Prólogo

A criança andava saltitando pela floresta, sua mãe lhe dissera: Vá pelo caminho mais longo e seguro, a trilha é clara e vai chegar sã e salva. Mas a placa escrita atalho lhe desviara do caminho certo, não é como se um grande lobo mal fosse lhe aparecer ali, não é? Os olhos azuis fitavam o céu escondido entre as folhas das copas altas, quando mais avançava mais denso o teto natural ficava e quanto mais denso menos luz. A exceção de seus lindos olhos, suas feições não eram das mais belas, seu corpo era roliço demais para seus onze anos, e a pele já mostrava espinhas. O nariz era grande e assimétrico e os dentes se atropelavam na boca que mal conseguia se manter fechada. Ela tropeça, além de tudo era desastrada, e as frutas rolam da cesta da palha velha e a menina vai de encontro ao chão. As folhas secas sobem com o impacto e ela deixa escapar um gemido leve. O vento uivava como um lobo faminto, e não entendia bem como, mas sua capa vermelha se desprendeu do pescoço e foi carregada junto com as folhas douradas. A garota ergueu os olhos para penumbra e viu a capa arrastando-se pelo chão por alguns metros para depois erguer-se e encher-se de ar, como se houvesse uma cabeça dentro do capuz. Ela levantou lentamente, afastando a sujeira do vestido, estava assustada, porém curiosa.

A capa permanecia onde estava e o vento uivou mais uma vez, a menina sentiu um arrepio frio e olhou em volta, caminhou até o tecido escarlate, mas enquanto se aproximava o tecido parecia ir mais fundo na mata, ainda mantendo a forma humana, recuando até estar na penumbra. Então os olhos azuis piscaram tentando enxergar através do breu, olhou para trás, para caminho de pouca luz do qual se desviava e quando voltou a mirar em frente a capa estava perto, mas agora estava diferente. Ela tremeu ao ver cabelos negros saindo de dentro do capuz, misturando-se a escuridão em volta, e um sorriso reluzente surgiu, o vento uivou como uma fera zangada e depois ouviu o eco de um riso feminino. Olhou para frente e o capuz ainda cobria os olhos da figura, mas ainda assim podia ver um brilho fraco, ainda que não identificasse bem na escuridão achou ver braços saindo de dentro da capa e uma saia longa e negra crescendo dali e alcançando o chão de folhas douradas, que corriam sonoras fugindo do vento furioso.

- Bruxa... – sussurrou pensando em fugir, mas do lado oposto à visão a floresta rosnava como um lobo e a menina tremeu no lugar sabendo que deveria correr, mas insegura de para qual lado.

Encarou de novo a figura sombria e ela se desfez em treva, a capa caiu pesada no chão e a garota de apressou em recolher. O vento girava mais forte, como vento de tempestade. E o barulho deixou de parecer que vinha dele concentrando-se em um ponto atrás de si, vindo da garganta de uma fera invisível, assustada a garota pode reparar em grandes pegadas esmagando as folhas douradas, avançando cautelosamente em sua direção.

- A estrada é longa, o caminho é deserto... – Ouviu o eco da cantiga que parecia vir de todo lugar – Por aqui. – a figura sombria apareceu de novo em um facho de luz que transpassava as árvores a sua esquerda e a garota pode reparar em sua expressão travessa a lhe chamar, ainda que os olhos permanecessem no breu, os cabelos negros voavam no vento violento.

Ela ouviu um rosnado feroz muito próximo e correu em direção à bruxa vendo-a se dissolver em fumaça quando estava perto de alcança-la e ressurgir mais a frente, prosseguindo com a cantiga. A mulher tinha uma voz doce e melodiosa que se espalhava como um eco.

- E o lobo mau pode estar por perto.

Mais uma vez ao se aproximar a bruxa desapareceu e mais a frente pode ver os cabelos negros indo para trás de uma árvore, o rosnado a perseguia de perto e ela seguia a bruxa desesperadamente, correndo, ofegando, aos tropeços, sentindo-se completamente perdida quando ela sumia de suas vistas e regenerada quando via o sorriso travesso de novo.

