Durante séculos, edward, rei derrotado dos Demônios da Ira, lutou para recuperar sua coroa, sem nunca desfalecer, até que é enganado para entrar na guarida de uma deliciosa sedutora. Se ela consegue tentá-lo e levá-lo à cama, perderá tudo pelo que lutou.
isabella a Feiticeira das Ilusões faz muito que aceitou seu destino: seduzir o rei demônio. Mas assim que beija o feroz guerreiro, dá-se conta de que a sedução deixa de ser o castigo que tinha temido. Entretanto, justo quando começam a apaixonar-se, um dos dois se verá obrigado a realizar o sacrifício definitivo.
Renunciará isabella à única vida que conheceu para salvar ao demônio? Ou renunciará o rei a sua coroa e às armas para continuar com sua feiticeira..?
PRÓLOGO
Manicômio de Gray Waters,
Londres, Outono de 1872.
— Sempre que tem um feiticeiro entre as pernas, seus poderes tendem a desaparecer. —Disse Bella a sua irmã enquanto procurava ansiosa por entre os rostos dos loucos humanos que havia nas jaulas. — É um fato.
— Talvez no passado fosse assim. — Disse Alice soltando o guarda que tinha deixado inconsciente ao sacudi-lo pelo cinturão. — Mas com este é diferente. — Atou as mãos do homem a suas costas, em vez de lhe quebrar os braços, que teria sido mais rápido e igualmente efetivo. Por não falar da corda que teriam economizado. —Ainda não a encontrou?
Estavam procurando uma feiticeira que libertariam se aceitasse trocar seus poderes com Alice em troca de sua liberdade.
Bella se deslizou pelo escuro corredor.
— Aqui é impossível ver qualquer coisa. — Arrancou a porta de uma cela de suas dobradiças e a deixou a um lado, seus saltos ressoaram ao entrar. Mais de perto pôde apreciar que todos os inquilinos pareciam ser do mais... Mortais.
Como era de esperar, os humanos se assustaram ao vê-la. bella sabia o aspecto que tinha vestida com sua armadura e com o rosto pintado.
Igual se usasse uma máscara, tinha o contorno dos olhos e o nariz pintados de negro. Sua indumentária consistia basicamente em tiras de couro e correntes em vez de tecido normal. Usava um sutiã e umas luvas de malha que lhe cobriam o braço inteiro e terminavam com uma espécie de garras nos dedos. Entre seu cabelo trancado exibia um elaborado penteado.
Era o uniforme típico das feiticeiras. De fato, se não colocava algo de todo isso, tinha a sensação de ir meio nua.
Quando bella saiu da cela seguinte, alice já tinha terminado com os nós.
— Teve sorte?
Bella arrancou a porta de outra das celas e olhou os pálidos rostos do interior, logo negou com a cabeça.
— Tenho tempo de ir olhar nas celas pequenas que há no andar de baixo? — perguntou alice.
— Contanto que cheguemos ao portal dentro de vinte minutos, não haverá nenhum problema. — O portal era o caminho de volta a seu lar, em Rothkalina, e estava a uns dez minutos dali, no meio dos escuros becos de Londres.
Alice afastou uma mecha negra como o azeviche da sua testa.
— Vigie ao guarda e se assegure de que os internos deste andar fiquem caladinhos.
O olhar de bella se deslizou para o homem que jazia inconsciente no chão, e fez uma careta de desgosto. Tinha a habilidade de ler a mente dos humanos, inclusive estando estes desmaiados, e o que havia naquela a deixou intranquila.
— Está bem. Mas se apresse ao fazer a transferência. — Disse bella . — Ou atrairemos a atenção de nossos inimigos.
Alice a olhou com seus olhos azuis.
— Poderiam chegar a qualquer momento. — Disse, e se apressou para a escada.
A vida das duas irmãs estava se convertendo em um círculo vicioso: roubar um novo poder, fugir de seus inimigos, perder dito poder para as mãos de um atraente feiticeiro, roubar um novo poder..., e bella permitia que isso continuasse.
