- Yume no Uta -

Sinopse: Alguns anos após a derrota de Hades, Sorento lutava para superar dois tristes acontecimentos em sua vida. Mas quando conhece June de Camaleão, ele sente que sua vida ficará ainda mais bagunçada ao mesmo tempo em que ele terá que lidar com um terrível fantasma do passado e uma força do mal ameaçará novamente a paz no mundo. Conseguirá o triste Sorento e a complicada June se darem bem para lidar com todos os problemas? Ou um sentimento muito maior prevalecerá entre eles?

Alguns esclarecimentos antes de começar a história:

- Todos os nomes e honoríficos do texto serão usados de acordo com a versão original do anime, ou seja, em japonês.

- Não se espantem com casais incomuns, eles certamente irão aparecer, começando pelo casal principal, que será Sorento e June. Mu e Shaina serão o casal secundário, isso por que eu amo casais incomuns.

- Sorento, Mu e Julian terão 20 anos na história. Saori terá 18, e June, Shaina e Marin 19 anos.

- O cabelo do Sorento estará bem comprido, quase na altura dos joelhos, pois eu sempre quis que ele fosse assim rsrs

- Shion de Áries está vivo, jovem, e continua sendo o Mestre do Santuário

Bem, é isso. Espero que gostem e boa leitura.


Capítulo 1: Baile, Doce Flautista, Desconfiança

Santuário de Atena, Grécia - Século XX. O Templo principal, localizado no topo das Doze Casas do Zodíaco, estava em fervorosa. Pessoas correndo de um lado para o outro, decorações e laços para todos os lados, mesas sendo arrumadas, o som sendo configurado. Tudo isso para comemorar o aniversário de 18 anos de Atena. Kido Saori finalmente estava entrando em sua fase adulta, e planejou um baile ainda maior do que em sua festa de 15 anos.

Muita coisa aconteceu após a derrota e Hades. A Deusa Atena decretou que o uso das máscaras por suas Santas estava suspenso, pois elas não eram obrigadas a se esconder do mundo para poder protegê-lo e nem negar o fato de serem mulheres para isso. Ela também usou seu sangue divino para reviver todos os Santos de Ouro, permitindo assim que o Santuário ficasse protegido da melhor forma possível.

E muita coisa também aconteceu em seu aniversário de 15 anos. Kido Saori havia chamado dois jovens para serem seus convidados de honra, que nada tinham a ver com seu Santuário. O belíssimo Julian Solo, o Rei do comércio marítimo da Grécia, e seu igualmente belo amigo Sorento, que estava sempre com ele. O Deus dos Mares dançou a valsa de debutante com Atena ao som do piano que Sorento executava de forma angelical. Atena repetiu o convite aos dois em seus aniversários de 16 e 17 anos. Sorento, por sua vez, continuava sendo um fabuloso Flautista, e seu talento musical permanecia impecável e admirável. Aplicado estudante de música, ele também era um ótimo pianista, pois aprendeu ainda criança com o seu pai. Ele mesmo não havia mudado muita coisa, apenas continuou servindo a Julian como amigo e também sócio nos negócios, pois o mesmo era herdeiro de uma poderosa e rica empresa austríaca de enlatados, enquanto Julian herdou o comércio marítimo. Sorento continuou sendo um General Marina, mantendo seu juramento de proteger Poseidon quando necessário. O jovem havia herdado o império de enlatados a pouco tempo, depois que perdeu seus pais em um acidente de avião. Desde então, a tristeza é algo que o vem acompanhando. A única mudança considerável foi em seu visual, pois durante esses anos, Sorento deixou seu cabelo crescer. Ele já estava bem longo, quase alcançando seus joelhos. Estava ainda mais bonito do que antes. Quem o visse de costas pensaria que era Mu de Áries.

Desde o final da luta contra Hades, Saori e Julian estabeleceram uma forte relação de amizade, uma vez que Poseidon havia ajudado os Santos de Atena durante a estadia deles no inferno. Julian foi um grande apoio para Saori no fim da batalha contra Hades, para que ela superasse a morte de Seiya. Mas a morte do pangaré alado ao mesmo tempo em que foi motivo de tristeza para alguns, também trouxe coisas boas para outros. Julian e Saori estavam muito próximos, e a reencarnação de Poseidon decidiu não mais tocar no assunto de casamento com a jovem, dadas as duas recusas dela anteriormente, mas o que ele não sabia, é que um grande carinho surgiu da parte de Saori, e Atena pretendia surpreender a todos em sua festa de 18 anos.