Enquanto corria a menina foi subitamente contida pela barra do vestido, que se rasgava quando enfim os dentes babosos apareciam na escuridão, segurando-lhe a roupa, seguidos pelos olhos amarelos e ferozes, fazendo a garota gritar quanto era arrastada, mas de alguma forma conseguiu forças para rasgar o vestido puxando-o e focalizando a bruxa que agora a encarava séria, aguardando que a alcançasse, correu até onde ela estava a toda velocidade, caindo inesperadamente em um buraco profundo encoberto por folhas verdes, incomuns para o outono. Escorregou pela terra até cair sentada no chão, levantando uma poeira cinzenta. Tentou ver uma forma de subir de volta depois que a poeira baixou, coçou os olhos irritados pelo pó e olhou para cima e mal conseguindo ver os raios do sol.

- Menina Saori. – ouviu o chamado ecoando pelas paredes.

E apertou os olhos azuis para focalizar no escuro. Chamas esverdeadas acenderam em tochas e um túnel se apresentou a frente, onde a parede de terra fofa e raízes era substituída pela pedra de tijolos. Bem a frente viu a bruxa andando, os cabelos ainda pareciam ser levados pelo vento que não mais soprava. Ela levantou apressava, sacudiu a poeira do vestido e correu atrás da mulher que em sua mente lhe salvara a vida de um lobo assassino.

- Espera. - Falou correndo para alcançar a mulher que dobrou ao final do corredor, dando-se conta de seus joelhos ralados ardendo com o pó que levantava do chão. Os passos dela faziam um barulho alto demais, assim como seu ofegar, não estava acostumada a correr.

Ao dobrar na mesma curva que ela, deu de cara com um amplo salão, no centro dele havia uma caixa talhada, enfeitava com prata. A menina andou insegura, com as mãos junto ao corpo e os olhos marejando, quando se viu sozinha ficou com medo de novo.

- Milady? – arriscou baixinho, com medo de acordar algo escondido ali.

Andou mais um pouco, girando o corpo procurando sua companhia obscura, parou quando chegou à frente a caixa, ficou olhando para o objeto de ébano por mais tempo do que esperava, seus olhos pareciam vidrados e as mãos se apertaram mais ao corpo.

- Porque não a abre? – ouviu o sussurro rente ao ouvido e arquejou arrepiando o corpo. Os cabelos negros voavam agora em volta de si e estava ciente da presença da bruxa curvada sobre sua figura pequena.

- O que é isso? – perguntou quase gaguejando.

- Minha caixa, ora. – a bruxa lhe respondeu sem reservas dando um riso leve e alisando-lhe os cabelos desgrenhados.

- E o que acontece se eu abrir? – perguntou receosa, mas já levando as mãos ao objeto.

- Todos os seus desejos viram realidade. – disse alargando o sorriso

- Meus desejos? – a menina perguntava, parecia em transe e suas mãos tiravam o pó da tampa e leu a inscrição da tranca – Ever Yours.

- Quer ser uma princesa não quer?

- Quero. – respondeu assentindo sem nem pensar em como ela sabia daquilo e abriu a caixa cheia de anseio e expectativa.

Ela esperava que um brilho mágico a envolvesse, transformasse seus trapos em vestido de seda e pusesse uma coroa sobre sua cabeça, mas nada aconteceu. Era apenas uma caixa empoeirada que a fez tossir. Olhou dentro dela curiosa e viu seu próprio rosto feioso refletido em um espelho de mão com borda de ouro cheia de inscrições, que estava estranhamente limpo. Um vento gélido soprou e o riso da bruxa ecoou longe e estridente. O fogo ficou negro de repente, fazendo a sala entrar na penumbra e a menina tremer. Mas o medo passou e um sorriso iluminou seu rosto quando pode discernir três figuras aladas a frente, mesmo podendo ver apenas suas silhuetas.

- Fadas! – exclamou num sussurro – Vão conceder meus desejos! – concluiu.

Os vultos trocaram os olhares entre eles e depois voltaram a encarar a menina.

- Pandora. – a figura do meio chamou o nome repreendendo e a bruxa riu novamente aparecendo atrás da garota.

- O que lhes custa? – a bruxa perguntou rindo – Ela só quer ser uma princesinha. – riu.

Saori não pode ver o olhar desconfiado dos seres a sua frente, mas percebeu que algo estava errado e de novo aquela vontade crescente de fugir, mas para onde?

- Uma princesa deve ser bela. – o vulto mais a esquerda levantou sua voz grave e a menina encolheu um pouco no lugar ciente de sua aparência – De Garuda, você terá o dom da beleza.

