If You...
Capítulo I: Just a Dream
Apenas um leve ruído era ouvido ao longe em um quarto. O som era insistente, mas ainda assim, não recebia a menor atenção. Após alguns minutos de longa resistência, a garota levantou lentamente a cabeça e olhou para o relógio de cabeceira, mas não se preocupou... Apenas se aconchegou mais entre as cobertas murmurando 'só mais uns minutinhos... '.
Alguns minutos se passaram, mas a garota não demonstrava a menor vontade de sair da cama. Então ela se espreguiçou longa e despreocupadamente, até olhar para o relógio. Arregalou os olhos e teve que olhar mais uma vez antes de ter certeza absoluta do que faria a seguir.
Seus temores foram confirmados e ela saiu da cama em um salto. Pegou as roupas espalhadas pelo quarto, sem ao menos olhá-las. Entrou correndo no banheiro e começou a se arrumar. Vestia a meia do pé direito equilibrando-se no pé esquerdo dando alguns pulinhos e tendo a escova de dente na boca. Passou os dedos pelo cabelo dando-lhes uma leve ajeitada, passou um gloss sob os lábios rosados e voltou para o quarto pegando o material escolar novamente sem olhar para eles e desceu para tomar um café da manhã á jato.
'Droga! Não deu tempo nem para uma ducha rápida!'- reclamou mentalmente descendo as escadas pulando alguns degraus.
Entrou na cozinha e não encontrou ninguém, mas viu sob a mesa o café que o pai havia deixado junto com um bilhete: "Tive que sair muito cedo, por isso não te chamei. Espero que não tenha perdido a hora, mas caso tenha pelo menos coma algo nutritivo!"
Ela apanhou um copo de suco de laranja e bebeu tudo de uma vez. Pegou uma torrada e colocou na boca enquanto colocava a mochila nas costas e calçava os sapatos. Saiu correndo de casa olhando para o relógio e rezando para dar tempo de chegar à escola.
Ao avistar o portão do colégio, suspirou e diminuiu o passo. 'Ainda bem que consegui!' – pensou feliz e cansada, mas sua felicidade foi por água abaixo ao ver a inspetora aproximar-se do portão. Correu o mais rápido que suas pernas conseguiram agüentar e passou pela inspetora sem ao menos olhar para trás.
Entrou na sala ofegante e agradeceu aos deuses pelo professor ainda não ter chegado. Caminhou até sua carteira e desabou sobre ela, respirando com dificuldade. Estava tão exausta que nem percebeu a aproximação de uma garota que seguia em sua direção.
- Bom dia, Sakura! – cumprimentou animadamente – Cada dia que passa você se supera!
- Bom dia, Tomoyo! – respondeu ainda respirando com dificuldade – Quem sabe um dia eu não aprendo...
- Parece que teremos o primeiro período vago hoje... – disse a morena – Poderíamos adiantar o trabalho de história da professora Takaya. O que acha?
- É uma ótima idéia, temos tantos trabalhos que esse tempo extra vai ser muito útil. – disse Sakura – Eu nunca imaginei que teríamos essa quantidade de trabalhos no 2° ano.
- Imagina o ano que vem, é o ultimo ano... Já sabe o que pretende fazer? – perguntou Tomoyo.
- Acho que quero fazer Educação Física... É a única coisa que eu faço direito... Pelo menos estou praticando todos os dias... – disse Sakura arrancando uma gargalhada da outra.
- Suponhamos que seja treinamento então. – comentou Tomoyo rindo com a prima.
- E você, Tomoyo? Já tem idéia? – perguntou Sakura.
-Estou na duvida entre Moda e Música... – disse apoiando a mão no queixo.
- Ainda bem que temos um tempo para decidir... – disse tentando despreocupar a amiga.
Elas juntaram as carteiras e começaram a fazer a tarefa. Estavam tão envolvidas no trabalho que nem perceberam a presença de uma pessoa parada em frente à carteira delas. O rapaz precisou chamar um pouco mais alto, para finalmente conseguir a atenção das garotas.
- Com licença – disse sendo atendido e vendo-as olhar em sua direção – Bom dia, garotas. Desculpe incomodar, mas eu preciso lhe passar um recado Daidouji.
- Não se preocupe você não está atrapalhando de maneira nenhuma, Tsukishiro. – disse a morena olhando de relance para a prima que parecia à beira de um ataque de nervos – Aconteceu alguma coisa? – perguntou levemente preocupada.
