***Este fic é meu pequeno ( e quase atrasado) presente de páscoa para todos os meus leitores, amigos, reviewrs, etc, etc. É algo novo que tentei, e espero que todos gostem ^_~ ***

~Walking after you~

*Mirror Fic*

Avisos:- Um tiquinho de angst, linguagem também. Lime, um pouco de fluffy, Duo POV neste primeiro.

Casais:- 1x2x1

Spoilers:- Spoiler para os últimos (especialmente O ULTIMO) episódio da série. Não me culpem por nada. Eu avisei.

Sobre Mirror Fics:- Para aqueles que não conhecem, aqui vai uma breve explicação sobre "Mirror fics". "Mirror fics" na verdade são 2 fics, que contam uma mesma história/cena/situação, por dois pontos de vista diferentes. Ou seja, o leitor tem a oportunidade de ver os dois lados da mesma coisa. Este fic aqui trabalha com a idéia do "Mirror fic", com uma pequena alteração: essa história tem 3 capítulos, ao invés dos dois tradicionalmente utilizados. O primeiro é em Duo POV, o segundo em Heero POV. O terceiro é o capitulo que conclui a história, e é em um POV completamente diferente. Leiam pra saber ^_~

Disclaimer:- Ontem eu estava jogando uma partida de truco com os executivos da Sotsu Agency. Senti que estava com sorte e fiz uma aposta alta. Perdi. Como eu não tinha como pagar em dinheiro tive de ceder os direitos autorais de Gundam como pagamento antes que eles chamassem a Máfia Japonesa para me matar...portanto... não sou dona dos Garotos Gundam e nem nada relacionado sobre a série. Isso aqui é um trabalho de ficção sem fins lucrativos (infelizmente T_T)

Sobre o fic:- Velha fórmula de sempre: música + fic! Eu realmente não trabalho de nenhuma outra forma...no caso desse fic em especial, eu realmente recomendo que vocês, se tiverem a oportunidade, ouçam a música ao ler o fic. É uma musica linda, e realmente dá o clima que eu queria para esta história.
A música é de autoria do grupo Foo Fighters e também não pertence a mim.

***Lien, esse é meu pequeno presente de páscoa para você. Apesar de eu ter dedicado ele a todos, eu estou dando-o de presente para apenas uma pessoa: você! Obrigada por tudo, e aprenda logo a aceitar elogios sim? ^_~***

"Tonight I'm tangled in my
Blanket of clouds
Dreaming Aloud
Things just won't do without you
Matter of fact
I'm on your back..."

            Nós sempre fomos parceiros, eu e ele. De alguma forma extremamente bizarra, depois de nosso primeiro e fatídico encontro - que  envolveu balas, alguns ferimentos, uma pacifista com roupas em trapos e a semi-destruição de dois Gundams - os bons doutores chegaram a conclusão de que seria uma ótima idéia colocar os dois juntos, como em uma equipe.

            Eu sempre soube que aqueles caras eram completamente insanos. Isso era apenas mais uma confirmação desse fato.

            O extrovertido e o fechado. O engraçado e o sério. O falante e o calado. De onde diabos eles tinham tirado a estúpida idéia de que essa dupla tinha QUALQUER chance de dar certo?

            Fui obrigado a dar o braço a torcer, porque na verdade, eu e Heero, formávamos uma dupla praticamente imbatível. Apesar de nossas óbvias diferenças, de certa forma nossas habilidades complementavam-se. Chegava a parecer incrível a maneira como nossos instintos possuíam uma tendência a jogar-nos em direções diferentes, sendo que no final, sempre alcançávamos pleno sucesso em todas as missões para as quais éramos designados.

            Depois de aproximadamente dois meses de parceria, as coisas mudaram de repente. Talvez  a convivência tivesse tido seu efeito sobre nós. Talvez houvesse sido a guerra. Talvez, os hormônios – hey! Apesar de tudo, AINDA somos apenas dois caras jovens e cheios de energia sexual reprimida. Ou uma mistura de todas essas coisas. O fato é que Heero e eu levamos nossa relação a outros níveis.

            Talvez o termo "parceiro de foda" seja um tanto quanto grosseiro, mas isso não faz dele um termo inapropriado. Não para o que acontecia entre nós. Afinal, era exatamente disso que se tratava nossos encontros, mais ou menos freqüentes. Nós nos víamos e fazíamos sexo sem compromisso, sem obrigações, puro alívio das tensões que a guerra nos impunha.

            Ou pelo menos era assim no início.

            Na verdade, tudo começou em uma das inúmeras missões, nas quais ficamos juntos em uma escola, disfarçados como alunos, esperando, em meio a aulas chatas e pessoas esnobes. Enquanto não chegava a missão, que poderia ordenar que mandássemos tudo aquilo pelos ares em segundos, não tínhamos muita coisa pra fazer.

            O nome da escola me fugiu da memória. O fato é que aquela missão, em especial, estava demorando muito para finalmente ser concluída. Em uma das raras ocasiões em que as aulas não ocuparam o dia todo, nos encontrávamos, só os dois, confinados no quarto que dividíamos. Na verdade, Heero, naquele momento, ocupava o banheiro, e eu uma das camas do quarto.