A menina cai de joelhos sentindo uma dor horrível por todo seu corpo, o rosto parecia estar sendo retalhado, sentiu um golpe forte no nariz, a pele lhe caia da face em chumaços e os músculos queimavam em brasa, secando como um fio de cabelo que recua pela chama, seus dentes pareciam cortar a boca como facas e ela cuspia rajadas de sangue. Encolhia o corpo tentando proteger-se e apartar a dor. Chorando incapaz de gritar com sua garganta machucada como se estrangulada, então a dor cessou sobrando apenas uma sensação fantasma, deixando-a jogada e ofegante no chão enquanto chorava, gemendo baixo.

- Deve ser graciosa. – A silhueta mais a direita se pronunciava com sua voz muito semelhante a do outro – De Griffon, você terá o dom da graça.

Ela engasgou quando se sentiu erguida do chão pelo pescoço como se houvesse uma corda de forca ao redor dele, tentou tossir, mas não pode, tão pouco respirar. Sentiu seus ombros serem empurrados para trás como se alguém tentasse uni-los ao centro das costas, ouviu os ossos retesando alto, ameaçando se partirem em vários pedaços e mais lágrimas desciam de seus olhos, pesadas e silenciosas, quando a clavícula pareceu ter cedido ao ângulo exato pretendido, sentiu a força de um golpe de martelo sob a primeira vértebra da coluna, e depois a seguinte e uma por uma até que suas costas se alinhassem em uma curva perfeita. Sentiu mais uma pressão forte no pescoço e o queixo se ergueu parecendo ser desencaixado do rosto e posto de volta em lugar mais adequado, depois disso ela pode respirar, mas ainda sentia muita dor e não conseguia inclinar o corpo para frente, estava totalmente tesa, mas ainda não tinha acabado. Os pés dobraram-se em um arco perfeito e os ossos estalaram enquanto, dedo a dedo, adquiriam o formato ideal para sapatos de salto. Uma princesa jamais deveria encostar o calcanhar ao chão. Depois disso, foi deixada sobre os pés ainda doloridos, incapaz de desfazer-se da posição altiva, mas aos poucos essa dor também cessava.

Saori respirava sôfrega e pediria que o terceiro não lhe concedesse um dom, sentia que não suportaria mais, mas sua voz não saiu. Não conseguiu detê-lo.

- E deve ser talentosa. – o do centro completava com ar de tédio – De Wyvern, você terá o dom do canto.

A boca da menina se abriu e seus olhos se arregalaram assustados, sentiu uma coceira estranha na garganta que foi subindo pela laringe com um zumbido alto, por fim um enxame inteiro de vespas escapava por sua boca e nariz e se desfazia em cinzas quando alcançava o ar. Ela podia sentir as asas roçarem da garganta e os insetos caminharem picando-lhe a língua, até que enfim tinham escapado por completo. Depois foi como se lhe derramassem metal quente goela a baixo, chegando até os pulmões quando ela tentou inutilmente puxar o ar, o peito se enchei de brasa e dor por um longo minuto e então essa dor também cessou, deixando a garota zonza, fechando a boca lentamente e sem saber como suportava ficar firme sobre os pés.

Quando focalizou novamente as silhuetas haviam desaparecido, mas ainda tinha aquele arrepio, a quarta presença permanecia atrás de si.

- Pronto, pronto. Acabou. – a voz risonha lhe consolava.

- Isso foi... – parou de falar e levou a mão a boca quando deu-se conta da suavidade de sua voz.

- Apenas esqueça... Vamos ver como você ficou. – Uma mão branca surgiu de cada lado da menina e alcançou o espelho na caixa trazendo-o para um ângulo que a menina pode ver o próprio rosto.

Mal pode acreditar na perfeição diante do espelho, o nariz arrebitado, os lábios vermelhos e carnudos, os cílios compridos e a pele feita de seda. Depois o ângulo da peça mudou e ela pode ver o rosto de Pandora, igualmente bela com suas feições risonhas se fechando lentamente ao encarar o reflexo da garota.

- A fizeram mais bela do que eu. – falou mudando para uma expressão de escárnio que ficava absurdamente bem em seu rosto – Oh, espelho, espelho meu... – Entregou-o a menina, que segurou com uma delicadeza sem igual – Isso não posso permitir.