- Não é nada de grave – começou Yukito – Mas o horário da reunião dos monitores mudou e será hoje após o término das aulas.
- Puxa... É realmente uma pena! – lamentou-se Tomoyo – Mas justo hoje eu tenho um compromisso importantíssimo! O que devo fazer? – perguntou abalada.
- Não precisa desmarcar seu compromisso! – disse o garoto sorrindo docemente – Pode pedir para alguém ir em seu lugar! – sugeriu.
- É uma ótima idéia! – disse muito animada – Sakura, você iria no meu lugar, não é mesmo? – perguntou olhando sorridente para a prima.
Sakura, que havia saído do estado de choque inicial e agora literalmente, babava na mesa, quase teve um infarto ao ouvir o que a prima tinha dito. Na verdade, ela nem havia prestado muita atenção à pergunta, mas ter o olhar de Yukito direcionado a ela tinha causado um efeito perturbador na garota.
- Quê? – perguntou assustada.
- Você vai no meu lugar à reunião dos monitores... Sakurinha? – perguntou sorrindo inocentemente para Sakura.
- Bem, eu... – começou incerta – Não sei se é uma boa idéia... Eu nunca participei de nada parecido antes, não sei sobre os assuntos e... – foi interrompida por Yukito.
- Quanto a isso, não se preocupe! – disse sorrindo belamente – Serão assuntos de rotina, nada de mais e, se você tiver qualquer dúvida, eu estarei ao seu lado para esclarecer para você!
Sakura teve a sensação de estar derretendo... 'Estarei ao seu lado... Não me belisquem! Estou sonhando e não quero acordar nunca mais!' – pensou abobalhada.
- Então... Eu vou! – disse tentando parecer confiante e disfarçar o coração saltitando incontrolável no peito.
- Ótimo! – disse o rapaz – Adeus Daidouji e nos vemos mais tarde, Kinomoto!
Tsukishiro saiu da sala, rápido o bastante para não ver Sakura caindo da cadeira. A garota deslizou para o lado e ficou sentada no chão olhando para a porta que o rapaz havia passado. Tomoyo simplesmente sorria ao ver a reação da prima. Depois de se recuperar, ela voltou a sentar-se e fingiu que nada havia acontecido, apesar de algumas pessoas olharem de maneira estranha para ela.
- Tudo bem, Sakura? – perguntou Tomoyo tentando controlar o riso e parecer séria, mas falhou miseravelmente.
- Certo... Tudo... É... Sim! – disse Sakura querendo mostrar confiança e que, com certeza conseguiu convencer a prima.
- Sei... – respondeu erguendo uma sobrancelha.
- Mas... – começou Sakura, depois de se recompor – Que compromisso é esse, Tomoyo? – perguntou desconfiada.
- Ah... É que eu preciso fazer compras com a mamãe! – respondeu firme, recebendo o assentimento da prima – Mas... Está feliz?
- Feliz? – disse alto – Estou radiante! Vou ficar ao lado do Ai Ai Ai Yukito! Estou nas nuvens! Você e sua mãe não podiam ter escolhido uma data mais apropriada para fazer compras! Vou mandar um presente para a tia Sonomi! E um para você também! – levantou-se e rodopiou em torno do próprio eixo, atraindo mais olharem atravessados de alguns alunos, mas ela não demonstrou qualquer tipo de reação.
Tomoyo estava realmente muito feliz. O que mais lhe agradava era ver Sakura alegre e radiante daquela maneira. A garota era apaixonada por Yukito Tsukishiro a mais de um ano. Ele estava no 3° ano e era o melhor aluno da escola. Era muito simpático e como Sakura costumava dizer tinha "o sorriso mais lindo do universo!" e claro que, Tomoyo fazia de tudo para deixá-la com ele, mesmo que ele não soubesse dos sentimentos da garota.
- Não precisa comprar nada! – disse docemente – Te ver feliz assim, já é mais que o suficiente para mim!
- Eu te adoro tanto, priminha! – disse dando um beijo estalado na bochecha da outra, deixando-a encabulada.
Depois de passado um pouco da euforia de Sakura, só um pouco, pois nada acabaria com toda aquela alegria, elas tornaram a se concentrar no trabalho.
x x x
Encostado a porta fechada da sala dois do 2° ano, Yukito respirava com dificuldade. Saíra tão depressa da sala que se sentia sufocado. Talvez fosse pela corrida até a porta ou talvez, fosse o coração batendo rápido demais. Colocou a mão direita no peito, como se tal ato fizesse com que a alma se acalmasse. Ficou mais alguns minutos ali parado, de olhos fechados, respirando profundamente. Lembrou-se dos últimos minutos e sorriu automaticamente. Imaginar o sorriso contagiante de Sakura só para ele era bom demais para ser verdade... Mas era! Ela iria à reunião! Estaria ali sentada ao seu lado... Ah! Faria de tudo para que ela sentasse ao seu lado! Estava decidido e confiante.