Desta vez, todos os 88 guerreiros que protegem a Deusa foram convidados, algo que não aconteceu no aniversário de 15 anos de Saori, onde somente os combatentes que residiam no Santuário puderam comparecer. Mas naquela ocasião, Atena fez questão de convidar todo o seu exército, uma vez que seria uma data ainda mais especial. Shaina e Marin estavam muito felizes, pois a bela June, que reside na Ilha de Andrômeda, também compareceria, e elas teriam a oportunidade de colocar todo o papo em dia.

Todos estavam muito bem vestidos e elegantes para a festa, começando pela Deusa, que usava um vestido longo e rodado, típico de seu visual habitual. Era em um tom de roxo claro, que contrastava com o roxo mais escuro de seu cabelo, que estava preso por uma presilha dourada, deixando as pontas para cima como se fosse um "penteado abacaxi". Suas Santas também estavam lindas, e enfeitavam o Salão do Templo Principal. Os homens usavam belos ternos, todos de smoking. Os Golds estavam bem animados, menos Deathmask e Aldebaran, que não gostaram muito de ter que usar aquelas "roupas frescas". Como era uma ocasião de gala, todos os homens com cabelos longos adotaram um penteado de rabo de cavalo baixo, amarrado por uma fita em forma de laço. Não demorou muito para que todos os convidados chegassem e se acomodassem nas inúmeras mesas espalhadas ao redor do centro do salão, onde seria executada a já tradicional dança de valsa que Atena tanto amava. Sorento e Julian ainda não haviam chegado, e Saori os aguardava sentada em seu trono no topo do local. Shaina e Marin estavam sentadas sozinhas em uma das mesas, e ficaram muito contentes ao avistarem June. As três Santas estavam belíssimas em seus vestidos rodados, porém sexys na medida certa. O vestido de Shaina era vermelho e possuía um avantajado decote em V tomara que caia. Um forte batom vermelho e sombra de mesma cor. Já Marin, usava um vestido azul claro com mangas bufantes até o alto do braço bem mais discreto, sem decotes e uma maquiagem leve. Mas quem roubou a cena foi June. A loira era de longe a Santa mais linda que servia Atena, e agora que estava livre para mostrar seu rosto, mais ainda. Ela usava um vestido num tom de rosa claro bem decotado de alças finas e usava uma estola de seda rosa escuro bem contrastante para velar a audácia do decote. Os cabelos longos eram mantidos apenas por uma tiara prateada e cheia de brilhos com um pequeno laço do lado direito. Ela usava um batom levemente rosa com brilho molhado e uma sombra de purpurina rosada realçando os olhos azuis. Estava divinamente linda, superando até mesmo Saori em beleza. A garota se aproximou das outras santas, e sentou na mesa com elas.

— Shaina! Marin! Que surpresa! Estava morrendo de saudade de vocês! Gostaram da nova lei que Atena-sama nos impôs? Nunca pensei que vocês fossem tão lindas. E você Shaina, que modelito ousado, esse seu, hein? – Disse a loira curiosa.

— Mas e você com esses peitões quase de fora, rosinha? Mas eu adorei essa lei. Agora, além de não precisarmos mais ficar escondendo o rosto, também podemos ser livres para namorar e até mesmo casar. O que acha disso? – Perguntou a de cabelos verdes.

— Um saco! – Respondeu seca.

— O que? – Shaina e Marin perguntaram juntas e surpresas.

— Mas como assim? Você endoidou? – Marin reforçou a pergunta.

— Não. Eu falei bem sério. Não tem noção da quantidade de pervertidos que já cruzaram meu caminho desde que tirei minha máscara. Esses homens são mesmo todos iguais, só pensam com o pênis e não tem nada na cabeça. Nem cérebro eles devem ter. – comentou entediada, colocando um dos cotovelos sobre a mesa, onde apoiou seu rosto.

— Eu não posso crer no que estou ouvindo! E eu podia jurar que você ia acabar casando com o Shun.