A bruxa sumiu de sua volta e reapareceu à frente abrindo uma passagem na pedra de onde o sol brilhava forte e dourado.

- Aproveite sua vida, Princesa Saori. Ela não vai durar – falou e seu rosto se convertia em uma carranca enquanto os cabelos ficavam eriçados, ainda parecendo serem levados por um vento forte – Antes de seu vigésimo primeiro aniversário furará o dedo em uma agulha de um tear e morrerá.

Então subitamente voltou a expressão serena, ela riu levemente e sumiu em fumaça negra de novo. A menina assustada segurou o espelho junto ao corpo e caminhou até a saída. Ficou surpresa ao mau sentir os pés tocando o chão, estava assustava, até um pouco triste, mas ignorara a maldição da bruxa, conhecendo as palavras não seria estúpida o bastante para se aproximar em de uma roca. Ainda estava um pouco contrariada, estava linda agora, de fato, mas ainda não era uma princesa. Saiu à luz do sol ainda segurando o espelho e um pouco receosa, ariscou algumas notas da cantiga que outrora a bruxa cantara.

- Pela estrada a fora eu vou bem sozinha... – parou para rir, sua voz era mesmo mágica, surreal – Levar esses doces para a vovozinha. – começou a rodopiar, os pés movendo-se graciosamente em uma dança espontânea – A estrada é longa o caminho é deserto... Ah! – assustou-se ao dar de cara com um cavalo branco no qual não havia reparado antes, o animal a encarava tentando recuar.

- Quieto, seu covarde. – um homem montado ao animal dizia, ele tinha uma coroa de ouro na cabeça.

Atrás dele outros três cavaleiros, dois pareciam ter sua idade e um era um menino pequeno, os três tinham uma tiara dourada que passava pelo meio da testa e no momento todos a encaravam, enquanto ela recuava alguns passos assustada.

- O que é isso em suas mãos? – Um homem de olhos quase vermelhos e cabelos amarelos que vinha a pé lhe perguntava desconfiado, ele tinha vestes de um nobre.

O homem se aproximou reconhecendo então o espelho nos braços da menina. Andou até ela e lhe segurou os ombros balançando-lhe violentamente.

- Sua tola, não sabe o que fez!

- Shion, solte a menina. – o rei lhe ordenou com tom de sugestão.

- Mas, majestade... – tentou argumentar soltando o agarre a Saori.

- Já ordenei, Shion. Não me faça repetir. – o conselheiro a soltou contrariado – Como se chama, milady? – o rei descia de seu cavalo.

- Saori, sua majestade. – respondeu dando uma reveria impecável, nunca antes o havia feito. Encantou a todos.

- Esses são meus filhos: príncipes Saga, Aioros e o pequeno Aiolia.

Mas uma vez ela reverenciou e os três apenas acenaram de volta.

- Permite-nos dar-lhe uma carona para algum lugar? – o rei seguia encantado por sua beleza e graça, os dons não foram dados em vão.

- Meu vilarejo fica logo ali, próximo à montanha.

- Nós a levaremos, suba em meu cavalo, sim? – disse-lhe gentilmente.

- Sua majestade. – Shion tentou advertir, mas foi calado com um gesto.

A pequena comitiva do rei a levou até sua casa, mas chegando lá sua mãe a enxotou por não reconhecê-la, algo que a menina não havia previsto, tocou o rosto entrando em desespero, como poderia convencer sua mãe de quem era? Ela mesma ainda não havia acreditado. Começou a chorar, mas diferente dos berreiros habituais era um choro silencioso, quase melódico, que tocou o coração do rei e ele decidiu levá-la para o castelo, mesmo sobre os protestos do seu principal conselheiro.

Poucos anos se passaram até que o rei viúvo decidiu casar-se com ela, tornando-a rainha, para quem queria ser princesa, tinha saído melhor que a encomenda. Muito pouco tempo depois o rei faleceu em um acidente deveras estranho e Saori assumiu o trono, reinando sozinha com os três príncipes a seu lado, com Saga sendo seu sucessor.

Apesar de desconfiar de bruxaria a princípio, Shion, o mestre conselheiro da corte chegou à conclusão de que a menina era inocente, ninguém poderia fingir assim o dia todo, certo?

