Baseado no episódio 02x17 "Flash Squad" e há referências ao episódio 01x04 "Fire Code"
Eu mesclei os diálogos de Nelson com Raven, no começo do episódio, e os de Nelson com Avery, no final.
Eu não possuo CSI:CYBER, até porque se eu possuísse, Navery era canon. :)
É uma história em duas partes, e a segunda será publicada assim que eu terminar.
Dedico à minha amiga Jany17, que deve ser a única pessoa que lê minhas fics. xD
É tudo para você flower! Espero que goste!
O amor é filho da compreensão; o amor é tanto mais veemente, quanto mais a compreensão é exata.
Leonardo da Vinci
Eles estão no meio de um caso quando ela nota que algo está acontecendo.
A equipe está reunida no centro de operações, voltados para a tela onde é exibido o vídeo, que era a única evidência que eles tinham no momento. Eles têm os olhares vidrados, concentrados, e estão totalmente imóveis enquanto assistem. Todos menos Nelson.
Ele também assiste ao vídeo, mas está tamborilando os dedos sobre a mesa. Seus olhos estão inquietos, indo e voltando da tela a Avery como quisesse lhe dizer algo, e seu cenho está franzido, sinalizando ansiedade.
Avery identifica imediatamente que ele está sob profundo estresse. Nelson nunca havia sido bom em esconder seus sentimentos.
Após discutirem sobre o caso, ela sinaliza para que ele a siga. Eles caminham até seu escritório, e ele fecha a porta ao entrar. Avery se senta em sua cadeira, e Nelson se senta em frente a ela.
- Okay, Nelson. O que está acontecendo?
Os sinais de nervosismo se tornam ainda mais fortes. Ele está apreensivo, quase temeroso, e ela se pergunta o que poderia ser tão ruim.
- Ouça Avery. Antes de tudo eu quero que saiba que isso não é pessoal, certo? Isso não tem nada a ver com nós e com o que nós temos.
Avery assente com a cabeça, mas não pode evitar a pontada de medo que a invade.
- Certo. Eu estou esperando.
Nelson respira fundo.
- Nas últimas semanas, eu estive procurando pelos 8 milhões que desapareceu no meu hack da bolsa.
- Eu me lembro, você me disse. E você encontrou?
- Não, não. Estou longe disso. Mas...sem querer, eu encontrei outra coisa. Uma prova que o FBI usou ilegalmente contra mim no meu caso.
Faz-se um silêncio de três segundos.
- O quê?
- A prova que usaram contra mim no tribunal. Estava fora da área do mandado Federal. Eu falei com um advogado e...
- Você contatou um advogado?
- Não! Quer dizer... Eu somente pedi uma opinião. E ele me garantiu que sem essa prova, o caso não é nada. Avery, essa é a chance que tenho de acabar com minha pena.
Ela está, acima de tudo, confusa. As palavras soam erradas vindas de sua boca, como se ele estivesse agindo fora do personagem.
- Você hackeou a bolsa de valores. - ela diz, calma - Você sabe que você foi condenado porque era culpado.
Ele nem mesmo hesita. Sua expressão é dura e determinada, como se ele a estivesse desafiando. Avery não reconhece Nelson naquele rosto.
- Tudo o que eu sei, é que o FBI confiscou uma prova sem um mandado. E você, mais do que ninguém, sabe o que isso significa.
Ela só consegue continuar olhando para ele, totalmente incrédula.
- Bem, esse é o fato. - ele continua - Eu pensei que seria honesto contar a você antes de entrar com a ação judicial.
A partir daí, Avery finalmente entende a situação e a gravidade dela.
- Ação judicial? Você está louco? Você pode ir para a cadeia! É isso o que você quer?
Avery percebe que está quase gritando, e olha para os lados, temendo que alguém tenha ouvido. Felizmente, todos parecem concentrados em suas atividades e não há ninguém olhando em sua direção.
- O que eu quero, - Nelson responde em voz baixa - é assumir o controle da minha vida de novo, e essa é minha chance. Eu sei que é arriscado, mas tenho um bom pressentimento em relação a isso.