— Shaina, fala sério. O Shun? Claro que ele é uma gracinha, crescemos juntos e tal, mas ele é apenas um bom amigo. Aliás, eu sempre tentei tirar esse mau costume que ele tem de ser tão frouxo, mas não adiantou. Eu preferia um homem de verdade ao meu lado. Ele é muito criança.

— Mas está enganada, June. Nem todos os homens são iguais. Aioria, por exemplo, é um homem exemplar. Ele é educado, culto, e...

— Blá blá. Tá bom, Marin. Ninguém merece ouvir você elogiando tanto aquele leão feioso e sem graça.

— Não fale assim dele!

— Menos, né, Marin. Todo mundo sabe que o Aioria não passa de uma xerox do Seiya usando uma Armadura de Ouro.

— Fique quieta, Shaina. Acaso esqueceu que você já foi muito apaixonada pelo Seiya?

— Eu já tinha esquecido dessa desgraça em minha vida. Não precisava falar. E eu não quero saber de homens tão cedo.

— Não sei por que vocês perdem tempo falando de homens. Para mim são todos uns inúteis. – Disse a loira.

— Não seja tão desconfiada, June. Desse jeito você nunca vai ser feliz! – Rebateu Shaina.

— Você fala isso por que nunca se apaixonou. Mas quando aparecer um homem especial que toque esse coraçãozinho, você entenderá. – Disse Marin.

— Até parece...

— Tá... sei... Mudando de assunto, essa é a primeira vez que você vem a um baile da Saori-san, certo? – Shaina perguntou.

— Sim. Estou um pouco nervosa. Nunca vim a uma festa tão elegante.

— Apenas relaxe. E prepare-se, pois, dificilmente algum homem vai deixar que uma mulher tão bonita fique sem par para a valsa. – Alertou Shaina.

— Valsa? Como assim?

— A valsa da festa da Saori-san. A gente dança muito. É claro que eu danço com meu amado Aioria.

— É melhor eu apenas observar tudo no meu canto. – June resmungou.

— Você que sabe. Eu prefiro me divertir. Sempre tiro o Camus pra dançar só pra irritar o cubo de gelo. E não é que acaba sendo divertido? Se bem que esse ano, prefiro passar.

— Shaina, você não existe. Mas eu não sei de quem vocês estão falando. – Revelou June.

Shaina e Marin se entreolharam, percebendo que June não conhecia os Santos de Ouro, já que não vivia no Santuário.

— Bem, não se preocupe, querida. Hoje mesmo você terá oportunidade de conhecer a elite das 88 constelações de Atena, os Santos de Ouro. Vai que algum deles agrada você. – Disse Shaina maliciosa.

— Pode cobiçar qualquer um, menos o meu Aioria. – Rebateu Marin ameaçadora.

A conversa das Santas foi interrompida com o início de um pronunciamento de Atena. Julian e Sorento finalmente haviam chegado. O Deus dos Mares e seu leal amigo estavam vestidos como de costume, o que não era estranho, já que ambos sempre andavam muito elegantes por serem executivos importantes. Julian trajava seu elegante terno branco com uma gravata em babados adornada por um broche dourado em forma de ondas do mar. Os longos cabelos azuis estavam, como sempre, soltos. Já Sorento vestia um terno preto com uma faixa dourada que contornava o pescoço, e descia abrindo pelo tronco, até a barra do paletó. A faixa seguia pelos ombros. As mangas eram brancas e a barra do punho, dobrada para fora e presa por botões pretos também era de cor dourada. No pescoço, ele usava um colar em forma de uma asa de Sirene, com uma pedra também roxa em forma de losango ao centro da joia. Tal como Julian, os longos cabelos do Flautista estavam soltos. Todas as atenções se voltaram para Atena em seu pronunciamento.

— Boa noite meus amados Santos e Santas. Como podem ver, meus dois queridos convidados de honra, Julian e Sorento, acabaram de chegar. Minha festa de 18 anos está oficialmente iniciada. Divirtam-se todos, e fiquem à vontade, pois, dentro de alguns minutos, acontecerá a tão aguardada valsa executada por Sorento. – Finalizou a Deusa.

A festa estava iniciada. A música animada começou a tocar e Shaina mais uma vez resolveu provocar a curiosidade de June.

