Disclaimer: Vocês já sabem, os personagens são de Kishimoto e blá blá blá.


Sem importância


Saltava de galho em galho, seguindo muito próxima de Yamato, voltavam de uma missão de reconhecimento. Fazia mais de oito anos que Madara morrera depois de causar tanto sofrimento.

Muitas coisas inesperadas aconteceram logo após, Sasuke retornou (arrastado por Naruto, mas...), Sakura já não queria estar com o Uchiha. Naruto e ela pareciam felizes pela possibilidade de um relacionamento, porém o loiro inesperadamente surpreendeu toda a aldeia ao anunciar seu compromisso com Hinata Hyuuga.

Depois disso, todos juraram e asseguraram que o matrimônio Uchiha-Haruno se realizaria, mas ninguém sabia da dor que esse compromisso causava à kunoichi. Mergulhada em escuridão e desespero, tinha como único consolo a certeza de que Naruto era livre e realmente feliz ao lado da pessoa que confiou nele desde o princípio, que não o via como estorvo, e sim, como a pessoa valiosa que sempre foi.

Em muitas ocasiões, o loiro foi seu lenço para enxugar as lágrimas, primeiro por casualidade, depois por... Não estava certo, entretanto Ino, Tsunade, Shizune, Yamato, Kakashi, e por que não? Sasuke também... Eram testemunhas de seu sofrimento.

O mal de tudo isso é que eles seguiram com suas vidas e, querendo ou não, deixaram a Haruno sozinha, foi o motivo pelo qual recorrera a ele, porque ele não tinha uma vida a qual dedicar-se. A maior prova disso foi no casamento de Naruto, no dia, Sasuke anunciou seu compromisso com a filha de um senhor feudal, alguém que além de ser uma senhorita de classe, também era uma kunoichi.

Naruto não gostou do fato de Sasuke chamar a atenção em um dia que deveria ser apenas do loiro e de sua esposa, mas logo felicitou o amigo. Em seguida, veio o resto da equipe, incluindo o próprio Uchiha. Naquela mesma noite, a rosada bebeu como nunca em sua vida, embora ela tivesse dito que não foi uma exceção.

Tudo começou com um dos desafios bobos de Gai e Kakashi, um desafio que incluía os membros de suas equipes quando eles não puderam beber mais, como era a noite de Naruto, Sai ocupou seu lugar e competiu contra Lee; Neji e Sasuke perderam na segunda rodada. Sakura ganhou de Tenten, Sai perdeu de Rock Lee.

No enfrentamento final, Sakura ganhou com uma grande diferença de um indeciso Lee. Ao final da festa e como quase todos estavam ocupados, Sai foi encarregado de levá-la para casa, apesar de tudo ao seu redor ainda girar, quis chegar logo.

Sai não se lembrara de mais nada após fechar a porta da casa da Haruno, apenas acordou na manhã seguinte, completamente nu sobre a cama da kunoichi, não era tão idiota para não compreender o que havia acontecido. O que não sabia era como comportar-se e sua terrível dor de cabeça não ajudava em nada, a única coisa da qual tinha certeza era da surra que levaria após despertar a afetada.

Porém, não aconteceu nada, Sakura simplesmente pediu que se retirasse, não voltou a vê-la a não ser durante uma missão e, depois, nada. Sentia-se estranho, porém não deu maior importância, pelo menos não até meses depois.

Durante o casamento de Kiba aconteceu o mesmo. A única diferença é que Sai estava sóbrio e recordava com perfeição levar a Kunoichi para casa, acompanhá-la até a cama e a forma como ela enlaçava os braços em seu pescoço, atraindo-o enquanto deitava-se, os lábios dela buscando os seus com desespero.

As mãos de Sakura desfaziam-se do casaco e suas pernas abriam para recebê-lo, Sai simplesmente se deixou levar, talvez esta era uma forma natural que Sakura tinha de desafogar-se, uma forma muito agradável para ele, que seguiu o jogo liberando seus instintos.

Esses instintos indicaram que deveria beijar a boca da kunoichi, o pescoço, deleitar-se com a suavidade dos seios, o sabor da pele e a delicada intimidade. Pôde observá-la totalmente nua, debaixo de seu corpo gemendo de prazer, acariciá-la por completo, entrar nela quando sua masculinidade exigiu, aprofundando conforme os gemidos pediam mais, aumentando a força e a intensidade.

Naquela noite, Sai perdeu-se no aroma e cadência da rosada, possuindo-a com urgência e sentindo desfalecer quando, entre espasmos de prazer, ela agarrou seu membro, obrigando-o a liberar a essência no interior do corpo dela, em meio ao sufocante calor, chegou ao clímax.

Entre as nuvens de prazer, escutava como ela clamava por ele, seu amigo, Naruto. Sentiu incômodo, mas não deu maior importância, Sakura dormiu em seus braços com a esperança de que era outro, simplesmente a fez acordar ao seu lado e não a veria mais do que nas missões.