Porque era culpa dela que alice tivesse perdido seu poder inato.
— Vigiarei ao guarda. De acordo... — Balbuciou bella quando sua irmã teve desaparecido de sua vista.
Agarrou ao homem pelo pescoço da camisa e pelo cinturão e o lançou frente à porta de entrada. Alguns dos residentes se haviam posto violentos, gritando e puxando os cabelos. Os poucos que ficaram olhando a saída deram um passo atrás.
Manter aos humanos calados é fácil. Caminhou devagar para o guarda e pôs um pé sobre suas costas.
— Venham aqui, pessoinhas loucas. Venham aqui! E eu, feiticeira com um incrível poder, recompensarei-os com uma história.
A curiosidade fez que alguns se calassem, outros se aproximaram mortos de medo.
— Tranquilos, mortais; comportem-se bem, se forem bons, talvez inclusive lhes dê um presente. — Os gritos diminuíram. — Sentem-se, sentem-se. Sim, venham aqui diante e sentem-se. Mais perto. Não, você não, cheira a ferrugem e a rancho. Você, o dali, sente-se.
Quando teve a todos frente a ela, bella ficou em cócoras em cima das costas do guarda. Sorriu-lhes devagar e, disposta a lhes contar uma história, colocou-se bem a saia, ajustou-se o espartilho e colocou a gargantilha em seu lugar.
— Vejamos: esta noite podem escolher entre dois contos. Tem a história do poderoso rei demônio, com chifres e olhos negros como a obsidiana. Faz bastante séculos era tão bom e sincero que terminou perdendo sua coroa à mãos de um malvado feiticeiro. Ou, se não, a história de isabella, uma garota inocente a que assassinam constantemente. — E que algum dia será a noiva do demônio...
— A... A da garota, por favor. — Sussurrou um dos internos, com o rosto oculto por trás de um arbusto de cabelo.
— Excelente escolha, cabeludo mortal. — Com voz dramática, começou seu relato: — A protagonista de nossa história é a intrépida isabella, Rainha das Miragens...
— Onde fica As miragens? — Perguntou uma jovem humana, deixando de mordiscar o braço.
Genial, seu público era desses aos que gostavam de interromper.
— Não é um lugar. Uma rainha é como dizer que é a melhor nesse tipo de poder místico.
Bella podia chegar a criar quimeras que eram impossíveis de distinguir da realidade, manipular tudo aquilo que pudesse ver-se, escutar-se ou imaginar. Podia penetrar no interior da mente de um ser vivo e fazer realidade seus sonhos mais desejados... Ou seus piores pesadelos. Ninguém podia comparar-se com ela.
— Vejamos: a incrivelmente bonita e inteligente isabella acabava de fazer doze anos e adorava a sua irmã caçula, alice, de nove, apesar de que esta já apontava maneiras de que ia converter-se em uma fresca. isabella amava a pequena allie com todo seu coração desde que a menina a reclamou como seu "Ai-bee" por cima de sua própria mãe. As duas irmãs tinham nascido no clã das feiticeiras, uma raça esquecida e cada vez mais escassa. Não é tão emocionante como pensam, comparadas com os vampiros ou as Valquírias. — Suspirou. — Enfim, prestem atenção...
Levantou uma mão para criar uma miragem, aproveitando sua própria energia, a de seu redor e a loucura dos internos, e os raios se espalharam na noite que enchia o manicômio.
Soprou em cima da palma de sua mão e uma cena se projetou no muro que havia às suas costas. Ouviram-se suspiros e algum e outro lamento.
— A primeira vez que a jovem isabella morreu foi em uma noite muito parecida com esta, em uma decrépita construção que tremia sob os trovões. Mas em lugar de um manicômio infestado de ratos, era uma abadia, no mais alto dos Alpes. Era inverno.