            Eu estava entediado além dos limites da compreensão humana. Acredito que o nervosismo em torno da demora da chegada das ordens, unido ao ambiente quase hostil que aquela escola em particular possuía, não estava fazendo bem para mim. Eu me sentia constantemente nervoso e sentia a necessidade de me mover durante todo o tempo, como que em uma tentativa vã de fazer com que minha mente focasse outra coisa, que não o fato de que eu estava, praticamente preso em um quarto, sem nada para fazer, com o soldado perfeito como companhia.

            Fato esse que foi jogado no meio de minha cara quando Heero saiu do banheiro, toalha seguramente presa na cintura, cabelos pingando, peitoral ainda brilhante pela presença de gotas de água, que haviam se recusado a soltar-se de sua pele, incrivelmente dourada e macia, para transferir-se para a toalha. Não posso dizer que realmente as culpava.

            Eu citei que tinha uma queda por ele, certo?

            Vendo Heero daquele jeito, alguma coisa dentro de mim mudou. Era como se o nervosismo e a inquietude tivessem sido levados para longe, em um lugar aonde eu não podia alcançá-los ou sequer vê-los. Provavelmente, toda a minha consciência e senso de preservação haviam sido levados juntamente ao resto, porque sem qualquer aviso prévio, minhas pernas me levantaram, levando-me em direção a ele.

            Eu simplesmente o olhei de cima a baixo, praticamente devorando-o com os olhos. Em seguida, minha mão foi em direção a mão de Heero, a que estava segurando a toalha. A esta altura dos fatos, era claro para mim, que eu havia perdido qualquer amor a vida, afinal, em questão de segundos, Heero me nocautearia. Se ele fosse misericordioso, eu perderia apenas um braço. Mas se eu pudesse ver o que aquela toalha escondia antes de morrer, teria valido a pena.

            A qualquer momento, o punho dele se conectaria com meu rosto.

Mas o soco nunca veio. E contrariando todas as minhas expectativas, o Soldado Perfeito deixou que minha mão assumisse o lugar da sua, na tarefa de segurar a toalha, para em seguida, deliberadamente, soltá-la no chão.

Sentindo-me encorajado, me atrevi a colocar minhas duas mãos em seus ombros, para descê-las lentamente, parando e acariciando lugares estratégicos do corpo de meu parceiro. Ele apenas fechou seus olhos, indicando com leves aberturas de sua boca, ou suspiros surpresos, quando eu acertava os locais que o agradavam de maneira especial.

Minhas mãos continuaram sua descida, até eu chegar em um ponto apenas um pouco abaixo do umbigo, a posição de meus dedos indicando que eu tinha toda a intenção de continuar na mesma direção. Foi quando Heero abriu os olhos, e eu pensei que finalmente havia chegado o momento em que ele havia percebido minha presença, o que eu estava fazendo, e trataria de acabar comigo.

Mas ao invés disso, ele deu um passo em minha direção, e sem nunca dizer uma palavra sequer, começou a abrir os botões da camisa do uniforme escolar, que eu ainda usava. Em seguida, fui submetido ao mesmo tratamento que havia dado a ele, mas dessa vez eram as mãos de Heero que passavam sobre meu corpo.

Quando estas alcançaram o local logo abaixo do umbigo, da mesma forma que eu mesmo havia feito, Heero olhou-me nos olhos, e por um momento, pensei que essa provavelmente era a primeira vez que estávamos realmente vendo um ao outro. Naquele momento, foi selado um pacto silencioso entre nós. O pacto que nos transformou no que somos até hoje.

Naquela noite apenas aliviamos a tensão um do outro, ou seja, ficamos apenas naquela brincadeira de mãos até que ambos tivessem ficado satisfeitos. Apenas o som de nossas respirações ofegantes preencheram o pequeno quarto que dividíamos. Em nenhum momento trocamos uma palavra sequer, e o mesmo valeu para o dia seguinte.

Nas primeiras horas da manhã do dia que se seguiu, finalmente recebemos as ordens, e as cumprimos com eficiência.

Saímos daquela missão como se nada jamais tivesse acontecido ou mudado. Ao mesmo tempo, individualmente, tínhamos plena consciência de que as coisas não seriam mais as mesmas entre nós.

Nosso segundo encontro deu-se após um de meus trabalhos solo. Eu havia voltado de uma missão extremamente perigosa, na qual - e eu podia admitir isso até para mim mesmo - havia saído com vida por um golpe propício de sorte.

Mas soldados perfeitos não admitem que qualquer coisa seja resultado de sorte.

Naquela noite discutimos seriamente. O final de nossa discussão se deu na cama, com uma demonstração clara dos talentos da boca de Heero, que iam muito além de uma bela dicção e fluência de palavras. Eu também tive minha chance de me calar e "argumentar", afinal, também tenho alguns talentos nesse departamento.

Nunca chegamos a um acordo a respeito de meus erros na missão, e as idéias super protetoras dele. Saciar nossos desejos um pelo outro, foi o suficiente naquele momento. Momentos de prazer que retiraram de nossas mentes o lembrete, tão próximo e tão latente, de que nossas vidas estavam constantemente oscilando na fina linha entre a vida e a morte.

