Capitulo Um
É final de inverno, começo de primavera, estou deitado na minha cama em um começo de dia típico dessa época, completamente cinza e uma temperatura agradável, são seis horas de uma manhã calma, pelo menos estava calma dentro do meu quarto, em meu mundo. Sou apenas um adolescente de 17 anos como qualquer um outro, a não ser pela pequena diferença que eu não suporto festas tumultuadas e gente bêbada, prefiro sair com meus poucos amigos para ir ao cinema ou simplesmente ficar em casa sem fazer nada.
Ainda tenho o resto da manha para dormir já que hoje é sábado, mas eu preciso levantar para ir ao banheiro. Estou criando coragem para sair da cama quando escuto um barulho estranho na rua, estou completamente sonolento então não percebo o que poderia ser. Depois de ir ao banheiro, estou voltando para o meu quarto quando vejo que a porta do quarto dos meus pais esta aberta, chego perto do batente para ver se tem alguma coisa errada, o quarto esta vazio e a cama toda desarrumada, a primeira coisa que eu penso é quem, em um sábado, acorda às 6 horas da manhã? Desço as escadas para ver o que eles estão fazendo, no meio da escada vejo uma mancha de um vermelho vivo no corrimão. Os três últimos degraus estão completamente vermelhos.
Isso é sangue? De onde veio isso? Antes mesmo de eu conseguir colocar a cabeça no lugar eu já estou atravessando a sala em pânico e berrando por minha mãe. Já estou na cozinha quando percebo que ninguém vai me responder, não tem ninguém ali, estou sozinho nessa casa cheia daquilo que eu acho que seja sangue. Volto correndo para o andar de cima tomando cuidado com as manchas na escada e abro a porta do quarto do meu irmão pronto para jogar ele para fora da cama, mas o quarto esta no mesmo estado que o dos meus pais. Volto para o meu quarto sem saber o que eu estou fazendo e começo a procurar o meu celular por todo o lado, já ta tudo no chão quando eu consigo encontrar o celular em baixo de uma camisa, não sei como eu consigo digitar o numero do celular da minha mãe, mas quando estou com o celular no ouvido eu percebo duas coisas que estão acontecendo. A primeira é que o barulho que esta vindo da rua ainda não parou e que o celular que esta no meu ouvido, não é o meu, e sim o da minha mãe.
Desligo o celular e vou correndo para a janela, agora já em mente que o barulho na rua se trata de sino que esta vindo da igreja, quando abro a janela, percebo que já esta bem mais claro do que na hora que eu levantei. Eu nunca tinha escutado sino de igreja perto da minha casa, desde quando essa igreja ta ai? Estou quase saindo da janela para ligar para o meu pai quando vejo meu vizinho saindo da garagem, ele esta mancando e parece que a sua perna esta sangrando, a minha primeira reação é gritar para ver se ele sabe se aconteceu alguma coisa.
– Ei, oi... – Eu gritei o mais alto que podia mais ele só olhou para a minha janela e continuou descendo a rua com o rítimo desesperado.
Largo o celular em cima da mesa e desço pulando as escadas, quando chego à porta da rua, vejo mais sangue na maçaneta e a porta não esta trancada, na hora vem à imagem da minha avó brigando porque não trancamos a porta antes de dormir e como o mundo esta perigoso. Quando estou saindo do portão, o meu vizinho já esta no meio da rua, berro de novo para ver se ele para, mas ele só aumenta a velocidade. Alcanço-o bem rápido, já que ele esta mancando, o seguro pelo braço e sem perceber já estou gritando com ele no meio da rua.
– Qual é o seu problema? Minha casa esta cheia de sangue e você finge que não esta me vendo? – fico um tempo em silêncio vendo se ele vai se justificar, mas ele só fica me encarando. – O que ta acontecendo, porque você não... – paro a frase no meio quando ele abaixa a cabeça e começa a vomitar em cima do meu pé, eu nem tinha percebido que estava descalço, solto o braço dele e dou um passo para trás, estou levantando a cabeça para voltar a berrar com o homem quando ele cai de lado e fica totalmente inerte na rua. – O que diabos está acontecendo?