A seguinte cena mostrou bella e alice correndo por uma escada imunda usando só suas camisolas e uns casacos. Corriam com a cabeça encurvada, escutando o bater de asas que vinha de fora. alice gritava em silêncio.
— isabella estava furiosa consigo mesma por não ter feito caso a seu instinto e não levar alice longe de seus pais, longe do perigo que estes atraíam com sua bruxaria proibida. Mas isabella tinha tido medo, pois eram só duas meninas, ambas nascidas imortais e carregando poderes, mas meninas ao fim e ao cabo, o que significava que podiam morrer e resultar feridas, igual a qualquer humano. Mas, agora, quão único isabella podia fazer era fugir. Tinha o pressentimento de que seus pais já estavam mortos, e suspeitava que seus assassinos andavam soltos pela abadia. Os vrekeners tinham ido procurá-los...
— O que é um vrekener?
bella respirou fundo e girou os olhos. Não pode matar a seu público, não pode matar a seu público...
— Os clássicos demônios alados vingadores. — Respondeu ao fim. — Também são uma espécie em extinção. Mas, desde o começo dos tempos da Tradição, encarregaram-se de exterminar às feiticeiras em qualquer lugar que as tenham encontrado, e toda a vida perseguiram a família de isabella. E pela única razão de que os pais da moça eram, na verdade, uns seres diabólicos.
Sacudiu a mão e trocou a cena que tinha estado flutuando no ar, que passou a mostrar a duas meninas entrando em tropeções no quarto de seus pais. Os raios brilhavam depois da janela de dita ilusão, e iluminaram os dois cadáveres, abraçados.
Estavam sem cabeça, recém-decapitados.
A isabella da miragem deu meia volta e vomitou, enquanto que alice desmaiava após soltar um grito afogado.
Então entraram em cena os vrekeners, que saíram de entre as sombras do dormitório, guiados por seu líder, que brandia uma foice forjada de fogo negro em vez de metal.
O público pôde ver pedaços das asas fantasmagóricas daqueles seres, e dos dois pares de chifres que tinham no crânio. Eram tão altos que a pequena isabella tinha que levantar a cabeça para poder olhá-los aos olhos. Exceto a um, que mal era um moço, mais jovem inclusive que ela. O rosto daquele vrekener se transfigurou ao olhar para alice, que seguia inconsciente no chão; um dos adultos teve que segurá-lo para que não corresse junto à menina.
Isabella sabia o que aquilo significava para as duas irmãs: os vrekeners tinham ido castigá-las.
— O líder tentou convencer isabella de que fossem com eles de boa vontade. — Contou esta a seu público. — Disse-lhe que ele mesmo se encarregaria de levá-las pelo bom caminho. Mas ela sabia perfeitamente o que os vrekeners faziam às meninas do clã das feiticeiras, e era um destino muito pior que a morte. Assim os enfrentou.
bella criou a última miragem e deixou que a imagem contasse o final da história...
À pequena isabella começou a tremer todo o corpo ao lançar o conjuro a seus inimigos. Fez com que os soldados vrekeners acreditassem estar presos em uma caverna, a milhares de metros embaixo da terra, e que lhes era impossível voar: seu pior pesadelo.
Voltou-se para o líder com as mãos unidas em sinal de súplica e se meteu em sua mente. Dentro, deu rédea solta aos maiores temores do líder e os desdobrou frente a seus olhos, obrigando-o a viver o que mais lhe aterrava.
As cenas que o vrekener viu fizeram que este caísse de joelhos e, quando soltou a foice para tampar os olhos, isabella se apropriou da arma e não duvidou em brandi-la.
O sangue quente lhe salpicou o rosto quando a cabeça do demônio alado caiu ao chão. Secou-se com a manga da camisola e viu que a miragem estava se desvanecendo e o resto dos vrekeners voltavam a ser conscientes de onde se encontravam em realidade. alice acabava de despertar e gritava à jovem isabella que tomasse cuidado.
Então o tempo se deteve.