Abriu os olhos lentamente, ainda sorrindo à lembrança da jovem que roubara seu coração há tanto tempo. Logo que ela veio para o colégio Seijou, no ano passado, Yukito sentia-se hipnotizado. Os longos cabelos que cascateavam pelas costas, a pele alva, a boca rosada e os olhos... Os olhos mais lindos do universo. Um verde tão profundo, que o oceano a invejaria se pudesse...
Riu de si mesmo. Desde quanto havia se tornado tão romântico? Sempre fora muito simpático e receptivo com as pessoas, no fundo achava que sempre fora um romântico de carteirinha, mas Sakura conseguiu fazer isso se tornar mais perceptivo, pelo menos, para si próprio.
Olhou para o relógio. Havia saído de sua aula com a permissão do professor, apenas para avisar aos outros monitores da mudança da reunião. Perdeu mais tempo do que o previsto, o professor iria reclamar... Mas, valeu à pena!
Começou a caminhar de volta à sua sala. Já havia avisado todos. Olhou novamente para o relógio. Faltava muito para acabar as aulas. Nunca quis tanto ir a uma reunião.
'Não vejo a hora de te ver, Sakura!' – pensou, pedindo licença e retornando à sala de aula.
x x x
Depois de uma maçante aula de matemática, que passou totalmente despercebida por uma Sakura sonhadora. As garotas saíram para o intervalo. Caminharam até a enorme cerejeira que costumavam ficar. Todas as vezes que chegava ao local, olhava os estudantes do colégio Tomoeda através da cerca e lembrava-se de quando estudava lá e sempre via seu irmão sentado nos galhos da árvore, às vezes dormindo ou somente sorrindo para ela.
Sentaram-se à sombra da árvore. Sakura retirou o celular do bolso e ligou-o. Não costumava fazer isso, mas hoje foi diferente. Assim que o fez, apareceu uma mensagem de texto do irmão.
"Me ligue assim que você puder! É importante! Touya."
'Adorável como sempre... ' – pensou divertida, mas ao mesmo tempo levemente preocupada. A mensagem pareceu tão séria... Por outro lado, lembrava-se de todas as mensagens de Touya... Se comentasse que estava com uma leve dor de cabeça pela manhã, ele pulava a cerca no intervalo desesperado depois de ter deixado 500 mensagens no celular da irmã. Sakura riu da lembrança, atraindo o olhar interessado de Tomoyo.
- O que houve? – perguntou a morena.
- Touya me mandou uma mensagem pedindo para ligar... – respondeu tranqüilamente.
- Você disse que estava com dor de cabeça hoje? – perguntou risonha – Tudo bem que o Touya não mora mais com vocês, mas se você disse para si mesmo em algum momento, ele pode saber! – riu ainda mais do primo super protetor.
- Não... Em momento algum! – disse com firmeza – O alarme de perigo do Touya não poderia disparar se eu não disse nada, certo?
- Acho que não! – concordou – Mas, você não vai ligar?
- Não precisa... – olhou para o celular nas mãos – 5, 4, 3, 2, 1!
No momento exato que terminou a contagem o celular tocou nas mãos da garota. Ela riu com gosto junto de Tomoyo.
- Alô! Oi, Touya! – disse tentando disfarçar a risada – Tudo bem?
"Por que não me ligou, monstrenga? Por acaso não viu minha mensagem?" – ele parecia furioso do outro lado.
- Eu ia te ligar agora mesmo, mas você, desesperado como sempre, ligou primeiro! – disse irritada.
"Ah... Bom... Você falou com o papai hoje de manhã?" – perguntou mais calmo.
- Não... Ele saiu antes de eu acordar... – respondeu simplesmente – Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada.
"Ele deixou uma mensagem no meu celular e pediu para eu ir jantar com vocês hoje à noite..." – respondeu pensativo.
- Estranho... Ele não me avisou nada... – disse Sakura absorta nas palavras do irmão – Ele nem me disse que planejava te chamar para jantar no meio da semana...
"Eu ando achando o papai meio estranho ultimamente, você não acha Sakura?" – questionou Touya.