— Então eles finalmente chegaram. O que você achou, June? – Perguntou a verde.

— Do que?

— Dos convidados de honra de Atena-sama.

— Aqueles dois que Atena-sama citou?

— Eles mesmos. Desde a derrota de Hades, aqueles dois viraram amigos íntimos da Saori-san, principalmente Julian-san, por quem Saori-san tem uma estima especial. Daqueles anos para cá, ela nunca inicia uma festa sequer até que os dois estejam presentes. – Explicou Marin.

— Puxa, então eles devem significar muito para ela.

— Precisamente. Então, o que achou deles? – Shaina tornou a perguntar.

— Nada em particular. A não ser que usavam belos ternos e seus cabelos estavam soltos. Dá para ver que eles são mesmo convidados especiais que se sobressaem em relação aos outros, para não seguir as mesmas regras de etiqueta da festa.

— Ah, June, querida, você ainda não viu nada. Espere até a valsa começar. – Pensou Shaina, cheia de malícia no olhar.

A festa seguia animada. A essa altura, podíamos ver que alguns Golds mais saidinhos já estavam até bêbados. A dupla Afrodite e Deathmask era a campeã no quesito copo cheio. Aldebaran e Shura também arriscavam uns goles. Apenas Mu, Shaka, Miro e Camus eram certinhos o suficiente para terem aversão a toda e qualquer bebida alcoólica. Shaka, sendo budista, nem deveria frequentar festas, apenas o fez pelo grande respeito que deve ter para com sua Deusa. Eles estavam sentados juntos em uma mesa, enquanto Afrodite, Deathmask, Shura e Aldebaran enchiam a cara e se divertiam em outra mesa. Os outros Golds estavam soltos pelo salão. Aioria foi até a mesa onde estava Marin, Shaina e June, e a loira apenas pôde confirmar o que Shaina disse, que ele era feio e chato. Saga estava do lado de fora do Templo, também bebendo. Alguns minutos após o início da festa, a música agitada cessou, e desta vez foi Julian que se pronunciou:

— Boa noite amigos do Santuário de Atena. Como vem sendo habitual nos anos anteriores, antes da valsa, meu amigo Sorento irá presenteá-los com uma bela música na flauta transversal. Espero que gostem.

Depois do breve anúncio, todos aplaudiram, enquanto o jovem subia no palco ao lado do trono de Saori, onde a Deusa estava sentada, e Julian de pé ao lado dela.

— Que legal. O Sorento já vai tocar. – Comentou Shaina.

— Mas ele não é um dos convidados de honra de Atena-sama? – Perguntou June.

— Exato. Ele é um talentoso músico, além de ser muito bonito. Ou vai dizer que não reparou? – Provocou Marin.

— Sabe que não? Eu só tinha reparado na flauta dourada que ele segurava desde que chegou, mas não sabia que ele tocava.

— É meio óbvio, não? Tudo bem. Esqueça os detalhes e fique quieta, porque ele vai começar a tocar.

Sorento sentou-se em uma bonita cadeira, e começou a executar uma belíssima música em sua flauta. De olhos fechados, ele tocava cada nota em perfeita harmonia. Todos permaneciam ouvindo fascinados aquela doce e calma melodia, que encantava quem a escutasse. June ficou surpresa. Não conseguia parar de olhar para ele desde que o mesmo começou a tocar. Seguiu o conselho de Shaina e não pôde deixar de reparar no rapaz em si. Viu que a amiga tinha razão, além de talentoso, ele também era incrivelmente belo. Era impressionante como ele conseguia tocar tal música maravilhosa sem nem ao menos olhar para a flauta. Ela parecia hipnotizada diante da presença dele, mas enquanto ouvia, ela também percebeu uma grande tristeza em sua música. Ficou curiosa. Por que ele estaria triste? Terminada a música, todos aplaudiram, e Marin não deixou de perguntar:

— O que achou? Sorento toca bem, não é?

— É mesmo muito lindo. – Respondeu inconscientemente.

— Eh? – Perguntou Shaina.

— Eu estava falando da música. – Disse, balançando a cabeça negativamente.

— Sim, sim... "música lindo". Agora vem a parte mais legal. Sorento vai tocar a valsa. – Comentou Shaina.