Ou isso pareceu. Os sons foram se apagando, e tudo pareceu parar; os presentes cravaram os olhos em isabella ao ver que lhe sangrava a jugular e caía desabada ao chão. Um dos soldados a tinha degolado por trás, e o mundo inteiro se avermelhou.
— bella? — Chamou alice a meia voz, correndo para ela, ajoelhando-se a seu lado. —Não, não, não, bella, não morra, não morra, não morra! — O ar se esquentou ao redor delas e tudo se voltou borrado.
Enquanto que o poder inato de isabella consistia nas miragens e as ilusões, o de alice se chamava "persuasão". Podia ordenar a qualquer ser vivo que fizesse o que lhe viesse na mente, mas quase nunca o fazia, pois suas ordens sempre terminavam convertendo-se em autênticas tragédias.
Mas quando os soldados começaram a rodeá-la, os olhos de alice começaram a brilhar e a jogar faíscas como o metal. O terrível poder que tanto medo lhe dava utilizar se abateu sobre os demônios sem piedade.
Não se aproximem... Desembainhem suas adagas e se matem... Lutem uns contra os outros até morrer.
O quarto transbordava magia, e a abadia se estremeceu ao redor de todos eles. Uma das vidraças explodiu em mil pedaços. alice disse ao jovem vrekener que saltasse... E que não abrisse as asas em nenhum momento. Com olhar confuso, ele obedeceu, sem queixar-se dos cortes que se fez com os vidros quebrados e sem gritar nenhuma só vez enquanto se precipitava contra o vale.
Quando todos estiveram mortos, alice se ajoelhou de novo junto a bella.
— Viva, bella! Cure-se! — Gritava, tentando lhe dar ordens.
Mas era muito tarde. O coração de sua irmã já não pulsava. Tinha o olhar perdido e vazio.
— Não me deixe! — Gritou a menina, sacudindo-a cada vez mais forte...
Os móveis do dormitório de seus pais começaram a tremer, a cama de matrimônio se sacudiu... Outras coisas se moveram... Uma cabeça caiu ao chão. Logo outra.
Seu poder era inimaginável. E, de algum modo, isabella sentiu que se curava. Piscou e abriu os olhos viva e inclusive mais forte que antes.
— As duas irmãs saíram correndo de seu lar para outro mundo, e jamais olharam para trás. — Seguiu contando a seu público atento. — E a única lembrança que ficou a isabella daquela horrível noite foi uma cicatriz ao redor do pescoço, uma história para contar e o juramento de que se vingaria do jovem vrekener, que, por algum milagre, tinha conseguido sobreviver à queda...
Absorta em seus pensamentos, bella mal se deu conta de que o guarda despertou e começava a mover-se debaixo dela. Agachou-se e lhe quebrou o pescoço antes que se esquecesse dele com a história que estava contando.
Uma mulher bateu palmas de alegria.
— Que Deus a abençoe, senhorita. — Disse outra.
Para aquelas pessoas, ela bem podia ser uma enviada do destino. Não um anjo vingador, nem tampouco um bom samaritano, a não ser simplesmente alguém enviado pelo destino, ao serviço tanto do bem como do mal.
Ao fim e ao cabo, o guarda que substituiria ao agora morto poderia ser inclusive pior que o falecido.
— E quando morreu pela segunda vez? — Perguntou uma mulher mais atrevida, que levava a cabeça raspada.
— Estava defendendo alice de outro ataque de uns vrekeners quando as pessoas capturaram isabella e a levantaram ao mais alto do céu para soltá-la logo e lançá-la sobre o chão pavimentado. Sua irmã voltou a curá-la e a arrancou de novo dos braços da morte.
Como se tivesse acontecido no dia anterior, bella ainda podia ouvir o ruído de seu crânio ao romper-se.
— A terceira vez foi quando os vrekeners a lançaram ao rio. A pobre garota não sabia nadar, e se afogou...
— Fique com ele, maldita bruxa! — Gritou uma voz do andar de baixo, interrompendo a história. Ah, a Rainha das Línguas Silenciosas estava gritando para alice.