A história se repetia em cada festa ou cada vez que a rosada encontrava um pretexto para embriagar-se e, somente assim se entregava, porque somente assim que era o dono dos olhos azuis que a possuía e a fantasia parecia dar-lhe a força necessária para continuar. Sai não entendia o comportamento e não se importava muito, pois recebia momentos de prazer inigualáveis.

Com o passar do tempo e sua maior compreensão das coisas e emoções, Sai não pôde evitar que a rotina se tornasse tão monótona como as missões que realizara para Danzou, agora bastava receber a ordem da médica-nin e cumpria a tarefa de fazê-la, indo até o fim e isso... Começava a aborrecê-lo, às vezes, incomodava, porque todos os demais presumiam com orgulho que suas relações eram a maior vitória de suas vidas.

Como sempre, foi Naruto quem o fez abrir os olhos sem saber, pois há alguns meses o loiro correra pela aldeia, batendo de porta em porta, para anunciar que logo seria pai e teria uma bela família.

Observando o amigo irradiar tanta felicidade o fez sentir estranho, mais do que nunca lembrava de seu irmão, a única família que teve antes de ingressar na equipe Kakashi. Quase três meses depois, a notícia de que Sasuke também seria pai fez Sai dar-se conta de que quase todos que conhecia já tinham uma família ou uma relação formal, incluindo Gai e Lee.

Naquele momento, reconheceu seu desejo de querer formar uma... De querer sentir-se completo.

-CAPITÃO YAMATO! SAI! –Escutou Naruto falar. –Até que enfim chegaram! Por que demoraram tanto?!

-Sentimos muito, Naruto-kun, mas tivemos de pesquisar exaustivamente. –O capitão tratou de acalmá-lo. –Mas, está tudo bem. –Sorriu.

-Ótimo! Vamos voltar o quanto antes para avisar os outros!

-Não entendo. –Sai disse pensativo. –Há alguns anos detestava permanecer na aldeia, agora não suporta estar fora.

-Ah? Isso é simples, agora Hinata me espera e não quero que fique sozinha com os bebês. –Fez pose de herói.

-Idiota. –Sasuke falou friamente. –Ainda falta três meses para que nasçam.

-E O QUÊ?! A essas alturas, bebês já podem mover-se e ouvir e... e... E SE NASCEREM ANTES?!? –Gritou histérico, puxando os próprios cabelos.

-Já entendi... –Sasuke o interrompeu com um golpe no rosto.

-MALDITO SASUKE TEME! VOCÊ ME PAGA!! –Levantou-se disposto a acertá-lo,mas antes que pudesse dar um passo fora impedido por Yamato.

-Naruto, controle-se.

-Grr, não importa, eu te cobrarei. –Massageou a bochecha machucada. –Auch, quem me dera se Sakura-chan e Kakashi-sensei estivessem aqui para me curar e dar o que você merece. –Fez um beicinho. –Não sei o que deu na velha para que mandasse eles ficarem em Konoha.

Sai pôde sentir que se instalou um incômodo silêncio, viu como Yamato e Sasuke trocaram olhares cúmplices.

-Isso não importa, Naruto. –Disse o maior. –Andando.

Os quatro continuaram a marcha e nada disseram até chegar na aldeia.

-Demoraram. –Uma voz cansada falou do posto de entrada.

-Kakashi-sensei! O que faz descansando? –Perguntou o loiro hiperativo.

O homem mencionado encontrava-se entre Kotetsu e Izumo, com os pés sobre a mesa, apoiado sobre o encosto da cadeira, com as mãos atrás da nuca e um livro cobrindo o rosto.

-Eu não descanso, Naruto. –Reincorporou-se. –Só vejo os caminhos da vida passarem.

-Deixe de desculpas! –O loiro gritou sobre a mesa.

-Que seja. –Ignorou ao levantar-se. –Preciso falar com Sai. –Caminhou em direção ao moreno. –Adeus. –Despediu-se sorrindo feliz.

Desapareceu em uma nuvem de fumaça deixando um Naruto irritado, um Yamato preocupado, Sasuke com o cenho ligeiramente fechado e dois guardas totalmente confusos.

-O que aconteceu, Kakashi-san? –Questionou o menor uma vez que já estavam bem distantes.

Kakashi o ignorou e continuou caminhando até levá-lo ao telhado da academia, permanecendo em silêncio por vários minutos.

-O que pensa em fazer da sua vida, Sai? –Perguntou olhando ao redor.

A questão o pegou de surpresa, piscou várias vezes, confuso.

-O que acha que devo fazer?

Kakashi o encarou seriamente.

-Fazer-se responsável por seus atos.

Esse comentário confundiu Sai ainda mais. Por acaso, Kakashi sabia de algo?

-A que se refere?

-Sabe a 'quem' me refiro.

Sai desviou o olhar sentindo-se incômodo, tratou de ocultar o rubor que começou a cobrir seu rosto, ainda não estava certo do porquê de sua atitude.

-Não fui eu quem começou. –Alega tentando defender-se do que considerou um ataque.