Ela não pode evitar a dor que a atinge. Ali estava seu namorado, o mesmo que sempre dizia que era grato por tudo o que ela havia feito por ele, dizendo que queria de volta o controle de sua vida, como se ela o tivesse tomado por vontade própria.
- Certo. - o coração de Avery está disparado pelo estresse, e suas mãos começam a tremer - Então... É isso o que você pensa que eu faço? Que eu controlo a sua vida?
- Avery... Não confunda as coisas.
- Nelson... - ela faz uma pausa, tentando controlar seu tom de voz, tentando não soar tão furiosa quanto ela estava - Você precisa saber que se você for por esse caminho, haverá consequências muito sérias. Se você perder isso, eles podem revogar seu acordo judicial. Você terá muito menos liberdade atrás das grades.
- Eu sei. Mas esse é um risco que estou disposto a correr. - ele respira fundo e passa as mãos pelo rosto - Olha... Não vamos misturar as coisas, certo? Eu te amo. Muito. Você sabe disso. Mas isso... isso é sobre a minha vida. De verdade, eu espero que você possa entender.
Mas ela não pode. Nem tampouco sabe o que dizer. Então, ela apenas se levanta e deixa o escritório sem dizer nada. Ele não a segue.
Ela começa a entendê-lo três horas depois, no final do expediente.
Talvez por ter ingerido uma quantidade significativa de café, e café sempre ajudava a limpar seus pensamentos. O fato é que, depois daquele tempo, ela foi capaz de entender que Nelson não estava de todo errado.
O que havia acontecido com ele era real e estava diante de seus olhos. Uma falha que o FBI havia cometido, uma prova obtida por meios ilegais. Mesmo que ele fosse culpado, um erro era um erro em qualquer tempo ou situação, e esse erro havia afetado sua vida, levando-o a ser condenado. Ainda que ela continuasse pensando que não valia a pena arriscar o que ele já havia conquistado, aquele era um direito que Nelson tinha. Direito que ela havia negado através de seus pensamentos e pela forma como havia falado com ele.
Ele está terminando os últimos relatórios do dia quando ela o procura.
Ela entra, hesitante, e eles trocam um olhar desconfortável. Avery odiava com todas as forças esses momentos, quando ela sentia que havia uma parede entre eles.
- Sinto muito, Nelson. Eu não queria brigar.
Ele assente.
- Eu sei. Eu só queria que você entendesse.
- Eu entendo. - ela suspira - Quer dizer, quando você me disse eu estava chocada, e minha reação foi exagerada.
Ele olha para ela e tenta sorrir.
- Tudo bem. Mas eu não mudei de ideia, você sabe.
- Eu sei. E é por isso que eu queria falar com você.
Ele a encara, esperando. Ela respira fundo.
- Antes de processar o FBI, deixe-me tentar te ajudar.
Nelson faz uma cara confusa.
- Me ajudar? Como?
- Eu não sei exatamente se eu posso, mas quem sabe... Se eu falar com as pessoas certas, talvez podemos consertar isso de forma amigável. Mais uma vez, eu não tenho certeza mas... Me deixe tentar.
- Se você não conseguir... ?
- Você pode seguir adiante com a ação judicial. E eu não ficarei zangada com você. Okay?
Ele parece surpreso por um momento, mas concorda.
- Okay.
Inevitavelmente, Avery lembra "The Fault in Our Stars", e quase não pode evitar um sorriso, ainda que fosse inadequado para a situação. Mas então, ela tem um flashback. Algo que parecia ter acontecido um milhão de vidas atrás.
- Nelson… Você não é um delator. Você trabalha para o FBI! Nós somos uma equipe! Mas tudo o que nós precisamos saber é quando o jogo está sendo jogado. Okay? - ele desvia os olhos e continua em silêncio - Okay? - ela insiste.
Ele a olha nos olhos e assente com a cabeça, esboçando um sorriso.
- Okay.
E ela pensa que talvez o "okay" não fosse uma palavra mágica apenas na ficção, afinal.