A bella lhe pôs um arrepio ao sentir que o ar se impregnava de poder. A feiticeira encarcerada estava entregando seus poderes a sua irmã caçula. Agora, alice poderia comunicar-se telepaticamente com qualquer um, em um raio de ação razoável.
— Não se preocupem. — Disse bella aos humanos. — Leram alguma vez um livro de policiais e ladrões? Pois isso mesmo é o que está fazendo agora meu cúmplice. Só que está roubando... — Pôs voz dramática. — Suas almas!
Nesse instante, uma das mulheres pôs-se a chorar, o que encheu bella de satisfação e lhe recordou por que acreditava que as pessoas eram umas mascotes pouco recomendáveis.
— E quem a matou a vez seguinte? — Perguntou a senhora atrevida. —Os vrekeners?
— Não, foram uns feiticeiros que queriam ficar com seu poder e a envenenaram. — Esses feiticeiros adoravam o veneno, pensou com amargura. Mas logo, ao recordar o acontecido, franziu o cenho preocupada. — Isso de morrer continuamente afetou muito a jovem isabella. Era como se fosse o constante alvo de flechas forjadas com fogo. E começou a desejar outra vida como ninguém jamais o tinha desejado. Sempre que notava que estava em perigo, uma fúria sem igual se apoderava dela e sentia a necessidade de enfrentar-se ao inevitável.
Ao ver que vários dos presentes abriam os olhos como pratos, deu-se conta de que seu estado de concentração tinha criado a ilusão de uma falsa névoa no teto. Frequentemente criava miragens que refletiam seus estados anímicos, inclusive estando adormecida.
Apagou a ilusão com um gesto da mão e outro paciente voltou a falar.
— Senhorita, o que... O que aconteceu com a garota depois de que a envenenaram?
— Quão único queriam as irmãs era sobreviver, que as deixassem em paz e juntar uma fortuna em ouro dedicando-se à bruxaria. Acaso era pedir muito? — Olhou-os aos olhos, como se essa última pergunta fosse muito normal.
— Mas os vrekeners eram incansáveis — Continuou. — e, graças aos feitiços das moças, sempre sabiam onde as encontrar. O pior era o soldado jovem. Como ainda não tinha alcançado a imortalidade quando a feiticeira o fez saltar ao abismo, seu corpo não se regenerou. Tinha ficado mutilado, cheio de cicatrizes e deformado para toda a eternidade.
Fazia já tempo que sabiam que seu nome era james e que era o filho do vrekener que bella tinha decapitado anos atrás.
— Ao não poder utilizar a magia, as irmãs estavam morrendo de fome. isabella tinha dezesseis anos, idade suficiente para fazer o que faria qualquer garota em sua situação.
A senhora atrevida cruzou de braços e apontou:
— Prostituir-se?
— Não. Pesca comercial.
— Sério?
— Nããoo, — Respondeu ela. — fez-se adivinha. O que provocou que a condenassem à morte por bruxaria.
Brincou com a mecha de cabelo branco que tinha no meio de sua juba castanha, e que ocultava de todo mundo mediante uma de suas miragens.
— As bruxas nem sempre eram condenadas à fogueira. Isso é uma falácia. Quando um povo tinha esgotado sua cota de fogueiras, matavam-nas em segredo, as enterrando vivas. —Suavizou a voz. — Podem imaginar o que essa moça sentiu ao engolir terra? O que sentiu ao notar que os pulmões se enchiam de areia?
Olhou a seu público absorto: tinham os olhos muito abertos e estavam tão calados que se teria ouvido voar uma mosca.
— As bruxas humanas faleciam ao cabo de pouco tempo, mas esse não foi o caso de isabella. — Continuou. — Ela resistiu à dama da foice tanto como foi possível, mas era consciente de que o fim se aproximava. E então ouviu uma voz do exterior lhe ordenando que sobrevivesse e saísse da tumba. De modo que a aturdida mente de isabella obedeceu, e com as mãos afastou os cadáveres que havia a seu redor, procurando desesperada a saída, tentando se aproximar um centímetro mais à superfície.
