Disclaimer: Saint Seiya e todos seus direitos pertence exclusivamente a Masami Kurumada, ainda que eu não concorde com muitas das coisas que ele faz/fez e a Toei Animation. Este é um trabalho meramente fictício e de uma fã com propósitos de diversão, apenas, sem qualquer fim-lucrativo. Inicialmente, publiquei esta fic em minha conta do Nyah!Fanfiction, mas também decidi publicar aqui.
Aviso: O Universo usado é uma mescla da Série Clássica com Saint Seiya - Lendas do Santuário. Então, não estranhem as modificações, como armaduras saindo de pingentes ou o fato de Milo ser uma mulher incrível!
Prólogo
"Todo homem toma os limites de seu próprio campo de visão como os limites do mundo." - Schopenhouer
O relógio marcava 7h da manhã e os cavaleiros de ouro voltavam de seu treino matinal para suas respectivas casas. Milo e Shura conversavam, como de costume. A bela amazona de escorpião e, uma amiga querida, e o cavaleiro de Capricórnio eram próximos, talvez os gênios se complementassem. Camus subia em silêncio junto deles, começava a elencar em sua mente as tarefas que tinha de cumprir assim que chegasse as Corporações Kido, assim que chegasse ao escritório... E desde que demitira sua última Assistente Executiva, tinha de manter sua agenda sempre atualizada e estava tendo trabalho dobrado. Mas dessa vez, tinham uma reunião com Athena em uma hora no 13º Templo.
— Camus? - a voz melodiosa de Milo parecia chamá-lo.
— Sim? - perguntou voltando ao presente. - Me perdoem eu estou com muitas coisas a fazer no trabalho.
— Estou pensando em organizar um jantar no domingo mais descontraído para todos nós com a presença dos garotos de bronze... Queria saber se você poderia avisar Hyoga e trazer os vinhos.
— Sem problemas. - o cavaleiro respondeu.
A amazona de Escorpião preferia manter a guarda no Santuário, mas nem por isso dispensava as noites badaladas de Athenas nos finais de semana. Ainda assim, ela treinava dois discípulos, um garoto de pouco mais de 10 anos e uma menina de 9 que era o orgulho da mestra em termos de atitude para com os homens. Milo era famosa por ser uma "comedora de homens", mas também, com seu gênio seria difícil não ser. Já havia tido vários casos, nenhum namorado... O mais famoso era o que terminou com o orgulho masculino de Aiolia ferido e semanas de resmungo, após uma conversa em que Milo havia dito algo nos termos de que não queria nada sério.
Continuaram a subida, enquanto Milo ficou em sua casa, queria tomar uma ducha antes da reunião com Athena. O Capricorniano andava risonho, de certa forma, todos andavam. A volta da verdadeira Athena havia trazido uma leveza no espírito dos Santos que antes era desconhecida. Talvez, não conhecessem a falta que Athena fazia ao Santuário antes por nunca terem vivenciado isso.
— Você tem trabalhado muito. - Shura disse ao aquariano.
— Minha última Assistente pediu demissão... Estou com uma carga maior.
— De novo? - era uma surpresa pro Capricorniano, afinal, essa não tinha durado nem 6 meses
A história era velha... Camus era um chefe e foi um mestre compreensivo, mas perfeccionista e exigia sempre tanto empenho de seus subordinados quanto ele possuía... E o aquariano era basicamente um workaholic ao ponto de Saori proíbi-lo de ir ao escritório nos finais de semana
Shura apenas soltou um meio sorriso, estava ocupado com uma turma grande de aprendizes, mas era provisório e logo esses seriam designados a seus mestres. Era uma forma de passar o tempo, afinal, para o espanhol um pupilo, como Milo, Mu e Aiolia possuíam, era uma grande responsabilidade e necessitava muita dedicação e tempo. Não acreditava estar preparado para tamanha missão... Preparar um futuro protetor de sua Deusa? Ainda tinha muito no que se aperfeiçoar antes de treinar alguém, antes de ensinar alguém.
— Bom... Fico por aqui... Nos vemos na reunião. - Shura falou entrando em direção a sua área privada.
O Aquariano apenas acenou e continuou a subida.