-Mas, tampouco fez algo para deter-se, ao contrário, aprovou a situação e isso Sai, os amigos não fazem, somente os canalhas. –O homem de cabelos prateados disse com irritação.

Sai sentiu algo em seu peito que se partia, em sua garganta se formou um nó que o impedia de falar, seu rosto ardia e, embora ameaçado de morte não se atreveria a encarar os olhos de Kakashi, sentia-se... Envergonhado.

-Não... Eu não sabia. –Sussurrou cabisbaixo. –Além disso, ela não quis que ninguém soubesse. –Tratou de defender-se.

O homem de cabelos prateados suspirou resignado, estava sendo muito duro com o pobre garoto, era óbvio que não estavaa consciente do que realmente acontecia.

-Para ela, não foi fácil e nunca será, está confusa e não é capaz de tomar a melhor decisão, é por isso que você, como a outra parte da relação, deve escolher o que é melhor para... Todos,antes que ambos continuem ferindo um ao outro. –Kakashi tratou de suavizar as coisas.

O silêncio incômodo instalou-se novamente, Sai permaneceu observando o solo, jamais imaginou que o que fez à Sakura fosse tão... Prejudicial. O insistente olhar do outro o fazia sentir uma espécie de culpa.

-Sai, já não é o mesmo idiota sem sentimentos de antes, você aprendeu e compreendeu muito e, tenho certeza que você entende a seriedade da situação.

O menor fechou o cenho enquanto seus olhos eram cobertos por um cristalino véu de tristeza, ergueu o rosto, mas não olhou para nenhum ponto específico do horizonte. Engoliu um pouco de saliva, sentindo como esta causava-lhe uma dor aguda na garganta e no peito, expandindo-se por todo o corpo.

-Apenas... –Deteve-se para escutar a própria voz trêmula, suspirou profundamente, tentando amenizar um pouco o que sentia. –Apenas sou uma ferramenta que ela utiliza para esquecer Naruto. –Parou de falar, voltando a tomar ar. –Igual ao que fui para Danzou.

Kakashi sentiu-se culpado pela forma como o menino enfrentava o problema, mas era terrivelmente correto. Era natural que o rapaz caísse no mesmo erro, no fim das contas, era para isso que havia sido educado.

-Você ainda pode mudar isso: fale com Sakura, explique o que pensa e sente; estou certo que chegarão em um acordo, acredite em mim, precisa fazê-lo, ainda mais agora, vocês necessitam escutar um ao outro.

Sai somente assentiu com a cabeça, estava começando a perceber que aquela situação tinha uma saída.

-Bem, retiro-me e desejo sorte. –Disse dirigindo-se à porta; entretanto, antes de sair voltou-se para Sai. –A propósito, minhas mais sinceras felicitações. –Adicionou ao partir.

Foi surpreendido pelo outro, mas não entendeu nada. O comentário final de Kakashi o fez se sentir irritado, "felicidades"? Por quê? Pó que agora sabia que, apesar de seus esforços, uma das pessoas a quem considerava uma amiga o via apenas como objeto descartável? Por isso o felicitava?

-Genial. –Sorriu com amargura perante esse pensamento.

Permaneceu até a noite se fazer presente no firmamento, agora tinha uma imagem bastante clara do que deveria fazer, no entanto não imaginou que se sentiria tão... Incomodado, ou tão... Machucado. Era como se uma poderosa garra destroçasse com força seu coração; resignado, dirigiu-se a própria casa pensando mil coisas, mas sem chegar a uma ideia fixa.

Ao dobrar a esquina, avistou a silhueta da garota de cabelos rosa na entrada; escondeu-se, sentia a si mesmo um verdadeiro estúpido. Para ser sincero, não queria falar com ninguém, muito menos com ela, estava exageradamente cansado e debilitado.

Curioso, jamais em sua vida, sentira-se deste modo, naquele estado não poderia enfrentar nada; assim, optou por retornar pelo mesmo caminho e procurar uma pousada na qual pudesse passar a noite. Antes de se retirar, algo começara a escorrer de seus olhos, tocou-os com os dedos para sentir uma gota d'água cruzar sua bochecha.

Abriu a boca, surpreso; por acaso, estava chorando? Por quê? Apertou o punho e apressou-se para sair daquele lugar... Se tivesse esperado um pouco mais teria dado conta de como Sakura levava uma mão ao próprio ventre, esboçando um belo sorriso.


Nota da tradutora: Oi, espero que tenham apreciado esta fic tanto quanto eu... Foi a primeira vez que eu vi o Sai ser compararado ao Naruto(geralmente, as pessoas o comparam com o Sasuke). Na minha opinião, o Sai pode até ser fisicamente parecido com o Sasuke, mas o modo como ele pensa e enxerga a vida assemelha-se bastante ao de Naruto. A autora disse que inicialmente é uma one-shot, mas dependendo dos pedidos, ela pode transformá-la em long fic. =)

P.S. Para quem está ansioso por "Essência", postarei muito em breve! ;D