— Por fim, sua mão apareceu por entre o barro. — Prosseguiu alice por detrás dos internos. — Pálida e destroçada. Por fim, alice se reunia com sua irmã. E, enquanto se agachava para ajudá-la, uns relâmpagos cruzaram o céu e granizos, como se a terra estivesse furiosa por ter deixado escapar a sua última presa. Desde essa horrível noite, a isabella não importa nada.
— Isso não é verdade. — Suspirou esta. — Um nada lhe importa muitíssimo.
alice ficou olhando-a, com os olhos de um azul resplandecente devido ao poder que acabava de adquirir.
— Muito graciosa, bella. — Disse-lhe, mandando as palavras diretamente à mente de sua irmã.
Esta deu um salto.
— Telepatia. Genial. Veja se consegue ficar com ela para sempre. — Respondeu.
Deus, sentia-se enormemente aliviada ao ver que alice tinha outro poder. Tentando manter bella com vida, sua irmã estava esgotando a persuasão com a que tinha nascido.
Aparentemente, todas aquelas mortes haviam feito que a feiticeira fosse cada vez mais poderosa, enquanto que Lanthe fosse se debilitando, tanto em intensidade como em capacidade de recuperação.
— A Rainha das Línguas Silenciosas também tinha o dom de comunicar-se com os animais. — Disse-lhe alice deste modo com a mente. — Adivinha o que vou te dar de presente para seu aniversário!
— Oh, merda. — Esse era um dos poderes menos apreciados pelas feiticeiras. Os animais tinham o problema de que poucas vezes estavam o bastante perto para poder ajudar quando os necessitava. — Espero que uma praga de lagostas esteja pelo bairro quando precisarmos.
— Já terminamos. — Disse bella a seu público.
— Espera, o que aconteceu com o enterro? — Perguntou um homem de cabelo comprido.
— As coisas ficaram muito pior. — Respondeu ela lhe tirando importância.
— O que pode ser muito pior que morrer? — Gritou uma mulher que não tinha parado de chorar.
— Conhecer a caius, o Que não Morre. — Explicou a feiticeira com brutalidade. — Caius era um bruxo incapaz de sentir o beijo da morte, assim que lhe fez muita graça aquela moça que parecia ser uma perita no assunto.
— Se estará perguntando onde nos colocamos... — Disse-lhe alice olhando-a aos olhos.
— Sabe de sobra que não temos mais remédio que retornar a seu lado. — Caius tinha métodos suficientes para assegurar-se de que não as perdia de vista. bella riu com amargura. De verdade tinha acreditado alguma vez que com ele iam estar a salvo?
Naquele preciso instante, ouviu o som de umas asas procedente do exterior.
— Já estão aqui. — alice cravou os olhos na janela que havia no alto da parede. — Temos que sair correndo, atravessar os túneis que há sob a cidade e procurar o portal.
— Não gosto de correr. — O edifício se cambaleou, ou isso pareceu, devido ao mau humor de bella.
— E quando gosta? Não tem mais remédio.
Apesar de que ambas as irmãs fossem quase tão rápidas como os duendes e sabiam brigar sujo, os vrekeners eram muitos para poder detê-los. E nenhuma delas possuía a magia necessária para a batalha.
Alice percorreu a sala com o olhar, procurando uma via de fuga.
— Nos apanharão embora consiga nos fazer invisíveis. — Disse a bella.
Com um giro de pulso, esta criou uma miragem e, de repente, ela e alice tinham o mesmo aspecto que o resto de internos.
— Podemos fazer que os humanos saiam em turba e nos esconder entre eles, entramos na noite.
alice negou com a cabeça.
— Os vrekeners nos cheirarão.
Sua irmã arqueou as sobrancelhas.
— Alice, acaso não seu conta de como estes humanos fedem?