— Eh? Ele também vai tocar a valsa?

— Sim. Atena-sama vai dançar com o Julian-san.

— Puxa, a Deusa deu sorte. Julian-san é mesmo muito bonito.

— Tem razão. É mesmo digno de um Deus.

— Deixem o papo pra depois. Vamos ver o Sorento tocar a valsa. Saori-san e Julian-san vão dançar.

Assim, Sorento começou a tocar a valsa ao piano. Seu som era tão calmo e belo que parecia acariciar os ouvidos de todos. Sua expressão calma e doce ao tocar, deixava Sorento ainda mais belo. Mais uma vez, June não conseguia tirar os olhos do General Marina.

Saori e Julian dançavam alegremente. Ambos se olhavam com muita cumplicidade e sorriam um para o outro. Por mais que tentasse, ele não conseguia esconder o amor que sentia por ela em seu olhar. Saori, por sua vez, estava cada vez mais envolvida por ele. Já tinha certeza de seus sentimentos, e apenas esperava a hora certa para se declarar. Ela foi se aproximando dele, dançando cada vez mais perto. Sentia-se protegida pelo abraço dele, e aos poucos subiu sua mão esquerda até encontrar o pescoço dele. Surpreso, Julian não fez qualquer movimento, pois acima de tudo a respeitava, e desde que ela recusou seu pedido de casamento anos atrás, ele prometeu a si mesmo que tudo o que viesse a acontecer seria apenas pela vontade dela. Ambos iam se atraindo tão fortemente, que antes que percebessem, seus lábios se encostaram levemente no meio da valsa e na frente de todo mundo. Eles só foram se dar conta de que quase se beijaram quando ouviram as palmas de todos os convidados ali presentes. Julian ficou mais vermelho que um pimentão maduro e Saori estava feliz da vida. Ela pediu que Sorento colocasse a melodia de valsa no rádio para que todos dançassem e para que ele também aproveitasse a festa. Durante toda a valsa, Shaina não tirava os olhos de Mu, que estava em uma mesa distante com Shaka. Sorento seguiu até a mesa onde Mu e Shaka estavam sentados sozinhos, pois não gostavam da bagunça que os outros faziam e nem tinham paciência para aturar gente bêbada. Sorento e Julian haviam feito amizade com todos os Golds, mas era com Mu e Shaka que Sorento tinha mais afinidade. Sorento e Mu ficaram tão amigos que pareciam irmãos. O Lemuriano até ensinou ao General o domínio da telecinese e teletransporte, pois Sorento tinha uma boa habilidade mental, já que era capaz de criar ilusões e atacar diretamente a mente do oponente. Isso seria útil quando Sorento não pudesse lutar usando sua flauta. Enquanto caminhava e sentava com os outros, ele foi seguido pelo olhar de June, que não o tinha perdido de vista um só momento, fato que não tinha passado desapercebido por Shaina e Marin.

— Hum... parece que você notou algo no Sorento, não é June? – Perguntou a verde.

— Lindo... – Ela deixou escapar – Quer dizer, ele é mesmo um grande músico. Toca muito bem.

— Concordo. Ele é mesmo uma gracinha. – Disse Marin.

— E vocês viram? Atena-sama e Julian-san se beijaram! Que lindos! Eu sempre achei que um dia eles iriam acabar namorando. – Comentou Marin.

— Ela é mesmo sortuda, mas nem chegou a ser um beijo. – Disse Shaina.

— Tem certeza de que você não gosta mesmo de ninguém, Shaina? – Foi a vez de June alfinetar.

— Não mesmo. Em absoluto. Não quero saber de mais ninguém depois que levei um chute do Seiya, que até depois de morto perturba. – Respondeu imediatamente, dando outra olhada nada discreta para Mu, que estava na mesa com Sorento e Shaka.

As damas seguiam conversando, quando de repente, Afrodite, seguido por Camus, ia se aproximando da mesa das meninas. O Gold mais belo dos 88 combatentes já estava observando a mesa das meninas a algum tempo e queria saber quem era June, pois nunca a tinha visto antes.

— O que pensa que vai fazer, Afrodite? Você já bebeu demais. Não faça loucuras. – Alertou o Aquário.

— Que seja. Tem carne fresca na área. Acha que eu vou perder a oportunidade de catar essa mina?

