A diferença primordial entre uma guerra e uma revolução é o motivo. Guerras são feitas por poder, dinheiro ou quaisquer outras coisas que potencialmente levem a eles; revoluções são feitas por ideais e ideologias. Esse é um dos motivos pelos quais os Estados Unidos até hoje se referem à sua Guerra de Independência como Revolução Americana, aliás, mas isso não é relevante agora.

Claro que Espanha sabia disso - era um país velho, com mais de algumas guerras nas costas. A diferença é que a guerra agora não era contra um inimigo concreto, e sim contra si mesmo. A luta poderia parecer ideológica a princípio, era sempre assim que começava, afinal.

A partir do momento em que a União Soviética entrou na Guerra, ela deixou de ser interna. Espanha se viu como sendo apenas um cenário, um campo de batalha entre o comunismo e o capitalismo. Novamente, poderia parecer uma uma luta ideológica, mas...

No final, ele supôs, era tudo território. Ele saberia.

Seu povo não.

"Ah, sabe. Apenas se esqueceu. Mas vai se lembrar assim que não o tiver mais."

Ele não tinha lado na Guerra, embora seus chefes tivessem. Não faria diferença, no fim, qual lado vencesse. Seria mais um banho de sangue à toa, sangue de gente comum que pensava estar fazendo o que era melhor pelo país. Eles não viam, não lembravam agora, que o sangue esparramado dos dois lados do tabuleiro tinha a mesma cor.

Mas eles se lembrariam, depois, e jurariam que jamais se esqueceriam novamente.

Até a próxima guerra, claro.

A primeiro de Abril de mil novecentos e trinta e nove, os jornais declararam o Fim da Guerra Civil Espanhola. Não foi assim para os milhares de ex-militantes executados, claro.

A vinte de Novembro de mil novecentos e setenta e cinco, queimar o Brasão de Armas foi a melhor sensação do mundo.