- Não... Para falar a verdade, eu mal o vejo! Acho que ele está sobrecarregado no trabalho, Touya... Você deve estar preocupado sem motivo! – disse a garota discordando do irmão.
"O que eu tenho de desesperado, como você costuma dizer, você tem de distraída!" – resmungou irritado.
- Não precisa ser grosso! – respondeu mal criada – Ele pode estar com saudades de você! Já pensou nisso! – gritou.
"Tudo bem... Não vou brigar com você, mas não me faça dizer que eu não te avisei depois do jantar de hoje!" – disse encerrando a briga.
- Você vai? – perguntou incrédula – Mas você tem aula... E o trabalho?
"Eu pedi folga! Não será demorado, tenho certeza que o papai não me chamaria assim sem motivo e também não prejudicaria meus estudos à toa... Mas, uma coisa eu posso garantir, aí vem bomba!" – disse Touya.
- Não fala assim, que eu fico assustada! – choramingou.
"Relaxa monstrenga! Lembra que o preocupado aqui sou eu! Nos vemos hoje à noite! Beijos!" – disse risonho antes de desligar.
Sakura desligou o aparelho e ficou fitando o nada por algum tempo. Tomoyo ficara preocupada, alguma coisa parecia realmente errada.
- Sakura? – chamou docemente tirando a amiga do transe – Tudo bem?
- Sei não, Tomoyo... – começou incerta – Touya está preocupado com o papai... Disse que recebeu uma mensagem dele, pedindo para que ele viesse jantar conosco hoje à noite...
- É realmente estranho... – disse Tomoyo – O seu pai não iria pedir para que o Touya viesse de Tóquio sem razão nenhuma! Deve ser muito importante!
- Touya disse que o papai está estranho, mas eu não percebi nada de diferente... Eu quase não o vejo! Se bem, que pensando assim, ele pode muito bem estar me evitando! – disse Sakura finalmente entendendo.
- É possível, mas acho que ele não te evitaria! – disse tentando sossegar a amiga – Deve ser o trabalho mesmo! Ele voltou de viagem há pouco tempo, deve ter sido mais difícil do que aparentava e ele se sobrecarregou!
- É... Pode ser... – disse Sakura pensativa – Mas, se o Touya tiver razão e o papai estiver estranho? Como eu não reparei! Que porcaria de filha sou eu! – gritou desesperada colocando as mãos sobre o rosto
– Meu irmão foi embora, confiando em mim para cuidar do papai! – levantou-se e começou a andar nervosamente.
- Calma Sakura! – disse Tomoyo tão angustiada quanto a outra – Não se martirize à toa! Espere até hoje à noite para ter certeza!
- Mas... E se realmente tiver acontecido alguma coisa? – perguntou muito nervosa
- Você precisa se acalmar! Principalmente se algo estiver errado! Você terá que ser forte para suportar qualquer dificuldade que seu pai tenha! Você agora é a responsável por ele! Foi isso que o Touya disse, lembra? No dia que ele foi pra faculdade! – disse determinada. – Você precisa ser forte!
Sakura parou de andar de um lado para o outro e olhou seriamente para Tomoyo. A garota transpassava uma confiança tão grande que era impossível não acreditar nas palavras dela.
- Você tem razão... – disse suspirando – Obrigada Tomoyo... – sorriu fracamente.
Tomoyo caminhou até ela e abraçou ternamente, passando a mão pelos longos cabelos da prima.
- Eu vou sempre estar aqui, Sakura! – disse segurando as mãos dela entre as suas – Não importa o que aconteça, eu vou estar sempre ao seu lado!
Sakura sorriu e abraçou Tomoyo. Sabia disso! Derramou uma lágrima teimosa refletindo sua emoção. O sinal tocou indicando o fim do intervalo.
- Ora, pare de chorar! – disse passando a mão no rosto de Sakura – Sabe que senão eu choro também!
Sakura riu. Era verdade... Tomoyo chorava por qualquer motivo... Se ela visse uma criança tropeçar e ralar o joelho, ela chorava junto com a criança!
- Vamos, lembre-se: Não pode chorar, senão vai estar com a cara inchada na hora de encontrar o Yukito!
Sakura se surpreendeu. Havia esquecido totalmente desse magnífico detalhe. Tinha realmente ficado preocupada, só isso explicaria sua péssima memória.
