Inverno


Só restava o vazio, apenas isso. Falta. A dor já nem era sentida, porque, afinal, o oco de seu corpo conseguia tomar o espaço de qualquer outro sentimento.

Pior eram as lembranças que atordoavam sua mente.

O riso de Fred.

Aquele soar de sino provocado pelo gêmeo que o tirava o sono.

O riso que sempre havia chegado a seus ouvidos. E que deles também nunca iria partir.

Além de sons, vinham-lhe as imagens. Cenas que George não saberia imaginá-las longe de Fred.

Pois sem ele tudo o que antes faziam juntos, passou a ser automático; frio.

E George sempre detestou o frio.

O trabalho nas Gemialidades era o pesadelo do qual nunca conseguia acordar. O encanto em que a loja era envolvida acabou. Assim como os gêmeos. Apesar apenas de Fred ter partido... George não poderia se considerar vivo.

Durante todo o tempo, ele considerou que viver era sinônimo de ser feliz.

De curtir, sem pensar em conseqüências. E de cumprir as conseqüências pensando na próxima curtição.

E durante esses meses nenhum desses requisitos era cumprido.

Nada de diversões.

Nada de encrencas.

Nada de broncas.

Nada de felicidade.

Era apenas um corpo que bombeava o sangue e fazia o coração continuar a bater.

Que já havia chorado, sofrido, e hoje optou por apenas sobreviver.

Composto por dor, angústia, e frio. Um frio digno de um longo inverno.

Um inverno em que só Fred poderia aquecê-lo. Só Fred poderia resgatá-lo. E este fato fazia, daquele inverno, um inverno sem fim.

Mas talvez um dia... ele lembrasse de como sorrir.

Se lembrasse de como o mundo é quando as lágrimas não sentem a necessidade de cair.

Talvez um dia o frio diminuísse.

Talvez um dia ele abrisse a janela... e o costumeiro inverno não estivesse lá.

Talvez um dia a primavera chegasse. Dentro de si.

N/A - Fato, George sem Fred foi suicídio.

Pena merecerem uma fic tão indigna. Mas obrigada a quem gostou.