Dean já estava enlouquecendo. Maldito anjo. Aquilo era tudo para lhe provocar? Não era justo. O que tinha feito de mal? ...Certo, muitas coisas, mesmo assim, era injusto. Não dava para acreditar que o Anjo era tão inocente aquele ponto. Chegava dar vontade de rir, ele iria rir, se não envolvesse um fetiche particular seu.


Dean estava sentado no sofá na casa de Bobby, rodeado por jornais e livros afim de encontrar algo que o agradasse, estava sozinho, Sam havia ido acompanhar Bobby nas compras. Suspirou. Silêncio. Silêncio. Um bater de asas. Castiel. Suspirou novamente e sem erguer o rosto do jornal perguntou.

– O que foi Cass?

Não conseguiu resposta. Franziu levemente as sobrancelhas e ergueu o rosto, abriu a boca para perguntar novamente mas parou ao se deparar com o anjo ocupado em segurar uma casquinha de sorvete de baunilha. Dean não iria se alterar se fosse outra pessoa. Mas... céus, era Castiel. Sabia que nutria algo a mais pelo seu protetor, sabia que era correspondido, mas a segurança de "todos" era crucial. Mas aquilo... era uma tremenda sacanagem. Engoliu a seco...duas...três vezes, encarando o sorvete de cor branca derretendo e ir aos poucos melando a mão do anjo e sem falar que o desgraçado estava com o rosto completamente melecado, ele era um bebê por acaso?

Dean era um pervertido. Um pervertido criativo, e na sua mente aquilo definitivamente não era sorvete derretido. Não pensou duas vezes e jogou o jornal que antes estava lendo para o lado e se levantou do sofá, andando apressado em direção ao anjo-melecado e este somente se virou para si.

– Algum problema, Dean?

Ignorou a pergunta e quando chegou próximo o suficiente empurrou o anjo contra a parede da sala, prensando-o com o próprio corpo. E o que recebeu em troca foi apenas um tombar da cabeça do moreno, algo que o mesmo fazia quando não entendia nada do que estava acontecendo. O anjo não pode fazer mais nada a não ser soltar a casquinha do sorvete deixando que a mesma caísse no chão, já que sua boca havia sido invadida pela língua do caçador.

Aquilo era um beijo? Estava beijando o Dean! Ergueu as sobrancelhas, agora visivelmente assustado com aquilo tudo derrepente, piscou diversas vezes, e Dean estava satisfeito por ter conseguido alguma reação além da cara de nada do anjo.

Continuou a beijá-lo entrelaçando ambas as línguas, feliz por que depois de algum tempo o anjo o correspondeu, mesmo sendo compeltamente desajeitado, para Dean, era perfeito. Castiel com sabor de baunilha realmente era uma delicia. Afastou as bocas e ficou a encarar os lábios do seu protetor, estavam avermelhados e combinavam perfeitamente com as gotas de sorvete de baunilha escorrendo pelas bochechas e canto dos lábios.

Novamente Dean não hesitou e lambeu lentamente cada gota e pedaço melecado, demorando-se mais nas mãos, fazendo questão de abocanhar cada dedo do anjo e sugá-lo com força, arrancando baixos e curtos gemidos do anjo. Tratou logo de encaixar uma de suas pernas entre as do moreno e se esfregou... três, quatro vezes e parou ao ouvir barulho de carro próximo, droga.

Se afastou e encarou o moreno, aparentemente limpo de todo o sorvete, sorriu e deu alguns passos para trás voltando a se sentar no sofá e a ler seu jornal. Cass sentiu as pernas perderem as forças, tinha algo muito estranho com seu receptáculo, mais especificamente entre suas pernas. Se sentou encostado na parede encarando a casquinha e o pouco de sorvete no chão entre suas pernas.

Não demorou muito e a porta abriu, entrando Sam e Bobby com as sacolas de compras nas mãos e conversando sobre algo que esqueceram de comprar no mercadinho, ou algo parecido.

– Moleque, eu disse a você que era para comprar o neutro, depois eu que sou o velho aqui.

Sam pareceu não se importar e ao deixar as sacolas no chão levou ao olhar até o anjo no chão e ao irmão escondido atrás da folha de jornal. Só depois que foi reparar o sorvete derretido no chão, riu animado.

– Que coinscidencia, Cass. Eu e o Bobby trouxemos sorvete!

O anjo tremeu e sentiu pela "ligação" que por trás da folha de jornal Dean sorria. E não era um sorriso qualquer. Era um sorriso malicioso, e mesmo sendo um anjo inocente, sabia o que o esperava... Sorvete e Dean.