Desde o dia que a encontraram com aquele espelho coisas estranhas começaram a acontecer naquele o reino, lendas e mitos eram comprovados por toda parte, gnomos e fadas, bruxaria por todo o lado, a situação se tornava mais preocupante a cada dia, os príncipes cresceram fortes e combatiam as anomalias na linha de frente passando muito pouco tempo no castelo, o que fazia o Mestre Conselheiro querer arrancar os cabelos, principalmente porque seu sucessor, o Primeiro Conselheiro Mu sempre os seguia a todo lugar. Onde já se viu herdeiros ao trono se arriscando assim? Ainda que levassem consigo uma pequena armada e os três mais bravos cavaleiros da Rainha. Máscara da Morte, cujo nome era desconhecido. Shura, O Leal. E Afrodite, O Belo.

Ainda que os herdeiros ao trono se esforçassem, os casos de aberrações se multiplicavam como cabeças de uma hidra. O reino ficou em estado tão alarmante que a Igreja decidiu intervir.

- Rezarei por sua alma. – O sacerdote se virava e dava sinal ao cavaleiro para que acendesse a pira.

Era noite recém caída, mal haviam chegado aquela terra e era a terceira acusação de bruxaria que pegavam, a situação não era nada boa. Shaka segurava a primeira conta do rosário entre os dedos e iniciava uma Ave Maria fechando os olhos enquanto sentia o calor do fogo a suas costas, era deprimente a situação daquele povo, mas todos seriam salvos.

- Ainda não acho que isso seja certo, Milo. – o gigante comentava com o loiro enquanto ele jogava a tocha na pira, seu tom era baixo de forma que não fosse ouvido pelo beato que rezava em voz alta.

O templário de escorpião arrumava as luvas nas mãos desconfortável, então puxava a túnica com a imagem da cruz quadrada também contrariado por sua tarefa.

- É nossa missão dada pelo Senhor, Al. Não deve se sentir mal, estamos purificando sua alma. – Milo tentava consolar-lhe quando ele mesmo não estava certo do que fazia, pousou a mão sobre o ombro do outro e sorriu – Vamos. Vamos achar o Camus. Aposto que aquele francês maldito já está enfiado em alguma taberna.

O maior assentiu lançando um último olhar de pena em direção à moça que mantinha com o olhar suplicante. O templário de touro estalou a língua na boca e pensou que daquela vez ela parecia mesmo ser inocente.

- Nunca pensou que talvez estejamos perseguindo o alvo errado? – o grande falou ainda incomodado pela moça que tentava afastar os pés do fogo.

- Se for o caso, meu amigo, que Deus tenha piedade de nossas almas. – Milo disse sem pesar na voz, mas para reconfortar o outro que por interesse no assunto.

Não se martirizava por aquilo, tinha ordens e as cumpria e se não fosse a vontade do Senhor, Ele que a soltasse das cordas e a libertasse se seu julgamento fosse injusto. Passava por entre a multidão que se amontoava para ver a fogueira, olhou pra sobre as cabeças e viu Shaka com sua batina e capa pomposa voltar para a pequena capela. Estava prestes a entrar na taberna mais próxima quando ouviu as exclamações de surpresa do povo. Os dois templários olharam para trás, mas apenas Aldebaran pode ver com clareza devido a sua altura.

A moça já com a pele queimada e os cabelos chamuscados conseguira se soltar do tronco e tropeçava para descer da pira. Os dois ficaram confusos por um momento e correram de volta à fogueira. Do lado oposto ao deles se aproximava uma pequena comitiva de nobres em seus cavalos branco, dourados e vermelhos. Um deles trazia nas mãos um arco ainda em posição de ataque, mas cuja flecha já havia voado. E essa flecha que havia livrado a dita bruxa de sua punição partindo suas amarras. A moça jazia jogada no chão, tossindo e chorando de dor.

- Quem é responsável por isso? – um jovem loiro de olhos azuis e cabelo comprido perguntava altivo enquanto descia de seu cavalo branco, o brasão da sua armadura dourada trazia a imagem de gêmeos e pela tiara grossa em sua testa Aldebaran reconheceu um herdeiro ao trono. O povo abriu caminho, repelido pela realeza e ajoelhando-se a uma distância aceitável dele.

- Nós somos. – Milo respondeu.

- Cavaleiros templários. – o arqueiro falou também descendo de seu cavalo – Não é assim que fazemos as coisas nesse reino.