- Como eu pude me esquecer desse compromisso infinitamente importante? – disse batendo na própria testa – Tudo bem que eu tenho memória de peixinho, mas eu me esqueci do Ai Ai Ai Yukito! Eu não sou digna da sua magnânima presença! – disse fazendo uma pose dramática digna de Oscar.
Tomoyo riu. Como era possível uma pessoa mudar de humor com tanta facilidade? Elas seguiram para sala de aula em passos tranqüilos e Sakura continuava com seu martírio pessoal no caminho. "Não posso ser perdoada... Não posso ter a honra de respirar o mesmo ar que ele... Esqueci... Não... Não mereço..." murmurava pelo caminho.
x x x
Por incrível que pareça, ou pela imensa distração de Sakura, a aula acabou rapidamente. Assim que a professora anunciou o término da aula, a garota olhou para Tomoyo com cara de cão sem dono, totalmente desesperada.
- Tomoyo... Eu não vou conseguir... – disse nervosa – É muita emoção para meu pobre coraçãozinho!
- Calma Sakura... Vai dar tudo certo... O Tsukishiro é muito gentil e ele vai achar que o seu nervosismo é por causa da reunião... – disse tentando tranqüilizá-la.
Antes mesmo que ela pudesse respirar aliviada, olhou instintivamente para a porta e viu Yukito entrar na sala. Prendeu a respiração de tal maneira que chegou a assustar a amiga.
- Sakura, respire pelo amor de Deus! Senão você morre ou o Yukito percebe o seu estado! – sussurrou no ouvido de Sakura.
Ele caminhou suavemente até a carteira dela, parecia tão calmo e tão sereno... Mal sabia ela, que ele estava tão ou mais nervoso que ela.
Yukito não conseguia ficar calmo em seu lugar durante a aula. Não prestara atenção em uma palavra sequer proferida pelo professor. Olhava para o relógio de cinco em cinco minutos. Ficou pensando em o que dizer para ela, o que fazer em sua presença para não parecer um completo idiota... A ansiedade era tanta que assim que o sinal tocou indicando o termino da aula, ele arrumou suas coisas e saiu da sala em disparada e quando deu por si, já estava na frente da sala dela.
'E agora? O que eu faço? Se ela me vir aqui, vai me achar maluco! Um perseguidor, talvez!' – pensou desesperado. Mas felizmente, dessa vez, a razão foi um pouco mais rápida. Sorriu e entrou na sala confiante.
- Olá Kinomoto! – disse ao se aproximar – Desculpe vir logo, mas fiquei preocupado de você não achar o local da reunião, por isso vim te acompanhar! – sorriu meigamente e suspirou internamente aliviado.
'Ai Ai Ai! É possível ele ser mais fofo!' – pensou toda abobalhada – Muito obrigada, Tsukishiro! Eu realmente não sabia aonde era, mas ia pedir para a Tomoyo me acompanhar.
- Mas eu não podia ser responsável por um possível atraso da senhorita Daidouji! – disse galanteador – Faço questão de ser seu acompanhante nesta tarde!
Estendeu a mão em um cortejo, embaraçando a garota. Ela pegou a mão do rapaz a sua frente e saiu da sala de aula com ele. Olhou para trás e viu a prima dar um sorriso encorajador e uma piscadela.
Eles caminharam até os armários para guardarem seus materiais e em seguida foram até a sala de reuniões. Havia mais quatro pessoas na sala. Eles estavam sentados em círculo feito somente com as cadeiras da sala de aula.
- Boa tarde a todos! – disse Yukito alto, recebendo cumprimentos em seguida – Antes de qualquer coisa, gostaria de apresentar Sakura Kinomoto. Ela é prima da senhorita Daidouji, que por motivos pessoais não pôde comparecer na reunião de hoje e pediu gentilmente que a senhorita Kinomoto a substituísse.
Os outros ocupantes da sala sorriram para Sakura e foram muito simpáticos. Yukito apresentou-os para a garota que parecia não conhecer ninguém.
- Kinomoto, esses são: Yamagato Shin, da sala um do 1° ano, Fujiwara Hiromu da sala dois do 1° ano, Otonashi Hattori da sala um do 2° ano e Kawanaka Natsuki da sala dois do 3° ano.
Feita as devidas apresentações, eles decidiram começar a reunião para que não terminasse muito tarde. Sakura tentou prestar atenção em tudo o que foi dito. Ela não queria fazer feio na frente de Yukito, mas era difícil se concentrar quando ele se aproximava para perguntar qualquer coisa ou saber se ela tinha alguma dúvida.
