- Ai, que travesseiro estranho... Não é o meu! – ela pensava, acordando. Permanecia com os olhos fechados, tentando acostumar-se com a luz que entrava pelas frestas da janela do quarto. – E esse colchão... É muito mole... Nossa! Eu tenho um colchão d'água?! – E então, Amanda abre os olhos.
Sua primeira reação é de susto. Aonde havia ido parar seu lustre? E sua parede rosa com fotos espalhadas? E... Desde quando sua cama era de casal?
Esfregou os olhos, e olhou pelo quarto em cada detalhe, até dar-se conta de que havia uma outra cama de casal ao lado da sua, e que nela deitava outra menina, em sono profundo: Laiz. E então ela riu, tapando a boca com as duas mãos para não acordar a amiga. Acalmando-se, e com um grande sorriso estampado no rosto, deitou-se novamente, olhando para o teto e deixou que as memórias da noite anterior viessem à sua mente, como um filme.
*Flashback*
Elas haviam desembarcado na Alemanha, às 7 da manhã. Deixaram as malas no hotel, tomaram banho e saíram por um rápido tour na cidade. Afinal, já haviam chegado depois do que deveriam, que mal faria conhecer um pouco daquela cidade maravilhosa, chamada Berlim? Foram até a avenida principal, passando de loja em loja, e Amanda, com seu alemão um pouco enrolado, perguntando os preços das coisas, afinal, não voltariam ao Brasil com as mãos abanando, e também, tinham que estar deslumbrantes para a noite. Almoçaram num restaurante, pequeno, porém muito aconchegante, e de comida deliciosa. Passearam mais um pouco, curtindo cada minuto, e voltaram cedo para o hotel, para se arrumarem. Tomaram um outro banho, colocaram maquiagem e se vestiram da maneira mais confortável-chic que puderam imaginar: jeans, tênis, camiseta da banda, uns brincos e pulseiras para dar o glamour e o cabelo preso, para evitar o suor. É isso, estavam prontas para Der Tokio Hotel Konzert.
Chegaram à fila apenas 5 horas antes do show, e estava enorme, mas a essa altura, isso nem importava tanto. Elas estavam em Berlim, na Alemanha, sozinhas. E estavam prestes a entrar no show de sua banda preferida, prestes a terem a melhor noite de suas vidas!
Pularam, dançaram, gritaram, choraram, suaram... E Laiz, com seu jeitinho mais estourado, até arranjou confusão com uma alemãzinha que tentou ultrapassa-la e ficar mais perto do palco. Mas no fim, tudo terminou bem, muito bem! O show foi incrível, quando Bill começou a cantar "Durch Den Monsun" as garotas foram à loucura!
Uma pena que não estavam perto o suficiente do palco para serem chamadas por Bill para cantar, mas isso não estragou a noite delas. Nada estragaria aquela noite.
Terminado o show, as garotas saíram, junto com a multidão para o lado de fora. Tinham o dinheiro para o táxi que as levaria ao hotel, guardado. Esperaram por um que não estivesse ocupado por fãs malucas e barulhentas, mas o mesmo demorava a chegar. Também, com tanta gente... No fim das contas, elas esperaram por quase 3 horas. De verdade, quase 3 horas. O lugar estava praticamente às moscas, o problema era algum táxi aparecer. Estavam conversando animadamente sobre momentos do show, quando escutam um outro grupinho de fãs gritarem histericamente, pois os integrantes da banda haviam saído. Elas não gritaram e nem saíram correndo, ficaram paradas onde estavam, simplesmente olhando petrificadas para seus ídolos que davam autógrafos ao grupo de doidas. Não sabem se foi isso que chamou a atenção deles, ou se eram seus cabelos, agora soltos e desarrumados, suas roupas amassadas e tênis pisoteados. Mas eles foram até elas, e num gesto quase automático, entregaram seus caderninhos para que eles os autografassem. Eles o fizeram sorrindo, quando Tom, o guitarrista, perguntou:
- Wie geht's du?
- Ah... Ah… Wir ist ok. Und… Und Sie? – responde uma das garotas. Ou talvez as duas.
- Gut, danke. Wo bist du? – e então ele começou a falar em algo, que no momento, parecia grego.
- Nós não entendemos. – Amanda responde em inglês.
- Somos brasileiras. – completa Laiz, na mesma língua.
- Oh, ok. Warten, bitte. – e Tom chamou seu irmão gêmeo, Bill, para conversar com elas.
- Olá, como estão?
- Bem, e vocês? – a voz das garotas falhava, de tão nervosas.
- Estamos bem. Gostaram do show? – ele sorriu... Que sorriso.
As amigas apenas acenaram com a cabeça, parecendo hipnotizadas. Ele riu, percebendo isso.
- Que bom que gostaram. Bem, temos que ir... Foi bom conhecer vocês, e obrigado!
Elas sorriram, observando a banda entrar no ônibus, e o mesmo seguir pela avenida. Entreolharam-se e não conseguiram conter um grito, um misto de alegria, excitação e amor. Abraçaram-se e então, decidiram que iriam andando até o hotel. Não era muito longe, e as ruas eram bem iluminadas, um pouco de cuidado e não haveria perigo.
*Fim do Flashback*