- Seja lá como fazem, altezas, não está dando resultados. – Camus saia da taberna e Milo sorriu de canto por estar certo sobre o amigo estar bebendo.

- Isso também não dará, lhe garanto. – Saga retrucou com a autoridade que lhe cabia.

- Sua alteza, é melhor matá-la de vez. Está horrível. – Afrodite, O Belo, dizia enquanto se aproximava da menina, ainda montado no cavalo vermelho, desagradado de sua aparência.

Saga o repreendeu com um olhar, mas recebeu um sorriso de deboche em retorno, ele era um bom cavaleiro, mas era atrevido demais. Máscara da Morte entrou com o cavalo em seu campo e visão e se inclinando perigosamente sobre a garota chorosa deu um sorriso sádico e virou-se ao príncipe.

- Ele está certo, Saga. Ela não vai viver muito de toda forma. – e se afastou.

O mais velho passou a mão pelos cabelos incomodado e Aioros se aproximou pousando a mão em seu ombro e assumindo a responsabilidade de dar a ordem.

- Shura. – chamou.

O terceiro cavaleiro desceu em silêncio de sua sela já com a Excalibur em punho, aproximou da moça e sussurrou só para ela ouvir.

- Perdoe-nos. – ela chorou mais, mas assentiu de alguma forma e o cavaleiro em um movimento hábil cravou a lâmina em seu coração.

Depois o moreno levantou-se limpando o sangue da espada na capa já bastante manchada.

- Isso já é demais! – rosnou o terceiro príncipe praticamente pulando de seu cavalo – Acha que se essa mulher fosse uma bruxa seria detida por simples nós de corda como essas? – o rapaz avançava rápido em direção aos templários, era jovem e ainda impetuoso.

Teria desafiado os três para o duelo ali mesmo se não tivesse sido contido por um puxão na capa, olhou para trás raivoso, mas encontrou um olhar tão determinado quanto o seu. O Primeiro Conselheiro segurava forte o tecido e não se intimidava pela fúria do príncipe mais novo.

- Só estou evitando que faça algo idiota, sua alteza. – deu ênfase ao título, desnecessário entre os dois. Mu sempre tinha aquela voz fluida e calma, parecia ser o oposto do nobre a sua frente, sempre ansioso por uma boa briga.

Aiolia bufou e puxou a capa, andando mais lentamente para parar ao lado de Saga, tal qual Aioros.

- Ela foi acusada, não vimos provas de inocência. – Shaka pareceu surgir de lugar nenhum surpreendendo até mesmo seus colegas templários.

- E pelo o que conheço de vocês sacerdotes, também não viram nenhuma prova de culpa. – Saga respondeu-lhe calmo – Digo-lhe com segurança, já vi bruxas e está aqui – indicava a garota morta com a palma da mão aberta – não é uma delas.

O sacerdote tinha os olhos fechados e pareceu ponderar suas próximas palavras, mas o longo período de silêncio incitou o príncipe mais velho a falar de novo.

- Se desejam mesmo seguir em caçada talvez devam vir conosco e procurar criaturas que mereçam ser mortas ao contrário dessa pobre moça.

- Ensinaremos o que é de fato uma bruxa. – o mais novo falou atrevido e ainda raivoso.

- Pois bem. – o sacerdote começou – Veremos como fazem em seu reino então.

~0~

Ok, eu não deveria estar fazendo isso na verdade, definitivamente não devia, mas neh? Quem resiste? :x Tinha que aproveitar a ideia antes que ela me escapasse.

Vamos lá, neh? Primeiro, sei o que vocês estão pensando, "Aiacos, Minos e Radamathys são fadas? WTF, Vengeresse?" É, também não sei, mas ideias são ideias, vou fazer o que? xD Ficou legal, vai? "E Kanon? Onde está o Kanon? ." Bem, eu explico depois porque ele não apareceu ainda, mas ele tá aí no meio da bagunça, relaxem. Ele aparece como príncipe também (lógico u.u), pra vocês saberem ^^ "E como assim esse rei só teve filhos homens lindos e maravilhosos?" Tenho minhas teorias pra responder, mas é melhor eu ficar quieta xD E para deixar claro, a caixa de Pandora que soltou os cachor... Digo, as criaturas e.e Saori feiosa e burra . Ah, sim... E antes que me acusem de escrever pedofilias, não tive a intenção, Saori começou com 11 anos pra se encaixar no conto da chapeuzinho e o rei esperou anos pra mexer com a menina, então, nada de pedofilia u.u "E onde tá a Saori?*não que me importe*", ela é a rainha e está em seu castelo olê olê olá... Ok, to lesa, é o sono x.x Ah, sim, Shion-sama também tá no castelo e Dohko, pra quem sentiu falta dele, será um cavaleiro solitário, vai aparecer mais pra frente. Os dois vão se unir ao outros logo logo, então se os quiserem não se intimidem