Os assuntos tratados eram bem comuns, tratavam-se do cotidiano escolar, melhorias simples, nada que Sakura não pudesse lidar, exceto um: o festival de primavera.
Seria daqui a dois meses, mas os preparativos deveriam ser iniciados o mais breve possível.
As turmas do 1° ano já haviam conversado sobre o assunto, devido à demasiada empolgação e decidiram se unir e fazer uma grande gincana de abertura. As turmas do 3° ano também já haviam feito suas escolhas. Seriam responsáveis pelo fechamento do festival, a turma de Yukito faria uma peça de teatro para o publico em geral e a turma de Kawanaka fariam uma festa depois de encerrado o festival dedicado à todos os alunos.
Sakura disse que seria melhor que Tomoyo resolvesse esse assunto e disse que passaria o recado para a prima e diria a ela procurar pelo Otonashi para discutirem a questão. Todos concordaram com a garota e assim deram por encerrada a reunião.
Ao saírem da sala, Sakura se despediu de Yukito e agradeceu por ele tê-la feito se sentir tão confortável.
- Espere! – chamou ele depois dela virar-se para partir. O coração de Sakura falhou em seu peito um instante antes de voltar-se para o garoto.
- Algum problema? – questionou torcendo para que não fosse isso.
- É que... – começou incerto, aproximando-se dela - Permita-me acompanhá-la em seu caminho.
A garota enrubesceu imediatamente. Se ela já não fosse apaixonada por ele, com certeza teria ficado somente por esse dia perfeito.
- Eu adoraria... – disse sem jeito.
O garoto sorriu e se questionou por estaria sendo tão ousado, mas era mais forte do que ele. Queria muito passar mais alguns instantes com ela. O sorriso envergonhado dela era ainda mais incrível quando era dirigido a ele. Por um leve momento imaginou que ela poderia sentir algum sentimento por ele, mas esse pensamento logo se dissipou, pensou que estivesse sonhando alto demais.
Eles andavam pelo caminho apenas aproveitando a presença um do outro, até que Sakura decidiu quebrar o silencio. Queria saber um pouco mais sobre Yukito. Queria ouvi-lo falar do que gostava, do que não gostava, como era sua família, como foi sua infância... Queria estar mais próxima a ele de alguma forma.
- Estive pensando... – começou incerta, sentindo-o direcionar o olhar para ela – Achei muito interessante a idéia de uma festa depois do festival.
- Ah sim! Foi idéia da Kawanaka... Ela adora festas e coisas do gênero... – disse ligeiramente embaraçado.
Sakura percebeu a reação do garoto e se recriminou mentalmente. 'Droga! Tanta coisa para falar e eu toquei em um assunto delicado... Peraí... Será que tem algo a ver com essa garota?' – pensou arregalando os olhos.
- Desculpe... Acho que fui indelicada... – disse sem jeito, esperando que ele dissesse algo que melhorasse sua dúvida.
- Não foi de forma alguma! – disse sorrindo serenamente – É que eu tenho problemas com essas festas... Vou te contar um segredo... – disse baixinho – Sou um péssimo dançarino!
Sakura alegrou-se imediatamente. Então, era essa a situação! 'Ainda bem!' – suspirou aliviada.
- Duvido! É impossível ser mal dançarino em uma balada! – disse com empolgação – Só precisa seguir o ritmo da música do jeito que quiser! Sempre está escuro e ninguém te vê!
- Pelo visto, você adora dançar, não é? – perguntou interessado.
- Bom... Eu acho muito divertido... – disse sem graça.
Yukito riu diante de tanto entusiasmo. Passar aqueles momentos juntos de Sakura estava tendo um efeito sensacional nele. A alegria dela era tão contagiante que era impossível não sentir-se feliz.
- Então, qualquer um pode ser um bom dançarino? – perguntou docemente, fazendo a garota sentir-se à vontade novamente.
- Com certeza! – disse empolgada.
- E você me ensinaria? – perguntou maroto – Acredito que deve ser uma ótima professora!
- Eu? – perguntou assustada – Eu não... Bom... – gaguejou nervosa.
- Gostaria que fosse a festa comigo, Sakura! – disse deixando-a corada.
Sakura sentiu que seu rosto fosse explodir, ou talvez tivesse algum sério problema de saúde... 'Deve ser perigoso ficar com todo o sangue do corpo concentrado no rosto!' – pensou preocupada – 'Mas, que se dane! Ele me chamou para sair e me chamou pelo meu nome! Eu estou nas nuvens!'. Sentia-se tão leve, que a menor brisa faria que ela flutuasse. Parecia um sonho doce e meloso, como os filmes hollywoodianos... Mas e daí? Estava adorando!
