortal que comandava uma sociedade de assassinos muito bem treinados e que, no momento, vivia no corpo da filha Tália, que viria a ser ninguém menos que a mãe de Damian e ex esposa de Bruce.

-Não sei se o que eles tiveram podia ser considerado casamento afinal... – comentou Tim enquanto tomavam algo em um bar da cidade certa vez - ...Al Ghul tinha dopado o Bruce no dia. Ao que parece foi assim que o Damian foi gerado.

Terry tentou não se prender as esquisitices da vida particular do morcego-mor, se concentrando em conseguir mais informações do "garoto perdido".

Tim se lembrava de Damian com certa graça na voz. O descreveu como uma peste aos seus dez anos de idade, mas disse que o tempo o soubera melhorar. Na verdade, o filho nunca fora o Robin do pai. Só vestira o manto para trabalhar ao lado de Grayson, na época que o mesmo teve que assumir, por pouco mais de um ano o lugar de Bruce, quando o morcego mor fora dado como morto e na verdade estava perdido no tempo... Outra história complicada para se contar.

Damian era conhecido por ter um gênio forte, ser convencido, anti-social, extremamente grosseiro e, o que piorava tudo, possuia uma inteligência páreo a do pai.

-Fora uma época difícil quando ele chegou... – comentou Tim na ocasião em que conversaram - ...Levou anos, mas nós nos tornamos amigos... Acho que posso dizer irmãos... Meu filho, Darek, é afilhado dele. – comentou.

Por algum motivo, chamem de intuição se quiserem, Terry chegou ao final da conversa quase certo de que Tim sabia onde estava Damian, embora o homem tivesse negado a toda investida feita.

Então, devido a escassez de opções no BatClan, hoje ele tentava descobrir mais sobre os amigos do primeiro Batman vasculhando matérias antigas.

Ele sabia que seria difícil. Até hoje, só ouvira um homem se referindo a Bruce como "amigo". Fora assim que Superman chamara seu pai em algumas das conversas que tiveram, antes dele se retirar de atuação, deixando o posto de mais poderoso herói do mundo ao filho J-el, com quem Terry já tinha trabalhado umas duas vezes. Um homem alguns poucos anos mais velho que ele, e a quem Bruce descrevia como "a cara do pai com o gênio da mãe". E algo na expressão que o sr. Wayne fazia quando dizia isso o levava a pensar que aquela não era uma boa combinação.

Ele parou de procurar quando alcançou uma foto de jornal que trazia a Liga da Justiça, a muitos anos atrás. Inexplicavelmente o Batman também aparecia na imagem, ao fundo, coberto pelas poucas sombras que o local onde estavam proporcionava. Um pouco a frente um homem vestido de verde com um anel luminoso no dedo, obviamente o Lanterna Verde da época. Ao lado dele, outro homem vestido de verde, mas carregando um arco nas mãos. O Arqueiro Verde, com certeza, só não tinha certeza que se tratava do primeiro, Oliver Queen.

Do outro lado mais dois integrantes que ele não reconhecia os uniformes. Uma mancha vermelha próxima ao grupo, indicando que o Flash da época também estava no local e bem à frente, parecendo falar com a imprensa, Superman em seu clássico uniforme azul e vermelho, com a namoradinha ao lado. Ou pelo menos era assim que o jornal se referia a Mulher Maravilha, a princesa Amazona que integrava o grupo desde a sua fundação.

-O que está procurando? – a voz de Bruce logo atrás de si o fez dar um sobressalto. Ralhou mentalmente consigo, já era para estar acostumado com essas aparições repentinas.

-Eu... – pensou duas vezes no que responder antes de perceber que o outro já tinha os olhos presos na imagem da tela - ...estava pesquisando.

Bruce fez um barulho próximo a um resmungo.

-Se quer saber sobre metas seria melhor pesquisar os mais atuais.

-Na verdade eu estava pesquisando sobre o Superman. – mentiu – Então veio essa imagem dele com a namorada.

Os olhos do velho se estreitaram para a foto.

-A mídia sempre os infernizou com isso.

-Então, eles não eram namorados? – Bruce exalava a mensagem "não continue com esse assunto", mas não pode segurar, a curiosidade fora maior. Por isso agüentou firme o olhar assassino que recebera na seqüência, tentando não se encolher muito na cadeira.

-O que você quer saber sobre o Superman? – perguntou o sr. Wayne batendo com a bengala na lateral do pé de Terry, para que ele levantasse da cadeira, ignorando sumariamente a pergunta que o rapaz fizera.