Mas vamos lá, a proposta é bem essa, nossos queridos lindos e amados cavaleiros irão perseguir bruxinhas e criaturinhas por aí. E como vocês devem ter percebido, é, teremos 'referência' a contos de fada aqui (nunca terminei de crescer, Neverland ftw *-*), gosto deles, tanto nas versões Disney quanto nas Grimm da vida. E é, algumas passagens da fic serão de morte ou tortura ou grotescas, gosto disso, é legal, vai? e.e Mas é, os cavaleiros vão sair caçando a lá Winchesters e encontrarão as chars pelo caminho, o que nos leva a outro detalhe, as personagens não vão aparecer todas de uma vez, paciência, por favor, quero fazer um trabalho legal aqui.

Ah, mas, neh? Deixa eu calar a boca e falar do que importa xD (sono me faz conversar demais x.x) Vocês podem inspirar a história da personagem em algum conto de fadas, nada impede, a história é mais pra me situar e conhecer melhor sua char e entender como ela entrou nessa encrenca. E mais, se quiserem ser donzelas indefesas que serão salvas pelos dourados, pode! Mas justifique porque eles levariam sua char junto com eles, considerando que estão em uma missão perigosa. ("justifique", só eu lembro das provas do ensino médio? xD)

Ficha:

Nome:Se ela tem um apelido carinhoso (ou não) pode por aqui também

Idade:Atenção, se ela for uma bruxa/criatura extraordinariamente velha explicar como se manteve jovem.

Alcunha: caso seja famosa de alguma forma como ela é chamada, se não for famosa deixe em branco.

Aparência: Livre

Personalidade: Livre

Classe: Não achei um nome melhor pra esse tópico, quero mesmo é saber o que ela é: Amazona, bruxa, sacerdotisa, criatura mágica, humana amaldiçoada, humana comum acusada de bruxaria, um membro de alguma corte ou uma pobre camponesa de coração nobre que vai todos os dias ao bosque recolher lenha... Bem, esse é o espírito, estejam à vontade pra por qualquer coisa aqui.

Poder/Habilidade/Talentos: Podem viajar bastante aqui, fiquem a vontade para criar. Maaaass... Atenção: Não irei podar de agora, só que em algum momento elas vão ser capturadas (no caso de bruxa, criatura e blah)*spoiller*, tentem não fazê-las demasiadamente poderosas, ou se forem poderosas e muito, me coloca uma fraquezazinha que eu possa usar, vai? e.e Facilita minha vida xD.

História: Pode viajar aqui também, mas tentem fazer uma história de forma que intere a história principal, tá? ;) Lembrando, basear em contos de fada vale! Pode fazer ela conhecer os dourados? Ahh, pode, mas sem relacionamentos fortes, por favor. Pode envolver ela com a Pandora? Claro, por que não?

Par: Mais de uma opção, por favor! (Vou confessar que quase... QUASE esqueci de colocar esse tópico e.e Aff, Lola, vc, hein?) Se quiser colocar mais observações sobre o par aqui como: Como se conhecem? O que acha dele? Por que ele? Podem colocar, é sempre bom, mas não irei cobrar, beleza? ;}

Extra: Qualquer informação adicional que possa enriquecer a personagem, não se acanhem, podem escrever qualquer coisa aqui também.

Vengeresse, quero uma cena de conto de fada, mas não pus na história dela, e aí, como faz? Escolhe um conto, eu me viro *tento* ;) Vale tudo, dos três porquinhos ao bela adormecida. Ah, mas você já usou a bela adormecida :( E daí? Sem problema, ué. Podem ficar a vontade. E neh? Temos mutxos príncipes lindos pra usar nos contos, entããão...

Bem, é isso aí, galera! Espero que gostem e entrem comigo nessa! \o/

Beijinhos,

V. Lolita