— Não fale assim, Afrodite. Ela é uma mulher e não um pedaço de picanha na brasa. Não seja cretino. – Disse Camus, irritado com as palavras do companheiro de luta.

— O álcool é tão incrível que pode mudar até a opção sexual de uma pessoa. Como se você gostasse "das mina", hein, Afrodite. – Disse Deathmask, ao ouvir toda a conversa.

— Cala a boca, crustáceo podre! Fica quieto aí e veja do que o peixinho aqui é capaz. – Rebateu confiante.

— Menos, sardinha enlatada, bem menos. Você está mais para uma piranha histérica, ô cafetina de bordel. – Retrucou o caranguejo.

Ignorando a agressão verbal de seu amigo, e claramente bêbado, o pisciano foi confiante para onde estavam as garotas, indo direto em direção à June.

— Mas a que devemos a honra de ter alguém tão bela nessa festa hoje? Qual é o seu local de treinamento? Eu nunca a vi por aqui antes. – Perguntou.

— Eu sou uma Santa que treinou na Ilha de Andrômeda.

Ao ouvir isso, Afrodite gelou por alguns momentos. Lembrou-se de Shun, e logo subiu uma enorme raiva por todo o seu sangue, mas se controlou rapidamente.

— Interessante. Permita que eu me apresente. Eu sou Afrodite, o Santo de Ouro de Peixes. – Disse gentil, ao beijar a mão da moça.

— Olha, você já conheceu um Santo de Ouro! Sabia que Afrodite tem o título de Santo mais belo entre todas as 88 constelações? – Explicou Marin.

— É mesmo? – A loira questionou desinteressada.

— Não vai me dizer seu nome?

— June de Camaleão. – Disse seca.

— Belo nome para uma bela mulher. Então, June, me acompanha nesta valsa? Seria um crime uma mulher como você ficar sem ter com quem dançar nesse baile tão bonito.

June olhou para Shaina e Marin, que fizeram um sinal de positivo com a mão, e não vendo nenhum problema, acabou aceitando o convite do Peixe, e ambos foram até o meio do salão onde vários casais dançavam.

— Já vou avisando que nunca dancei antes.

— Relaxa, gata, eu te ensino.

Afrodite a pegou pela cintura e pegou sua outra mão. Começaram a dançar. June não sabia o que fazer, mas Afrodite a guiava. Da mesa onde estava, Sorento passeou seu olhar para onde todos dançavam e viu o casal. Conhecia a fama de Afrodite e resolveu ficar de olho, uma vez que notou que a garota era uma convidada nova. A loira deu vários pisões nos pés de Afrodite, mas ele ignorou. Eles continuavam dançando, até que em um certo momento, a jovem começou a se sentir incomodada com a forma como Afrodite apertava sua cintura. Ficou mais incomodada ainda ao perceber que o cretino olhava descaradamente para o seu decote, e logo tratou de cobrir os seios com sua estola, deixando o homem enraivecido. Ele se controlou para não reclamar, porém, avançou sobre ela, dando um beijo em seu pescoço e passou a mão nas nádegas da garota.

— Qual é a sua, idiota? O que pensa que está fazendo? – Gritou, tentando se soltar dele.

— Não seja boba, gracinha. Eu sei que você gostou. – Respondeu, agarrando forte a garota.

— Seu nojento! Eu já disse para me soltar. Você está bêbado! – Insistiu.

Ignorando os protestos, Afrodite continuou apertando June com força, ela o empurrava e tentava se soltar, até que o dourado sentiu seu braço ser puxado fortemente para o lado. Para a surpresa do Santo de Ouro, e também de June, quem interceptou o assédio foi Sorento, que encarou o pisciano com um olhar de asco intimidador.

— Não há nada mais repugnante do que ver um homem se aproveitando de uma dama. Solte-a imediatamente. – Ordenou calmo em tom de voz baixo.

— Sorento? O que faz aqui? Não deveria estar no palco tocando sua flautinha? – Respondeu atordoado.

— Já falei para soltar a dama, Afrodite. – Disse novamente, puxando o braço do rapaz com ainda mais força, fazendo com que ele soltasse a Santa na marra.