Os olhos atentos de Aiolia acompanhavam os movimentos de seu aprendiz, Konstantinos, que tinha 7 anos. Um garoto de Rodorio que, assim como o Leão, havia crescido ouvindo as lendas dos Santos de Athena e agora almejava se tornar um. O garoto tinha força de vontade, dedicado e aprendia rápido... Mas tinha a cabeça muito quente e problemas com atenção... Qual era o nome mesmo? Ah! TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
O garoto tinha uma tarefa muito simples a ser feita. Bom, simples para Aiolia que era um cavaleiro de Ouro treinado. Precisava, com os olhos vendados, se defender dos golpes de Malika, de 9 anos, pupila de Milo, havia sido descoberta em uma tribo de beduínos do Saara, havia sido encontrada e acolhida pela Amazona de Escorpião que estava realizando uma missão na região, depois de fugir de um ataque a sua tribo.
— É impossível! - Konstantinos estava irritado com seu insucesso.
O garoto retirou a venda dos olhos depois de ser acertado por mais um soco e a jogou no chão irritado. Aiolia até achava graça de sua expressão zangada, mas sabia que não era o momento de dar risadas. Aiolos o havia aconselhado a engolir o riso em momentos como esse e fazer um esforço quase sobre-humano de permanecer sério e tentar acalmar o garoto. De certa forma, Aiolia se via no aprendiz e achava cômico saber que era exatamente assim e seu irmão tinha toda paciência do mundo para com ele.
— Konstantinos, você não está se concentrando. - Aiolia ralhou.
— Lógico que não! Eu não consigo ver de onde virá o golpe. - o pupilo respondeu, além disso, o garoto tinha mania de responder e ser insolente.
— Oras... Então, você é surdo? - perguntou com um sorriso, o menino negou com a cabeça - Nem sempre um cavaleiro pode ver de onde estão vindo seus inimigos. Lembre-se que Asmita de Virgem era cego e nem por isso foi menos poderoso que outros cavaleiros. Você precisa contar com seus outros sentidos.
O menino prestava muita atenção, estava suado e muito cansado. Aiolia olhou para o relógio e mordeu o piercing do lábio, uma mania que tinha desde que o tinha colocado, já estava tarde e tinha a reunião com Athena, além disso, Konstantinos e Malika precisavam ir a escola.
— Bom... Está tarde, vocês tem aula. - falou olhando para ambos. - Obrigada pela ajuda, Malika! E pense a respeito disso, Konstantinos, nos vemos no treino da tarde.
— Não há de que, Sr. Aiolia. - a menina respondeu com um sorriso no rosto.
— Tudo bem, Mestre. - respondeu o garoto.
O som da cachoeira de Rozan embalava o treino antes do almoço. Podia sentir o aroma da refeição que Shunrei preparava na casa. Ouviu o estômago do pupilo roncar e viu ele começar a acelerar a sequência de movimentos.
— Não se apresse, Shiryu. Paciência e serenidade são fundamentais. - Dohko instruía o pupilo. - Está indo muito bem.
O Guardião da Casa de Libra e o cavaleiro de Dragão praticavam Tai Chi Chuan. Dohko gostava da arte marcial, porque aumentava a concentração mental e forçava o aprendiz a acalmar sua mente, exercitando a paciência e promovendo um estado de serenidade raro na vida de um Santo de Athena. Após as inúmeras provações, Shiryu se demonstrava ainda um aprendiz aplicado e, apesar de todas batalhas contra Hades e Poseidon, o Dragão ainda demonstrava que queria aprender e que tinha muito a aprender.
Além disso, Dohko continuava sua vida pacata na China, havia se libertado de sua prisão física de mais de 200 anos... Sentado na a frente da cachoeira utilizando-se da técnica de Misopheta Menus para observar o Selo de Athena. Agora com seu corpo jovem e sem a necessidade de ficar observando o selo, podia se dar ao luxo de ir a vila e até ensinar artes marciais em um centro comunitário. Sentia prazer em ajudar e, de certa forma, ensinar alguns valores para crianças e adolescentes que não haviam tido a oportunidade de o fazer. Além de interagir com outras pessoas além de sua filha adotiva e do quase genro e pupilo... Shiryu era um bom rapaz, mas não fazia um movimento em relação a Shunrei. Era óbvio que os dois nutriam sentimentos especiais um pelo outro, mas eram jovens e, de certa forma, pareciam ter medo de algo.
