Oie, eu sei que alguém já postou esta história, mas eu não consegui descobrir quem é, e conseqüentemente, não pude pedir permissão.Aliás, se vocês conhecerem a pessoa que postou antes ou você for ela, me contate.E além disso, Card Captor Sakura e o LivroA marca de uma lágrima não me pertencem, saõ respectivamente do grupo Clamp e Pedro Bandeira, eu sou só uma fã louca que quis juntar as duas histórias pra ver como ficava... rsrs

Capítulo 1

Uma gota de sangue – Lindo como um deus

Aquele era seu pior inimigo. Um inimigo que falava sempre a verdade. Sempre. Toda aquela verdade que machucava, e que Sakura conhecia muito bem. Ainda com a escova de cabelo na mão, Sakura encarava o inimigo. Ele a olhava de volta, com os seus próprios olhos. De um lado, se mostravam cheios de lágrimas e sofrimento. De outro, se refletiam gelados, vítreos, impiedosos.

- Feia! Gorda! – Sakura sufocou um soluço e uma pequena lágrima escorreu por seu rosto. – Você plantou uma rosa no nariz, é? – o inimigo mostrava-se cada vez mais sarcástico e impiedoso.

- Cale a boca... Por favor,... – Sakura sussurrou melancólica, enquanto a lágrima alcançou seus lábios. Sakura reconheceu aquele gosto salgado, tão comum e amargo em momentos como este. Apertou os olhos com força, queria que tudo aquilo terminasse logo.

- Sabia que essa rosa vai ficar amarela e grande? – ele pergunta enquanto analisava ainda mais o rosto da garota, tentando encontrar algo mais para atormentá-la.

- Por favor, me deixe em paz! – ela disse num tom mais alto, mas ainda assim sem intimidar o inimigo. Abriu os olhos, mas não conseguiu encará-lo.

- Você vai espremer essa rosa amarela, e o seu nariz vai inchar... – a cada palavra cortante dessa, Sakura sentia morrer-se cada vez mais. Apertou os lábios, molhados, sem palavras. Aquela garota que sempre tinha resposta pra tudo, sempre uma gozação na hora certa, uma tirada de gênio que deixava qualquer provocador sem graça, não sabia o que dizer para seu inimigo quanto este lhe apontava sadicamente cada ponto fraco seu. –... Você vai ficar mais feia do que já é... E vai ter vergonha de voltar às aulas na semana que vem...

- Cale a boca! – Sakura explodiu cheia de raiva, e jogou a escova contra o espelho, acertando o inimigo em cheio, bem na cara.

- SAKURA! VENHA CÁ! – a voz penetrou-lhe os ouvidos como uma campainha de despertador. A voz irritante da mãe, estridente como uma campainha. Com certeza estava com enxaqueca, o que só 'melhorava' seu humor. Na certa ficaria reclamando de algo, exigindo respeito pela dor de cabeça, queixar-se de tudo.

- Já estou indo! - o combate estava suspenso por hora. Esfregou o rosto para limpar as lágrimas, apagando as marcas da luta, agora ela parecia a boa e velha Sakura. Deu uma última olhada no inimigo e ele a olhou de volta, agora com uma rachadura de alto a baixo. "Sete anos de azar.", ela pensou sem dar muita importância. "Ah, mas o que são sete anos para quem já viveu os piores e mais azarados quatorze anos do mundo?"

- SAKURA! SERÁ QUE NÃO ESTÁ ME ESCUTANDO? – ainda mais irritada, a voz da mãe invadiu o banheiro mais uma vez, mais aguda e estridente. – Ai, minha cabeça!

- Já estou indo, droga! – Sakura respondeu com raiva, sabia que a mãe não ligava para pequenos detalhes como tons de voz. "Quatorze anos de azar...", ainda pensava enquanto caminhava e abria a porta. "Será que minha mãe quebrou dois espelhos quando eu nasci?"

A mãe apertava as têmporas com as mãos como se a cabeça fosse cair se ela largasse. Sakura observava indiferente e com um olhar perdido, quantas vezes sua mãe descontaria nela a raiava que sentia por causa da dor de cabeça? Sentou-se no outro sofá, não queria ficar perto da mãe nesse estado. A mãe retirou uma das mãos da cabeça e respirou fundo, tentando se acalmar, ao que parecia. Abriu os olhos e olhou para Sakura.