- Eu adoraria Tsukishiro... – disse recuperando-se.
- Por favor... – pediu – Me chame de Yukito!
- Yukito... – disse cautelosa. 'Queria ser um avestruz agora!' – pensou frustrada com o rosto em chamas.
O rapaz delirou ao ouvir seu nome ser pronunciado de forma tão cuidadosa. Era impossível não se apaixonar por aquela doçura, simpatia, alegria e beleza que emanava dela.
- Bom... Chegamos... – disse o rapaz ao se aproximarem da casa da garota – Espero ter sido uma companhia agradável para a senhorita nesta tarde! – disse galante.
- Foi a melhor companhia que uma donzela poderia desejar – disse sorrindo e entrando na brincadeira.
- Sinto-me honrado com tão lisonjeiro comentário – falou curvando-se e apanhando a mão dela, fazendo-a assustar levemente – Nos vemos amanhã, linda princesa! – beijou suavemente a mão dela.
Ele soltou a mão dela e olhou-a profundamente nos olhos, fazendo as pernas da garota bambear. Ele se despediu e foi embora. A garota acompanhou-o com o olhar até perdê-lo de vista. Entrou em casa suspirando como se não respirasse há muito tempo.
- Por que demorou tanto, monstrenga? – ouviu uma voz ranzinza atrás dela, quase a matando do coração.
- Diabos Touya! Não me assuste assim! – disse irritada com a mão sobre o peito.
- Não respondeu minha pergunta. – retrucou erguendo uma sobrancelha, vendo-a retirar os sapatos.
- Fui a uma reunião do conselho estudantil, depois da aula. – respondeu simplesmente.
- Mas você não faz parte do conselho! Porque estava lá? Explica essa história direito! – disse autoritário.
- Cadê o papai? E por que você já está aqui? – perguntou ignorando as perguntas do irmão. Adorava vê-lo irritado.
- Pára de fugir das minhas perguntas! – berrou indo atrás dela, que caminhava até a cozinha.
- A Tomoyo me pediu para ir no lugar dela! E sim, ela faz parte do conselho e não, eu não fui lá para procurar por um garoto ou algo parecido! – respondeu com um biscoito na boca e mais alguns na mão – Ah! Ela não foi à reunião porque tinha compromissos! – disse respondendo as próximas perguntas do irmão, antes mesmo de serem feitas.
- Como você... – começou Touya espantado.
- Você é muito previsível, irmãozinho! – disse rindo, já sabendo o que viria a seguir.
- Droga, Sakura! Não me chame assim! Sou seu irmão mais velho! – respondeu ríspido.
- Ah... O irmãozinho 'tá bravinho! Se fizer birra, não vai ganhar sobremesa! – disse tratando-o como um bebê.
- Eu te pego garota! – disse correndo atrás dela, que corria e ria como uma garotinha. Adora o irmão e ele fazia uma falta imensa... Era terrível não vê-lo todos os dias.
Eles corriam pela sala parecendo crianças, rindo e se divertindo muito. Estavam tão distraídos que nem perceberam a chegada do pai.
- Mas... O que está acontecendo aqui? – perguntou fingindo estar bravo – Meus filhos foram trocados por crianças bagunceiras? Saibam que eu sou muito bravo e vou dar várias palmadas em vocês! – terminou rindo.
Sakura correu até o pai e lhe deu um beijo estalado na bochecha. Touya se aproximou e deu um abraço apertado no pai. Fazia muito tempo que não o via.
- Como está papai? – perguntou o rapaz levemente preocupado.
- Cansado... – respondeu simplesmente.
- Eu quis dizer... – começou Touya.
- Falaremos disso depois. – interrompeu o filho em voz baixa para que Sakura não ouvisse.
- Vou deixá-los colocando a conversa em dia e vou tomar uma ducha rápida! – disse subindo as escadas logo em seguida.
- Papai... – Touya tentou mais uma vez.
- Quero falar com vocês dois ao mesmo tempo, vamos ter um jantar sossegado em família primeiro – insistiu Fugitaka – Vou tomar um banho rápido e já volto! – sorriu cansado para o primogênito.
Touya suspirou profundamente enquanto observava o pai subir as escadas. Ele estava muito diferente, muito distante... 'Não acredito que a Sakura não percebeu... É uma desligada, mesmo... ' – pensou inconsolado. Resolveu voltar aos seus afazeres para tentar esfriar a cabeça.