Depois dessa, houveram outras vezes, sem que jamais nenhum dos dois comentasse o ocorrido.

Nosso último encontro havia sido no Peacemillion, logo após a reunião dos cinco pilotos na nave. No momento, tudo o que esperávamos eram notícias de ataque, para que pudéssemos, por nossa vez, contra-atacar, no que seria muito provavelmente, a batalha final que selaria a guerra, dando a vitória para um ou outro lado.

A reação de Heero diante das notícias de que Relena estava a bordo da nave inimiga como refém, foi o que me tirou do sério, desencadeando todos os fatos que sucederam-se depois. Eu simplesmente não podia aceitar uma reação tão extrema – que no caso de Heero apresentava-se de uma forma muito sutil, porém extremamente clara a meus olhos – afinal, a própria princesa do mundo tinha se colocado em tal situação.

Como todas as discussões que aconteciam entre nós, esta estava fadada a não ter nenhuma resolução. Mesmo com isso em mente, nossas vozes subiam cada vez mais, e o espaço entre nossos corpos diminuía gradativamente, conforme íamos nos aproximando, como se a proximidade fosse capaz de tornar nossas argumentos mais convincentes aos olhos um do outro.

Em certo ponto, do que já havia evoluído para uma briga, eu dei um soco em Heero. Até agora, as razões para essa minha reação são um mistério, mesmo para mim.

Eu não queria feri-lo...na verdade, eu queria. Queria que ele sentisse a dor, a imensa dor que...que eu sentia naquele momento. Por que ele tinha de arriscar sua vida por aquela garota? Por que ele tinha que arriscar sua vida por todos? Por que a dele e não a minha?

Na verdade, não estávamos discutindo por Relena, e sim, por nossas vidas. Inconscientemente lutando pelo direito de colocá-las no campo de batalha, sem que nenhum dos lados estivesse disposto a ceder. No momento em que essa realização me atingiu, soube que Heero e eu não éramos mais "parceiros de foda", na realidade, nunca havíamos sido.

Desde nosso primeiro encontro, sempre haviam existido motivações por trás de nossa união, convenientemente tida como casual. Fosse desejo, preocupação, saudades, necessidade de contato humano ou qualquer outra coisa. Não importava. As razões estavam lá, todas palpáveis como o chão no qual pisávamos, e todas igualmente ligadas por uma linha invisível que tentávamos ignorar com todas as nossas forças, mas que eventualmente iria nos enforcar.

Em reação a meu soco, Heero me derrubou com eficiência no chão, prendendo-me embaixo de si. Qualquer possível espectador da cena pensaria que eu estava prestes a receber meu troco pela agressão inicial, mas eu sabia que não seria isso que eu receberia. Eu sabia, porque Heero havia acabado de me dizer aquilo, com seus olhos.

Uma prática que agora vínhamos realizando a meses, sem nos darmos conta disso.

Lutei debaixo do olhar e força dos braços do Soldado Perfeito. Eu queria que ele me socasse, que me ferisse, que me desse uma dor que fosse capaz de apagar aquela que estava se revelando por debaixo de dezenas de camadas de sentimentos. Uma dor que eu vinha deliberadamente tentando esquecer e ignorar. Uma dor que não podia sair de seu confinamento.

Me debati, fazendo movimentos bruscos e graves, e em seguida passei a provocá-lo, esfregando-me em seu corpo de uma forma sensual e agressiva ao mesmo tempo.

Naquela noite nossa união foi desesperada. Na verdade, começou em um ritmo frenético e rápido, como se talvez aquela pudesse ser a última vez em que estaríamos juntos, e terminou de forma suave e rítmica. Como se dançássemos ao som de uma mesma música, composta pelos batimentos de nossos corações.

Alcancei minha completude gritando o nome de Heero, ao mesmo tempo em que ele fazia o mesmo e nossos olhos se encontraram, clicando como dois pedaços de um quebra-cabeça a muito tempo não terminado. Naquele momento, soubemos que havíamos rompido um contrato fechado a muito tempo.

Um contrato silencioso, que agora estava perdido para sempre.

Meu momento de realização durou pouco, pois me deixei ser levado pelo cansaço, para a terra dos sonhos, aonde eu não tinha que encarar a dura realidade, e onde eu poderia viver para sempre com Heero, deitado pacificamente comigo no chão frio, apenas aproveitando a sensação de sentir seu corpo quente ao meu lado, da forma que fazíamos naquele instante.

Agora, apenas algumas horas depois, eu me encontro em minha cama, sozinho. Tudo o que eu espero são ordens, ou notícias. A flecha que anunciará o fim de tudo, da guerra, da Oz, possivelmente dos Gundams.

Eu já não me importava com o futuro coletivo, e não tinha certeza de nada além de uma única coisa.

Não importava aonde Heero fosse. Ele querendo ou não, eu estaria logo atrás.

"...If you walk out on me
I'm walking after you..."

***
Fim do Capítulo 1