- Você sabe que não posso ficar gritando, Sakura. Você deveria...

- Está bem, mãe. – ela interrompe a mãe, não queria ficar ouvindo aqueles dramas repetitivos. – O que você quer? "Queixar-se do que eu faço, como sempre?"

- Ai, ai. – ela gemeu um pouco e fez um pequeno silêncio antes de continuar. – Sua tia ligou ainda há pouco. É aniversário do Eriol e ela faz questão que você vá.

- Eriol? Mas que Eriol? – ela pergunta confusa, não se lembrava de ninguém com esse nome.

- O seu primo, ora. Não lembra dele? Vocês brincavam tanto... – ela fez uma pausa, como se estivesse lembrando de anos atrás, quando Sakura ainda era a sua garotinha adorável.

- Isso já faz um século, mãe.

- É, eu sei. Também, sua tia foi se casar com um homem que não pára em lugar nenhum! Não sei o que tanto tem aquele sujeito de se mudar de cidade quase todo mês! Mas parece que desta vez ele vai sossegar, ele está bem vida agora. Montou uma casa que é linda. Sua tia vai fazer uma festa para Eriol...

- Que droga! Aniversário de criança! – retrucou Sakura mais do que entediada e farta.

- Eriol está fazendo dezesseis anos, Sakura. Não é nenhuma criança.

- Eu não quero ir! – ela diz se levantando do sofá decidida.

- Não discuta comigo, Sakura! Minha cabeça está me matando! – a mãe põe a mão na cabeça mais uma vez. – Por que não chama a Tomoyo pra ir com você, então?

"Até que enfim teve uma idéia que prestasse, mãe!"

- É claro que vou! – responde Tomoyo do outro lado da linha. Sakura suspirou aliviada, pelo menos não iria sozinha àquela festa tão fútil e insuportável. – As férias estão no fim e programas andam muito raros. Engraçado, sempre sou eu quem tem que arrastar você para algum lugar, mas você sempre arranja desculpa, sempre tem que...

- É que não quero ir sozinha nessa festa, Tomoyo. – desculpou-se Sakura, como se estivesse convidando a amiga para uma sessão de tortura. Aquilo realmente parecia tortura: ir à uma festa de um primo que nem se lembrava, ter que aturar sua tia chata... – Minha mãe 'exige' que eu vá. É o aniversário de um primo que não vejo há anos. Dizem que é e sempre foi o melhor da sala. Um chato e um saco! E o pior é que ele foi transferido para o nosso colégio. A partir de segunda vou ter de conviver com o chatinho a vida inteira. Faltam só dois dias... A festa deve ser tão chata quanto ele. A gente fica só um pouquinho e...

- Já disse que vou, Sakura. – interrompe Tomoyo quase rindo do jeito da amiga. Sabia que ela não tem o menor jeito pra festas e que é muito complexada e exigente consigo mesmo, mas uma amiga melhor que ela não tem igual. – Uma festa é uma festa. E esta não pode ser mais chata do que tantas outras. – um pequeno silêncio do outro lado da linha. – Tenho que desligar. Minha mãe está tendo um pirepaque. Depois eu passo na sua casa. Tchau! – Tomoyo desligou o telefone sem ao menos dar tempo de Sakura lhe dar um tchau. -

Tchau, né? – diz Sakura tirando o telefone do ouvindo e desligando-o. Estava subindo as escadas, quando ouviu a mãe gemer na cozinha. "Vai ser uma longa tarde..."

Sakura trocou-se rapidamente, quanto mais cedo chegasse, mais cedo iria embora. Saiu do quarto e foi até o banheiro, lá estava ele de novo. O inimigo rachado de cima a baixo, dizendo à Sakura que ela estava medonha com aquela blusa, que seu cabelo estava um lixo, que todo mundo ia rir dela na festa...