Ambos voltaram a posição inicial, com os pés juntos e o punho da mão esquerda fechado junto a palma da mão direita espalmada e os músculos tensos apenas o necessário pra manter a postura firme.
— Muito bom, Shiryu. - Dohko sorriu. - Está melhorando, mas tome cuidado com a pressa.
— Eu agradeço, Mestre. - o japonês fez uma reverência ao Mestre.
— Shiryu... Avise Shunrei que irei ao Santuário e passarei o dia por lá
O dragão acenou vendo o mestre libriano pegar a blusa típica da região, com gola e a vestindo e fechando todos botões. O Santo de Ouro elevou o cosmo e a sua frente se abriu um Portal, caminhou pela entrada e o Portal se fechou a suas costas.
O cavaleiro de peixes caminhava altivo pelo 13º Templo, havia sido chamado pelo Grande Mestre e não sabia bem o motivo. Por conta disso, acabou nem comparecendo aos treinos da manhã e dedicou a maior parte da manhã para cuidar de seus jardins. Trazia o elmo embaixo do braço, já próximo ao trono estava Aldebaran, cavaleiro de Touro, também trajando sua armadura, mas com o elmo na cabeça. Aiolos, ou melhor, o Grande Mestre e Athena já estavam na sala. Pareciam aguardar o cavaleiro de Peixes.
— Desculpem o atraso. - o pisciano falou.
— Não se atrasou, Afrodite. - Aiolos disse com seu sorriso compreensivo. - Nós já estávamos aqui e Aldebaram chegou há pouco.
— Acho melhor irmos para meu escritório. - a jovem deusa falou andando em direção a área reservada ao lado da sala do trono que usava como escritório.
Os três Santos seguiram Athena até a sala que lhe era reservada como seu escritório particular. Havia uma grande mesa de madeira e aspecto muito antigo, uma prateleira com livros e que ocupava uma parede inteira e, mais afastados, um sofá e algumas poltronas rodeavam uma mesa de centro com tampo em mármore. Saori sentou-se em uma das poltronas indicando aos outros que se sentassem onde se sentissem mais confortáveis. Aldebaram se sentou em uma poltrona, Afrodite ao seu lado, preferiram deixar o sofá paraxar o sofá a frente para o Grande Mestre, ainda assim, esse se acomodou na poltrona do outro lado da mesa de centro, de frente a Athena.
— Acredito que gostariam de saber a razão pela qual os chamamos aqui. - Aiolos iniciou a fala, ao perceber que os cavaleiros não iriam se manifestar, continuou: - Como devem saber, estamos com uma situação séria de refugiados aqui na Grécia... E, infelizmente, tudo indica que as negociações entre Turquia e a União Europeia não se dará com a agilidade que a situação promete... O inverno em breve chegará e temos família inteiras acampadas e se qualquer amparo dos governos.
— Sim, vimos isso. - Aldebaram disse, estava acompanhando aquela calamidade humana pelos noticiários.
— Vocês desejam que interfiramos na área? - O cavaleiro de Peixes questionou, porque até então as ordens eram de não interferência.
— Não exatamente interferir... - Aiolos retomou, tentando colocar os pensamentos em ordem para explicar a missão.
— Queremos que, como civis, se juntem aos movimentos de voluntários que vão até essas áreas levar mantimentos e roupas e monitorem a situação e reportem com precisão o que estão acontecendo nesses locais. - Saori concluiu o pensamento, passando a mão pelos fios castanhos.
— Entendemos, Athena... - os santos concordaram em uníssono.
A verdade é que estavam extremamente preocupados com a situação de refugiados sírios na região, mas logo que a situação começara a se agravar, Athena reunira todos seus cavaleiros no Coliseu e, sim, foram todos, mesmo os que estavam em missões distantes retornaram... Para ordenar que não interferissem na situação.