Quando Sakura e Fugitaka retornaram ao primeiro andar, encontraram a mesa pronta e um cheiro delicioso vindo da cozinha.
- Touya, você não precisava ter se incomodado! – disse o pai.
- Não é incomodo nenhum cozinhar na minha própria casa... Posso ter me mudado, mas vocês não vão se livrar de mim tão facilmente! – disse brincalhão.
- Então, vamos comer logo! – disse Sakura faminta.
- Papai... – começo Touya – Se eu soubesse que está criando um monstro comilão ao invés de uma menina, eu teria cozinhado o dobro! – disse com um ar preocupado arrancando gargalhadas do pai.
- Touya! – gritou Sakura.
- Eu sinto tanta falta dessas brigas! – disse Fugitaka ternamente – Mas agora vamos comer!
- Obrigado pela comida! – disseram juntos.
O jantar ocorreu tranqüilamente. Todos conversavam animadamente. Touya contava sobre a universidade, as difíceis aulas do curso de Medicina, de como era diferente morar em uma república, mas que estava adorando cada novidade, cada mudança na rotina, mesmo sentindo uma saudade imensa de casa...
Apesar de toda descontração, Fugitaka falou muito pouco durante todo o jantar e isso não passou despercebido nem por Sakura. Sempre ria de algo dito por Touya ou por ela, mas não falava nada de si mesmo... Tentava parecer presente e interessado, mas tinha alguma coisa mais forte prendendo seus pensamentos. Ele parecia distante e melancólico...
- Papai... – começou Sakura insegura – Tem algo que gostaria de nos dizer? – perguntou meigamente.
Fugitaka suspirou profundamente. Seria muito difícil tocar naquele assunto. Sabia exatamente qual seria a reação deles, mas era preciso dizer... Não suportava mais aquela situação. Estava triste, sofrendo muito... Não queria ter que continuar se escondendo de seus filhos... Queria que eles lhe apoiassem e que tudo se acertasse. Tomando uma coragem que acreditou não ter naquele momento, ele olhou seriamente para os filhos sentados em sua frente demonstrando preocupação e disse sem rodeios:
- Eu vou me casar!
x x x Continua... x x x
N/A: Olá a todos! Está aqui uma nova fic minha... Espero muito que vocês gostem! Eu estou adorando escrevê-la!
Pode ser que ela demore um pouco para ser atualizada... Sabe como é... Trabalho, faculdade... Pouquíssimas horas de sono... Mas, vou tentar atualizar o mais rápido possível!
Preciso fazer alguns comentários sobre esse capitulo... Eu não resisto...
1° A fic é Sakura & Shaoran, mesmo que no inicio pareça que o par dela é o Yukito...
2° Para descrever a personalidade do Yukito, eu utilizei como personagem base o Yuki Souma de Fruits Basket e na relação que ele tem com a Tohru. Se você não fizer idéia do que eu estou falando, não se preocupe... Isso não vai interferir em momento nenhum na historia... Só comentei porque eu amo Fruits Basket...
3° Os nomes dos outros participantes da reunião foram criados do nada ou em homenagem. Hiromu é dedicado a criadora de Fullmetal Alchemist, Natsuki para a criadora de Fruits Basket, assim como a professora Takaya, Hattori é personagem desse anime também, Otonashi é do anime Blood , Fujiwara é um personagem de um anime chamado Dear Boys e Kawanaka é em homenagem a uma amiga minha que eu adoro muito! Então qualquer semelhança é mera coincidência!
4° Eu utilizei nomes de músicas como referência aos títulos dos capítulos e no nome da fic. If You é uma música do gênero eletrônica do Magic Box... É uma das minhas músicas favoritas de quando eu comecei a curtir esse gênero... E o nome do capítulo é uma música do Lifehouse...
Se você não entendeu absolutamente nada dessas notas sem noção, não se preocupe... Eu só sou uma garota tagarela que não consegue se controlar nem quando escreve! Desculpe se tiver atrapalhado...
Eu tentei revisar ao máximo a fic para que não houvesse nenhum erro, mas como eu não tenho revisor, sempre acaba passando algo... Por favor, qualquer dúvidas, sugestões, comentários ou erros, me avisem! Tentarei melhorar sempre mais!
Agradeço desde já a paciência de vocês por lerem e ficarei muito, mas muito feliz mesmo se deixarem reviews! Sabe... Para uma motivação ainda maior...
Beijokas, Darkky "