- Todos riem, não é? Só que nunca dou tempo para que riam de mim. Eles têm de rir comigo, na hora que eu quiser. Todos riem do que eu digo. Sakura, a grande gozadora! – ela debocha de si mesma, dando uma gargalhada logo em seguida. – Sakura, a contadora de casos. Vamos, riam todos com Sakura! – ela gargalha novamente, ficando triste logo em seguida. Levemente, seus dedos tocaram a face fria do inimigo, bem na rachadura. Lentamente, seus dedos percorreram a rachadura, tateando como um cego que procura reconhecer alguém. –Todos riem... – ela começa a sussurrar. –...Mas eu não quero tantos risos. Eu queria um sorriso apenas. Um só. Queria estar quieta e ver alguém aproximar-se, olhando nos meus olhos... Sorrindo... Eu sorriria de volta, e nada mais precisaria ser dito...

- Quem ligaria para você, Sakura? Você é feia, gorda... Você é nada... – retrucou o inimigo, machucando-lhe mais ainda. Era verdade, ela era feia, era nada para as pessoas, até para a mãe. Deixou as lágrimas correrem fartas pelo rosto, cada lágrima refletia seu sofrimento. Foi aí que o inimigo resolveu feri-la mais fundo e cortou-lhe o dedo com a borda da rachadura. Maquinalmente, ela levou o dedo até a boca, chupando o ferimento. Na rachadura, no peito do inimigo, ficou uma gota de sangue. O dedo quase não doía. Era ali que doía. Sakura ficou observando por um tempo, aquilo refletia seu coração por dentro, que sangrava e morria cada vez mais.

"Eu estou morrendo...", ela sai do banheiro e desce as escadas. "... ninguém percebe isso?"

- Que cheiro bom, Tomoyo! – elogia Sakura sentindo mais um pouco do perfume. – Que perfume é esse? – ela pergunta se fazendo de curiosa.

- Deixa de besteira, Sakura! É o mesmo que o seu. – as duas saem da casa de Sakura e começam o longo caminho. Sakura olhou melhor para Tomoyo, ela estava linda, como sempre. Linda como se fosse de propósito só para humilhá- la.

Realmente a casa de sua tia era maravilhosa. Era enorme, parecia um prédio, não uma casa. O que não combinava com aquela beleza toda era a sua própria tia. Ela recebia os convidados como se fosse ela que estava fazendo dezesseis anos. E o pior é que ela realmente estava vestida como se tivesse 'mesmo' dezesseis anos.

- Sakura! Há quanto tempo! – ela abraçou forte Sakura e olhou cada parte da sobrinha. – Como você está crescida... Está uma mocinha perfeita.

"Já eu não posso dizer o mesmo da senhora.", Sakura debochou mentalmente enquanto recebia os calorosos beijinhos da tia.

- E essa lindeza, quem é? – pergunou sua tia olhando para Tomoyo.

- É Tomoyo, minha amiga. Pensei que a senhora não se importaria se...

- Oh, mas é claro que não me importo! Você fez muito bem em trazê-la! Eriol vai adorar mais uma menina linda na festa! Mas entrem, entrem! – de fora, Sakura já podia ouvir o som ligado naquele volume 'chega de papo'. Monotonamente, o surdo da bateria reboava como se dissesse 'não entre... Não entre...' Sakura apertou a mão de Tomoyo e arrastou a amiga atrás da dona da casa.

As dimensões do salão perdiam-se nos cantos escurecidos pela iluminação precária, cheia de clarões piscantes, destinados a excitar os espíritos. No meio do salão, corpos sacudiam-se ao ritmo de um som frenético, meio misturados numa massa multicor que formava um bloco único, anônimo, como a representação de um inferno alegre, alucinante... Sua tia falava sem parar, apontava para todos os lados e ria muito, mas nenhum som humano poderia sobrepor-se àquela loucura.

- A senhora é mais ridícula do que eu pensava! – Sakura também riu, aproveitando-se da oportunidade de acobertar a franqueza debaixo daquele som infernal.

- Hein? – sua tia virou o rosto e a fitou.

- Eu disse que a senhora é ridícula! – Sakura disse ainda mais alto.