— Mais um detalhe... Explicarei meus motivos na reunião daqui a pouco com todos vocês... - Afrodite e Aldebaram prestavam atenção esperando a deusa concluir. - Não os quero utilizando seus cosmos... Em nenhuma hipótese façam uso dele. Não vamos interferir, ainda, mas quero que monitorem a situação e ajudem como puderem.
Ambos acenaram... Estavam genuinamente preocupados com a situação dos refugiados, mas eram ordens de Athena, não iriam contestar ou agir contra as ordens da Deusa a que protegiam e do Mestre do Santuário, antigo cavaleiro de Sagitário.
Shaka estava imerso em um um universo paralelo, expandindo mais e mais sua mente em direção ao universo e outras dimensões, podia sentir o pulsar da vida na Terra como se ele fosse a própria terra... Não havia horizontes para a integração de sua mente e espírito com o cosmos, sentia-se parte do nada e do tudo... Sentia as energias cósmicas que pulsava dentro de todos os seres vivos e sentia sua própria energia, seu corpo físico era limitante, mas naquele momento não se sentia limitado por, absolutamente, nada. Ao mesmo tempo em que sentia alegria, plenitude e liberdade, sentia as angústias, tristezas e todo o sofrimento do universo, palpitando simultaneamente em sentimentos antagônicos que ocupavam seu coração, mas que iam tão rápido quanto haviam entrado.
Ao longe conseguiu distinguir um som em particular, um apito ressoando insistentemente, aquele som começava a irritá-lo e atrapalhá-lo. Mas de onde vidria esse som? Era um som familiar, porém, que ainda o incomodava muito... Será que estava na hora? De repente, sentiu as limitações de seu corpo físico, sentiu-se tragado novamente para ele. Ah! Era o alarme que programara. Sentia seus músculos, seu corpo... Suas pernas pareciam despertar do transe tanto quanto sua mente. Abriu os olhos vagarosamente se acostumando com a claridade do Sol que iluminava o Jardim da Casa de Virgem. Ainda mantinha o corpo na posição de lótus, impecável. Respirou profundamente, ainda ouvindo o apito irritante do alarme de seu celular. Pegou o objeto ao seu lado, pressionando o botão central e desligando o alarme... Já estava na hora de subir para a reunião.
Levantou-se sem qualquer dificuldade e ascendeu o Cosmo, invocando a armadura de Virgem e deixando que ela cobrisse seu corpo. Assim que estava pronto, retirou o elmo e colocou-se a caminho do 13º Templo para a reunião daquela manhã, não sem antes averiguar se tudo estava em perfeita ordem na cozinha. Como todo bom virgiano, Shaka não gostava de atrasos e esse não seria seu primeiro.
Máscara da Morte olhava para o celular ao seu lado sobre sua escrivaninha que tocava sem parar enquanto enxugava os cabelos com uma toalha. Mais uma vez colocou no botão deixando-o mudo... Não queria atender sua editora agora, ainda era cedo, acabava de voltar do treinamento e tinha uma reunião com Athena. Vinha sendo pressionado nos últimos meses para aparecer publicamente... Seus livros eram um sucesso e Máscara da Morte estava se tornando um escritor conhecido de suspense, mistério e terror conforme seus livros entravam na lista dos mais vendidos.
Seu atual romance seria de suspense e mistério, envolvendo a busca de Atlântida. Já tinha tudo planejado e até havia escrito os primeiros capítulos, eles saiam com muita naturalidade, já tinha tudo pronto em sua cabeça, era só colocar no papel, ou melhor, computador... Mas ao mesmo tempo estava saindo rápido demais e por isso tirou algumas semanas para si mesmo. Se mantendo mais focado nos treinos do que em qualquer outra coisa. Ultimamente treinava muito com Aldebaram, precisava aprender com o touro como manter suas defesas firmes da forma que ele mantinha.
Outra razão para evitar as ligações... Estava atrasado para entregar novos capítulos e era um atraso proposital, afinal, aquela mulher insana queria que ele aparecesse publicamente para o lançamento do livro e fizesse uma sessão de fotos e autógrafos com o fã, além de uma turnê para lançamento em várias partes da Europa. Não reclamaria da viagem, em princípio, mas não estava amando a ideia do misterioso e desconhecido Máscara da Morte virar a persona de Lorenzo Tei. Sabia que os fãs ansiavam por isso, lia nas cartas que recebia em sua Caixa Postal na Itália.
