Disclaimer:
- Bleach não me pertence, o que não faz a mínima diferença pra mim.

Estrela-Cadente

she's a shooting star

good-bye, good-bye

ela é uma estrela-cadente

adeus, adeus

she's a shooting star

good-nigth

ela é uma estrela-cadente

boa noite

Tonight Tonight Tonight / Crusaders

Ichigo olhou novamente para o armário, sem coragem de abrir a porta.

Sentado na cama, cabeça baixa e braços largados sobre as pernas, ele olhava praquela porta fechada e se perguntava até quando seria tão estúpido.

Tão inocente.

O lugar dela não era ali.

oOo

-Eu preciso ficar, Ichigo.

-Eu sei.

Ambos se sentaram na grama fresca, olhando a Lua que brilhava alta no céu da Soul Society.

-Eu não posso dar as costas a tudo isso... Eu tenho obrigações.

-Eu sei.

Rukia abaixou os olhos, fitando as mãos feridas de Ichigo.

-Eu tenho que fazer alguma coisa, depois de tudo... eu não posso ser uma inútil e fingir que nada aconteceu comigo! Eu... eu tenho que ficar e encontrar um meio de resolver as coisas.

-É. Você tem mesmo, Rukia.

Rukia riu, inclinando a cabeça para trás.

-Você vai finalmente se livrar de mim, Kurosaki-kun.

A jovem deusa da morte sentiu sua mão ser puxada, a fazendo cair sobre a grama e o peso de outra boca calar o riso da sua.

Quando finalmente abriu os olhos, ele sorria.

-Eu não me livro de você nem que eu quisesse, shinigami.

oOo

Muitas noites se passaram daquela forma. Aquela porta fechada do armário, os mangas jogados num canto do quarto, sem ninguém mais para lê-los. O caderno de desenhos esquecido debaixo dos livros da escola.

E um rapaz deitado sob uma janela que nunca se cansava de ficar aberta.

Era ridículo, ele sabia, mas não se importava. Sentia falta da shinigami, e embora nunca fosse admitir isso a ela, não era tão burro a ponto de negar isso a si mesmo.

Afinal, ele havia ido até o Inferno – ou ao Céu? – para buscá-la de volta.

Tê-la deixado lá podia não fazer parte de seus planos... mas era o que devia fazer.

Era assim que eles eram.

Se Ichigo não compreendesse a decisão dela, então não seriam mais Ichigo e Rukia. Não seriam aquele sorriso mudo e cúmplice entre eles. Não seriam parceiros, sempre, não importando onde estavam.

Seriam qualquer outra coisa. Qualquer outro sentimento.

Mas não eram.

O rapaz levantou os olhos, mirando a porta do armário. Olhou de esguelha para os ponteiros do relógio, era tarde. Haviam sido dias cansativos, ele devia logo ir se deitar e dormir.

Era o mais sensato, certo?

E inútil.

Levantou-se num impulso, chegando até a porta. Parou por um instante, respirando fundo. As pernas tremeram levemente, o fazendo se sentir ainda mais imbecil. Sorriu, deslizando a porta do guarda-roupa.

Olhos grandes e escuros piscaram, acordados, o fitando lá de dentro.

-Por que não está dormindo? – perguntou com as primeiras palavras que lhe vieram à cabeça, perdendo todo o fio de seu pensamento.

-Porque essa sua cabeça oca fica pensando tão alto que não me deixa dormir!

-Cabeças ocas não pensam, Rukia!

-A sua pensa!

-Você voltou da Soul Society só para me aborrecer!

-Acha que eu gosto de dormir no guarda-roupa de um adolescente desorganizado como você!

-Bom, então arrume outro lugar!

-E deixar de te aborrecer? O Mundo Real perderia toda a graça... – Rukia riu ironicamente, daquele jeito que deixava o substituto de shinigami sempre enraivecido.

Mas Ichigo apenas sorriu como resposta, mexendo nos cabelos com uma das mãos e se recostou no batente da porta.

-Você... vai ficar dessa vez, Rukia?

A shinigami saltou para fora do guarda-roupa, se virando para ele.

-Isso importa, Ichigo? – ela sorriu, então olhando para a janela aberta. – Você me disse aquela vez que não se livraria de mim, mesmo que quisesse.

-Eu estava blefando.

-Idiota. – ela resmungou.

Mas a shinigami entendia o que o rapaz quis dizer. Era uma verdade, ela não pertencia àquele mundo, dia menos dia, teria que sair dele. Voltar ao seu. E Kurosaki Ichigo teria seu guarda-roupa de volta, todo e apenas seu.

-Se eu quisesse me livrar de você, já o teria feito.

Rukia voltou depressa ao seu lugar de dormir, sem conseguir encará-lo. Tinha mesmo dito aquilo? Devia ter soado tão imbecil... devia se lembrar de fazer Ichigo pagar por fazer aquilo com ela!

-Eu também, Rukia. – ele sussurrou, fechando a porta do guarda-roupa.

A shinigami fitu o vazio, perplexa.

E sorriu.

Ichigo se deitou, finalmente. Tinha uma ligeira impressão de deja-vu, mas deixou passar.

No fundo, ele sabia exatamente o que haviam feito.

Talvez eles fossem mesmo daquele jeito. Aquele amontoado de palavras erradas na hora certa. Aquele modo de entender o outro que apenas eles conheciam.

Sabiam que ela teria, um dia, de ir embora. Rukia era uma estrela cadente e Ichigo simplesmente não sabia se poderia alcançá-la numa próxima vez.

Mas ele havia se tornado forte. Ela, ainda mais cabeça-dura. Não custava tentar. Ainda que alguém acabasse destruindo meio Seireitei para ir atrás dela, de novo.

Porque era assim que eles eram.

Ichigo e Rukia.

E naquela noite, eles tinham acabado de dizer um ao outro todas aquelas coisas, tão estúpidas quanto "eu amo você".

OWARI