- Desculpe querida, mas eu não ouço nada com essa música! – sua tia virou o rosto novamente e sorriu. Da massa confusa de dançarinos, uma figura se destacou. Foi como se os sonhos mais ousados de Sakura tivessem tomado forma e corpo. O sonho dos sonhos de Sakura, que surpreendeu-se com tamanha beleza. Ele se aproximou, com aquela luz maluca fazendo brilhar seus dentes e o branco de seus olhos, que eram completamente maravilhosos e sedutores. Sua tia ria mais ainda e mostrava o rapaz, papagueando sempre. Pouco ou nada dava pra entender, por mais que ela berrasse, mas Sakura praticamente adivinhou, praticamente leu nos lábios super vermelhos, devido ao forte batom, de sua tia a palavra-chave de todo aquele discurso. –... Eriol...

"Eriol! Esse é Eriol!", Sakura pensou surpreendendo-se ainda mais. Em sua memória, só havia o registro distante de um primo entre tantos, talvez um moleque briguento que só pensava em futebol. Só que o moleque se transformara nos seus sonhos. – Como é mesmo o nome desse deus grego! – raciocinou Sakura em voz alta, acobertada pelo som da festa. – Não importa! Vou chamá-lo de 'sonho'!

- Hein? – sua tia berrava para o filho e apontava para as meninas. Eriol disse algo, muito bem-humorado e abraçou Tomoyo apertadamente. Sua mãe sacudiu a cabeça várias vezes e indicou Sakura. Eriol disse algo novamente, rindo sempre, e voltou-se para Sakura, que sentiu-se enlaçada naquelas maravilhosos braços, e o rosto do rapaz colou-se ao seu.

- Oi, prima! Como você ficou linda! – ele sussurrou bem próximo ao seu ouvido. A voz quente de Eriol envolveu-a, clara e distintamente, fazendo-a surda a qualquer outro som que não fosse sua voz.

- Linda! – sussurrou Sakura, surpresa e enlevada. – Eu sou linda! – mesmo colado à ela, Eriol não entendeu o sussurro. E, como se fosse um confeiteiro colocando uma cereja como um toque final de gênio sobre a mais apetitosa torta, o rapaz beijou seu rosto com força, estalando os lábios. As luzes, as cores e o sangue de Sakura misturaram-se numa vertigem gostosa, e o ímpeto dela foi fechar os olhos e colocar-se na ponta dos pés, oferecendo seus lábios a Eriol para que este lhe beijasse da forma mais apaixonada possível. Mas em vez disso, ele riu alto, dizendo qualquer coisa, como se fosse a piada mais engraçada do mundo. Sakura abriu os olhos e fitou novamente aquele maravilhoso rosto que afastou-se do seu.

- Eriol, era você por quem eu esperei a vida inteira... – como se fosse um jogo, Eriol continuou a sorrir e a dizer várias coisas, sem escutar o que ela lhe dizia. – Sonho... Você é o meu sonho na forma de um homem... – ainda segurando seus ombros, Eriol ria muito. – Eu nasci pra amar você, meu lindo sonho... – nesse exato momento, a fita chegou ao fim e a palavra 'sonho' ressoou por todo o salão.

- Hein? Sonho? – Eriol ficou confuso. – O que você disse?

- Hã? – Sakura corou um pouco. – Nada... – uma nova fita começou a tocar uma música lenta e romântica, a fim de acalmar os dançarinos. Sakura escutou a linda música e esperou que Eriol a levasse até o meio do salão e dançasse com ela, no calor de seus braços. Mas em vez disso, ele a soltou a caminho até Tomoyo, que sorriu abobalhada.

- E esta beleza aqui, quem é? – ele perguntou muito interessado em Tomoyo.

- Hã? – Sakura ficou confusa e triste. – Ah! É Tomoyo, minha amiga...

- Então vamos nos apresentar, Tomoyo. – ele disse de uma maneira sensual e rouca, enquanto a conduzia em seus braços para misturar-se à nova massa que se formava, agora de uma forma lenta e arfante. Sua tia já desaparecera. A música já não mais acobertava sua voz, e foi num murmúrio que ela disse:

- Tomoyo, devolva meu sonho...