— Que merda... - resmungou.
Saiu do quarto e chamou a armadura de Câncer que o cobriu rapidamente, coçou a barba pensando em buscar o celular, mas desistiu. Foi para a reunião, largando o aparelho em cima da escrivaninha que já registrava a sétima ligação perdida.
— KANON! - o grito ecoou pelas paredes da morada de Gêmeos. - Eu não vou te esperar, estou indo!
— Porra, Saga! Você é muito impaciente. - o outro geminiano corria de um lado pro outro da casa com uma escova de dentes na boca. - Eu já estou indo.
— Você se atrasa todos os dias! - o mais velho protestou olhando novamente o relógio na parede.
Saga estava preocupado. Tinham uma reunião com Athena em breve e o irmão mais novo, além de não comparecer ao treino da manhã, havia acordado faziam 15 minutos. E só havia acordado porque o mais velho decidira invadir o quarto e, literalmente, virar o colchão de casal em direção ao chão derrubando-o, em sua experiência, arrancar os lençóis não iria fazer diferença e Kanon gostava de dormir com as janelas abertas.
— Estou pronto. - o ex-marina falou aparecendo em sua frente.
— Ótimo. - Saga tentava se controlar, mas era difícil, saiu andando em direção a escadaria que interligava Gêmeos a Câncer.. - Então, vamos... Já estamos atrasados.
Saga estranhou o ecoar apenas de seus passos, olhou pra trás pra ver o que o irmão fazia e não o viu e começou a se irritar novamente. Era óbvio que ele havia esquecido alguma coisa e voltado. Suspirou pesadamente cruzando os braços e tentando se manter calmo... Mas todas as manhãs eram a mesma novela pra sair de casa. Até que não se aguentou e gritou:
— Kanon... Você pode deixar o que quer que tenha esquecido para depois? - falhava em sua tentativa de conter a irritação.
Nenhuma resposta. Saga decidiu ir ver o que o irmão aprontava e o encontrou na cozinha escolhendo uma fruta do cesto que havia em cima da bancada. Indignado, girou os calcanhares e decidiu que não ia esperar mais, saiu de Gêmeos resoluto e subia em direção ao 13º Templo. Já estava saindo de Câncer e, não se surpreendeu ao não encontrar Lorenzo.
Os cavaleiros aguardavam Athena e o Grande Mestre no 13º todos trajando suas armaduras, exatamente como mandava o protocolo. Uma porta lateral se abriu, ela levava ao escritório da Deusa no Santuário e de lá vieram Saori e Aioros acompanhados de Seiya e Hyoga, os dois bronzeados sorriam enigmáticos. Perfeitamente enfileirados os comandantes das tropas de Athena imediatamente interromperam o falatório e se ajoelharam.
— Levantem-se, por favor. - pediu gentilmente.
Todos fizeram como lhes era ordenado, ainda que o propósito não fosse esse e aguardassem novas ordens. A curiosidade de todos quanto a razão do chamados pairava no ar.
— Não sei qual a melhor forma de falar isso... - a jovem deusa parecia relutante. - Mas... Vocês tem sido leais e passamos por muita coisa juntos... Sempre me protegeram e deram a vida de vocês para isso.
— Jamais faríamos diferente, Athena. - Shaka disse determinado.
— Eu entendo e agradeço toda sua dedicação. - Saori prosseguia com calma. - Sei que muitos de vocês não gostam e não aprovam a vida que mantenho fora daqui... No mundo real e que temem por minha segurança.
— É arriscado. - Milo que falou firme e incisiva como costumava ser. - Você se expõe a toa a riscos demais estando na Terra... Se saíssem menos o incidente do mês passado teria sido evitado.
Todos cavaleiros de Ouro, incluindo Aiolos assentiram. No mês anterior, Saori havia sofrido com a tentativa de um sequestro. Isso eventualmente iria acontecer, afinal, a fortuna dos Kido era conhecida no mundo inteiro, era óbvio que isso iria atrair a atenção de pessoas interessadas em lucrar com isso.. Mas graças a intervenção rápida de Shun que a acompanhava no evento de caridade da Fundação Graad no novo hospital inaugurado, tudo se resolveu rapidamente e a jovem não sofreu um arranhão sequer.