-Bom, eu... – ele disfarçou que buscava uma desculpa enquanto cedia o lugar ao pai - ...Na verdade estou tentando descobrir a identidade dele. Você bloqueou essa informação no computador.

-Trabalho para a faculdade? – alfinetou o velho, sabendo bem que o outro já tinha completado o curso de administração há algum tempo.

-Não, só estava curioso.

Bruce levantou a sobrancelha esquerda, desconfiado.

-Você podia simplesmente ter me perguntado.

-Se eu te perguntasse não ia descobrir que ele é o repórter aposentado Clark Kent sozinho. – sorriu triunfante. Na verdade ele já sabia disso desde a época em que ajudara Superman e a Liga da Justiça pela primeira vez – E que você é padrinho do único filho dele, Joseph Kent... Ou, o atual Superman, Jol-el para os íntimos.

-Se fosse realmente bom teria descoberto que o repórter aposentado Clark Kent já era muito bem casado nessa época, e não me faria perguntas idiotas.

Ele havia voltado a se referir a foto da Liga onde a Mulher Maravilha aparecia, então Terry pensou que a citação estava "liberada".

-Eu já sabia disso também. Sei inclusive que ele resolveu se aposentar, dos dois empregos, quando a esposa ficou doente, e passou os últimos anos que ela teve de vida ao lado dela... Mas acho que mesmo o cara mais bem casado do mundo não resistiria a isso... – e apontou para a mulher de vermelho e dourado e, quando se deu conta Bruce também tinha o olhar perdido para a imagem.

-Essa foto não faz jus nem a metade do que ela realmente é. – comentou, ainda a admirá-la.

Terry piscou algumas vezes antes de criar coragem para fazer a pergunta que surgiu na sua mente como um rastilho de pólvora.

-E quem ela realmente é? – tentou, tateando.

Houve um curto silencio, o qual achou que seria deixado no vácuo de novo.

-Diana é a mulher mais... – pareceu se demorar para escolher um adjetivo apropriado - ...Maravilhosa que se pode conhecer. Ela sempre fez jus ao nome que a imprensa lhe deu. Graciosa, inteligente, uma companheira de luta valiosa e insubstituível, dentre outras coisas...

-Essas outras coisas incluem outro tipo de companheirismo? – alfinetou o mais novo – É impressão minha ou a mídia estava errada sobre quem namorava quem ali?

O mais velho apertou um botão a frente, fazendo com que a imagem de dissipasse.

-Chega de falar do passado. – disse seco - Já pensou no que conversamos sobre o seu irmão ontem?

Terry sempre se surpreendia com a agilidade que Bruce tinha de mudar de assunto.

Pensou em insistir no tópico Mulher Maravilha, mas só irritaria o velho, duvidava que fosse conseguir mais alguma coisa.

-Eu já pensei. O difícil será convencê-lo de que ele ganhou uma bolsa de estudos da Fundação Wayne por mérito próprio e não por interferência minha.

-Eu paguei os seus estudos e pretendo pagar os dele também, Terry.

-Vai ter que dizer que é o pai biológico dele, então. Por que eu não vejo outro jeito do Matt aceitar ajuda sua. Ele pensa que eu que peço as coisas para o senhor e não acha certo aceitar esse tipo de favor. Tão teimoso quanto o pai... – brincou.

-E como o irmão. – respondeu com um leve sorriso nos lábios.

Alguns minutos mais tarde o jovem Batman já flutuava a bordo do batmóvel sobre as ruas de Gotham enquanto o sr. Wayne o monitorava da Bat-caverna.

Sozinho, Bruce acendeu novamente a tela do computador para ver a imagem da foto que o filho achara. Sorriu. E quem pudesse ver a imagem não saberia dizer se era saudade da época em que atuava, ou de alguém em especial. Porém, sua atenção foi interrompida pelo barulho de telefone celular. Ele olhou para a tela do aparelho e resmungou para si mesmo:

-Chamada não Identificada. Parece que alguém não quer ser reconhecido. – disse enquanto atendia a chamada.

"Na verdade eu esperava que você reconhecesse minha voz de primeira." A risada que há tanto tempo não escutava com clareza inundou os seus ouvidos.

-Dick?

"É, eu mesmo. Vem cá, da para abrir o portão pra mim? O seu cachorro não parece ter ido muito com a minha cara."


Continua...