Outra vez apanhou outro copo de uma bandeja que alguém lhe entendera. O líquido era amargo demais, nunca poderia ser um refrigerante, e aquele já era o terceiro copo que ela aceitava. Ou era o quarto? Isso não importava mais. Tinha escapado silenciosamente pela porta-janela que dava para o jardim e agora estava sozinha na penumbra, com seu copo apenas, vendo de fora os dançarinos curtindo cada nova seleção de músicas. Com todas aquelas luzes, era impossível de se ver alguém, mas Sakura via apenas um único casal entre os demais.

A moldura da porta-janela era como uma tela de cinema, e Sakura era única no escuro da platéia. Assistindo o filme sozinha, ela imaginava a história, criando cada cena, cada fala. Aquilo era demais, era muito doloroso. Por que tinha que passar por isso? Interrompendo o filme e seus pensamentos, na tela iluminada surgiu uma silhueta que não fazia parte do enredo. A silhueta caminhou até ela e sentou-se ao seu lado.

- Oi. É uma festa particular? Por que não me convida? – ele pergunta docemente. A luz do salão não pôde iluminar o rosto do rapaz à sua frente, já que ele estava de costas para lá. Ele a olhou nos olhos, sorrindo de um jeito amável e gentil. Sakura desviou o olhar e o odiou por distraí-la em sua sentinela. – Eu sou Syaoran. E você? – Sakura quase riu do nome dele. Isso lá é nome de gente? Mas estava tão triste que não conseguia nem sorrir.

- Eu? Sou a ilusão... – ela disse em voz baixa.

- É um nome estranho para quem está sozinha. A ilusão nunca está sozinha...

- Então pode me chamar de cretina. É o meu apelido.

- Cretino é aquele que crê em tudo que ouve. Você acredita em tudo?

- Eu? – ela balançou o copo um pouco e o restante do líquido espumava e batia contra o copo. – Não. Só naquilo que me ilude.

- Acreditaria se eu dissesse que você é a garota mais linda da festa? – ele sorriu malicioso.

- Não. Eu diria que você está me gozando. E o esbofetearia.

- Seria uma nova experiência apanhar de uma ilusão. – ele disse irônico.

- Ou por uma cretina... – ela completou a frase dele.

- Você tem resposta pra tudo, não é?

- Não. Só pra quem tem pergunta pra tudo. – Sakura observou o líquido novamente e entornou o restante dentro de sua boca. O líquido escorreu quente, queimando tudo por onde passava. Sakura fez uma careta.

- Quer outro refrigerante? – Syaoran se levantou – Eu vou buscar. – ele afastou-se e Sakura aproveitou para internar-se ainda mais no jardim, escondendo-se na sombra. Pela porta-janela saía o vulto de um casal abraçado. Impossível reconhecê-los, mas Sakura adivinhou que só poderiam ser Eriol e Tomoyo. Viu quando a jovem levantou o rosto e o rapaz a envolveu num beijo longo e definitivo. Apenas duas silhuetas, mas só podiam ser os dois. Ai...

Dentro da cabeça de Sakura, os vapores da bebida explodiram, lançando fogo através de todas as suas artérias. O mundo oscilou de repente, e a menina sentiu-se cair, sentiu a terra úmida contra o rosto. Não perdeu a consciência, mas não podia mover-se. Porém, tudo sentia. Parecia que até mais do que nunca. Sentia a incômoda sensação da grama a picar-lhe o rosto, sentia a terra sujar seu rosto cada vez mais. Foi então que braços fortes começaram a levantá-la, e Sakura, com os olhos semi-abertos, observou o lindo rapaz.

- Eriol... É você...? – ela tentou erguer-se, mas não tinha forças ou sentido. O rapaz a abraçou fortemente, e ela aconchegou-se intensamente contra o peito que a amparava. O calor daquele corpo forte deu-lhe febre e ela sentiu um cheiro gostoso de água-de-colônia. Sentiu algo metálico roçar-lhe o rosto, uma correntinha de ouro. Ela ergueu o rosto e ofereceu-lhe os lábios, desesperada para beijá-lo. Lábios maravilhosos colaram-se aos seus, enquanto o vigor daqueles braços a abraçavam com loucura. Sentiu-se morrer de felicidade e o mundo apagou-se com aquele nome adorado estourando em sua cabeça como um coro de anjos: "Eriol..."