Temendo o pior, Camus e Deathmask arrastaram um Afrodite contrariado e bêbado até o lado de fora do Templo.

— Detesto gente bêbada. Só serve para dar vexame. – Comentou Sorento.

— Obrigada. – June agradeceu a Sorento, quando o mesmo já tinha intenção de ir embora.

— Não foi nada. Eu só te salvei de um idiota.

— Mas eu não pedi para que me salvasse. Eu poderia me livrar dele sozinha. – Disse a loira, arqueando a sobrancelha, interpretando o comentário dele como machista.

— Tão pouco eu fiz isso para que me agradecesse. Eu apenas odeio esse tipo de atitude de certos homens que pensam que só por serem bonitos, podem tratar as mulheres como um objeto.

— Mas nem bonito aquele cara é. Não sei como ganhou o título de mais belo entre os Santos. Tem cego pra tudo mesmo. Parece uma mulher e ainda usa batom.

Sorento deu um discreto sorriso com o comentário, inclinando levemente o corpo para frente, fazendo uma leve reverência a ela, virando-se para voltar para a sua mesa.

— Certo, se me der licença...

A Santa de Camaleão surpreendeu-se com aquela atitude. Percebeu que foi indelicada com ele, e qualquer homem teria dado a ela uma resposta bem dada pela sua grosseria, mas o músico agiu muito naturalmente. Enquanto Sorento se afastava, foi interceptado por June, que o puxou pelo braço.

— Espere!

— Posso ajudar em mais alguma coisa? Daqui há cinco minutos vou tocar a próxima música.

— Mas você é um convidado de honra. Não pode ficar a noite toda tocando, também precisa se divertir. – Ela disse, tentando convencê-lo.

— Saori-san sempre diz a mesma coisa, mas perdoe-me, dama, eu não preciso me divertir. – Respondeu seco.

— Meu nome é June. Deixe disso. Por que não dançamos? Seria uma ótima oportunidade para eu aprender a dançar valsa de verdade e te agradecer por ter me livrado daquele pervertido.

— Afrodite não acabou de ensiná-la?

— Esqueça. Se você prefere ficar aí parado, é problema seu. – Disse, já irritada com a indiferença dele. – Eu não tenho por que...

Sentiu o corpo suar frio quando a mão dele abraçou gentilmente sua cintura e um calor dentro de si quando ele uniu a mão dele na sua. Sem perceber, ela pousou seu braço esquerdo sobre o ombro dele, e ambos começaram a valsar. June não fez absolutamente nada, apenas deixou que Sorento a guiasse. Ela parecia flutuar, seguindo os passos precisos dele. Parecia que ela dançava a vida toda. Não pisou nos pés dele uma vez sequer, diferente do que houve quando ela dançou com Afrodite. A garota se sentia muito bem com ele, e ambos não tiravam os olhos um do outro nem por um instante. Os olhos róseos dele de encontro aos olhos azuis dela e vice-versa. Os dois não tinham nenhum outro foco a não ser os olhos um do outro. A Santa de Bronze se sentia nas nuvens. Era como se seu corpo estivesse voando. Era a primeira vez que ela sentia algo assim. Ela estava espantada. Embora os olhos de Sorento fossem tão lindos, a Santa percebeu um grande vazio dentro deles. Talvez esse vazio fosse a razão de sua música parecer tão triste. Perguntou-se se ela era a única pessoa a perceber sua tristeza. Ela só se deu conta que a dança havia acabado quando a música cessou e Sorento separou-se dela.

— Perdão, Senhorita, mas preciso voltar agora.

June apenas observou curiosa, enquanto o jovem músico ia se afastando dela em direção ao piano e começou a tocar mais uma música. Ela voltou para a mesa onde estavam Shaina e Marin, e claro, ambas começaram a questioná-la:

— Ah, June, sua danadinha! A gente viu como você estava dançando com o gatinho do Sorento. Estavam agarradinhos. – Alfinetou Shaina.

— Não é isso. Vocês sabem o que ele tem? Eu o senti tão distante. Ele estava na minha frente, e mesmo assim parecia tão longe.

— Sorento é assim mesmo. Ele parece ser indiferente a tudo, mas ele é um cara muito gentil. Ele ficou triste assim depois que os pais dele faleceram recentemente. – Explicou Marin.