— Exatamente... - Saori concordou com um sorriso que deixou a todos confusos. - E para mim, vocês se expõem muito pouco. Vocês foram treinados todas suas vidas para me protegerem e desde que ganharam suas armaduras vivem aqui para zelar pela paz e vida da humanidade. Sei que alguns de vocês trabalham comigo nas Corporações Kido e em outros locais...
— Não é nenhum sacrífico a qualquer um de nós, Athena. - Aiolia pronunciou firme.
— Eu sei, Aiolia, mas vocês não conhecem o mundo lá fora... As pessoas que defendem. - Saori estava convicta e, bom, no fundo todos sabiam que estava certa. - Dohko é o único que realmente conhece as pessoas e está em contato com elas diariamente. Mesmo vocês que fazem algum trabalho fora, não saem... Não vão além de cumprir com louvor suas tarefas e eu queria que-
— Acho injusto observar isso, Athena, quando eu Camus e meu irmão trabalhamos nas Corporações Kido. - Kanon protestou.
— Sim, de fato, Kanon. - a deusa assentiu. - Porém, estão lá apenas trabalhando... Nunca vão aos eventos e não saem pra almoçar com os demais funcionários, não vão aos Happy Hours... Nunca permaneceram em Londres para o final de semana.
— Temos nossos deveres no Santuário, Athena. - Camus disse. - E devemos manter o Santuário seguro de invasores.
A conversa estava se estendendo mais do que Saori desejava. Não queria ter que dar uma de autoritária, seus cavaleiros eram realmente comprometidos com suas funções. Passou os dedos pelos fios castanhos, tentando pensar em como fazer isso sem ter tão impositivo. Mas realmente desejava que eles vivessem mais, que conhecessem de verdade o mundo que protegiam... Ainda mais os cavaleiros de Ouro, que eram recrutados ainda pequenos... Treinaram quase a vida inteira para assumir um posto de tamanha importância em seus 15, 16 anos. Desde então, lutaram... Lutaram contra os cavaleiros de bronze que, supostamente, eram traidores... Lutaram contra espectros de Hades... Apenas lutaram e não haviam vivido uma vida comum.
— Vocês precisam conhecer a vida das pessoas que protegem. Não estou dizendo para deixarem de ser cavaleiros... Quero apenas que conheçam o mundo e as pessoas que protegem. Gostaria que tivessem essa experiência... Todas as pessoas lá fora lutam diariamente batalhas pessoais com as quais vocês nem sonham e são tão ou mais corajosas e fortes que nós. Quero que saibam como as pessoas lutam todos os dias suas batalhas sem ter o cosmo desenvolvido, muitas vezes sem encontrar o companheirismo que vocês possuem.. - Saori usava um firme e apaixonado pra falar sobre a humanidade. - Vocês estão liberados parcialmente de seus deveres. Você também, Aiolos.
— Athena... Com todo respeito... Não acha que está exagerando? - Aiolos que se pronunciou, era Mestre do Santuário e tinha uma carga pesada de deveres.
— Não, não estou. Quero que passem, pelo menos os fins de semana fora... E que viagem de avião, como pessoas normais. Não estão autorizados a usar o cosmo para facilitar suas vidas fora daqui a menos que em uma situação que envolva inimigos em potencial.
Todos permaneceram em silêncio. Athena decidiu se recolher ao seu escritório dando tempo para que as informações e instruções... Ou melhor, ordens, assentassem e começassem a ser digeridas. Sabia que isso seria controverso, talvez o único que se animasse fosse Dohko.
— Estão dispensados por hora... - a Deusa falou antes que tivessem a oportunidade de contestar. - Não pensem que não estou falando sério. Gostaria que entendessem melhor as pessoas que defendem.
E dizendo isso, a deusa se retirou deixando seus Santos dourados confusos, irritados, contrariados e ainda acreditando que sonhavam, um sonho surreal e que começava a tomar contornos de um pesadelo.
Até o próximo capítulo!
Nao esqueçam de deixar uma review.
Beijos!
Kit-Sama