— Então ele ficou órfão a pouco tempo?

— Sim. Mas isso não é tudo. Ele tem estado mais distante das pessoas a mais tempo. Uns dois anos, se não me engano. Mas ao ficar órfão, ele herdou um verdadeiro império.

— Caramba... Além de tudo ele é rico.

Enquanto as garotas conversavam, Sorento havia terminado sua música. Ele ia para o lado de fora do Tempo para tomar um ar, mas foi interceptado por Aioria, que pediu para que ele levasse um recado seu a Marin. Ele chegou bem no meio da conversa das garotas, e ficou na frente da cadeira onde June estava sentada, ouvindo tudo o que a garota disse a seguir.

— Mas pra mim, o Sorento me pareceu bem estranho. Está explicado. É apenas um riquinho anti social e frígido, e parecia desprovido de sentimentos enquanto dançávamos. É apenas outro homem igual a toda a raça, só pensa com o pênis e não tem nada na cabeça. – Disse June, sem saber que Sorento estava atrás dela ouvindo tudo.

Shaina e Marin ficaram perplexas, ao mesmo tempo em que apontavam para que a loira olhasse para trás, mas Sorento se pronunciou:

— Fico honrado em saber que sou o tema principal da conversa das damas, mas, Marin-san, Aioria pediu que eu lhe dissesse que ele a aguarda daqui a dez minutos na Casa de Leão.

Ao ouvir aquilo, a Santa de Camaleão quase deu um pulo da cadeira. Arregalou os olhos e abriu a boca, tamanho o susto. Ela praguejava em pensamento por ele estar justamente ali ouvindo tudo o que ela disse sobre ele.

— Sim, Sorento, eu irei encontra-lo. – Respondeu a ruiva.

Shaina ficou possessa, pensando no que Sorento faria a seguir, enquanto June estava congelada sem ter onde enfiar a sua cara de tanta vergonha. O General a olhava com reprovação, mesmo ela estando de costas para ele. O rapaz se abaixou, e posicionou sua boca bem próximo ao ouvido direito dela, e disse em um tom de voz singelo, mas que Shaina pôde ouvir perfeitamente:

— Saiba, Senhorita, que dinheiro e posição social não significam nada para mim e eu tenho um cérebro que funciona muito bem dentro da minha cabeça, e não está localizado exatamente onde a Senhorita disse a pouco.

June congelou. Sentiu um arrepio subindo pela sua espinha, espalhando-se por todo o seu corpo ao ouvir a bela e grave voz de Sorento falando tão perto de si. Agradeceu à Atena por ele não a ter olhado de frente, pois estava muito vermelha e não sabia onde enfiar a cara de tanta vergonha.

— Sorento, você ouviu? – Perguntou Shaina.

— Não se preocupe com isso. Com licença, garotas. – Respondeu calmo, afastando-se.

— Estou perplexa! Você viu que lindo o Sorento? Ele foi extremamente educado e elegante. Eu pensei que ele fosse te dar um fora pelo que você disse dele. – Shaina comentou surpresa.

— Mas o Sorento é assim mesmo. Sempre elegante e educado. Ele seria incapaz de fazer alguma grosseria. – Completou Marin.

Ainda sem reação, como se estivesse paralisada, a loira observou Sorento se afastando, enquanto a festa continuava animada ao redor de todos.

つづくcontinua...


N/A: Então, meus amores, gostaram do primeiro capítulo? Eu confesso que adoro bailes e fiquei muito feliz quando vi um no Gaiden do Dégel. Sorento e June serão os protagonistas da história, pois adoro casais inusitados, e é a primeira vez que escrevo com um de Saint Seiya. Pensei em fazê-lo com a Thetis, por eles serem do mesmo mundo, mas tenho planos maiores para ela nesta fic. Espero que gostem. Eu juro que tento não fazer capítulos tão grandes, mas as ideias vão aparecendo e eles acabam ficando enormes. Vou tentar fazer capítulos menos cansativos. No próximo capítulo, uma sombra maligna ameaça despertar. Poseidon desperta brevemente no corpo de Julian, e June vai se surpreendendo cada vez mais com Sorento. O que será que vai acontecer? Opiniões sempre são muito bem-vindas, então fiquem à vontade. Até o próximo capítulo.